Aires de Libertad

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      VINICIUS DE MORAES  - Página 9 Empty Re: VINICIUS DE MORAES

      Mensaje por Maria Lua Lun 19 Oct 2020, 07:32

      Soneto da separação



      De repente do riso fez-se o pranto
      Silencioso e branco como a bruma
      E das bocas unidas fez-se a espuma
      E das mãos espalmadas fez-se o espanto



      De repente da calma fez-se o vento
      Que dos olhos desfez a última chama
      E da paixão fez-se o pressentimento
      E do momento imóvel fez-se o drama



      De repente, não mais que de repente
      Fez-se de triste o que se fez amante
      E de sozinho o que se fez contente



      Fez-se do amigo próximo o distante
      Fez-se da vida uma aventura errante
      De repente, não mais que de repente






      Edição: Editora Vergara & Riba, 2003


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      o un ciego soñando
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      siendo guardián en tu cielo
      y tren de tus ilusiones."
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      VINICIUS DE MORAES  - Página 9 Empty Re: VINICIUS DE MORAES

      Mensaje por Maria Lua Vie 23 Oct 2020, 08:24

      O relógio


      Passa, tempo, tic-tac
      Tic-tac, passa, hora
      Chega logo, tic-tac
      Tic-tac, e vai-te embora
      Passa, tempo
      Bem depressa
      Não atrasa
      Não demora
      Que já estou
      Muito cansado
      Já perdi
      Toda a alegria
      De fazer
      Meu tic-tac
      Dia e noite
      Noite e dia
      Tic-tac
      Tic-tac
      Tic-tac . . .


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      VINICIUS DE MORAES  - Página 9 Empty Re: VINICIUS DE MORAES

      Mensaje por Maria Lua Sáb 24 Oct 2020, 04:36

      Do mar ao céu azul para onde sobem
       
       
      Do mar ao céu azul para onde sobem
      de azul a azul, estas escadas
      pássaros antigos caídos
      com suas asas encarnadas
      ainda abertas, ainda estendidas,
      em si mesmas desmoronadas...
       
      Ó castelos de cavaleiros,
      sangue e poeira das Cruzadas.
      O mar e o céu nas aberturas
      destas paredes arrombadas.
      Os rostos, não, nem grito ou lança.
      Mas, entre o azul e o azul, escadas.


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      VINICIUS DE MORAES  - Página 9 Empty Re: VINICIUS DE MORAES

      Mensaje por Maria Lua Dom 25 Oct 2020, 06:47

      A um passarinho


      Para que vieste
      Na minha janela
      Meter o nariz?
      Se foi por um verso
      Não sou mais poeta
      Ando tão feliz!
      Se é para uma prosa
      Não sou Anchieta
      Nem venho de Assis.
       


      Deixa-te de histórias
      Some-te daqui!


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      VINICIUS DE MORAES  - Página 9 Empty Re: VINICIUS DE MORAES

      Mensaje por Maria Lua Dom 25 Oct 2020, 06:48

      O dia da criação

       

      Macho e fêmea os criou.
      Gênese, 1, 27
       
       
      I
       


      Hoje é sábado, amanhã é domingo
      A vida vem em ondas, como o mar
      Os bondes andam em cima dos trilhos
      E Nosso Senhor Jesus Cristo morreu na cruz para nos salvar.
       


      Hoje é sábado, amanhã é domingo
      Não há nada como o tempo para passar
      Foi muita bondade de Nosso Senhor Jesus Cristo
      Mas por via das dúvidas livrai-nos meu Deus de todo mal.


      Hoje é sábado, amanhã é domingo
      Amanhã não gosta de ver ninguém bem
      Hoje é que é o dia do presente
      O dia é sábado.
       


      Impossível fugir a essa dura realidade
      Neste momento todos os bares estão repletos de homens vazios
      Todos os namorados estão de mãos entrelaçadas
      Todos os maridos estão funcionando regularmente
      Todas as mulheres estão atentas
      Porque hoje é sábado.
       

       

      II



      Neste momento há um casamento
      Porque hoje é sábado
      Hoje há um divórcio e um violamento
      Porque hoje é sábado
      Há um rico que se mata
      Porque hoje é sábado
      Há um incesto e uma regata
      Porque hoje é sábado
      Há um espetáculo de gala
      Porque hoje é sábado
      Há uma mulher que apanha e cala
      Porque hoje é sábado
      Há um renovar-se de esperanças
      Porque hoje é sábado
      Há uma profunda discordância
      Porque hoje é sábado
      Há um sedutor que tomba morto
      Porque hoje é sábado
      Há um grande espírito-de-porco
      Porque hoje é sábado
      Há uma mulher que vira homem
      Porque hoje é sábado
      Há criançinhas que não comem
      Porque hoje é sábado
      Há um piquenique de políticos
      Porque hoje é sábado
      Há um grande acréscimo de sífilis
      Porque hoje é sábado
      Há um ariano e uma mulata
      Porque hoje é sábado
      Há uma tensão inusitada
      Porque hoje é sábado
      Há adolescências seminuas
      Porque hoje é sábado
      Há um vampiro pelas ruas
      Porque hoje é sábado
      Há um grande aumento no consumo
      Porque hoje é sábado
      Há um noivo louco de ciúmes
      Porque hoje é sábado
      Há um garden-party na cadeia
      Porque hoje é sábado
      Há uma impassível lua cheia
      Porque hoje é sábado
      Há damas de todas as classes
      Porque hoje é sábado
      Umas difíceis, outras fáceis
      Porque hoje é sábado
      Há um beber e um dar sem conta
      Porque hoje é sábado
      Há uma infeliz que vai de tonta
      Porque hoje é sábado
      Há um padre passeando à paisana
      Porque hoje é sábado
      Há um frenesi de dar banana
      Porque hoje é sábado
      Há a sensação angustiante
      Porque hoje é sábado
      De uma mulher dentro de um homem
      Porque hoje é sábado
      Há uma comemoração fantástica
      Porque hoje é sábado
      Da primeira cirurgia plástica
      Porque hoje é sábado
      E dando os trâmites por findos
      Porque hoje é sábado
      Há a perspectiva do domingo
      Porque hoje é sábado
       

       

      III
       


      Por todas essas razões deverias ter sido riscado do Livro das Origens,
      ó Sexto Dia da Criação.
      De fato, depois da Ouverture do Fiat e da divisão de luzes e trevas
      E depois, da separação das águas, e depois, da fecundação da terra
      E depois, da gênese dos peixes e das aves e dos animais da terra
      Melhor fora que o Senhor das Esferas tivesse descansado.
      Na verdade, o homem não era necessário
      Nem tu, mulher, ser vegetal, dona do abismo, que queres como
      as plantas, imovelmente e nunca saciada
      Tu que carregas no meio de ti o vórtice supremo da paixão.
      Mal procedeu o Senhor em não descansar durante os dois últimos dias
      Trinta séculos lutou a humanidade pela semana inglesa
      Descansasse o Senhor e simplesmente não existiríamos
      Seríamos talvez pólos infinitamente pequenos de partículas cósmicas
      em queda invisível na
      terra.
      Não viveríamos da degola dos animais e da asfixia dos peixes
      Não seríamos paridos em dor nem suaríamos o pão nosso de cada dia
      Não sofreríamos males de amor nem desejaríamos a mulher do próximo
      Não teríamos escola, serviço militar, casamento civil, imposto sobre a renda
      e missa de
      sétimo dia.
      Seria a indizível beleza e harmonia do plano verde das terras e das
      águas em núpcias
      A paz e o poder maior das plantas e dos astros em colóquio
      A pureza maior do instinto dos peixes, das aves e dos animais em [cópula.
      Ao revés, precisamos ser lógicos, freqüentemente dogmáticos
      Precisamos encarar o problema das colocações morais e estéticas
      Ser sociais, cultivar hábitos, rir sem vontade e até praticar amor sem vontade
      Tudo isso porque o Senhor cismou em não descansar no Sexto Dia e [sim no Sétimo
      E para não ficar com as vastas mãos abanando
      Resolveu fazer o homem à sua imagem e semelhança
      Possivelmente, isto é, muito provavelmente
      Porque era sábado.
       


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      VINICIUS DE MORAES  - Página 9 Empty Re: VINICIUS DE MORAES

      Mensaje por Maria Lua Sáb 31 Oct 2020, 09:07



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      Mensaje por Maria Lua Dom 01 Nov 2020, 05:53

      SUSPENSIÓN






      Fuera de mí, en el espacio, errante,
      la música doliente de un vals;
      en mí, profundamente en mi ser,
      la música doliente de tu cuerpo;
      y en todo, viviendo el instante de todas las cosas,
      la música de la noche iluminada.
      El ritmo de tu cuerpo en mi cuerpo...
      El giro suave del vals lejano, indeciso...
      Mis ojos bebiendo tus ojos, tu rostro.
      Y el deseo de llorar que viene de todas las cosas.


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      Mensaje por Maria Lua Mar 10 Nov 2020, 15:22

      Na praia de coisas brancas
      Abrem-se às ondas cativas
      Conchas brancas, coxas brancas
            Águas-vivas.
       

       
      Aos mergulhares do bando
      Afloram perspectivas
      Redondas, se aglutinando
            Volitivas.
       


      E as ondas de pontas roxas
      Vão e vêm, verdes e esquivas
      Vagabundas, como frouxas
            Entre vivas!
       


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      VINICIUS DE MORAES  - Página 9 Empty Re: VINICIUS DE MORAES

      Mensaje por Maria Lua Sáb 14 Nov 2020, 05:02

      Cuando yo nací
                         el silencio fue aumentado.
      Mi padre siempre entendió
      Que yo era torcido
      Mas siempre me enderezó.
       
      Pasé años buscándome por lugares ningunos.
      Hasta que no me hallé —y fui salvo.
      A veces caminaba como si fuese un bulbo.
       
      VI.
       
      Ayer pasó por aquí un ancestro mío, que solfeaba a Bach:
      "Quédese con nosotros, Señor, que la noche llega."
      El cantaba así en las carreteras más polvorientas.
      Y aquellas mariposas sobre unos ramos de tomillo
      cantaban con él.
       
      Atrás de nuestra casa trabaja un río.
      El aluminio de los peces vislumbra.


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      VINICIUS DE MORAES  - Página 9 Empty Re: VINICIUS DE MORAES

      Mensaje por Maria Lua Sáb 14 Nov 2020, 05:02

      ALLEGRO

       
      Siente como vibra
      Locamente en nosotros
      Un viento feroz
      Retorciendo la fibra

       
      De los tallos informes

      Y las plantas carnívoras
      De bocas enormes
      Luchan con las víboras

       
      Y los ríos soturnos
      Oye como vierten
      El agua corrompida

       
      Y las sombras se unen
      En los rayos nocturnos
      De la luna perdida.

       
      Oxford, 1939


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      Mensaje por Maria Lua Sáb 14 Nov 2020, 05:02

      AURORA, CON MOVIMIENTO (Puesto 3)
      La línea móvil del horizonte
      Lanza para arriba el sol en diábolo
      Los vientos de lejos
      Agitan dulcemente los cabellos de la roca
      Pasan en hachones el primer automóvil, la última estrella
      La mujer que avanza
      Parece crear esferas exaltadas por el espacio
      Los pescadores empujando el arrastre parecen mover el mundo
      El cardúmen de botos en la distancia parece mover el mar.


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      Mensaje por Maria Lua Jue 19 Nov 2020, 06:01

      EL POETA
       
       
      Cuántos somos, no sé… Somos uno, tal vez dos; tres, tal vez cuatro;
      cinco, tal vez nada.
      Tal vez la multiplicación de cinco por cinco mil y cuyos restos
      llenarían doce Tierras.
      Cuántos, no sé… Sólo sé que somos muchos – la desesperación
      del decimal infinito.
      Y que somos bellos como dioses, aunque trágicos.
       
      Vinimos de lejos… Puede ser que en el sueño de Dios hayamos
      aparecido como espectros
      de la boca ardiente de los volcanes o de la órbita ciega
      de los lagos desaparecidos.
      Puede ser que hayamos germinado misteriosamente del suelo asolado
      por las batallas
      o del vientre de las ballenas quién sabe si surgimos.
       
      Vinimos de lejos – traemos en nosotros el orgullo del ángel
      rebelado,
      del que creó o hizo nacer el fuego de la ilimitada y altísima
      misericordia.
      Traemos en nosotros el orgullo de ser úlceras en el eterno
      cuerpo de Job,
      y no oro y púrpura en el cuerpo efímero del Faraón.
       
      Nacimos de la fuente y vinimos puros porque somos herederos
      de la sangre
      y también deformes porque – ¡ay de los esclavos!, no hay
      belleza en los orígenes.
      Volábamos – Dios les dio el ala del bien y el ala del mal a nuestras
      formas impalpables,
      recogiendo el alma de las cosas para el castigo y la perfección
      en la vida eterna.
       
      Nacimos de la fuente y dentro de las eras vagamos como semillas
      invisibles por el corazón de los mundos y de los hombres,
      dejando atrás de nosotros el espacio y la memoria latente
      de nuestra vida anterior.
      Porque el espacio es el tiempo muerto – y el espacio es la memoria
      del poeta,
      como el tiempo vivo es la memoria del hombre sobre la Tierra.
       
      Fue mucho antes de los pájaros – apenas rodaban en la esfera
      los cantos de Dios,
      apenas su sombra inmensa cruzaba el aire como un faro
      alucinado…
      Existíamos ya… En el caos de Dios girábamos como el polvo
      prisionero del vértigo,
      ¿pero de dónde veníamos y por qué privilegio recibido?
       
      Y entretanto el Eterno sacaba de la música vacía la armonía
      creadora,
      y de la armonía creadora el orden de los seres y del orden de los seres
      el amor,
      y del amor la muerte y de la muerte el tiempo, y del tiempo
      el sufrimiento
      y del sufrimiento la contemplación y de la contemplación
      la serenidad imperecedera.
       
      Nosotros recorríamos como extrañas larvas la forma patética
      de los astros
      asistiendo a todo y oyendo todo y rememorando todo eternamente.
      ¿Cómo? No sé… Éramos la primera manifestación de la divinidad,
      éramos el primer huevo fecundándose al calor de la centella.
      Vivimos el inconsciente de las edades en los brazos palpitantes
      de los ciclones,
      y las germinaciones de la carne en el dorso descarnado del fulgor lunar.
      Asistimos al misterio de la revelación de los Trópicos y de los signos,
      y al espantoso encantamiento de los eclipses y de las esfinges.
       
      Descendimos a lo largo del espejo contemplativo de las aguas
      de los ríos del Edén
      y vimos, entre los animales, al hombre poseer furiosamente
      a la hembra sobre el pasto.
      Seguimos… Y cuando el decurión hirió el pecho de Dios crucificado,
      como mariposas de sangre brotamos de la carne abierta
      y volamos hacia el amor celestial.
       
      Cuántos somos, no sé… Somos uno, tal vez dos; tres, tal vez cuatro;
      cinco, tal vez nada.
      Tal vez la multiplicación de cinco por cinco mil y cuyos restos
      llenarían doce Tierras.
      Cuántos, no sé… Somos la constelación perdida que camina
      lanzando estrellas,
      somos la estrella perdida que camina deshecha en luz.


      _________________



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      o un ciego soñando
      y en ese vuelo y en ese sueño
      compartir contigo sol y luna,
      siendo guardián en tu cielo
      y tren de tus ilusiones."
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      VINICIUS DE MORAES  - Página 9 Empty Re: VINICIUS DE MORAES

      Mensaje por Maria Lua Jue 19 Nov 2020, 06:03

      MENSAJE A LA POESÍA
       
      No puedo.
      No es posible.
      Díganle que es totalmente imposible.
      Ahora no puede ser.
      Es imposible.
      No puedo.
      Díganle que estoy tristísimo, pero no puedo ir esta noche
      a su encuentro.
      Cuéntenle que hay millones de cuerpos que enterrar,
      muchas ciudades que construir, mucha pobreza en el mundo.
      Cuéntenle que hay un niño llorando en alguna parte
      del mundo
      y que las mujeres se están volviendo locas, y hay legiones de ellas
      sollozando de saudade por sus hombres.
      Cuéntenle que hay un vacío en los ojos de los parias
      y que su magrura es extrema;
      cuéntenle que la vergüenza, la deshonra y el suicidio rondan los lares
      y es preciso reconquistar la vida.
      Háganle ver que necesito estar alerta,
      vuelto hacia todos los caminos,
      listo a socorrer, a amar, a mentir, a morir si fuese preciso.
      Explíquenle con cuidado – no la aflijan… – que si no voy
      no es porque no quiera: ella lo sabe; es porque hay un héroe
      en la cárcel,
      hay un campesino que fue agredido, hay un charco de sangre
      en una plaza.
      Cuéntenle, bien en secreto, que debo estar preparado, que mis hombros
      no deben doblarse,
      que mis ojos no deben dejarse intimidar,
      que llevo a cuestas la desgracia de los hombres
      y ahora no es el momento de detenerse;
      díganle, sin embargo, que sufro mucho,
      pero no puedo mostrar mi sufrimiento a los hombres perplejos;
      díganle que me fue dada la terrible participación, y que posiblemente
      deberé engañar, fingir, hablar con palabras ajenas
      porque sé que hay, lejana, la claridad de una aurora.
      Si ella no comprende, oh, procuren convencerla
      de ese ineludible deber mío; pero díganle que, en el fondo,
      todo lo que estoy dando es de ella, y que me duele
      tener que despojarla así, en este poema;
      que por otro lado no debo usarla en su misterio;
      la hora es de esclarecimiento;
      no de volcarme sobre mí cuando a mi lado hay hambre y mentira;
      y un niño abandonado en un camino
      junto a un cadáver de madre; díganle que hay un gran
      aumento de abismos en la tierra, hay súplicas, hay vociferaciones,
      hay fantasmas que me visitan de noche
      y que tengo que recibir; cuéntenle a ella de mi certeza en el mañana,
      que siento una sonrisa en el rostro invisible de la noche
      y vivo en tensión ante la expectativa del milagro;
      por eso pídanle que tenga paciencia, que no me llame ahora
      con su voz de sombra; que no me haga sentir cobarde
      de tener que abandonarla en este instante, en su inmensurable soledad;
      pídanle, oh, pídanle que se calle
      por un momento, que no me llame
      porque no puedo ir,
      no puedo ir,
      no puedo.
       
      Pero no la traicioné. En mi corazón
      vive su imagen, que me pertenece, y nada diré que pueda
      avergonzarla. Mi ausencia
      es también un sortilegio
      de su amor por mí. Vivo del deseo de volver a verla
      en un mundo en paz. Mi pasión de hombre
      aún me acompaña; mi soledad aún me acompaña;
      mi locura aún me acompaña. Tal vez deba morir sin verla más,
      sin sentir más
      el sabor de sus lágrimas, o verla correr libre y desnuda
      en las playas y los cielos y las calles de mi insomnio.
      Díganle que ese es mi martirio;
      que a veces me pesa sobre la cabeza la losa de la eternidad
      y las poderosas fuerzas de la tragedia
      se abaten sobre mí y me empujan hacia las tinieblas,
      pero que debo resistir, que es necesario…
      Que no obstante la amo con toda la fuerza de mi pasada
      adolescencia,
      con toda la violencia de las antiguas horas de contemplación
      extática,
      en un amor lleno de renuncia. Oh, pídanle
      que perdone a su triste e inconstante amigo,
      a quien le fue dado perderse de amor por su semejante,
      a quien le fue dado perderse de amor por una casita,
      por un antejardín, por una niñita de rojo;
      a quien le fue dado perderse de amor por el derecho de todos
      a tener una casita, un antejardín
      y una niñita de rojo, y perdiéndose
      le es dulce el perderse…
      Por eso convénzanla, explíquenle que es terrible,
      pídanle de rodillas que no me olvide, que me ame,
      que me espere, porque soy suyo, apenas suyo; pero que ahora
      es más fuerte que yo, no puedo ir,
      no es posible,
      me es totalmente imposible.
      No puede ser, no.
      Es imposible.
      No puedo.


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      Mensaje por Maria Lua Jue 26 Nov 2020, 06:08

      A Bossa Nova

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      Caricatura do poeta.

      O ano de 1958 marcaria o início de um dos movimentos mais importantes da música brasileira, a [Tienes que estar registrado y conectado para ver este vínculo]. A pedra fundamental do movimento veio com o álbum "[Tienes que estar registrado y conectado para ver este vínculo]", gravado pela cantora [Tienes que estar registrado y conectado para ver este vínculo]. Além da faixa-título, o antológico LP contava ainda com outras canções de autoria da dupla Vinicius e Tom, como "Luciana", "Estrada Branca", "Outra Vez" e "[Tienes que estar registrado y conectado para ver este vínculo]", em interpretações vocais intimistas.
      "Chega de Saudade" foi uma canção fundamental daquele novo movimento, especialmente porque o álbum de Elizeth contou com a participação de um jovem violonista, que com seu inovador modo de tocar o violão, caracterizado por uma nova batida, marcaria definitivamente a bossa nova e a tornaria famosa no mundo inteiro a partir dali. O nome deste violonista é [Tienes que estar registrado y conectado para ver este vínculo].[Tienes que estar registrado y conectado para ver este vínculo] A importância do disco "Canção do Amor Demais" é tamanha que ele é tido como referência por muitos artistas como [Tienes que estar registrado y conectado para ver este vínculo] e [Tienes que estar registrado y conectado para ver este vínculo].
      Várias das composições de Vinicius foram gravadas na metade final daquela década por outros artistas. [Tienes que estar registrado y conectado para ver este vínculo] gravou "Loura ou Morena" (1956). No ano seguinte, Aracy de Almeida gravou "Bom Dia, Tristeza" (composta com [Tienes que estar registrado y conectado para ver este vínculo]), [Tienes que estar registrado y conectado para ver este vínculo] gravou "Se Todos Fossem Iguais A Você", Bill Farr gravou "Eu Não Existo Sem Você", [Tienes que estar registrado y conectado para ver este vínculo] gravou "Serenata do Adeus" e [Tienes que estar registrado y conectado para ver este vínculo] gravou "Eu Sei Que Vou Te Amar". "O Nosso Amor" e "A Felicidade" foram duas das canções mais lançadas no final daquela década. A primeira foi gravada por Lueli Figueiró e Diana Montez, ambas em 1959. Já a segunda foi lançada por Lueli Figueiró, Lenita Bruno, [Tienes que estar registrado y conectado para ver este vínculo] e João Gilberto.
      Servindo ao Itamaraty em [Tienes que estar registrado y conectado para ver este vínculo] desde 1957, Vinicius de Moraes deixaria a embaixada brasileira no [Tienes que estar registrado y conectado para ver este vínculo] somente em 1960. Suas canções continuaram sendo gravadas por muitos artistas no início da década de 1960. Foram lançadas "Janelas Abertas" (composta com Tom Jobim), por Jandira Gonçalves, e "Bate Coração", (composta com Antônio Maria), por Marianna Porto de Aragão, cantora cultuada na época como uma das vozes mais poderosas de toda uma geração de cantoras.


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      Mensaje por Maria Lua Mar 01 Dic 2020, 07:10



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      VINICIUS DE MORAES  - Página 9 Empty Re: VINICIUS DE MORAES

      Mensaje por Maria Lua Sáb 05 Dic 2020, 05:36






      Marcha de quarta-feira de cinzas
       

      Acabou nosso carnaval
      Ninguém ouve cantar canções
      Ninguém passa mais brincando feliz
      E nos corações
      Saudades e cinzas foi o que restou.
       

      Pelas ruas o que se vê
      É uma gente que nem se vê
      Que nem se sorri, se beija e se abraça
      E sai caminhando
      Dançando e cantando cantigas de amor.


      E no entanto é preciso cantar
      Mais que nunca é preciso cantar
      É preciso cantar e alegrar a cidade...


      A tristeza que a gente tem
      Qualquer dia vai se acabar
      Todos vão sorrir, voltou a esperança
      É o povo que dança
      Contente da vida, feliz a cantar.


      Porque são tantas coisas azuis
      Há tão grandes promessas de luz
      Tanto amor para amar de que a gente nem sabe...


      Quem me dera viver pra ver
      E brincar outros carnavais
      Com a beleza dos velhos carnavais
      Que marchas tão lindas
      E o povo cantando seu canto de paz.


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      Mensaje por Maria Lua Sáb 05 Dic 2020, 19:39

      "LA BRUSCA POESÍA DE LA MUJER AMADA"

      Lejos de los pescadores los ríos interminables
      van muriendo de sed lentamente...
      Fueron vistos caminando de noche hacia el amor
      -¡oh, la mujer amada es como una fuente!
      La mujer amada es como el pensamiento del filósofo
      que sufre
      La mujer amada es como el lago que duerme en el cerro
      perdido.
      ¿Pero quién es esa misteriosa que es como un cirio
      crepitando en el pecho,
      Esa que tiene ojos, labios y dedos de formas inexistentes?
      Por el trigo naciente en los campos de sol la tierra
      amorosa elevó el rostro pálido de los lirios
      Y los labradores se fueron convirtiendo en príncipes
      de manos delicadas y rostros cambiantes...
      Oh, la mujer amada es como la ola solitaria que se forma
      distante de las playas,
      Posada mucho más allá del fondo estará la estrella.


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      Mensaje por Maria Lua Dom 06 Dic 2020, 05:32

      COPACABANA





      Los Angeles , 1948







      Esta é Copacabana, ampla laguna 
      Curva e horizonte, arco de amor vibrando 
      Suas flechas de luz contra o infinito. 
      Aqui meus olhos desnudaram estrelas 
      Aqui meus braços discursaram à lua 
      Desabrochavam feras dos meus passos 
      Nas florestas de dor que percorriam. 
      Copacabana, praia de memórias! 
      Quantos êxtases, quantas madrugadas 
      Em teu colo marítimo! 

               - Esta é a areia 

      Que eu tanto enlameei com minhas lágrimas 
      - Aquele é o bar maldito. Podes ver 
      Naquele escuro ali? É um obelisco 
      De treva - cone erguido pela noite 
      Para marcar por toda a eternidade 
      O lugar onde o poeta foi perjuro. 
      Ali tombei, ali beijei-te ansiado 
      Como se a vida fosse terminar 
      Naquele louco embate. Ali cantei 
      À lua branca, cheio de bebida 
      Ali menti, ali me ciliciei 
      Para gozo da aurora pervertida. 

      Sobre o banco de pedra que ali tens 
      Nasceu uma canção. Ali fui mártir 
      Fui réprobo, fui bárbaro, fui santo 
      Aqui encontrarás minhas pegadas 
      E pedaços de mim por cada canto. 
      Numa gota de sangue numa pedra 
      Ali estou eu. Num grito de socorro 
      Entreouvido na noite, ali estou eu. 
      No eco longínquo e áspero do morro 
      Ali estou eu. Vês tu essa estrutura 
      De apartamento como uma colmeia 
      Gigantesca? em muitos penetrei 
      Tendo a guiar-me apenas o perfume 
      De um sexo de mulher a palpitar 
      Como uma flor carnívora na treva. 
      Copacabana! ah, cidadela forte 
      Desta minha paixão! a velha lua 
      Ficava de seu nicho me assistindo 
      Beber, e eu muita vez a vi luzindo 
      No meu copo de uísque, branca e pura 
      A destilar tristeza e poesia. 
      Copacabana! réstia de edifícios 
      Cujos nomes dão nome ao sentimento! 
      Foi no Leme que vi nascer o vento 
      Certa manhã, na praia. Uma mulher 
      Toda de negro no horizonte extremo 
      Entre muitos fantasmas me esperava: 
      A moça dos antúrios, deslembrada 
      A senhora dos círios, cuja alcova 
      O piscar do farol iluminava 
      Como a marcar o pulso da paixão 
      Morrendo intermitentemente. E ainda 
      Existe em algum lugar um gesto alto, 
      Um brilhar de punhal, um riso acústico 
      Que não morreu. Ou certa porta aberta 
      Para a infelicidade: inesquecível 
      Frincha de luz a separar-me apenas 
      Do irremediável. Ou o abismo aberto 
      Embaixo, elástico, e o meu ser disperso 
      No espaço em torno, e o vento me chamando 
      Me convidando a voar... (Ah, muitas mortes 
      Morri entre essas máquinas erguidas 
      Contra o Tempo!) Ou também o desespero 
      De andar como um metrônomo para cá 
      E para lá, marcando o passo do impossível 
      À espera do segredo, do milagre 
      Da poesia. 

              Tu, Copacabana, 
      Mais que nenhuma outra foste a arena 
      Onde o poeta lutou contra o invisível 
      E onde encontrou enfim sua poesia 
      Talvez pequena, mas suficiente 
      Para justificar uma existência 
      Que sem ela seria incompreensível.


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      Mensaje por Maria Lua Dom 06 Dic 2020, 06:04









      Se todos fossem iguais a você
      Vinicius de Moraes

      Vai tua vida,
      Teu caminho é de paz e amor
      Vai tua vida é uma linda canção de amor
      Abre os teus braços
      E canta a última esperança
      A esperança divina de amar em paz

      Se todos fossem iguais a você
      Que maravilha viver
      Uma canção pelo ar,
      Uma mulher a cantar
      Uma cidade a cantar,
      A sorrir, a cantar, a pedir
      A beleza de amar
      Como o sol,
      Como a flor,
      Como a luz
      Amar sem mentir,
      Nem sofrer

      Existiria verdade,
      Verdade que ninguém vê
      Se todos fossem no mundo iguais a você



      Si todos fuesen iguales a ti



      Vive tu vida
      Tu camino es de paz y amor
      Vive tu vida, una linda canción de amor
      Abre tus brazos
      Y canta la última esperanza
      La esperanza divina de amar en paz
      Si todos fuesen iguales a ti
      Qué maravilla vivir
      Una canción al llegar
      Una mujer al cantar
      Una ciudad al cantar
      Al reír, al cantar, al pedir
      La belleza de amar
      Como el sol
      O la flor
      O la luz
      Amar sin mentir
      Ni sufrir
      Existiría la verdad
      Verdad que no hay por ahí
      Si todos fuesen un día iguales a ti.

      (1956, con Tom Jobim)


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      o un ciego soñando
      y en ese vuelo y en ese sueño
      compartir contigo sol y luna,
      siendo guardián en tu cielo
      y tren de tus ilusiones."
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      Mensaje por Maria Lua Lun 07 Dic 2020, 06:00

      ELEGÍA CASI UNA ODA
       
      Sueño mío, yo te perdí; me hice hombre.
      El verso que se hunde en el fondo de mi alma
      Es simple y fatal, pero no trae caricia.
      Me hace acordar de ti, poesía niña, de ti
      Que te colgabas del poema como de un seno en el espacio.
      Llevabas en cada palabra el ansia
      De todo el sufrimiento vivido.
       
      Quería decir cosas simples, bien simples
      Que no hiriesen tus oídos, madre mía.
      Quería hablar de Dios, hablar dulcemente de Dios
      Para arrullar tu esperanza, abuela mía.
      Quería volverme mendigo, ser miserable
      Para participar de tu belleza, hermano mío.
      Quería, mis amigos… quería, mis enemigos…
      Quería…
      ¡Quería tan exaltadamente, amiga mía!
      Pero tú, Poesía
      Tú desgraciadamente Poesía
      Tú que me ahogaste en mi desesperación y me salvaste
      Y me ahogaste de nuevo y de nuevo me salvaste y me trajiste
      Al borde de abismos irreales en que me lanzaste y que después eran
      /abismos verdaderos
      Donde vivía la infancia corrompida por gusanos, la locura preñada por
      /el Espíritu Santo, e ideas e ideales en lágrimas, y castigos /y redenciones momificados en semen crudo
      ¡Tú!
      Iluminaste, joven danzarina, la lámpara más triste de la memoria…
       
      Pobre de mí, me hice hombre.
      De repente, como el árbol pequeño
      Que en la estación de las lluvias bebe la savia en el humus pleno
      Estira el tallo y duerme para despertar adulto
      Así, poeta, te hiciste para siempre.
       
      Mientras tanto, era más bello el tiempo en que soñabas.
       
      ¿Qué sueño es mi vida?
      ¡Te diré que eres tú, María Aparecida!
      A ustedes, en el pudor de hablar ante vuestra grandeza
      Les diré que es olvidar todos los sueños, mis amigos.
      Al mundo, que ama la leyenda del destino
      Le diré que es mi camino de poeta.
      Y para mí, lo llamaré inocencia, amor, alegría, sufrimiento, muerte,
      /serenidad
      Lo llamaré así porque soy débil y cambiante
      Y porque es preciso que no mienta nunca para poder dormir.
      Ah
      No debería nunca atender los llamados de lo íntimo.
       
      Tus brazos largos, fulgurantes; tus cabellos de oleoso color; tus manos musicalísimas; tus pies que llevan prisionera la danza; tu cuerpo grave de gracia instantánea; el modo con que miras la sustancia de la vida; tu paz, angustia paciente; tu deseo irrevelado; ¡el grande, el infinito inútil poético! todo eso sería un sueño a soñar en tu seno que es pequeño…
       
      ¡Oh, quién me diera no soñar ya nunca
      No tener ni tristezas ni nostalgias
      Ser apenas Moraes sin ser Vinicius!
      ¡Ah, si pudiese por siempre, al levantarme
      Espiar la ventana sin paisaje
      Sin tiempo el cielo y el tiempo sin memoria!
      ¡Qué he de hacer de mí que sufro todo
      Demonio y ángel, angustias y alegrías
      Que peco contra mí y contra Dios!
      A veces me parece que mirándome
      Él dirá, desde su lar celeste:
      Fui demasiado cruel con ese chico…
      En tanto, ¿qué otra mirada de piedad
      Curará en este mundo a mis llagas?
      Soy fuerte y débil, venzo la vida: pronto
      Lo pierdo todo; pronto, no puedo más…
      ¡Oh, naturaleza humana, qué desgracia!
      ¡Si supieses qué fuerza, qué locura
      Son todos tus gestos de pureza
      Contra una carne tan alucinada!
      ¡Si supieses el impulso que te impele
      En estas cuatro paredes de mi alma
      Ni sé lo que sería de este pobre
      Que te arrastra sin dar ningún gemido!
      Es muy triste sufrirse tan joven
      Sabiendo que no hay ningún remedio
      Y teniéndose que ver a cada instante
      Que la cosa es así, que pasa luego
      Que sonreír es cuestión de paciencia
      Y quien manda la vida es la aventura.
      ¡Oh ideal misérrimo, te quiero:
      Sentirme apenas hombre y no poeta!
       
      Y escucho… ¡Poeta! ¡triste Poeta!
      No, seguramente fue el viento de la mañana en las araucarias
      Fue el viento… tranquilízate, corazón mío; a veces el viento parece
      /hablar…
       
      Y escucho… ¡Poeta! ¡pobre Poeta!
      Cálmate, tranquilidad mía… es un pájaro, sólo puede ser un pájaro
      Nada me importa… y si no fuera un pájaro, hay tantos lamentos en
      /esta tierra…
      Y escucho… ¡Poeta! ¡sórdido Poeta!
      ¡Oh angustia! esta vez… ¿no fue la voz de la montaña? ¿No fue el eco
      /distante
      De mi propia voz inocente?
       
      Lloro.
      Lloro atrozmente, como lloran los hombres.
      Las lágrimas corren millones de leguas por mi rostro que el llanto hace
      /gigantesco.
      Oh lágrimas, sois como mariposas doloridas
      Revoloteáis desde mis ojos hacia los caminos olvidados.
      ¡Padre mío, madre mía, socórranme!
      ¡Poetas, socórranme!
      Pienso que de aquí a un minuto estaré sufriendo
      Estaré puro, renovado, niño, haciendo dibujos perdidos en el aire…
      Vengan a decirme lo que es la vida, lo que es el conocimiento, lo que
      /quiere decir la memoria
      Escritores rusos, alemanes, franceses, ingleses, noruegos
      ¡Vengan a aconsejarme, filósofos, pensadores
      Vengan a darme ideas como antiguamente, sentimientos como
      /antiguamente
      Vengan a hacerme sentir sabio como antiguamente!
      ¡Hoy me siento despojado de todo lo que no sea música
      Podría silbar la idea de la muerte, hacer una sonata de toda la tristeza
      /humana
      Podría agarrar todo el pensamiento de la vida y ahorcarlo en la punta
      /de una clave de Fa!
       
      ¡Nuestra Señora mía, dame paciencia
      San Antonio mío, dame mucha paciencia
      San Francisco de Asís mío, dame muchísima paciencia!
      Si vuelvo los ojos tengo vértigos
      Siento extraños deseos de mujer grávida
      Quiero el pedazo de cielo que vi hace tres años, detrás de una colina
      /que sólo yo sé.
      Quiero el perfume que sentí no me acuerdo cuándo, y que era entre
      /sándalo y carne de seno.
      Tanto pasado me alucina
      Tanta nostalgia me aniquila
      En las tardes, en las mañanas, en las noches de la sierra.
      ¡Dios mío, qué pecho grande el que yo tengo
      Qué brazos fuertes que yo tengo, qué vientre esbelto el que yo tengo!
      ¿Para qué un pecho tan grande
      Para qué unos brazos tan fuertes
      Para qué un vientre tan esbelto
      Si todo mi ser sufre de la soledad que tengo
      En la necesidad que tengo de mil caricias constantes de la amiga?
      ¿Por qué yo caminando
      Yo pensando, yo multiplicándome, yo viviendo
      Por qué yo en los sentimientos ajenos
      Y yo en mis propios sentimientos
      Por qué yo animal libre pastando en los campos
      Y príncipe tocando mi laúd entre las damas del señor rey mi padre
      Por qué yo truhán en mis tragedias
      Y Amadís de Gaula en las tragedias de otros?
      ¡Basta!
      ¡Basta, o dame paciencia!
      He tenido mucha delicadeza inútil
      Me he sacrificado muy por demás, un mundo de mujeres en exceso
      /me ha vendido
       
      Quiero un lugar de abrigo
      Me siento repelente, impido a los inocentes que me toquen
      Vivo entre las aguas torvas de mi imaginación
      Ángeles, tañid campanas
      El anacoreta quiere a su amada
      Quiere a su amada vestida de novia
      Quiere llevarla a la neblina de mi amor
      Mendelssohn, toca tu marchita inocente
      Sonrían, pajes, obreras curiosas
      El poeta va a pasar soberbio
      De su brazo una criatura fantástica derrama los santos óleos de las
      /últimas lágrimas
      ¡Ah, no me ahoguen en flores, poemas míos vuelvan a los libros
      No quiero glorias, pompas, adiós!
      Solness, vuela hacia la montaña, mi amigo
      Comienza a construir una torre bien alta, bien alta…


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      o un ciego soñando
      y en ese vuelo y en ese sueño
      compartir contigo sol y luna,
      siendo guardián en tu cielo
      y tren de tus ilusiones."
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      Mensaje por Maria Lua Mar 08 Dic 2020, 08:13

      O girassol


      Sempre que o sol
      Pinta de anil
      Todo o céu
      O girassol
      Fica um gentil
      Carrossel.


      O girassol é o carrossel das abelhas.


      Pretas e vermelhas
      Ali ficam elas
      Brincando, fedelhas
      Nas pétalas amarelas.


      — Vamos brincar de carrossel, pessoal?


      — "Roda, roda, carrossel
      Roda, roda, rodador
      Vai rodando, dando mel
      Vai rodando, dando flor".


      — Marimbondo não pode ir que é bicho mau!
      — Besouro é muito pesado!
      — Borboleta tem que fingir de borboleta na entrada!
      — Dona Cigarra fica tocando seu realejo!


      — "Roda, roda, carrossel
      Gira, gira, girassol
      Redondinho como o céu
      Marelinho como o sol".


      E o girassol vai girando dia afora . . .


      O girassol é o carrossel das abelhas.


      _________________



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      siendo guardián en tu cielo
      y tren de tus ilusiones."
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      Mensaje por Maria Lua Miér 16 Dic 2020, 07:12

      A ROSA DESFOLHADA



      Rio de Janeiro , 2004



      Tento compor o nosso amor 
      Dentro da tua ausência 
      Toda a loucura, todo o martírio 
      De uma paixão imensa 
      Teu toca-discos, nosso retrato 
      Um tempo descuidado 

      Tudo pisado, tudo partido 
      Tudo no chão jogado 
      E em cada canto 
      Teu desencanto 
      Tua melancolia 
      Teu triste vulto desesperado 
      Ante o que eu te dizia 
      E logo o espanto e logo o insulto 
      O amor dilacerado 
      E logo o pranto ante a agonia 
      Do fato consumado 

      Silenciosa 
      Ficou a rosa 
      No chão despetalada 
      Que eu com meus dedos tentei a medo 
      Reconstruir do nada: 
      O teu perfume, teus doces pêlos 
      A tua pele amada 
      Tudo desfeito, tudo perdido 
      A rosa desfolhada


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      Mensaje por Maria Lua Sáb 19 Dic 2020, 06:45



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      Mensaje por Maria Lua Jue 24 Dic 2020, 05:41



      Poema de Natal

      Para isso fomos feitos:
      Para lembrar e ser lembrados
      Para chorar e fazer chorar
      Para enterrar os nossos mortos —
      Por isso temos braços longos para os adeuses
      Mãos para colher o que foi dado
      Dedos para cavar a terra.
      Assim será nossa vida:
      Uma tarde sempre a esquecer
      Uma estrela a se apagar na treva
      Um caminho entre dois túmulos —
      Por isso precisamos velar
      Falar baixo, pisar leve, ver
      A noite dormir em silêncio.
      Não há muito o que dizer:
      Uma canção sobre um berço
      Um verso, talvez de amor
      Uma prece por quem se vai —
      Mas que essa hora não esqueça
      E por ela os nossos corações
      Se deixem, graves e simples.
      Pois para isso fomos feitos:
      Para a esperança no milagre
      Para a participação da poesia
      Para ver a face da morte —
      De repente nunca mais esperaremos...
      Hoje a noite é jovem; da morte, apenas
      Nascemos, imensamente.


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      Mensaje por Maria Lua Dom 27 Dic 2020, 08:51

      SER MODERNO





      Rio de Janeiro, Jornal do Brasil, 31/12/1969





           Saía o Sol sobre a Terra quando Lot entrou em Zoar. Então fez o Senhor chover enxofre e fogo sobre Sodoma e Gomorra. E subverteu aquelas cidades e toda a campina, e todos os moradores das cidades, e o que nascia da terra. E a mulher de Lot olhou para trás e converteu-se numa estátua de sal.
       
            O grifo é meu e o texto está no Gênese, o primeiro livro de Moisés. O episódio bíblico constitui também, provavelmente, o primeiro caso psiquiátrico de neurose do passado. A mulher de Lot fora instruída a não olhar para trás, a andar a monte com seu marido e suas duas filhas, para não perecer no castigo imposto pelo Senhor à cidade de Sodoma. 

            - Quem mandou se meter a fogueteira? - diria um psiquiatra rnoderno da escola kleiniana. Não há que olhar para o passado. O passado é a neurose. O futuro é que conta. 
            - Então - perguntaria eu, bronqueado - por que é que você está usando uma expressão tão fora de época como "se meter a fogueteira"? 

            Aí o psiquiatra me explicaria que se tratava de uma expressão usada por sua avozinha, a única pessoa que conseguiu, com muito amor e paciência, corrigi-lo do hábito de fazer pipi na cama até os dez anos; mas que as pessoas projetadas para o futuro é que são isentas de neuroses. 

            - Feito os cosmonautas? - indagaria eu, meio preocupado com a lavagem cerebral indispensável ao equilíbrio neuropsíquico dos invasores do Cosmos. 
            - É, mas ou menos... - responderia o nosso amigo, com ar de quem não quer levar a discussão adiante. 

            Aí... - aí, pombas, cada um iria para a casa de sua mãe, mesmo porque a conversa já estava ficando com um certo ar de crônica de Art Buchwald, como está tão em moda. 
            É, velhinho... Que fazer? Dar uma de moderno, sair por aí, de calça vermelha ou azul-turquesa, camisa de florzinha e corrente com medalhão ao pescoço, puxando um fumo (1) honesto, e depois ir esticar com uma percanta (2) no Varanda, pra biritar (3) umas e outras? Ou assumir a vida, a experiência, o passado? 

            - Escuta, bicho, você tá por fora... Falar umas e outras já saiu do ar. Não vá me dizer isso no Veloso... A turma te dá uma buzinada. O último cara que falou assim foi o Chico Buarque, morou? 
            - Que é que tem o Chico? Eu acho o Chico, um sujeito por dentro, um compositor todo bom, cheio de sentimento... 
            - Sentimentos? Mas que é isso, bicho? Que coisa mais antiga... Quem tem sentimento é guia de cego. O negócio é entrar na onda (4). Você está em outra (5). Leia Marcuse e Norman Mailer e atualize seu repertório (6). Deixe o espírito vagar. Tem que ter plá (7). 

            Tem que ter plá, ouviram bem? Ser moderno é achar que a história começa com os Beatles e termina com os hippies. Depois disso, não há mais nada a fazer. É ir levando, entrar em órbita (Cool, canear (9) por aí com umas grinfas (10) bem xués (11), que é pra não dar dor de cabeça. É o sideral (12). O negócio é muita bolinha (13), muita tia-branca (14), muito LSD ou qualquer outro psicotrópico que dê um barato (15) firme. É de lei! 

            Realmente, a que se pode aspirar, depois de atingir a categoria hippy? O hippy é, no fundo, tão velho e sem perspectiva quanto um embaixador que caiu na compulsória. É um jovem que pediu aposentadoria da vida, motivado, é claro, pelos mais nobres sentimentos. Tudo, menos o trabalho burguês. Amor, não a guerra. Sexo livre, ambidestro e descompromissado. Desligamento total dos laços tradicionais de família. "Familles, je vous hais; foyers clos, portes renfermées, possessions jalouses du bonheur!" (16) - como já disse André Gide, esse Marcuse avant la lettre, esse velho hippy formalista, que viu Verlaine bêbado na rua sendo apupado e maltratado por um bando de colegiais, e optou por não socorrê-lo para não intervir no curso do seu destino. 

            E há - importantíssimo! - o problema "acústico". 

            - Que é que você achou da mulher americana, Miltinho? 
            - Humm... Não tem som (17). 

            Tem que ter som, ouviram, ó mulhas? (18). Não basta ser dondoca bonérrima, ter curso de psicologia na PUC, ser aprendiz de guerrilheira ou dona de boutique, assistente social ou bandida (19), grã-fina ou grã-grossa. O negócio é o seguinte: tem que ter som. Perguntem aos músicos mais pra frente (e perdoem se esta expressão tiver sido excomungada ontem no novo Zepelim). 

            - O Sérgio Mendes? Ih, bicho... já deu o que tinha dar. O som já não é mais aquele, morou? Muito comercial, muito pra gringo. Não dá mais pé. Agora: você já ouviu uns garotos que estão com um conjunto de cavaquinhos e gaitas eletrônicas? Velhinho, aquilo é que é som. 

            Resultado: andam os músicos a experimentar, dia e noite com seus conjuntos, à cata de um som: um como aquele que conduziu Sérgio Mendes ao auge do faturamento. 

            - Não, ô cara, a poesia não deixa de ter sua importância na canção, se o infeliz não me vier de amor - saudade - tristeza - coração - luar. Agora: importante mesmo é o som. A letra tem que interpretar o momento presente, aproveitar das novas estruturas, das novas formas, dos novos materiais, da nova linguagem publicitária de nossa sociedade de consumo. Tem que passar sinteco no samba. 

            - Mas... e o Tom? 
            - Bem... o Tom é grande, mas já está ultrapassado. Deu uma de coroa (20). Poxa, gravar com o Sina (21), um velhunco, um tremendo matusa (22). Não, bicho, eu estou em outra... 

            De maneira, arcaico leitor, que o seguinte é o que se segue; e o que se segue é a realidade; e a realidade é um fato; e fato é o que eu vou lhe provar agora: para ser moderno, você tem que estar na deles. Estando com eles, está com Deus. Você tem que usar calças Lee, de preferência desbotadas e puídas nos joelhos (camisas Lacoste é pra granfunço); tem que estar por dentro de blá(23) de malandro e gíria de barbudo de Ipanema; tem que fazer a ponte Zepelim-Varanda, e de vez em quando dar uma de Degrau; tem que discutir cinema novo, e sobretudo Gláuber; tem que saber queimar-o-pé (24) e entrar no embalo-7 (25) com birita de pobre: uísque é pros Onassis da vida; ou estar a balão (26) sempre que puder, puxando seu charo (27) em companhia de uma grinfete (28) super, levando o seu (29) com aquela disponibilidade; mas também sabendo quebrar um pau (30) quando o negócio estiver mais pra fezes (com perdão do eufemismo) que pra mousse de chocolate; tem que gostar de Gal Costa (sem que isso tenha nada a ver com o fato de ela ser uma excelente cantora) e Caetano Veloso (idem para o grande compositor), e tem que achar o Chico um ótimo letrista mas um músico meio devagar; tem que considerar o Chacrinha um gênio, inteiramente dentro do contexto, que é cafono por natureza: (Isso é que é tropicalismo, morou, ô infeliz?); tem que encarar de ver em quando umas patuleiras do asfalto (31), e se mandar pra Barra no carango (32), a mil; tem que, pelo menos uma vez por ano, fundir a cuca (33) e ir misturar as estações (34) numa clínica de repouso, e fazer uma sonda (35) seguida de uma psicoterapia de apoio - dá um pé bárbaro! 

            É isso que você tem que fazer, execrável leitor, se quiser ser moderno. Pergunte a esse grande ator Hugo Carvana, que me forneceu muitos dos elementos que estão aqui. O resto é papo furado. Se você não estiver nessa nunca vai ser um praça-boa, uma pedra-90 (36). Senão, bicho, quando você for buscar o milho, eles já fizeram a pipoca. Em rio que tem piranha, mosquito não dá rasante. Quem se mete a avestruz tem que agüentar o ovo. Ou como diz o fotógrafo filósofo e gentleman tijuco-ipanemense Paulinho Garcez: "Ajoelhou, tem que rezar!" 


      * P.S. Para os que estão mais por fora que marido enganado, fiz um pequeno glossário. Se quaisquer outras dúvidas ocorrerem, consultem o jovem super ao seu lado. 

      E por falar nisso: pode haver nada mais velho do que o novo? 
      1 - fumando maconha; 2 - mulher, garota que se namora; 3 - bebiba alcoólica; 4 - assumir o moderno, com tudo o que ele implica; 5 - ser antigo, ou quadrado; 6 - a súmula do linguajar moderno; 7 - substrato, bossa, espírito; 8 embriagar-se com drogas; 9 - beber; 10 - mulheres, garotas do mesmo naipe; 11 - malucas; 12 - embriaguez específica por drogas ou psicotrópicos; 13 - excitantes medicamentosos em pílulas; 14 - cocaína; 15 - corruptela de baratino: o mesmo que o item 12; 16 - "Famílias, eu vos odeio; lares fechados, portas trancadas, possessões ciumentas da felicidade"; 17 - musicalmente, o correspondente a plá, qualidade sonora, bossa, inventiva, expressão; 18 - corruptela de mulher em gíria; 19 - mulher ou garota de vida fácil, sem chegar a ser uma prostituta: diz-se também vadia; 20 - quarentão; 21 - Sinatra; 22 - corruptela de Matusalém; velhíssimo, ancião; 23 - papo, conversa; 24 embriagar-se; 25 - embriagar-se muito; também se diz encher a cara; 26 - inebriar-se com drogas ou psicotrópicos; estar suspenso no ar; 27 - corruptela de charuto; cigarro mais grosso de maconha; 28 - diminutivo de grinfa (ver no 10), broto, lolita; 29 - contando suas histórias, levando o seu papo; 30 - brigar fisicamente; 31 - prostitutas perambulantes, como se vê ao longo das praias; 32 - automóvel de preferência velho; 33 - ficar neurótico, ou muito perturbado mentalmente; 34 - idem, como se se tratasse de um rádio; 35 - sonoterapia, 36 - pessoa de qualidade; o mesmo que bacana.


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      o un ciego soñando
      y en ese vuelo y en ese sueño
      compartir contigo sol y luna,
      siendo guardián en tu cielo
      y tren de tus ilusiones."
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      Mensaje por Maria Lua Jue 31 Dic 2020, 05:49

      Ausencia



      Dejaré que muera en mí el deseo


      de amar tus ojos dulces,


      porque nada te podré dar sino la pena


      de verme eternamente exhausto.


      No obstante, tu presencia es algo


      como la luz y la vida.


      Siento que en mi gesto está tu gesto


      y en mi voz tu voz.


      No quiero tenerte porque en mi ser


      todo estará terminado.


      Sólo quiero que surjas en mí


      como la fe en los desesperados,


      para que yo pueda llevar una gota de rocío


      en esta tierra maldita


      que se quedó en mi carne


      como un estigma del pasado.


      Me quedaré... tu te irás,


      apoyarás tu rostro en otro rostro,


      tus dedos enlazarán otros dedos


      y  te desplegarás en la madrugada,


      pero no sabrás que fui yo quien te logró,


      porque yo fui el amigo más íntimo de la noche,


      porque apoyé mi rostro en el rostro de la noche


      y escuché tus palabras amorosas,


      porque mis dedos enlazaron los dedos


      en la niebla suspendidos en el espacio


      y acerqué a mí la misteriosa esencia


      de tu abandono desordenado.


      Me quedaré solo como los veleros


      en los puertos silenciosos.


      Pero te poseeré más que nadie


      porque podré irme


      y todos los lamentos del mar,


      del viento, del cielo, de las aves,


      de las estrellas, serán tu voz presente,


      tu voz ausente, tu voz sosegada.


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      VINICIUS DE MORAES  - Página 9 Empty Re: VINICIUS DE MORAES

      Mensaje por Maria Lua Sáb 02 Ene 2021, 05:55

      APOLO
       
      Toca muito o meu filho, até parece
      Não um homem, mas voz da natureza...
      Se uma estrela falasse, assim dizia.
      Escuta só (dá risada). Até ofende a Deus

      Tocar dessa maneira. Olha que acordes!
      Quanta simplicidade! Sabes d’uma?
      Me lembro dele quando, pequenino
      Ficava engatinhando no terreiro

      Nuzinho como Deus o fez: ficava
      De boca aberta, resmungando coisa
      Olhando as estrelinhas que acordavam

      De tarde, pelo céu... Esse menino
      Eu pensava, conversa com as estrelas...
      Vai ver conversa mesmo.


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      Mensaje por Maria Lua Dom 03 Ene 2021, 07:11

      A UMA MULHER


      Quando a madrugada entrou eu estendi o meu peito nu
      sobre o teu peito
      Estavas trêmula e teu rosto pálido e tuas mãos frias
      E a angústia do regresso morava já nos teus olhos.
      Tive piedade do teu destino que era morrer no meu destino
      Quis afastar por um segundo de ti o fardo da carne
      Quis beijar-te num vago carinho agradecido.
      Mas quando meus lábios tocaram teus lábios
      Eu compreendi que a morte já estava no teu corpo
      E que era preciso fugir para não perder o único instante
      Em que fôste realmente a ausência de sofrimento
      Em que realmente fôste a serenidade. 


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      VINICIUS DE MORAES  - Página 9 Empty Re: VINICIUS DE MORAES

      Mensaje por Maria Lua Lun 04 Ene 2021, 05:29

      Pobre de mí, me hice hombre.
      De repente, como el árbol pequeño
      Que en la estación de las lluvias bebe la savia en el humus pleno
      Estira el tallo y duerme para despertar adulto
      Así, poeta, te hiciste para siempre.
       
      Mientras tanto, era más bello el tiempo en que soñabas.


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      Mensaje por Maria Lua Lun 04 Ene 2021, 14:59


      O ANJO DAS PERNAS TORTAS



      Rio de Janeiro , 1962


      A Flávio Porto 






      A um passe de Didi, Garrincha avança 


      Colado o couro aos pés, o olhar atento 


      Dribla um, dribla dois, depois descansa 


      Como a medir o lance do momento. 








      Vem-lhe o pressentimento; ele se lança 


      Mais rápido que o próprio pensamento 


      Dribla mais um, mais dois; a bola trança 


      Feliz, entre seus pés - um pé-de-vento! 






      Num só transporte a multidão contrita 


      Em ato de morte se levanta e grita 


      Seu uníssono canto de esperança. 






      Garrincha, o anjo, escuta e atende: - Goooool! 


      É pura imagem: um G que chuta um o 


      Dentro da meta, um 1. É pura dança!


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