Aires de Libertad

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      VINICIUS DE MORAES  - Página 13 Empty Re: VINICIUS DE MORAES

      Mensaje por Maria Lua Lun Abr 19, 2021 5:10 am

      AURORA, COM MOVIMENTO
      (Posto 3)

      A linha móvel do horizonte
      Atira para cima o sol em diabolô
      Os ventos de longe
      Agitam docemente os cabelos da rocha
      Passam em fachos o primeiro automóvel, a última estrela
      A mulher que avança
      Parece criar esferas exaltadas pelo espaço
      Os pescadores puxando o arrastão parecem mover o mundo
      O cardume de botos na distância parece mover o mar.


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      siendo guardián en tu cielo
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      VINICIUS DE MORAES  - Página 13 Empty Re: VINICIUS DE MORAES

      Mensaje por Maria Lua Lun Abr 19, 2021 5:10 am

      BALADA DAS ARQUIVISTAS

      Oh jovens anjos cativos
      Que as asas vos machucais
      Nos armários dos arquivos!
      Delicadas funcionárias
      Designadas por padrões
      Prisioneiras honorárias
      Da mais fria das prisões
      É triste ver-vos, suaves
      Entre monstros impassíveis
      Trancadas a sete chaves:
      Oh, puras e imarcescíveis!
      Dizer que vós, bem-amadas
      Conservai-vos impolutas
      Mesmo fazendo a juntada
      De processos e minutas!
      Não se amargam vossas bocas
      De índices e prefixos
      Nem lembram os olhos das loucas
      Vossos doces olhos fixos.
      Curvai-vos para colossos
      Hollerith, de aço hostil
      Como se fora ante moços
      Numa pavana gentil.
      Antes não classificásseis
      Os maços pelos assuntos
      Criando a luta de classes
      Num mundo de anseios juntos!
      Enfermeiras de ambições
      Conheceis, mudas, a nu
      O lixo das promoções
      E das exonerações
      A bem do serviço público.
      Ó Florences Nightingale
      De arquivos horizontais:
      Com que zelo alimentais
      Esses eunucos letais
      Que se abrem com chave yale!
      Vossa linda juventude
      Clama de vós, bem-amadas!
      No entanto, viveis cercadas
      De coisas padronizadas
      Sem sexo e sem saúde...
      Ah, ver-nos em primavera
      Sobre papéis de ocasião
      Na melancólica espera
      De uma eterna certidão!
      Ah, saber que em vós existe
      O amor, a ternura, a prece
      E saber que isso fenece
      Num arquivo feio e triste!
      Deixai-me carpir, crianças
      A vossa imensa desdita
      Prendestes as esperanças
      Numa gaiola maldita.
      Do fundo do meu silêncio
      Eu vos incito a lutardes
      Contra o Prefixo que vence
      Os anjos acorrentados
      E ir passear pelas tardes
      De braço com os namorados.



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      Mensaje por Maria Lua Lun Abr 19, 2021 5:11 am

      MENSAGEM A RUBEM BRAGA

      Os doces montes cônicos de feno
      (Decassílabo solto num postal de Rubem Braga, da Itália.)

      A meu amigo Rubem Braga
      Digam que vou, que vamos bem: só não tenho é coragem de escrever
      Mas digam-lhe. Digam-lhe que é Natal, que os sinos
      Estão batendo, e estamos no Cavalão: o Menino vai nascer
      Entre as lágrimas do tempo. Digam-lhe que os tempos estão duros
      Falta água, falta carne, falta às vezes o ar: há uma angústia
      Mas fora isso vai-se vivendo. Digam-lhe que é verão no Rio
      E apesar de hoje estar chovendo, amanhã certamente o céu se abrirá de azul
      Sobre as meninas de maiô. Digam-lhe que Cachoeiro continua no mapa
      E há meninas de maiô, altas e baixas, louras e morochas
      E mesmo negras, muito engraçadinhas. Digam-lhe, entretanto
      Que a falta de dignidade é considerável, e as perspectivas pobres
      Mas sempre há algumas, poucas. Tirante isso, vai tudo bem
      No Vermelhinho. Digam-lhe que a menina da caixa
      Continua impassível, mas Caloca acha que ela está melhorando
      Digam-lhe que o Ceschiatti continua tomando chope, e eu também
      Malgrado uma avitaminose B e o fígado ligeiramente inchado.
      Digam-lhe que o tédio às vezes é mortal; respira-se com a mais extrema
      Dificuldade; bate-se, e ninguém responde. Sem embargo
      Digam-lhe que as mulheres continuam passando no alto de seus saltos, e a moda das saias curtas
      E das mangas japonesas dão-lhes um novo interesse: ficam muito provocantes.
      O diabo é de manhã, quando se sai para o trabalho, dá uma tristeza, a
      rotina: para a tarde melhora.
      Oh, digam a ele, digam a ele, a meu amigo Rubem Braga
      Correspondente de guerra, 250 FEB, atualmente em algum lugar da Itália
      Que ainda há auroras apesar de tudo, e o esporro das cigarras
      Na claridade matinal. Digam-lhe que o mar no Leblon
      Porquanto se encontre eventualmente cocô boiando, devido aos despejos
      Continua a lavar todos os males. Digam-lhe, aliás
      Que há cocô boiando por aí tudo, mas que em não havendo marola
      A gente se aguenta. Digam-lhe que escrevi uma carta terna
      Contra os escritores mineiros: ele ia gostar. Digam-lhe
      Que outro dia vi Elza-Simpatia-é-quase-Amor. Foi para os Estados Unidos
      E riu muito de eu lhe dizer que ela ia fazer falta à paisagem carioca
      Seu riso me deu vontade de beber: a tarde
      Ficou tensa e luminosa. Digam-lhe que outro dia, na rua Larga
      Vi um menino em coma de fome (coma de fome soa esquisito, parece
      Que havendo coma não devia haver fome: mas havia).
      Mas em compensação estive depois com o Aníbal
      Que embora não dê para alimentar ninguém, é um amigo.
      Digam-lhe que o Carlos
      Drummond tem escrito ótimos poemas, mas eu larguei o Suplemento.
      Digam-lhe que está com cara de que vai haver muita miséria-de-fim-de-ano
      Há, de um modo geral, uma acentuada tendência para se beber e uma ânsia
      Nas pessoas de se estrafegarem. Digam-lhe que o Compadre está na insulina
      Mas que a Comadre está linda. Digam-lhe que de quando em vez o Miranda passa
      E ri com ar de astúcia. Digam-lhe, oh, não se esqueçam de dizer
      A meu amigo Rubem Braga, que comi camarões no Antero
      Ovas na Cabaça e vatapá na Furna, e que tomei plenty coquinho
      Digam-lhe também que o Werneck prossegue enamorado, está no tempo
      De caju e abacaxi, e nas ruas
      Já se perfumam os jasmineiros. Digam-lhe que tem havido
      Poucos crimes passionais em proporção ao grande número de paixões
      À solta. Digam-lhe especialmente
      Do azul da tarde carioca, recortado
      Entre o Ministério da Educação e a ABI. Não creio que haja igual
      Mesmo em Capri. Digam-lhe porém que muito o invejamos
      Tati e eu, e as saudades são grandes, e eu seria muito feliz
      De poder estar um pouco a seu lado, fardado de segundo sargento. Oh
      Digam a meu amigo Rubem Braga
      Que às vezes me sinto calhorda mas reajo, tenho tido meus maus momentos
      Mas reajo. Digam-lhe que continuo aquele modesto lutador
      Porém batata. Que estou perfeitamente esclarecido
      E é bem capaz de nos revermos na Europa. Digam-lhe, discretamente,
      Que isso seria uma alegria boa demais: que se ele
      Não mandar buscar Zorinha e Roberto antes, que certamente
      Os levaremos conosco, que quero muito
      Vê-lo em Paris, em Roma, em Bucareste. Digam, oh digam
      A meu amigo Rubem Braga que é pena estar chovendo aqui
      Neste dia tão cheio de memórias. Mas
      Que beberemos à sua saúde, e ele há de estar entre nós
      O bravo capitão Braga, seguramente o maior cronista do Brasil
      Grave em seu gorro de campanha, suas sobrancelhas e seu bigode circunflexos
      Terno em seus olhos de pescador de fundo
      Feroz em seu focinho de lobo solitário
      Delicado em suas mãos e no seu modo de falar ao telefone
      E brindaremos à sua figura, à sua poesia única, à sua revolta, e ao seu cavalheirismo
      Para que lá, entre as velhas paredes renascentes e os doces montes cônicos de feno
      Lá onde a cobra está fumando o seu moderado cigarro brasileiro
      Ele seja feliz também, e forte, e se lembre com saudades
      Do Rio, de nós todos e ai! de mim.


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      VINICIUS DE MORAES  - Página 13 Empty Re: VINICIUS DE MORAES

      Mensaje por Maria Lua Sáb Abr 24, 2021 5:56 am

      O OPERÁRIO EM CONSTRUÇÃO

      E o Diabo, levando-o a um alto monte, mostrou-lhe num momento de tempo todos os reinos do mundo. E disse-lhe o Diabo:
      - Dar-te-ei todo este poder e a sua glória, porque a mim me foi entregue e dou-o a quem quero; portanto, se tu me adorares, tudo será teu.
      E Jesus, respondendo, disse-lhe:
      - Vai-te, Satanás; porque está escrito: adorarás o Senhor teu Deus e só a Ele servirás.
      Lucas, cap. V, vs. 5-8.


      Era ele que erguia casas
      Onde antes só havia chão.
      Como um pássaro sem asas
      Ele subia com as casas
      Que lhe brotavam da mão.
      Mas tudo desconhecia
      De sua grande missão:
      Não sabia, por exemplo
      Que a casa de um homem é um templo
      Um templo sem religião
      Como tampouco sabia
      Que a casa que ele fazia
      Sendo a sua liberdade
      Era a sua escravidão.

      De fato, como podia
      Um operário em construção
      Compreender por que um tijolo
      Valia mais do que um pão?
      Tijolos ele empilhava
      Com pá, cimento e esquadria
      Quanto ao pão, ele o comia...
      Mas fosse comer tijolo!
      E assim o operário ia
      Com suor e com cimento
      Erguendo uma casa aqui
      Adiante um apartamento
      Além uma igreja, à frente
      Um quartel e uma prisão:
      Prisão de que sofreria
      Não fosse, eventualmente
      Um operário em construção.

      Mas ele desconhecia
      Esse fato extraordinário:
      Que o operário faz a coisa
      E a coisa faz o operário.
      De forma que, certo dia
      À mesa, ao cortar o pão
      O operário foi tomado
      De uma súbita emoção
      Ao constatar assombrado
      Que tudo naquela mesa
      - Garrafa, prato, facão -
      Era ele quem os fazia
      Ele, um humilde operário,
      Um operário em construção.
      Olhou em torno: gamela
      Banco, enxerga, caldeirão
      Vidro, parede, janela
      Casa, cidade, nação!
      Tudo, tudo o que existia
      Era ele quem o fazia
      Ele, um humilde operário
      Um operário que sabia
      Exercer a profissão.

      Ah, homens de pensamento
      Não sabereis nunca o quanto
      Aquele humilde operário
      Soube naquele momento!
      Naquela casa vazia
      Que ele mesmo levantara
      Um mundo novo nascia
      De que sequer suspeitava.
      O operário emocionado
      Olhou sua própria mão
      Sua rude mão de operário
      De operário em construção
      E olhando bem para ela
      Teve um segundo a impressão
      De que não havia no mundo
      Coisa que fosse mais bela.

      Foi dentro da compreensão
      Desse instante solitário
      Que, tal sua construção
      Cresceu também o operário.
      Cresceu em alto e profundo
      Em largo e no coração
      E como tudo que cresce
      Ele não cresceu em vão
      Pois além do que sabia
      - Exercer a profissão -
      O operário adquiriu
      Uma nova dimensão:
      A dimensão da poesia.

      E um fato novo se viu
      Que a todos admirava:
      O que o operário dizia
      Outro operário escutava.

      E foi assim que o operário
      Do edifício em construção
      Que sempre dizia sim
      Começou a dizer não.
      E aprendeu a notar coisas
      A que não dava atenção:

      Notou que sua marmita
      Era o prato do patrão
      Que sua cerveja preta
      Era o uísque do patrão
      Que seu macacão de zuarte
      Era o terno do patrão
      Que o casebre onde morava
      Era a mansão do patrão
      Que seus dois pés andarilhos
      Eram as rodas do patrão
      Que a dureza do seu dia
      Era a noite do patrão
      Que sua imensa fadiga
      Era amiga do patrão.

      E o operário disse: Não!
      E o operário fez-se forte
      Na sua resolução.

      Como era de se esperar
      As bocas da delação
      Começaram a dizer coisas
      Aos ouvidos do patrão.
      Mas o patrão não queria
      Nenhuma preocupação
      - "Convençam-no" do contrário -
      Disse ele sobre o operário
      E ao dizer isso sorria.

      Dia seguinte, o operário
      Ao sair da construção
      Viu-se súbito cercado
      Dos homens da delação
      E sofreu, por destinado
      Sua primeira agressão.
      Teve seu rosto cuspido
      Teve seu braço quebrado
      Mas quando foi perguntado
      O operário disse: Não!

      Em vão sofrera o operário
      Sua primeira agressão
      Muitas outras se seguiram
      Muitas outras seguirão.
      Porém, por imprescindível
      Ao edifício em construção
      Seu trabalho prosseguia
      E todo o seu sofrimento
      Misturava-se ao cimento
      Da construção que crescia.

      Sentindo que a violência
      Não dobraria o operário
      Um dia tentou o patrão
      Dobrá-lo de modo vário.
      De sorte que o foi levando
      Ao alto da construção
      E num momento de tempo
      Mostrou-lhe toda a região
      E apontando-a ao operário
      Fez-lhe esta declaração:
      - Dar-te-ei todo esse poder
      E a sua satisfação
      Porque a mim me foi entregue
      E dou-o a quem bem quiser.
      Dou-te tempo de lazer
      Dou-te tempo de mulher.
      Portanto, tudo o que vês
      Será teu se me adorares
      E, ainda mais, se abandonares
      O que te faz dizer não.

      Disse, e fitou o operário
      Que olhava e que refletia
      Mas o que via o operário
      O patrão nunca veria.
      O operário via as casas
      E dentro das estruturas
      Via coisas, objetos
      Produtos, manufaturas.
      Via tudo o que fazia
      O lucro do seu patrão
      E em cada coisa que via
      Misteriosamente havia
      A marca de sua mão.
      E o operário disse: Não!

      - Loucura! - gritou o patrão
      Não vês o que te dou eu?
      - Mentira! - disse o operário
      Não podes dar-me o que é meu.

      E um grande silêncio fez-se
      Dentro do seu coração
      Um silêncio de martírios
      Um silêncio de prisão.
      Um silêncio povoado
      De pedidos de perdão
      Um silêncio apavorado
      Com o medo em solidão.

      Um silêncio de torturas
      E gritos de maldição
      Um silêncio de fraturas
      A se arrastarem no chão.
      E o operário ouviu a voz
      De todos os seus irmãos
      Os seus irmãos que morreram
      Por outros que viverão.
      Uma esperança sincera
      Cresceu no seu coração
      E dentro da tarde mansa
      Agigantou-se a razão
      De um homem pobre e esquecido
      Razão porém que fizera
      Em operário construído
      O operário em construção.


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      VINICIUS DE MORAES  - Página 13 Empty Re: VINICIUS DE MORAES

      Mensaje por Maria Lua Lun Abr 26, 2021 8:06 am

      OS QUATRO ELEMENTOS
      I – O FOGO

      O sol, desrespeitoso do equinócio
      Cobre o corpo da Amiga de desvelos
      Amorena-lhe a tez, doura-lhe os pelos
      Enquanto ela, feliz, desfaz-se em ócio.

      E ainda, ademais, deixa que a brisa roce
      O seu rosto infantil e os seus cabelos
      De modo que eu, por fim, vendo o negócio
      Não me posso impedir de pôr-me em zelos.

      E pego, encaro o Sol com ar de briga
      Ao mesmo tempo que, num desafogo
      Proibo-a formalmente que prossiga

      Com aquele dúbio e perigoso jogo...
      E para protegê-la, cubro a Amiga
      Com a sombra espessa do meu corpo em fogo.


      II – A TERRA

      Um dia, estando nós em verdes prados
      Eu e a Amada, a vagar, gozando a brisa
      Ei-la que me detém nos meus agrados
      E abaixa-se, e olha a terra, e a analisa

      Com face cauta e olhos dissimulados
      E, mais, me esquece; e, mais, se interioriza
      Como se os beijos meus fossem mal dados
      E a minha mão não fosse mais precisa.

      Irritado, me afasto; mas a Amada
      À minha zanga, meiga, me entretém
      Com essa astúcia que o sexo lhe deu.

      Mas eu que não sou bobo, digo nada...
      Ah, é assim... (só penso) Muito bem:
      Antes que a terra a coma, como eu.


      III –O AR

      Com mão contente a Amada abre a janela
      Sequiosa de vento no seu rosto
      E o vento, folgazão, entra disposto
      A comprazer-se com a vontade dela.

      Mas ao tocá-la e constatar que bela
      E que macia, e o corpo que bem-posto
      O vento, de repente, toma gosto
      E por ali põe-se a brincar com ela.

      Eu a princípio, não percebo nada...
      Mas ao notar depois que a Amada tem
      Um ar confuso e uma expressão corada

      A cada vez que o velho vento vem
      Eu o expulso dali, e levo a Amada:
      Também brinco de vento muito bem!


      IV – A ÁGUA

      A água banha a Amada com tão claros
      Ruídos, morna de banhar a Amada
      Que eu, todo ouvidos, ponho-me a sonhar
      Os sons como se foram luz vibrada.

      Mas são tais os cochichos e descaros
      Que, por seu doce peso deslocada
      Diz-lhe a água, que eu friamente encaro
      Os fatos, e disponho-me à emboscada.

      E aguardo a Amada. Quando sai, obrigo-a
      A contar-me o que houve entre ela e a água:
      — Ela que me confesse! Ela que diga!

      E assim arrasto-a à câmara contígua
      Confusa de pensar, na sua mágoa
      Que não sei como a água é minha amiga.

      Montevidéu, abril de 1960


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      o un ciego soñando
      y en ese vuelo y en ese sueño
      compartir contigo sol y luna,
      siendo guardián en tu cielo
      y tren de tus ilusiones."
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      Mensaje por Maria Lua Vie Abr 30, 2021 7:20 am

      Me quedaré solo como los veleros
      en los puertos silenciosos.
      Pero te poseeré más que nadie
      porque podré irme
      y todos los lamentos del mar,
      del viento, del cielo, de las aves,
      de las estrellas, serán tu voz presente,
      tu voz ausente, tu voz sosegada.


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      Mensaje por Maria Lua Dom Mayo 02, 2021 4:03 am



      ARIANA, A MULHER

      Quando, aquela noite, na sala deserta daquela casa cheia da montanha em torno
      O tempo convergiu para a morte e houve uma cessação estranha seguida de um debruçar do instante para o outro instante
      Ante o meu olhar absorto o relógio avançou e foi como se eu tivesse me identificado a ele e estivesse batendo soturnamente a Meia-Noite
      E na ordem de horror que o silêncio fazia pulsar como um coração dentro do ar despojado
      Senti que a Natureza tinha entrado invisivelmente através das paredes e se plantara aos meus olhos em toda a sua fixidez noturna
      E que eu estava no meio dela e à minha volta havia árvores dormindo e flores desacordadas pela treva.

      Como que a solidão traz a presença invisível de um cadáver — e para mimera como se a Natureza estivesse morta
      Eu aspirava a sua respiração ácida e pressentia a sua deglutição monstruosa mas para mim era como se ela estivesse morta
      Paralisada e fria, imensamente erguida em sua sombra imóvel para o céu alto e sem lua
      E nenhum grito, nenhum sussurro de água nos rios correndo, nenhum eco nas quebradas ermas
      Nenhum desespero nas lianas pendidas, nenhuma fome no muco aflorado das plantas carnívoras
      Nenhuma voz, nenhum apelo da terra, nenhuma lamentação de folhas, nada.

      Em vão eu atirava os braços para as orquídeas insensíveis junto aos lírios inermes como velhos falos
      Inutilmente corria cego por entre os troncos cujas parasitas eram como a miséria da vaidade senil dos homens
      Nada se movia como se o medo tivesse matado em mim a mocidade e gelado o sangue capaz de acordá-los
      E já o suor corria do meu corpo e as lágrimas dos meus olhos ao contato dos cactos esbarrados na alucinação da fuga
      E a loucura dos pés parecia galgar lentamente os membros em busca do pensamento
      Quando caí no ventre quente de uma campina de vegetação úmida e sobre a qual afundei minha carne.

      Foi então que compreendi que só em mim havia morte e que tudo estava profundamente vivo
      Só então vi as folhas caindo, os rios correndo, os troncos pulsando, as flores se erguendo
      E ouvi os gemidos dos galhos tremendo, dos gineceus se abrindo, das borboletas noivas se finando
      E tão grande foi a minha dor que angustiosamente abracei a terra como se quisesse fecundá-la
      Mas ela me lançou fora como se não houvesse força em mim e como se ela não me desejasse
      E eu me vi só, nu e só, e era como se a traição tivesse me envelhecido eras.

      Tristemente me brotou da alma o branco nome da Amada e eu murmurei — Ariana!
      E sem pensar caminhei trôpego como a visão do Tempo e murmurava — Ariana!
      E tudo em mim buscava Ariana e não havia Ariana em nenhuma parte
      Mas se Ariana era a floresta, por que não havia de ser Ariana a terra?
      Se Ariana era a morte, por que não havia de ser Ariana a vida?
      Por que — se tudo era Ariana e só Ariana havia e nada fora de Ariana?

      Baixei à terra de joelhos e a boca colada ao seu seio disse muito docemente — Sou eu, Ariana...
      Mas eis que um grande pássaro azul desce e canta aos meus ouvidos — Eu sou Ariana!
      E em todo o céu ficou vibrando como um hino o muito amado nome de Ariana.
      Desesperado me ergui e bradei: Quem és que te devo procurar em toda a parte e estás em cada uma?
      Espírito, carne, vida, sofrimento, serenidade, morte, por que não serias uma?
      Por que me persegues e me foges e por que me cegas se me dás uma luz e restas longe?

      Mas nada me respondeu e eu prossegui na minha peregrinação através da campina
      E dizia: Sei que tudo é infinito! — e o pio das aves me trazia o grito dos sertões desaparecidos
      E as pedras do caminho me traziam os abismos e a terra seca a sede nas fontes.
      No entanto, era como se eu fosse a alimária de um anjo que me chicoteava — Ariana!
      E eu caminhava cheio de castigo e em busca do martírio de Ariana
      A branca Amada salva das águas e a quem fora prometido o trono do mundo.

      Eis que galgando um monte surgiram luzes e após janelas iluminadas e após cabanas iluminadas
      E após ruas iluminadas e após lugarejos iluminados como fogos no mato noturno
      E grandes redes de pescar secavam às portas e se ouvia o bater das forjas.
      E perguntei: Pescadores, onde está Ariana? — e eles me mostravam o peixe
      Ferreiros, onde está Ariana? — e eles me mostravam o fogo
      Mulheres, onde está Ariana? — e elas me mostravam o sexo.

      Mas logo se ouviam gritos e danças, e gaitas tocavam e guizos batiam
      Eu caminhava, e aos poucos o ruído ia se alongando à medida que eu penetrava na savana
      No entanto era como se o canto que me chegava entoasse — Ariana!
      E pensei: Talvez eu encontre Ariana na Cidade de Ouro — por que não seria Ariana a mulher perdida?
      Por que não seria Ariana a moeda em que o obreiro gravou a efígie de César?
      Por que não seria Ariana a mercadoria do Templo ou a púrpura bordada do altar do Templo?

      E mergulhei nos subterrâneos e nas torres da Cidade de Ouro mas não encontrei Ariana
      Às vezes indagava — e um poderoso fariseu me disse irado: — Cão de Deus, tu és Ariana!
      E talvez porque eu fosse realmente o Cão de Deus, não compreendi a palavra do homem rico
      Mas Ariana não era a mulher, nem a moeda, nem a mercadoria, nem a púrpura
      E eu disse comigo: Em todo lugar menos que aqui estará Ariana
      E compreendi que só onde cabia Deus cabia Ariana.

      Então cantei: Ariana, chicote de Deus castigando Ariana! e disse muitas palavras inexistentes
      E imitei a voz dos pássaros e espezinhei sobre a urtiga mas não espezinhei sobre a cicuta santa
      Era como se um raio tivesse me ferido e corresse desatinado dentro de minhas entranhas
      As mãos em concha, no alto dos morros ou nos vales eu gritava — Ariana!
      E muitas vezes o eco ajuntava: Ariana... ana...
      E os trovões desdobravam no céu a palavra — Ariana.

      E como a uma ordem estranha, as serpentes saíam das tocas e comiam os ratos
      Os porcos endemoninhados se devoravam, os cisnes tombavam cantando nos lagos
      E os corvos e abutres caíam feridos por legiões de águias precipitadas
      E misteriosamente o joio se separava do trigo nos campos desertos
      E os milharais descendo os braços trituravam as formigas no solo
      E envenenadas pela terra descomposta as figueiras se tornavam profundamente secas.

      Dentro em pouco todos corriam a mim, homens varões e mulheres desposadas
      Umas me diziam: Meu senhor, meu filho morre! e outras eram cegas e paralíticas
      E os homens me apontavam as plantações estorricadas e as vacas magras. E eu dizia: Eu sou o enviado do Mal! e imediatamente as crianças morriam
      E os cegos se tornavam paralíticos e os paralíticos cegos
      E as plantações se tornavam pó que o vento carregava e que sufocava as vacas magras.

      Mas como quisessem me correr eu falava olhando a dor e a maceração dos corpos
      Não temas, povo escravo! A mim me morreu a alma mais do que o filho e me assaltou a indiferença mais do que a lepra
      A mim se fez pó e carne mais do que o trigo e se sufocou a poesia mais do que a vaca magra
      Mas é preciso! Para que surja a Exaltada, a branca e sereníssima Ariana
      A que é a lepra e a saúde, o pó e o trigo, a poesia e a vaca magra
      Ariana, a mulher — a mãe, a filha, a esposa, a noiva, a bem-amada!

      E à medida que o nome de Ariana ressoava como um grito de clarim nas faces paradas
      As crianças se erguiam, os cegos olhavam, os paralíticos andavam medrosamente
      E nos campos dourados ondulando ao vento, as vacas mugiam para o céu claro
      E um só clamor saía de todos os peitos e vibrava em todos lábios — Ariana!
      E uma só música se estendia sobre as terras e sobre os rios — Ariana!
      E um só entendimento iluminava o pensamento dos poetas — Ariana!

      Assim, coberto de bênçãos, cheguei a uma floresta e me sentei às suas bordas — os regatos cantavam límpidos
      Tive o desejo súbito da sombra, da humildade dos galhos e do repouso das folhas secas
      E me aprofundei na espessura funda cheia de ruídos e onde o mistério passava sonhando
      E foi como se eu tivesse procurado e sido atendido — vi orquídeas que eram camas doces para a fadiga
      Vi rosas selvagens cheias de orvalho, de perfume eterno e boas para matar a sede
      E vi palmas gigantescas que eram leques para afastar o calor da carne.

      Descansei — por um momento senti vertiginosamente o húmus fecundo da terra
      A pureza e a ternura da vida nos lírios altivos como falos
      A liberdade das lianas prisioneiras, a serenidade das quedas se despenhando.
      E mais do que nunca o nome da Amada me veio e eu murmurei o apelo — Eu te amo, Ariana!
      E o sono da Amada me desceu aos olhos e eles cerraram a visão de Ariana
      E meu coração pôs-se a bater pausadamente doze vezes o sinal cabalístico de Ariana...
      ..........................................................................................................................................................

      Depois um gigantesco relógio se precisou na fixidez do sonho, tomou forma e se situou na minha frente, parado sobre a Meia-Noite
      Vi que estava só e que era eu mesmo e reconheci velhos objetos amigos.
      Mas passando sobre o rosto a mão gelada senti que chorava as puríssimas lágrimas de Ariana
      E que o meu espírito e o meu coração eram para sempre da branca e sereníssima Ariana
      No silêncio profundo daquela casa cheia da Montanha em torno.






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      Mensaje por Maria Lua Lun Mayo 03, 2021 6:13 pm

      A MÚSICA DAS ALMAS

      Le mal est dans le monde comme un esclave qui monte l’eau.
      Claudel

      Na manhã infinita as nuvens surgiram como a loucura numa alma
      E o vento como o instinto desceu os braços das árvores que estrangularam a terra...

      Depois veio a claridade, o grande céu, a paz dos campos...
      Mas nos caminhos todos choravam com os rostos levados para o alto
      Porque a vida tinha misteriosamente passado na tormenta.




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      Mensaje por Maria Lua Lun Mayo 10, 2021 7:14 am

      SONETO DA ROSA

      Mais um ano na estrada percorrida
      Vem, como o astro matinal, que a adora
      Molhar de puras lágrimas de aurora
      A morna rosa escura e apetecida.

      E da fragrante tepidez sonora
      No recesso, como ávida ferida
      Guardar o plasma múltiplo da vida
      Que a faz materna e plácida, e agora

      Rosa geral de sonho e plenitude
      Transforma em novas rosas de beleza
      Em novas rosas de carnal virtude

      Para que o sonho viva da certeza
      Para que o tempo da paixão não mude
      Para que se una o verbo à natureza.


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      Mensaje por Maria Lua Miér Mayo 19, 2021 4:53 am


      Música de Antônio Carlos Jobin
      Letra de Vinícius de Moraes


      Eu sei que vou te amar
      Por toda minha vida, eu vou te amar
      Em cada despedida, eu vou te amar
      Desesperadamente, eu sei que vou te amar

      E cada verso meu será pra te dizer
      Que eu sei que vou te amar
      Por toda minha vida
      Eu sei que vou chorar

      Em cada ausência tua, eu vou chorar
      Mas cada volta tua há de apagar
      O que essa ausência tua me causou

      Eu sei que vou sofrer
      A eterna desventura de viver
      A espera de viver ao lado teu
      Por toda minha vida


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      Mensaje por Maria Lua Sáb Jun 19, 2021 9:13 am



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      Mensaje por Angel Salas Sáb Ago 07, 2021 11:13 pm

      Maria Lua: Que bonito volver a disfrutar de la música y la poesia de Vinicius


      Gracias amiga...
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      Mensaje por Maria Lua Lun Oct 04, 2021 5:53 am

      Gracias, amigo Angel, por tu presencia!




      SACRIFÍCIO DA AURORA


      Um dia a aurora chegou-se
      Ao meu quarto de marfim
      E com seu riso mais doce
      Deitou-se junto de mim
      Beijei-lhe a boca orvalhada
      E a carne tímida e exangue
      A carne não tinha sangue
      A boca sabia a nada.

      Apaixonei-me da Aurora
      No meu quarto de marfim
      Todo o dia à mesma hora
      Amava-a só para mim
      Palavras que me dizia
      Transfiguravam-se em neve
      Era-lhe o peso tão leve
      Era-lhe a mão tão macia.

      Às vezes me adormecia
      No meu quarto de marfim
      Para acordar, outro dia
      Com a Aurora longe de mim
      Meu desespero covarde
      Levava-me dia afora
      Andando em busca da Aurora
      Sem ver Manhã, sem ver Tarde.

      Hoje, ai de mim, de cansado
      Há dias que até da vida
      Durmo com a Noite, ausentado
      Da minha Aurora esquecida...
      É que apesar de sombria
      Prefiro essa grande louca
      À Aurora, que além de pouca
      É fria, meu Deus, é fria!


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      Mensaje por Maria Lua Jue Oct 07, 2021 9:09 pm

      Nuvens lentas passavam
      Quando eu olhei o céu.
      Eu senti na minha alma a dor do céu
      Que nunca poderá ser sempre calmo.

      Quando eu olhei a árvore perdida
      Não vi ninhos nem pássaros.
      Eu senti na minha alma a dor da árvore
      Esgalhada e sozinha
      Sem pássaros cantando nos seus ninhos.

      Quando eu olhei minha alma
      Vi a treva.
      Eu senti no céu e na árvore perdida
      A dor da treva que vive na minha alma.


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      o un ciego soñando
      y en ese vuelo y en ese sueño
      compartir contigo sol y luna,
      siendo guardián en tu cielo
      y tren de tus ilusiones."
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      Mensaje por Maria Lua Sáb Oct 09, 2021 8:37 am

      O que sou eu, gritei um dia para o infinito
      E o meu grito subiu, subiu sempre
      Até se diluir na distância.
      Um pássaro no alto planou voo
      E mergulhou no espaço.
      Eu segui porque tinha que seguir
      Com as mãos na boca, em concha
      Gritando para o infinito a minha dúvida.

      Mas a noite espiava a minha dúvida
      E eu me deitei à beira do caminho
      Vendo o vulto dos outros que passavam
      Na esperança da aurora.
      Eu continuo à beira do caminho
      Vendo a luz do infinito
      Que responde ao peregrino a imensa dúvida.


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      Mensaje por Maria Lua Lun Oct 25, 2021 4:05 pm

      Vive tu vida
      Tu camino es de paz y amor
      Vive tu vida, una linda canción de amor
      Abre tus brazos
      Y canta la última esperanza
      La esperanza divina de amar en paz
      Si todos fuesen iguales a ti
      Qué maravilla vivir
      Una canción al llegar
      Una mujer al cantar
      Una ciudad al cantar
      Al reír, al cantar, al pedir
      La belleza de amar
      Como el sol
      O la flor
      O la luz
      Amar sin mentir
      Ni sufrir
      Existiría la verdad
      Verdad que no hay por ahí
      Si todos fuesen un día iguales a ti.


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      Mensaje por Maria Lua Vie Nov 05, 2021 4:15 pm

      MENSAJE A LA POESÍA




      No puedo.
      No es posible.
      Díganle que es totalmente imposible.
      Ahora no puede ser.
      Es imposible.
      No puedo.
      Díganle que estoy tristísimo, pero no puedo ir esta noche
      a su encuentro.
      Cuéntenle que hay millones de cuerpos que enterrar,
      muchas ciudades que construir, mucha pobreza en el mundo.
      Cuéntenle que hay un niño llorando en alguna parte
      del mundo
      y que las mujeres se están volviendo locas, y hay legiones de ellas
      sollozando de saudade por sus hombres.
      Cuéntenle que hay un vacío en los ojos de los parias
      y que su magrura es extrema;
      cuéntenle que la vergüenza, la deshonra y el suicidio rondan los lares
      y es preciso reconquistar la vida.
      Háganle ver que necesito estar alerta,
      vuelto hacia todos los caminos,
      listo a socorrer, a amar, a mentir, a morir si fuese preciso.
      Explíquenle con cuidado – no la aflijan… – que si no voy
      no es porque no quiera: ella lo sabe; es porque hay un héroe
      en la cárcel,
      hay un campesino que fue agredido, hay un charco de sangre
      en una plaza.
      Cuéntenle, bien en secreto, que debo estar preparado, que mis hombros
      no deben doblarse,
      que mis ojos no deben dejarse intimidar,
      que llevo a cuestas la desgracia de los hombres
      y ahora no es el momento de detenerse;
      díganle, sin embargo, que sufro mucho,
      pero no puedo mostrar mi sufrimiento a los hombres perplejos;
      díganle que me fue dada la terrible participación, y que posiblemente
      deberé engañar, fingir, hablar con palabras ajenas
      porque sé que hay, lejana, la claridad de una aurora.
      Si ella no comprende, oh, procuren convencerla
      de ese ineludible deber mío; pero díganle que, en el fondo,
      todo lo que estoy dando es de ella, y que me duele
      tener que despojarla así, en este poema;
      que por otro lado no debo usarla en su misterio;
      la hora es de esclarecimiento;
      no de volcarme sobre mí cuando a mi lado hay hambre y mentira;
      y un niño abandonado en un camino
      junto a un cadáver de madre; díganle que hay un gran
      aumento de abismos en la tierra, hay súplicas, hay vociferaciones,
      hay fantasmas que me visitan de noche
      y que tengo que recibir; cuéntenle a ella de mi certeza en el mañana,
      que siento una sonrisa en el rostro invisible de la noche
      y vivo en tensión ante la expectativa del milagro;
      por eso pídanle que tenga paciencia, que no me llame ahora
      con su voz de sombra; que no me haga sentir cobarde
      de tener que abandonarla en este instante, en su inmensurable soledad;
      pídanle, oh, pídanle que se calle
      por un momento, que no me llame
      porque no puedo ir,
      no puedo ir,
      no puedo.

      Pero no la traicioné. En mi corazón
      vive su imagen, que me pertenece, y nada diré que pueda
      avergonzarla. Mi ausencia
      es también un sortilegio
      de su amor por mí. Vivo del deseo de volver a verla
      en un mundo en paz. Mi pasión de hombre
      aún me acompaña; mi soledad aún me acompaña;
      mi locura aún me acompaña. Tal vez deba morir sin verla más,
      sin sentir más
      el sabor de sus lágrimas, o verla correr libre y desnuda
      en las playas y los cielos y las calles de mi insomnio.
      Díganle que ese es mi martirio;
      que a veces me pesa sobre la cabeza la losa de la eternidad
      y las poderosas fuerzas de la tragedia
      se abaten sobre mí y me empujan hacia las tinieblas,
      pero que debo resistir, que es necesario…
      Que no obstante la amo con toda la fuerza de mi pasada
      adolescencia,
      con toda la violencia de las antiguas horas de contemplación
      extática,
      en un amor lleno de renuncia. Oh, pídanle
      que perdone a su triste e inconstante amigo,
      a quien le fue dado perderse de amor por su semejante,
      a quien le fue dado perderse de amor por una casita,
      por un antejardín, por una niñita de rojo;
      a quien le fue dado perderse de amor por el derecho de todos
      a tener una casita, un antejardín
      y una niñita de rojo, y perdiéndose
      le es dulce el perderse…
      Por eso convénzanla, explíquenle que es terrible,
      pídanle de rodillas que no me olvide, que me ame,
      que me espere, porque soy suyo, apenas suyo; pero que ahora
      es más fuerte que yo, no puedo ir,
      no es posible,
      me es totalmente imposible.
      No puede ser, no.
      Es imposible.
      No puedo.



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      Mensaje por Maria Lua Dom Nov 07, 2021 2:45 pm

      El tiempo en los parques genera el silencio del piar
      de los pájaros.
      Del pasar de los pasos, del color que se mueve a
      lo lejos.
      Es alto, antiguo, presiente el tiempo en los parques.
      Es incorruptible. El prenuncio de un aura.
      La agonia de una hoje, el abrirse de una flor.
      Deja un estremecimento en el espacio del tiempo
      en los parques.


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      Mensaje por Maria Lua Lun Nov 08, 2021 7:34 am

      E escuto... Poeta! triste Poeta!
      Não, foi certamente o vento da manhã nas araucárias
      Foi o vento... sossega, meu coração; às vezes o vento parece falar...
      E escuto... Poeta! pobre Poeta!
      Acalma-te, tranqüilidade minha... é um passarinho, só pode ser um passarinho
      Eu nem me importo... e se não for um passarinho, há tantos lamentos nesta terra...
      E escuto... Poeta! sórdido Poeta!
      Oh angústia! desta vez... não foi a voz da montanha? Não foi o eco distante
      Da minha própria voz inocente?


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      Mensaje por Maria Lua Mar Nov 09, 2021 6:05 pm

      SONETO DO SÓ

      (Parábola de Malte Laurids Brigge)

      Depois foi só. O amor era mais nada
      Sentiu-se pobre e triste como Jó
      Um cão veio lamber-lhe a mão na estrada
      Espantado, parou. Depois foi só.

      Depois veio a poesia ensimesmada
      Em espelhos. Sofreu de fazer dó
      Viu a face do Cristo ensanguentada
      Da sua, imagem — e orou. Depois foi só.

      Depois veio o verão e veio o medo
      Desceu de seu castelo até o rochedo
      Sobre a noite e do mar lhe veio a voz

      A anunciar os anjos sanguinários...
      Depois cerrou os olhos solitários
      E só então foi totalmente a sós.

      Rio, 1946


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      VINICIUS DE MORAES  - Página 13 Empty Re: VINICIUS DE MORAES

      Mensaje por Maria Lua Miér Nov 10, 2021 8:41 pm

      Nuvens lentas passavam
      Quando eu olhei o céu.
      Eu senti na minha alma a dor do céu
      Que nunca poderá ser sempre calmo.

      Quando eu olhei a árvore perdida
      Não vi ninhos nem pássaros.
      Eu senti na minha alma a dor da árvore
      Esgalhada e sozinha
      Sem pássaros cantando nos seus ninhos.

      Quando eu olhei minha alma
      Vi a treva.
      Eu senti no céu e na árvore perdida
      A dor da treva que vive na minha alma.


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      Mensaje por Maria Lua Jue Nov 18, 2021 6:39 am

      SONETO À LUA

      Rio de Janeiro , 1938

      Por que tens, por que tens olhos escuros
      E mãos lânguidas, loucas e sem fim
      Quem és, quem és tu, não eu, e estás em mim
      Impuro, como o bem que está nos puros?

      Que paixão fez-te os lábios tão maduros
      Num rosto como o teu criança assim
      Quem te criou tão boa para o ruim
      E tão fatal para os meus versos duros?

      Fugaz, com que direito tens-me presa
      A alma que por ti soluça nua
      E não és Tatiana e nem Teresa:

      E és tampouco a mulher que anda na rua
      Vagabunda, patética, indefesa
      Ó minha branca e pequenina Lua!


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      Mensaje por Maria Lua Sáb Nov 27, 2021 7:08 am

      Para viver um grande amor, vos digo,
      é preciso atenção como o “velho amigo”,
      que porque é só vos quer sempre consigo
      para iludir o grande amor.


      É preciso muitíssimo cuidado
      com quem quer que não esteja apaixonado,
      pois quem não está,
      está sempre preparado pra chatear o grande amor.


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      Mensaje por Maria Lua Miér Dic 08, 2021 7:00 am

      AUSENCIA


      Dejaré que muera en mí el deseo

      de amar tus ojos dulces,

      porque nada te podré dar sino la pena

      de verme eternamente exhausto.

      No obstante, tu presencia es algo

      como la luz y la vida.

      Siento que en mi gesto está tu gesto

      y en mi voz tu voz.

      No quiero tenerte porque en mi ser

      todo estará terminado.

      Sólo quiero que surjas en mí

      como la fe en los desesperados,

      para que yo pueda llevar una gota de rocío

      en esta tierra maldita

      que se quedó en mi carne

      como un estigma del pasado.

      Me quedaré… tu te irás,

      apoyarás tu rostro en otro rostro,

      tus dedos enlazarán otros dedos

      y te desplegarás en la madrugada,

      pero no sabrás que fui yo quien te logró,

      porque yo fui el amigo más íntimo de la noche,

      porque apoyé mi rostro en el rostro de la noche

      y escuché tus palabras amorosas,

      porque mis dedos enlazaron los dedos

      en la niebla suspendidos en el espacio

      y acerqué a mí la misteriosa esencia

      de tu abandono desordenado.

      Me quedaré solo como los veleros

      en los puertos silenciosos.

      Pero te poseeré más que nadie

      porque podré irme

      y todos los lamentos del mar,

      del viento, del cielo, de las aves,

      de las estrellas, serán tu voz presente,

      tu voz ausente, tu voz sosegada.


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      Mensaje por Maria Lua Miér Dic 15, 2021 6:34 am

      E no entanto é preciso cantar

      Mais que nunca é preciso cantar

      É preciso cantar e alegrar a cidade...







      A tristeza que a gente tem

      Qualquer dia vai se acabar

      Todos vão sorrir, voltou a esperança

      É o povo que dança

      Contente da vida, feliz a cantar.







      Porque são tantas coisas azuis

      Há tão grandes promessas de luz

      Tanto amor para amar de que a gente nem sabe...







      Quem me dera viver pra ver

      E brincar outros carnavais

      Com a beleza dos velhos carnavais

      Que marchas tão lindas

      E o povo cantando seu canto de paz.


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      Mensaje por Maria Lua Vie Dic 24, 2021 7:06 am

      POEMA DE NATAL

      Para isso fomos feitos:

      Para lembrar e ser lembrados

      Para chorar e fazer chorar

      Para enterrar os nossos mortos —

      Por isso temos braços longos para os adeuses

      Mãos para colher o que foi dado

      Dedos para cavar a terra.

      Assim será nossa vida:

      Uma tarde sempre a esquecer

      Uma estrela a se apagar na treva

      Um caminho entre dois túmulos —

      Por isso precisamos velar

      Falar baixo, pisar leve, ver

      A noite dormir em silêncio.

      Não há muito o que dizer:

      Uma canção sobre um berço

      Um verso, talvez de amor

      Uma prece por quem se vai —

      Mas que essa hora não esqueça

      E por ela os nossos corações

      Se deixem, graves e simples.

      Pois para isso fomos feitos:

      Para a esperança no milagre

      Para a participação da poesia

      Para ver a face da morte —

      De repente nunca mais esperaremos...

      Hoje a noite é jovem; da morte, apenas

      Nascemos, imensamente.





      ------------------------------------------------------------------





      POEMA DE NAVIDAD



      Para eso fuimos hechos:

      Para recordar y ser recordados

      Para llorar y hacer llorar

      Para enterrar a nuestros muertos;

      Por eso tenemos brazos largos para los adioses

      Manos para coger lo que fue dado

      Dedos para cavar la tierra.

      Así será nuestra vida:

      Una tarde siempre olvidando

      Una estrella apagándose en tinieblas

      Un camino entre dos túmulos;

      Por eso tenemos que velar

      Hablar bajo, pisar leve, ver

      A la noche dormir en silencio.

      No hay mucho que decir:

      Una canción sobre una cuna

      Un verso, tal vez, de amor

      Una oración por quien se va;

      Pero que no se olvide esa hora

      Y nuestros corazones por ella

      Se abandonen, graves y simples.

      Pues para eso fuimos hechos:

      Para esperar en el milagro

      Para participar en la poesía

      Para ver la faz de la muerte;

      De repente no esperaremos…

      La noche es joven hoy; y de la muerte, sólo,

      Hemos nacido, inmensamente.





      Vinícius de Moraes


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      "Ser como un verso volando
      o un ciego soñando
      y en ese vuelo y en ese sueño
      compartir contigo sol y luna,
      siendo guardián en tu cielo
      y tren de tus ilusiones."
      (Hánjel)





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      Mensaje por Maria Lua Dom Ene 16, 2022 3:35 pm

      A meu amigo Rubem Braga que é pena estar chovendo aqui
      Neste dia tão cheio de memórias. Mas
      Que beberemos à sua saúde, e ele há de estar entre nós
      O bravo capitão Braga, seguramente o maior cronista do Brasil
      Grave em seu gorro de campanha, suas sobrancelhas e seu bigode circunflexos
      Terno em seus olhos de pescador de fundo
      Feroz em seu focinho de lobo solitário
      Delicado em suas mãos e no seu modo de falar ao telefone
      E brindaremos à sua figura, à sua poesia única, à sua revolta, e ao seu cavalheirismo
      Para que lá, entre as velhas paredes renascentes e os doces montes cônicos de feno
      Lá onde a cobra está fumando o seu moderado cigarro brasileiro
      Ele seja feliz também, e forte, e se lembre com saudades
      Do Rio, de nós todos e ai! de mim.


      _________________



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      o un ciego soñando
      y en ese vuelo y en ese sueño
      compartir contigo sol y luna,
      siendo guardián en tu cielo
      y tren de tus ilusiones."
      (Hánjel)





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      Mensaje por Maria Lua Lun Feb 14, 2022 3:58 pm

      Soneto de Fidelidade

      Vinicius de Moraes


      De tudo ao meu amor serei atento
      Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
      Que mesmo em face do maior encanto
      Dele se encante mais meu pensamento.

      Quero vivê-lo em cada vão momento
      E em seu louvor hei de espalhar meu canto
      E rir meu riso e derramar meu pranto
      Ao seu pesar ou seu contentamento

      E assim, quando mais tarde me procure
      Quem sabe a morte, angústia de quem vive
      Quem sabe a solidão, fim de quem ama

      Eu possa me dizer do amor (que tive):
      Que não seja imortal, posto que é chama
      Mas que seja infinito enquanto dure.



      Soneto de fidelidad  


      Vinícius de Moraes




      De todo a mi amor estaré atento
      Antes, y con tal celo, y siempre, y tanto
      Que incluso ante el mayor encanto
      Con él se encante más mi pensamiento.

      Quiero vivirlo en cada vano momento
      Y en su loor he de esparcir mi canto
      Y reír mi risa y derramar mi llanto
      A su pesar o a su contentamiento.

      Y así, cuando más tarde me busque
      Quién sabe la muerte, angustia de quien vive
      Quién sabe la soledad, fin de quien ama

      Pueda yo decir del amor (que tuve):
      Que no sea inmortal, puesto que es llama
      Mas que sea infinito mientras dure.



      _________________



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      o un ciego soñando
      y en ese vuelo y en ese sueño
      compartir contigo sol y luna,
      siendo guardián en tu cielo
      y tren de tus ilusiones."
      (Hánjel)





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      Mensaje por Maria Lua Vie Feb 25, 2022 5:13 am

      A rosa de Hiroxima




      Pensem nas crianças

      Mudas telepáticas

      Pensem nas meninas

      Cegas inexatas

      Pensem nas mulheres

      Rotas alteradas

      Pensem nas feridas

      Como rosas cálidas

      Mas oh não se esqueçam

      Da rosa da rosa

      Da rosa de Hiroxima

      A rosa hereditária

      A rosa radioativa

      Estúpida e inválida

      A rosa com cirrose

      A anti-rosa atômica

      Sem cor sem perfume

      Sem rosa sem nada.




      Vinícius de Moraes







      *****************







      La rosa de Hiroshima




      Piensen en la criaturas

      Mudas telepáticas

      Piensen en las niñas

      Ciegas inexactas

      Piensen en las mujeres

      Rotas alteradas

      Piensen en las heridas

      Como rosas cálidas

      Pero ¡oh! no se olviden

      De la rosa de la rosa

      De la rosa de Hiroshima

      La rosa hereditaria

      La rosa radioactiva

      Estúpida e inválida

      La rosa con cirrosis

      La anti-rosa atómica

      Sin color sin perfume

      Sin rosa sin nada.





      ***********





      _________________



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      o un ciego soñando
      y en ese vuelo y en ese sueño
      compartir contigo sol y luna,
      siendo guardián en tu cielo
      y tren de tus ilusiones."
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      Mensaje por Maria Lua Mar Mar 22, 2022 12:04 pm

      Alma que sofres pavorosamente
      A dor de seres privilegiada
      Abandona o teu pranto, sê contente
      Antes que o horror da solidão te invada.

      Deixa que a vida te possua ardente
      Ó alma supremamente desgraçada.
      Abandona, águia, a inóspita morada
      Vem rastejar no chão como a serpente.

      De que te vale o espaço se te cansa?
      Quanto mais sobes mais o espaço avança...
      Desce ao chão, águia audaz, que a noite é fria.

      Volta, ó alma, ao lugar de onde partiste
      O mundo é bom, o espaço é muito triste...
      Talvez tu possas ser feliz um dia.


      _________________



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      y en ese vuelo y en ese sueño
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