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    FERNANDO PESSOA (!3/ 06/1888- 30/11/1935) ( ELE MESMO, ALBERTO CAEIRO, RICARDO REIS, ÀLVARO DE CAMPOS, BERNARDO SOARES, ETC)

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    Mensaje por Maria Lua Jue 09 Jul 2020, 05:48

    F E R N A N D O   P E S S O A



    Alberto Caeiro




    Alberto Caeiro, o «mestre», em torno do qual se determinam os outros heterónimos, nasceu em Abril de 1889 em Lisboa, mas viveu grande parte da sua vida numa quinta no Ribatejo onde viria a conhecer Álvaro de Campos. A sua educação cingiu-se à instrução primária, o que combina com a simplicidade e naturalidade de que ele próprio se reclama. Louro, de olhos azuis, estatura média, um pouco mais baixo que Ricardo Reis, é dotado de uma aparência muito diferente dos outros dois heterónimos. É também frágil, embora não o aparente muito, e morreu, precocemente (tuberculoso), em 1915. O mestre é aquele de cuja biografia menos se ocupou Fernando Pessoa. A sua vida foram os seus poemas, como disse Ricardo Reis: «A vida de Caeiro não pode narrar-se pois que não há nela mais de que narrar. Seus poemas são o que houve nele de vida. Em tudo o mais não houve incidentes, nem há história».(in Páginas Íntimas e Auto Interpretação, p.330).

    Aparece a Fernando Pessoa no dia 8 de Março de 1914, de forma aparentemente não planeada, numa altura em que o poeta se debatia com a necessidade de ultrapassar o paúlismo, o subjectivismo e o misticismo. É nesse momento conflituoso que aparece, de rompante, uma voz que se ri desses misticismos, que reage contra o ocultismo, nega o transcendental, defendendo a sinceridade da produção poética, um ser manifestamente apologista da simplicidade, da serenidade e nitidez das coisas, um ser dotado de uma natureza positivo-materialista e que rejeita doutrinas e filosofias. É este ser que no dia 8 de Março escreve de rajada 30 e tal poemas de [Tienes que estar registrado y conectado para ver este vínculo]. Grande parte da produção poética de Ricardo Reis parece ter sido sempre escrita deste jeito impetuoso em momentos de súbita inspiração. A essa voz, Fernando Pessoa dá o nome de Alberto Caeiro.

    Alberto Caeiro dá também voz ao paganismo. Segundo Fernando Pessoa, «A obra de Caeiro representa uma reconstrução integral do paganismo, na sua essência absoluta, tal como nem os gregos nem os romanos que viveram nele e por isso o não pensaram, o puderam fazer». (Páginas Íntimas e Auto Interpretação, p.330).

    Apresenta-se como o poeta das sensações; a sua poesia sensacionista assenta na substituição do pensamento pela sensação («Sou um guardador de rebanhos. / O rebanho é os meus pensamentos / E os meus pensamentos são todos sensações».). Alberto Caeiro é o poeta da natureza, o poeta de atitude antimística («Se quiserem que eu tenha um misticismo, está bem, tenho-o. / Sou místico, mas só com o corpo. / A minha alma é simples e não pensa. / O meu misticismo é não querer saber. / É viver e não pensar nisso»).

    É o poeta do objectivismo absoluto. Ricardo Reis afirma que «Caeiro, no seu objectivismo total, ou, antes, na sua tendência constante para um objectivismo total, é frequentemente mais grego que os próprios gregos». (Páginas Íntimas e Auto Interpretação, p.365). É também o poeta que repudia as filosofias quando escreve, por exemplo, que «Os poetas místicos são filósofos doentes / E os filósofos são homens doidos e que nega o mistério e o a busca do sentido íntimo das coisas: O único sentido íntimo das coisas / É elas não terem sentido íntimo nenhum.».

    Fernando Pessoa deixou um texto em que explicita o valor de Caeiro e a mensagem que este poeta nos deixou e pode servir de base para a comprrensão da sua obra:

    «A um mundo mergulhado em diversos géneros de subjectivismo vem trazer o Objectivismo Absoluto, mais absoluto do que os objectivistas pagãos jamais tiveram. A um mundo ultracivilizado vem restituir a Natureza Absoluta. A um mundo afundado em humanitarismos, em problemas de operários, em sociedades éticas, em movimentos sociais, traz um desprezo absoluto pelo destino e pela vida do homem, o que, se pode considerar-se excessivo, é afinal natural para ele e um correctivo magnífico». (Páginas Íntimas e Auto Interpretação, p.375).
    Alberto Caeiro, el «mestre», en torno del cual se determinan los otros heterónimos, nació en Abril de 1889 en Lisboa, pero vivió gran parte de su vida en una quinta en Ribatejo donde vendría a conocer a Álvaro de Campos. Su educación se limitó a la instrucción primaria, lo que combina con la simplicidad y naturalidad de la cual él mismo se reclama. Rubio, de ojos azules, estatura media, un poco más bajo que Ricardo Reis, es dotado de una apariencia muy diferente de los otros dos heterónimos. Es también fragil, a pasar de que no lo aparente mucho, y murió, precozmente (tuberculoso), en 1915. El maestro es aquel de cuya biografía menos se ocupó Fernando Pessoa. Su vida fueron sus poemas, como dice Ricardo Reis: «La vida de Caeiro no se puede narrar puesto que no hay en ella más de que narrar. Sus poemas son lo que hubo en él de vida. En todo lo demás no hubo incidentes, ni hay historia»(in Páginas Íntimas e Auto Interpretação, p.330).

    Se le aparece a Fernando Pessoa en el día 8 de Marzo de 1914, de forma aparentemente no planeada, en una altura en que el poeta se debatía con la necesidad de transpasar el paúlismo, el subjetivismo y el misticismo. Es en ese momento conflictivo que aparece, de rompiente, una voz que se rie de esos misticismos, que reacciona contra el ocultismo, niega lo tracendental, defendiendo la sinceridad de la producción poética, un ser manifiestamente positivo-materialista y que rechaza doctrinas y filosofías. Es este ser el que el día 8 de Marzo escribe de golpe 30 y pico de poemas de [Tienes que estar registrado y conectado para ver este vínculo]. Gran parte de la producción poética de Ricardo Reis parece haber sido siempre escrita de este modo impetuosos en momentos de súbita inspiración. A esa voz, Fernando Pessoa da el nombre de Alberto Caeiro.


    Alberto Caeiro da también voz al paganismo. Según Fernando Pessoa, «La obra de Caeiro representa una reconstrucción integral del paganismo, en su esencia absoluta, tal como ni los griegos ni los romanos que vivieron en él y por eso no lo pensaron, lo pudieron hacer». (Páginas Íntimas e Auto Interpretação, p.330).

    Preséntase como el poeta de las sensaciones; su poesía sensacionista se asienta en la substitución del pensamiento por la sensación («Soy un guardador de rebaños. / El rebaño es mis pensamientos / Y mis pensamientos son todos sensaciones».). Alberto Caeiro es el poeta de la naturaleza, el poeta de altitud antimística («Si quisieran que yo tuviera misticismo, está bien, lo tengo. / Soy místico, pero sólo con el cuerpo. / Mi alma es simple y no piensa. / Mi misticismo es no querer saber. / Es vivir y no pensar en eso»).

    Es el poeta del objetivismo absoluto. Ricardo Reis afirma que «Caeiro, en su objetivismo total, o, antes, en su tendencia constante para un objetivismo total, es frecuentemente más griego que los propios griegos». (Páginas Íntimas e Auto Interpretação, p.365). Es también el poeta que repudia las filosofías cuando escribe, por ejemplo, que «Los poetas místicos son filósofos enfermos / Y los filósofos son hombres dolidos y que niegan el misterio y la búsqueda del sentido íntimo de las cosas: El único sentido íntimo de las cosas / Es que ellas no tengan sentido íntimo ninguno.».

    Fernando Pessoa dejó un texto en el que explicita el valor de Caeiro y el mensaje que este poeta nos dejó y puede servur de base para la comprensión de su obra:

    «A un mundo sumergido en diversos géneros de subjetivismo viene a traer el Objetivismo Absoluto, más absoluto del que los objetivistas paganos jamás tuvieron. A un mundo ultracivilizado viene a restituir la Naturaleza Absoluta. A un mundo ahondado en humanitarismos, en problemas de operarios, en sociedades éticas, en movimientos sociales, trae un desprecio absoluto por el destino y por la vida del hombre, el que, puede considerarse excesivo, es al final natural para él y un correctivo magnífico». (Páginas Íntimas e Auto Interpretação, p.375).


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    Mensaje por Maria Lua Jue 09 Jul 2020, 05:49

    O Pastor Amoroso
    Ficções Do Interludio
    Alberto Caeiro

    POESIAS

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    Mensaje por Maria Lua Jue 09 Jul 2020, 05:50

    Quando Eu






    Quando eu não te tinha
    Amava a Natureza como um monge calmo a Cristo.
    Agora amo a Natureza
    Como um monge calmo à Virgem Maria,
    Religiosamente, a meu modo, como dantes,
    Mas de outra maneira mais comovida e próxima...
    Vejo melhor os rios quando vou contigo
    Pelos campos até à beira dos rios;
    Sentado a teu lado reparando nas nuvens
    Reparo nelas melhor
    Tu não me tiraste a Natureza...
    Tu mudaste a Natureza...
    Trouxeste-me a Natureza para o pé de mim,
    Por tu existires vejo-a melhor, mas a mesma,
    Por tu me amares, amo-a do mesmo modo, mas mais,
    Por tu me escolheres para te ter e te amar,
    Os meus olhos fitaram-na mais demoradamente
    Sobre todas as cousas.
    Não me arrependo do que fui outrora
    Porque ainda o sou.





    *******************




    Cuando yo no te tenía
    Amaba la Naturaleza como un monje calmo a Cristo.
    Ahora amo la Naturaleza
    Como un monje calmo a la Virgen María,
    Religiosamente, a mi modo, como antes,
    Pero de otra manera más conmovida y próxima...
    Veo mejor los ríos cuando voy contigo
    Por los campos hasta la orilla de los ríos;
    Sentado a tu lado reparando en las nubes
    Reparo en ellas mejor
    Tú no me quitaste la Naturaleza...
    Tú mudaste la Naturaleza...
    Me trajiste la Naturaleza a mis pies,
    Porque existes la veo mejor, pero la misma,
    Porque me amas, la amo del mismo modo, mas más,
    Porque tu me escojas para tenerte y amarte,
    Mis ojos la miraron más demoradamente
    Sobre todas las cosas.
    No me arrepiento de lo que fui otrora
    Porque todavía lo soy.

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    Mensaje por Maria Lua Jue 09 Jul 2020, 05:51

    Vai Alta No Céu
    Vai alta no céu a lua da Primavera
    Penso em ti e dentro de mim estou completo.

    Corre pelos vagos campos até mim uma brisa ligeira.
    Penso em ti, murmuro o teu nome; e não sou eu: sou feliz.

    Amanhã virás, andarás comigo a colher flores pelo campo,
    E eu andarei contigo pelos campos ver-te colher flores.
    Eu já te vejo amanhã a colher flores comigo pelos campos,
    Pois quando vieres amanhã e andares comigo no campo a colher flores,
    Isso será uma alegria e uma verdade para mim.
    Va alta en el cielo la luna de la Primavera
    Pienso en tí y dentro de mí estoy completo.

    Corre por los vagos campos hasta mí una brisa ligera.
    Pienso en ti, murmuro tu nombre; y no soy yo: soy feliz.

    Mañana vendrás, irás conmigo a recoger flores por el campo,
    Y yo andaré contigo por los campos viéndote recoger flores.
    Yo ya te veo mañana recogiendo flores conmigo por los campos,
    Pues cuando vengas mañana y vayas conmigo en el campo a recoger flores,
    Eso será una alegría y una verdad para mí.
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    Mensaje por Maria Lua Jue 09 Jul 2020, 05:51

    O Amor É Uma Companhia
    O amor é uma companhia.
    Já não sei andar só pelos caminhos,
    Porque já não posso andar só.
    Um pensamento visivel faz-me andar mais depressa
    E ve menos, e ao mesmo tempo gostar bem de ir vendo tudo.
    Mesmo a ausência dela é uma cousa que está comigo.
    E eu gosto tanto dela que não sei como a desejar.

    Se a nao vejo, imagino-a e sou forte como as árvores altas,
    Mas se a vejo tremo, não sei o que é feito do que sinto na ausência dela.
    Todo eu sou qualquer força que me abandona.
    Toda a realidade olha para mim como um girassol com a cara dela no méio.
    El amor es una compañía.
    Ya no sé andar solo por los caminos,
    Porque ya no puedo andar solo.
    Un pensamiento visible me hace andar más deprisa
    Y ve menos, y al mismo tiempo disfruta de ir viendo todo.
    Incluso la ausencia de ella es una cosa que está conmigo.
    Y yo gusto tanto de ella que no sé cómo desearla.

    Si no la veo, la imagino y soy fuerte como los árboles altos,
    Pero si la veo temo, no sé lo que es hecho de lo que siento en la ausencia de ella.
    Todo yo soy cualquier fuerza que me abandona.
    Toda la realidad mira hacia mí como un girasol con la cara de ella en el medio.
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    Mensaje por Maria Lua Jue 09 Jul 2020, 05:54

    O Pastor Amoroso




    O pastor amoroso perdeu o cajado,

    E as ovelhas tresmalharam-se pela encosta,

    E de tanto pensar, nem tocou a flauta que trouxe pira tocar.

    Ninguém lhe apareceu ou desapareceu.

    Nunca mais encontrou o cajado.

    Outros, praguejando contra ele, recolheram-lhe as ovelhas.

    Ninguém o tinha amado, afinal.

    Quando se ergueu da encosta e da verdade falsa, viu tudo:

    Os grandes vales cheios dos mesmos verdes de sempre,

    As grandes montanhas longe, mais reais que qualquer sentimento,

    A realidade toda, com o céu e o ar e os campos que existem, estão presentes.

    (E de novo o ar, que lhe faltara tanto tempo, lhe entrou fresco nos pulmões)

    E sentiu que de novo o ar lhe abria, mas com dor, uma liberdade no peito.









    ********************








    El pastor amoroso perdió el cayado,

    Y las ovejas dispersáronse por la ladera,

    Y de tanto pensar, ni tocó la flauta que trajo para tocar.

    Nadie se le apareció o desapareció.

    Nunca más encontró el cayado.

    Otros, maldiciendo contra él, recogiéronle las ovejas.

    Nadie lo había amado, al final.

    Cuando se erguió de la ladera y de la verdad falsa, vio todo:

    Los grandes valles llenos de los mismos verdes de siempre,

    Las grandes montañas de lejos, más reales que cualquier sentimiento,

    La realidad toda, como el cielo y el aire y los campos que existen, están presentes.

    (Y de nuevo el aire, que le faltara tanto tiempo, le entró fresco en los pulmones)

    Y sintió que de nuevo el aire le abría, pero con dolor, una libertad en el pecho.







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    Mensaje por Maria Lua Jue 09 Jul 2020, 05:54

    Passei Toda A Noite
    Passei toda a noite, sem dormir, vendo, sem espaço, a figura dela,
    E vendo-a sempre de maneiras diferentes do que a encontro a ela.
    Faço pensamentos com a recordação do que ela é quando me fala,
    E em cada pensamento ela varia de acordo com a sua semelhança.
    Amar é pensar.
    E eu quase que me esqueço de sentir só de pensar nela.
    Não sei bem o que quero, mesmo dela, e eu não penso senão nela.
    Tenho uma grande distração animada.
    Quando desejo encontrá-la
    Quase que prefiro não a encontrar,
    Para não ter que a deixar depois.
    Não sei bem o que quero, nem quero saber o que quero.
    Quero só Pensar nela.
    Não peço nada a ninguém, nem a ela, senão pensar.
    Pasé toda la noche, sin dormir, viendo, sin espacio, la figura de ella,
    Y viéndola siempre de maneras diferentes de las que la encuentro a ella.
    Hago pensamientos con la recordación de lo que ella es cuando me habla,
    Y en cada pensamiento ella varía de acuerdo con su semejanza.
    Amar es pensar.
    Y yo casi que me olvido de sentir sólo de pensar en ella.
    No sé bien lo que quiero, incluso de ella, y no pienso sino en ella.
    Tengo una grande distracción animada.
    Cuando la deseo encontrar
    Casi que prefiero no encontrarla,
    Pora no tener que dejarla después.
    No sé bien lo que quiero, ni quiero saber lo que quiero.
    Quiero sólo pensar en ella.
    No pido nada a nadie, ni a ella, sino pensar.
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    o un ciego soñando
    y en ese vuelo y en ese sueño
    compartir contigo sol y luna,
    siendo guardián en tu cielo
    y tren de tus ilusiones."
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    Recomendado Re: FERNANDO PESSOA (!3/ 06/1888- 30/11/1935) ( ELE MESMO, ALBERTO CAEIRO, RICARDO REIS, ÀLVARO DE CAMPOS, BERNARDO SOARES, ETC)

    Mensaje por Maria Lua Jue 09 Jul 2020, 05:55

    Todos Os Dias
    Todos os dias agora acordo com alegria e pena.
    Antigamente acordava sem sensação nenhuma; acordava.
    Tenho alegria e pena porque perco o que sonho
    E posso estar na realidade onde está o que sonho.
    Não sei o que hei de fazer das minhas sensações.
    Não sei o que hei de ser comigo sozinho.
    Quero que ela me diga qualquer cousa para eu acordar de novo.
    Todos los días ahora despierto con alegría y pena.
    Antiguamente despertaba sin sensación alguna; despertaba.
    Tengo alegría y pena porque pierdo lo que sueño
    Y puedo estar en la realidad donde está lo que sueño.
    No sé lo que he de hacer con mis sensaciones.
    No sé lo que he de ser conmigo solo.
    Quiero que ella me diga cualquier cosa para despertar de nuevo.
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    Recomendado Re: FERNANDO PESSOA (!3/ 06/1888- 30/11/1935) ( ELE MESMO, ALBERTO CAEIRO, RICARDO REIS, ÀLVARO DE CAMPOS, BERNARDO SOARES, ETC)

    Mensaje por Maria Lua Jue 09 Jul 2020, 05:55

    Poemas Inconjuntos
    Ficções Do Interludio
    Alberto Caeiro

    POESIAS

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    Mensaje por Maria Lua Jue 09 Jul 2020, 05:57

    Não Basta




    Não basta abrir a janela

    Para ver os campos e o rio.

    Não é bastante não ser cego

    Para ver as árvores e as flores.

    É preciso também não ter filosofia nenhuma.

    Com filosofia não há árvores: há idéias apenas.

    Há só cada um de nós, como uma cave.

    Há só uma janela fechada, e todo o mundo lá fora;

    E um sonho do que se poderia ver se a janela se abrisse,

    Que nunca é o que se vê quando se abre a janela.







    *********************




    No basta abrir la ventana

    Para ver los campos y el rio.

    No es bastante no ser ciego

    Para ver los árboles y las flores.

    Es preciso también no tener filosofía ninguna.

    Con filosofía no hay árboles: hay ideas apenas.

    Hay sólo cada uno de nosotros, como un sótano.

    Hay sólo una ventana cerrada, y todo el mundo allá afuera;

    Y un sueño de lo que podría verse si la ventana se abriera,

    Que nunca es lo que se ve cuando se abre la ventana.










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    Mensaje por Maria Lua Sáb 11 Jul 2020, 05:59

    Falas De Civilização





    Falas de civilização, e de não dever ser,
    Ou de não dever ser assim.
    Dizes que todos sofrem, ou a maioria de todos,
    Com as cousas humanas postas desta maneira.
    Dizes que se fossem diferentes, sofreriam menos.
    Dizes que se fossem como tu queres, seria melhor.
    Escuto sem te ouvir.
    Para que te quereria eu ouvir?
    Ouvindo-te nada ficaria sabendo.
    Se as cousas fossem diferentes, seriam diferentes: eis tudo.
    Se as cousas fossem como tu queres, seriam só como tu queres.
    Ai de ti e de todos que levam a vida
    A querer inventar a máquina de fazer felicidade!






    *************************






    Hablas de civilización, y de no deber ser,
    O de no deber ser así.
    Dices que todos sufen, o la mayoría de todos,
    Con las cosas humanas puestas de esta manera.
    Dices que si fueran diferentes, sufrirían menos.
    Dices que si fueran como tu quieres, sería mejor.
    Escucho sin oirte.
    ¿Para qué te querría oir?
    Oyéndote nada quedaría sabiendo.
    Si las cosas fueran diferentes, serían diferentes: acá está todo.
    Si las cosas fueran como tu quieras, serían sólo como tu quieres.
    ¡Ay de tí y de todos los que llevan la vida
    A querer inventar la máquina de hacer felicidad!







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    Mensaje por Maria Lua Sáb 11 Jul 2020, 06:00

    Entre O Que Vejo
    Entre o que vejo de um campo e o que vejo de outro campo
    Passa um momento uma figura de homem.
    Os seus passos vão com "ele" na mesma realidade,
    Mas eu reparo para ele e para eles, e são duas cousas:
    O "homem" vai andando com as suas idéias, falso e estrangeiro,
    E os passos vão com o sistema antigo que faz pernas andar.
    Olho-o de longe sem opinião nenhuma.
    Que perfeito que é nele o que ele é o seu corpo,
    A sua verdadeira realidade que não tem desejos nem esperanças,
    Mas músculos e a maneira certa e impessoal de os usar.
    Entre lo que veo de un campo y lo que veo de otro campo
    Pasa un momento una figura de hombre.
    Sus pasos van con "él" en la misma realidad,
    Pero reparo para él o para ellos, y son dos cosas:
    El "hombre" va andando con sus ideas, falso y extranjero;
    Y los pasos van con el sistema antiguo que hace las piernas andar.
    Lo miro de lejos sin opinión ninguna.
    Que perfecto que es en él lo que él es su cuerpo,
    Su verdadera realidad que no tiene deseos ni esperanzas,
    Pero músculos y la manera cierta e impersonal de usarlos.
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    Recomendado Re: FERNANDO PESSOA (!3/ 06/1888- 30/11/1935) ( ELE MESMO, ALBERTO CAEIRO, RICARDO REIS, ÀLVARO DE CAMPOS, BERNARDO SOARES, ETC)

    Mensaje por Maria Lua Sáb 11 Jul 2020, 06:00

    Criança Desconhecida
    Criança desconhecida e suja brincando à minha porta,
    Não te pergunto se me trazes um recado dos símbolos.
    Acho-te graça por nunca te ter visto antes,
    E naturalmente se pudesses estar limpa eras outra criança,
    Nem aqui vinhas.
    Brinca na poeira, brinca!
    Aprecio a tua presença só com os olhos.
    Vale mais a pena ver uma cousa sempre pela primeira vez que conhecê-la,
    Porque conhecer é como nunca ter visto pela primeira vez,
    E nunca ter visto pela primeira vez é só ter ouvido contar.

    O modo como esta criança está suja é diferente do modo como as outras estão sujas.
    Brinca! pegando numa pedra que te cabe na mão,
    Sabes que te cabe na mão.
    Qual é a filosofia que chega a uma certeza maior?
    Nenhuma, e nenhuma pode vir brincar nunca à minha porta.
    Criatura desconocia y sucia jugando en mi puerta,
    No te pregunto si me traes un recado de los símbolos.
    Encuéntrote gracia por nunca haberte visto antes,
    Y naturalmente si pudieras estar limpia serías otra criatura,
    Ni aquí vengas.
    Juega en la polvareda, ¡juega!
    Aprecio tu presencia sólo con los ojos.
    Vale más la pena ver una cosa siempre por primera vez que conocerla,
    Porque conocer es como nunca haberla visto por primera vez,
    Y nunca haber visto por primera vez es sólo haber oido contar.

    El modo como esta criatura está sucia es diferente del modo como las otras están sucias.
    ¡Juega! tomando una piedra que te cabe en la mano,
    Sabes que te cabe en la mano.
    ¿Cuál es la filosofía que llega a una certeza mayor?
    Ninguna, y ninguna puede venir a jugar nunca a mi puerta.
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    Mensaje por Maria Lua Sáb 11 Jul 2020, 06:01

    Verdade, Mentira
    Verdade, mentira, certeza, incerteza...
    Aquele cego ali na estrada também conhece estas palavras.
    Estou sentado num degrau alto e tenho as mãos apertadas
    Sobre o mais alto dos joelhos cruzados.
    Bem: verdade, mentira, certeza, incerteza o que são?
    O cego pára na estrada,
    Desliguei as mãos de cima do joelho
    Verdade, mentira, certeza, incerteza são as mesmas?
    Qualquer cousa mudou numa parte da realidade os meus joelhos e as minhas mãos.
    Qual é a ciência que tem conhecimento para isto?
    O cego continua o seu caminho e eu não faço mais gestos.
    Já não é a mesma hora, nem a mesma gente, nem nada igual.
    Ser real é isto.
    Verdad, mentira, certeza, incerteza...
    Aquel ciego allí en la estrada también conoce estas palabras.
    Estoy sentado en un peldaño alto y tengo las manos apretadas
    Sobre lo más alto de los muslos cruzados.
    Bien: verdad, mentira, certeza, incerteza ¿qué son?
    El ciego para en la estrada,
    Separé las manos de encima del muslo
    Verdad, mentira, certeza, incerteza ¿son las mismas?
    Cualquier cosa mudó en una parte de la realidad mis muslos y mis manos.
    ¿Cuál es la ciencia que tiene conocimiento para esto?
    El ciego continúa su camino y yo no hago más gestos.
    Ya no es la misma hora, ni la misma gente, ni nada igual.
    Ser real es esto.
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    Mensaje por Maria Lua Sáb 11 Jul 2020, 06:01

    Uma Gargalhada
    Uma Gargalhada de rapariga soa do ar da estrada.
    Riu do que disse quem não vejo.
    Lembro-me já que ouvi.
    Mas se me falarem agora de uma gargalhada de rapariga da estrada,
    Direi: não, os montes, as terras ao sol, o sol, a casa aqui,
    E eu que só oiço o ruído calado do sangue que há na minha vida dos dois lados da cabeça.
    Una risotada de rapacita suena en el aire de la estrada.
    Rió de lo que dijo quien no veo.
    Me recuerdo que ya oí.
    Pero si me hablaran ahora de una risotada de rapacita de la estrada,
    Diré: no, los montes, las tierras al sol, el sol, la casa aquí,
    Y yo que sólo oigo el ruido callado de la sangre que hay en mi vida de los dos lados de la cabeza.
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    Mensaje por Maria Lua Sáb 11 Jul 2020, 06:02

    Noite De São João
    Noite de S. João para além do muro do meu quintal.
    Do lado de cá, eu sem noite de S. João.
    Porque há S. João onde o festejam.
    Para mim há uma sombra de luz de fogueiras na noite,
    Um ruído de gargalhadas, os baques dos saltos.
    E um grito casual de quem não sabe que eu existo.
    Noche de S. Juan para más allá del muro de mi quintita.
    Del otro lado de acá, yo sin noche de S. Juan.
    Porque hay S. Juan donde lo festejan.
    Para mí hay una sombra de luz de hogueras en la noche,
    Un ruido de risotadas, los baques de los saltos.
    Y un ruido casual de quien no sabe que yo existo.
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    Mensaje por Maria Lua Sáb 11 Jul 2020, 06:04

    Ontem O Pregador
    Ontem o pregador de verdades dele
    Falou outra vez comigo.
    Falou do sofrimento das classes que trabalham
    (Não do das pessoas que sofrem, que é afinal quem sofre).
    Falou da injustiça de uns terem dinheiro,
    E de outros terem fome, que não sei se é fome de comer.
    Ou se é só fome da sobremesa alheia.
    Falou de tudo quanto pudesse faze-lo zangar-se.

    Que feliz deve ser quem pode pensar na infelicidade dos outros!
    Que estúpido se não sabe que a infelicidade dos outros é deles,
    E não se cura de fora,
    Porque sofrer não é ter falta de tinta
    Ou o caixote não ter aros de ferro!

    Haver injustiça é como haver morte.
    Eu nunca daria um passo para alterar
    Aquilo a que chamam a injustiça do mundo.
    Mil passos que desse para isso
    Eram só mil passos.
    Aceito a injustiça como aceito uma pedra não ser redonda,
    E um sobreiro não ter nascido pinheiro ou carvalho.

    Cortei a laranja em duas, e as duas partes não podiam ficar iguais
    Para qual fui injusto  eu, que as vou comer a ambas?

    Tu, místico, vês uma significação em todas as cousas.
    Para ti tudo tem um sentido velado.
    Há uma cousa oculta em cada cousa que vês.
    O que vês, vê-lo sempre para veres outra cousa.

    Para mim, graças a ter olhos só para ver,
    Eu vejo ausência de significação em todas as cousas;
    Vejo-o e amo-me, porque ser uma cousa é não significar nada.
    Ser uma cousa é não ser susceptível de interpretação.
    Ayer el pregonero de verdades de él
    Habló otra vez conmigo.
    Habló del sufrimiento de las clases que trabajan
    (No del de las personas que sufren, que es al final quien sufre).
    Habló de la injusticia de que unos tengan dinero,
    Y de que otros tengan hambre, que no sé si es hambre de comer.
    O si es sólo hambre de la sobremesa ajena.
    Habló de todo cuando pudiese hacerlo afligir.

    ¡Qué feliz debe ser quien puede pensar en la infelicidad de los otros!
    ¡Qué estúpido si no sabe que la infelicidad de los otros es de ellos,
    Y no se cura por fuera,
    Porque sufrir no es tener falta de tinta
    O el cajón no tener aros de hierro!

    Haber injusticia es como haber muerte.
    Yo nunca daría un paso para alterar
    Aquello que llaman la injusticia del mundo.
    Mil pasos que diera para eso
    Sería sólo mil pasos.
    Acepto la injusticia como acepto que una piedrra no sea redonda,
    Y un Alcornoque  no haber nacido pino o roble.

    Corté la naranja en dos, y las dos partes no podían quedar iguales
    ¿Para cuál fui injusto  yo, que las voy a comer a ambas?

    Tú, místico, ves un significado en todas las cosas.
    Para tí todo tiene un sentido vedado.
    Hay una cosa oculta en cada cosa que ves.
    Lo que ves, lo ves siempre para ver otra cosa.

    Para mí, gracias a tener ojos sólo para ver,
    Yo veo ausencia de significado en todas las cosas;
    Véolo y ámome, porque ser una cosa es no significar nada.
    Ser una cosa es no ser suceptible de interpretación.
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    Recomendado Re: FERNANDO PESSOA (!3/ 06/1888- 30/11/1935) ( ELE MESMO, ALBERTO CAEIRO, RICARDO REIS, ÀLVARO DE CAMPOS, BERNARDO SOARES, ETC)

    Mensaje por Maria Lua Sáb 11 Jul 2020, 06:07

    Pastor Do Monte
    Pastor do monte, tão longe de mim com as tuas ovelhas
    Que felicidade é essa que pareces ter a tua ou a minha?
    A paz que sinto quando te vejo, pertence-me, ou pertence-te?
    Não, nem a ti nem a mim, pastor.
    Pertence só à felicidade e à paz.
    Nem tu a tens, porque não sabes que a tens.
    Nem eu a tenho, porque sei que a tenho.
    Ela é ela só, e cai sobre nós como o sol,
    Que te bate nas costas e te aquece, e tu pensas noutra cousa indiferentemente,
    E me bate na cara e me ofusca, e eu só penso no sol
    Pastor del monte, tan lejos de mí con tus ovejas
    ¿Qué felicidad es esa que pareces tener la tuya o la mía?
    ¿La paz que siento cuando te veo, pertenéceme, o te pertenece?
    No, ni a ti ni a mí, pastor.
    Pertenece sólo a la felicedad y a la paz.
    Ni tú la tienes, porque no sabes que la tienes.
    Ni yo la tengo, porque sé que la tengo.
    Ella es ella sóla, y cae sobre nosotros como el sol,
    Que te golpea en las espaldas y te calienta, y tu piensas en otra cosa indiferentemente,
    Y me golpea en la cara y me ofusca, y sólo pienso en el sol.
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    Mensaje por Maria Lua Sáb 11 Jul 2020, 06:11

    Dizes-me
    Dizes-me: tu és mais alguma cousa
    Que uma pedra ou uma planta.
    Dizes-me: sentes, pensas e sabes
    Que pensas e sentes.
    Então as pedras escrevem versos?
    Então as plantas têm idéias sobre o mundo?

    Sim: há diferença.
    Mas não é a diferença que encontras;
    Porque o ter consciência não me obriga a ter teorias sobre as cousas:
    Só me obriga a ser consciente.

    Se sou mais que uma pedra ou uma planta? Não sei.
    Sou diferente. Não sei o que é mais ou menos.

    Ter consciência é mais que ter cor?
    Pode ser e pode não ser.
    Sei que é diferente apenas.
    Ninguém pode provar que é mais que só diferente.

    Sei que a pedra é a real, e que a planta existe.
    Sei isto porque elas existem.
    Sei isto porque os meus sentidos mo mostram.
    Sei que sou real também.
    Sei isto porque os meus sentidos mo mostram,
    Embora com menos clareza que me mostram a pedra e a planta.
    Não sei mais nada.

    Sim, escrevo versos, e a pedra não escreve versos.
    Sim, faço idéias sobre o mundo, e a planta nenhumas.
    Mas é que as pedras não são poetas, são pedras;
    E as plantas são plantas só, e não pensadores.
    Tanto posso dizer que sou superior a elas por isto,

    Como que sou inferior.
    Mas não digo isso: digo da pedra, "é uma pedra",
    Digo da planta, "é uma planta",
    Digo de mim, "sou eu".
    E não digo mais nada. Que mais há a dizer?
    Me dices: Tu eres más alguna cosa
    Que una piedra o una planta.
    Me dices: Sientes, piensas y sabes
    Que piensas y sientes.
    ¿Entonces las piedras escriben versos?
    ¿Entonces las plantas tienen ideas sobre el mundo?

    Sí: hay diferencia.
    Pero no es la diferencia que encuentras;
    Porque el tener consciencia no me obliga a tener teorías sobre las coas:
    Sólo me obliga a ser consciente.

    ¿Si soy más que una piedra que una planta? No sé.
    Soy diferente. No sé lo que es más o menos.

    ¿Tener consciencia es más que tener color?
    Puede ser y puede no ser.
    Sé que es diferente apenas.
    Nadie puede probar que es más que sólo diferente.

    Sé que la piedra es la real, y que la planta existe.
    Sé esto porque ellas existen.
    Sé esto porque mis sentidos me lo muestran.
    Sé que soy real también.
    Sé esto porque mis sentidos me lo muestran,
    Incluso con menos claridad que me muestran la piedra y la planta.
    No sé más nada.

    Sí, escribo versos, y la piedra no escribe versos.
    Sí, tengo ideas sobre el mundo, y la planta ninguna.
    Mas es que las piedras no son poetas, son piedras;
    Y las plantas son plantas solamente, y no pensadores.
    Tanto puedo decir que soy superior a ellas por esto,

    Como que soy inferior.
    Pero no digo eso: digo de la piedra, "es una piedra",
    Digo de la planta, "es una planta",
    Digo de mí, "soy yo".
    Y no digo más nada. ¿Qué más hay por decir?
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    Mensaje por Maria Lua Sáb 11 Jul 2020, 06:12

    A Espantosa Realidade Das Cousas
    A espantosa realidade das cousas
    É a minha descoberta de todos os dias.
    Cada cousa é o que é,
    E é difícil explicar a alguém quanto isso me alegra,
    E quanto isso me basta.

    Basta existir para se ser completo.

    Tenho escrito bastantes poemas.
    Hei de escrever muitos mais. naturalmente.

    Cada poema meu diz isto,
    E todos os meus poemas são diferentes,
    Porque cada cousa que há é uma maneira de dizer isto.

    Às vezes ponho-me a olhar para uma pedra.
    Não me ponho a pensar se ela sente.
    Não me perco a chamar-lhe minha irmã.
    Mas gosto dela por ela ser uma pedra,
    Gosto dela porque ela não sente nada.
    Gosto dela porque ela não tem parentesco nenhum comigo.

    Outras vezes oiço passar o vento,
    E acho que só para ouvir passar o vento vale a pena ter nascido.

    Eu não sei o que é que os outros pensarão lendo isto;
    Mas acho que isto deve estar bem porque o penso sem estorvo,
    Nem idéia de outras pessoas a ouvir-me pensar;
    Porque o penso sem pensamentos
    Porque o digo como as minhas palavras o dizem.

    Uma vez chamaram-me poeta materialista,
    E eu admirei-me, porque não julgava
    Que se me pudesse chamar qualquer cousa.
    Eu nem sequer sou poeta: vejo.
    Se o que escrevo tem valor, não sou eu que o tenho:
    O valor está ali, nos meus versos.
    Tudo isso é absolutamente independente da minha vontade.
    La espantosa realidad de las cosas
    Es mi descubierta de todos los días.
    Cada cosa es lo que es,
    Y es dificil explicar a alguien cuanto me alegra eso,
    Y cuanto me basta eso.

    Basta existir para ser completo.

    Tengo escritos bastantes poemas.
    He de escribir muchos más, naturalmente.

    Cada poema mio dice esto,
    Y todos mis poemas son diferentes,
    Porque cada cosa que hay es una manera de decir esto.

    A veces póngome a mirar a una piedra.
    No me pongo a pensar si ella siente.
    No me pierdo a llamarle mi hermana.
    Pero gusto de ella por ella ser una piedra,
    Gusto de ella porque ella no siente nada.
    Gusto de ella porque ella no tiene parentezco ninguno conmigo.

    Otras veces oigo pasar el viento,
    Y hallo que sólo para oir pasar el viento vale la pena haber nacido.

    Yo no sé lo que es que otros pensarán leyendo esto;
    Pero hallo que esto debe estar bien porque lo pienso sin estorbo,
    Ni idea de otras personas oyéndome pensar;
    Porque lo pienso sin pensamientos
    Porque lo digo como mis palabras lo dicen.

    Una vez me llamaron poeta materialista,
    Y yo me admiré, porque no juzgaba
    Que se me pudiera llamar cualquier cosa.
    Yo ni siquiera soy poeta: veo.
    Si lo que escribo tiene valor, no soy yo que lo tengo:
    El valor está ahí, en mis versos.
    Todo eso es absolutamente independiente de mi voluntad.
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    Mensaje por Maria Lua Sáb 11 Jul 2020, 06:13

    Quando Tornar A Vir A Primavera
    Quando tornar a vir a Primavera
    Talvez já não me encontre no mundo.
    Gostava agora de poder julgar que a Primavera é gente
    Para poder supor que ela choraria,
    Vendo que perdera o seu único amigo.
    Mas a Primavera nem sequer é uma cousa:
    É uma maneira de dizer.
    Nem mesmo as flores tornam, ou as folhas verdes.
    Há novas flores, novas folhas verdes.
    Há outros dias suaves.
    Nada torna, nada se repete, porque tudo é real.
    Cuando torne a venir la Primavera
    Tal vez ya no me encuentre en el mundo.
    Gustaba ahora de poder juzgar que la Primavera es gente
    Para poder suponer que ella lloraría,
    Viendo que perdiera a su único amigo.
    Pero la Primavera ni siquiera es una cosa:
    Es una manera de decir.
    Ni mismas las flores tornan, o las hojas verdes.
    Hay nuevas flores, nuevas hojas verdes.
    Hay otros días suaves.
    Nada torna, nada se repite, porque todo es real.
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    Recomendado Re: FERNANDO PESSOA (!3/ 06/1888- 30/11/1935) ( ELE MESMO, ALBERTO CAEIRO, RICARDO REIS, ÀLVARO DE CAMPOS, BERNARDO SOARES, ETC)

    Mensaje por Maria Lua Sáb 11 Jul 2020, 06:13

    Se Eu Morrer Novo
    Se eu morrer novo,
    Sem poder publicar livro nenhum,
    Sem ver a cara que têm os meus versos em letra impressa,
    Peço que, se se quiserem ralar por minha causa,
    Que não se ralem.
    Se assim aconteceu, assim está certo.

    Mesmo que os meus versos nunca sejam impressos,
    Eles lá terão a sua beleza, se forem belos.
    Mas eles não podem ser belos e ficar por imprimir,
    Porque as raízes podem estar debaixo da terra
    Mas as flores florescem ao ar livre e à vista.
    Tem que ser assim por força. Nada o pode impedir.

    Se eu morrer muito novo, oiçam isto:
    Nunca fui senão uma criança que brincava.
    Fui gentio como o sol e a água,
    De uma religião universal que só os homens não têm.
    Fui feliz porque não pedi cousa nenhuma,
    Nem procurei achar nada,
    Nem achei que houvesse mais explicação
    Que a palavra explicação não ter sentido nenhum.

    Não desejei senão estar ao sol ou à chuva
    Ao sol quando havia sol
    E à chuva quando estava chovendo (E nunca a outra cousa),
    Sentir calor e frio e vento,
    E não ir mais longe.

    Uma vez amei, julguei que me amariam,
    Mas não fui amado.
    Não fui amado pela única grande razão
    Porque não tinha que ser.

    Consolei-me voltando ao sol e à chuva,
    E sentando-me outra vez à porta de casa.
    Os campos, afinal, não são tão verdes para os que são amados
    Como para os que o não são.
    Sentir é estar distraído.
    Si yo muriera joven,
    Sin poder publicar libro ninguno,
    Sin ver la cara que tienen mis versos en letra impresa,
    Pido que, si se quisieran consumir por mi causa,
    Que no se consuman.
    Si así sucedió, así está bien.

    Incluso que mis versos nunca sean impresos,
    Ellos allá tendrán su belleza, si fueron bellos.
    Pero ellos no pueden ser bellos y quedar por imprimir,
    Porque las raices pueden estar debajo de la tierra
    Pero las flores florecen al aire libre y a la vista.
    Tiene que ser así por la fuerza. Nada lo puede impedir.

    Si yo muriera muy joven, oigan esto:
    Nunca fui sino una criatura que jugaba.
    Fui gentío como el sol y el agua,
    De una religión universal que sólo los hombres no tienen.
    Fui feliz porque no pedí cosa alguna,
    Ni intenté hallar nada,
    Ni hallé que hubiera más explicación
    Que la palabra explicación no tiene sentido común.

    No deseé sino estar al sol o a la lluvia
    Al sol cuando había sol
    Y a la lluvia cuando estaba lloviendo (Y nunca la otra cosa),
    Sentir calor y frio y viento,
    Y no ir más lejos.

    Una vez amé, juzgué que me amarían,
    Pero no fui amado.
    No fui amado por una única gran razón
    Porque no tenía que ser.

    Me consolé volviendo al sol y a la lluvia,
    Y sentándome otra vez a la puerta de casa.
    Los campos, al final, no son tan verdes para los que son amados
    Como para los que no lo son.
    Sentir es estar distraido.
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    Recomendado Re: FERNANDO PESSOA (!3/ 06/1888- 30/11/1935) ( ELE MESMO, ALBERTO CAEIRO, RICARDO REIS, ÀLVARO DE CAMPOS, BERNARDO SOARES, ETC)

    Mensaje por Maria Lua Sáb 11 Jul 2020, 06:14

    Quando Vier A Primavera
    Quando vier a Primavera,
    Se eu já estiver morto,
    As flores florirão da mesma maneira
    E as árvores não serão menos verdes que na Primavera passada.
    A realidade não precisa de mim.

    Sinto uma alegria enorme
    Ao pensar que a minha morte não tem importância nenhuma

    Se soubesse que amanhã morria
    E a Primavera era depois de amanhã,
    Morreria contente, porque ela era depois de amanhã.
    Se esse é o seu tempo, quando havia ela de vir senão no seu tempo?
    Gosto que tudo seja real e que tudo esteja certo;
    E gosto porque assim seria, mesmo que eu não gostasse.
    Por isso, se morrer agora, morro contente,
    Porque tudo é real e tudo está certo.

    Podem rezar latim sobre o meu caixão, se quiserem.
    Se quiserem, podem dançar e cantar à roda dele.
    Não tenho preferências para quando já não puder ter preferências.
    O que for, quando for, é que será o que é.
    Cuando venga la Primavera,
    Si yo ya estuviera muerto,
    Las flores florecerán de la misma manera
    Y los árboles no serán menos verdes que en la Primavera pasada.
    La realidad no precisa de mí.

    Siento una alegría enorme
    Al pensar que mi muerte no tiene importancia alguna

    Si supiera que mañana moriría
    Y la primavera fuera pasado mañana,
    Moriría contento, porque ella sería pasado mañana.
    Si ese es su tiempo, ¿cuando había ella de venir sino en su tiempo?
    Gusto de que todo sea real y que todo este bien;
    Y gusto porque así sería, incluso si yo no gustase.
    Por eso, si muriera ahora, muero contento,
    Porque todo es real y todo está bien.

    Pueden rezar en latín sobre mi cajón, si quisieran.
    Si quisieran, pueden bailar y cantar en rueda a él.
    No tengo preferencias para cuando ya no pueda tener preferencias.
    Lo que fuera, cuando fuera, es que será lo que es.
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    Mensaje por Maria Lua Sáb 11 Jul 2020, 06:14

    Se Depois De Eu Morrer
    Se depois de eu morrer, quiserem escrever a minha biografia,
    Não há nada mais simples
    Tem só duas datas a da minha nascença e a da minha morte.
    Entre uma e outra cousa todos os dias são meus.

    Sou fácil de definir.
    Vi como um danado.
    Amei as cousas sem sentimentalidade nenhuma.
    Nunca tive um desejo que não pudesse realizar, porque nunca ceguei.
    Mesmo ouvir nunca foi para mim senão um acompanhamento de ver.
    Compreendi que as cousas são reais e todas diferentes umas das outras;
    Compreendi isto com os olhos, nunca com o pensamento.
    Compreender isto corri o pensamento seria achá-las todas iguais.

    Um dia deu-me o sono como a qualquer criança.
    Fechei os olhos e dormi.
    Além disso, fui o único poeta da Natureza.
    Si después de yo morir, quisieran escribir mi biografía,
    No hay nada más simple
    Tiene sólo dos fechas la de mi nacimiento y la de mi muerte.
    Entre una y otra cosa todos los días son mios.

    Soy facil de definir.
    Vi como un condenado.
    Amé las cosas sin sentimentalidad alguna.
    Nunca tuve un deseo que no pudiese realizar, porque nunca cegué.
    Incluso oir nunca fue para mí sino un acompañamiento de ver.
    Comprendí que las cosas son reales y todas diferentes unas de las otras;
    Comprendí esto con los ojos, nunca con el pensamiento.
    Al comprender esto recorrí el pensamiento y sería hallarlas todas iguales.

    Un día me dio el sueño como a cualquier niño.
    Cerré los ojos y dormí.
    Más allá de eso, fui el único poeta de la Naturaleza.
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    Recomendado Re: FERNANDO PESSOA (!3/ 06/1888- 30/11/1935) ( ELE MESMO, ALBERTO CAEIRO, RICARDO REIS, ÀLVARO DE CAMPOS, BERNARDO SOARES, ETC)

    Mensaje por Maria Lua Sáb 11 Jul 2020, 06:15

    É Noite
    É noite. A noite é muito escura. Numa casa a uma grande distância
    Brilha a luz duma janela.
    Vejo-a, e sinto-me humano dos pés à cabeça.
    É curioso que toda a vida do indivíduo que ali mora, e que não sei quem é,
    Atrai-me só por essa luz vista de longe.
    Sem dúvida que a vida dele é real e ele tem cara, gestos, família e profissão.

    Mas agora só me importa a luz da janela dele.
    Apesar de a luz estar ali por ele a ter acendido,
    A luz é a realidade imediata para mim.
    Eu nunca passo para além da realidade imediata.
    Para além da realidade imediata não há nada.
    Se eu, de onde estou, só veio aquela luz,
    Em relação à distância onde estou há só aquela luz.
    O homem e a família dele são reais do lado de lá da janela.
    Eu estou do lado de cá, a uma grande distância.
    A luz apagou-se.
    Que me importa que o homem continue a existir?
    Es noche. La noche es muy oscura. En una casa a una gran distancia
    Brilla la luz de una ventana.
    Véola, y siéntome humano de los pies a la cabeza.
    Es curioso que toda la vida del individuo que allí vive, y que no sé quién es,
    Me atraiga sólo por esa luz vista de lejos.
    Sin duda que la vida de él es real y él tiene cara, gestos, familia y profesión.

    Pero ahora sólo me importa la luz de la ventana de él.
    A pesar de la luz estar allí por él haberla encendido,
    La luz es la realidad inmediata para mí.
    Yo nunca paso más allá de la realidad inmediata.
    Más allá de la realidad inmediata no hay nada.
    Si yo, de donde estoy, sólo veo aquella luz,
    En relación a la distancia donde estoy hay sólo aquella luz.
    El hombre y la familia de él son reales del lado de allá de la ventana.
    Yo estoy del lado de acá, a una gran distancia.
    La luz se apagó.
    ¿Qué me importa que el hombre continúe existiendo?
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    Recomendado Re: FERNANDO PESSOA (!3/ 06/1888- 30/11/1935) ( ELE MESMO, ALBERTO CAEIRO, RICARDO REIS, ÀLVARO DE CAMPOS, BERNARDO SOARES, ETC)

    Mensaje por Maria Lua Sáb 11 Jul 2020, 06:15

    (Nunca sei como é que se pode achar um poente triste.)
    Nunca sei como é que se pode achar um poente triste.
    Só se é por um poente não ter uma madrugada.
    Mas se ele é um poente, como é que ele havia de ser uma madrugada?
    Nunca sé como es que se puede hallar un poniente triste.
    Sólo si es por un poniente no tener una madrugada.
    Pero si él es un poniente, ¿cómo es que él había de ser una madrugada?
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    Recomendado Re: FERNANDO PESSOA (!3/ 06/1888- 30/11/1935) ( ELE MESMO, ALBERTO CAEIRO, RICARDO REIS, ÀLVARO DE CAMPOS, BERNARDO SOARES, ETC)

    Mensaje por Maria Lua Sáb 11 Jul 2020, 06:16

    Um Dia De Chuva
    Um dia de chuva é tão belo como um dia de sol.
    Ambos existem; cada um como é.
    Un día de lluvia es tan bello como un día de sol.
    Ambos existen; cada uno como es.
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    Recomendado Re: FERNANDO PESSOA (!3/ 06/1888- 30/11/1935) ( ELE MESMO, ALBERTO CAEIRO, RICARDO REIS, ÀLVARO DE CAMPOS, BERNARDO SOARES, ETC)

    Mensaje por Maria Lua Sáb 11 Jul 2020, 06:16

    Quando A Erva Crescer
    Quando a erva crescer em cima da minha sepultura,
    Seja este o sinal para me esquecerem de todo.
    A Natureza nunca se recorda, e por isso é bela.
    E se tiverem a necessidade doentia de "interpretar" a erva verde sobre a minha sepultura,
    Digam que eu continuo a verdecer e a ser natural.
    Cuando la hierba crezca en cima de mi sepultura,
    Sea esta la señal para que me olviden del todo.
    La Naturaleza nunca se recuerda, y por eso es bella.
    Y si tuvieran la necesidad doentia[size=undefined](*)
     de "interpretar" la hierba verde sobre mi sepultura,
    Digan que yo continúo a enverdeciendo y siendo natural.[/size]
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    Recomendado Re: FERNANDO PESSOA (!3/ 06/1888- 30/11/1935) ( ELE MESMO, ALBERTO CAEIRO, RICARDO REIS, ÀLVARO DE CAMPOS, BERNARDO SOARES, ETC)

    Mensaje por Maria Lua Sáb 11 Jul 2020, 06:17

    Se O Homem Fosse
    Se o homem fosse, como deveria ser,
    Não um animal doente, mas o mais perfeito dos animais,
    Animal directo e não indirecto,
    Devia ser outra a sua forma de encontrar um sentido às cousas,
    Outra e verdadeira.
    Devia haver adquirido um sentido do «conjunto»;
    Um sentido como ver e ouvir do «total» das cousas
    E não, como temos, um pensamento do «conjunto»;
    E não, como temos, uma ideia, do «total» das cousas.
    E assim veríamos não teríamos noção do «conjunto» ou do «total»,
    Porque o sentido do «total» ou do «conjunto» não vem de, um total ou de um conjunto
    Mas da verdadeira Natureza talvez nem todo nem partes.
    Si el hombre fuera, como debería ser,
    No un animal doliente, mas el más perfecto de los animales,
    Animal directo y no indirecto,
    Debería ser otra su forma de encontrar el sentido a las cosas,
    Otra y verdadera.
    Debería haber adquirido un sentido del «conjunto»;
    Un sentido como ver y oir del «total» de las cosas
    Y no, como tenemos, un pensamiento del «conjunto»;
    Y no, como tenemos, una idea, del «total» de las cosas.
    Y así veríamos no tendríamos noción del «conjunto» o del «total»,
    Porque el sentido del «total» o del «conjunto» no viene de, un total o de un conjunto
    Pero de la verdadera Naturaleza tal vez ni todo ni partes.
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    Mensaje por Maria Lua Sáb 11 Jul 2020, 06:17

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    O Único Mistério Do Universo
    O único mistério do Universo é o mais e não o menos.
    Percebemos demais as cousas eis o erro, a dúvida.
    O que existe transcende para mim o que julgo que existe.
    A Realidade é apenas real e não pensada.
    El único misterio del Universo es lo más y no lo menos.
    Percibimos demasiado las cosas aquí está el error, la duda.
    De lo que existe trasciende para mí lo que juzgo que existe.
    La Realidad es apenas real y no pensada.
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