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      VINICIUS DE MORAES  - Página 15 Empty Re: VINICIUS DE MORAES

      Mensaje por Maria Lua Jue 19 Mayo 2022, 15:22

      MPB - ZERO

      Rio de Janeiro, Jornal do Brasil, 31/12/1969



      A propósito do IV Festival Internacional 

            O samba já cumpriu seu cinqüentenário. Um bem bonito rol, e uma estranha parábola pois nasceu antigo e foi ficando cada vez mais jovem: e que mais poderia desejar um cinqüentão? E só recentemente, depois de absorvida a luta e experiência de seus velhos mestres é que ele, como um estudante inquieto, partiu em busca de horizontes novos e iniciou a conquista do mundo. De Pixinguinha a Francis Hime, cinqüenta anos se passaram em que, como despreocupados mas atentos atletas de uma longa maratona, foram todos esses grandes passando de um para outro a tocha viva do samba, cumprindo etapa sobre etapa nessa constante e orgânica corrida. De Donga e Sinhô a Nonô e Ismael Silva; e destes a Geraldo Pereira, Dorival Caymmi, e Noel Rosa; e de Noel Rosa a Ari Barroso; e de Ari Barroso a Ismael Neto; e de Ismael Neto a Antônio Carlos Jobim; e deste a Chico Buarque de Holanda, nunca esses soberbos atletas deixaram a tocha cair ou suas pernas fraquejarem. Passaram-se, em plena carreira, o símbolo ígneo com sorrisos fraternos e palavras de animação, em boa gíria carioca. De cutuba, o samba ficou do balacobaco e depois da pontinha, para hoje tornar-se, com o advento da bossa nova e da moderna música popular, tal como a praticam Edu Lobo, Dori Caymmi, Francis Hime, Milton Nascimento, Caetano Veloso e Egberto Gismonti, no fino do som, no superquente, no cheio de plá. De ritmo, passou a ter balanço. Mas - insisto - na mão desses incansáveis atletas, nunca se descaracterizou. E se absorveu o que de melhor lhe poderia emprestar o jazz, como instrumentação e sentido de improvisação, foi para logo lhe devolver - e com juros - um novo sentido melódico e rítmico, e uma poesia mais afirmativa, menos convencional.

            O resultado está aí: o samba tradicional voltando eventualmente, como no caso de um Chico Buarque, um Paulinho da Viola e um Sídnei Miller, com uma nova originalidade, e o samba moderno de um Jobim, de um Carlos Lyra, de um Baden Powell penetrando cada vez mais as estruturas musicais estrangeiras, com a graça de sua banda e a ubiqüidade do seu ritmo. Esses homens já são conhecidos no mundo inteiro. Ainda ontem eu ouvi a fita de um novo LP de Sinatra gravando músicas de Tom, com soberbos arranjos de Eumir Deodato. É, como diria Jaime Ovalle, o pobre dando esmola ao rico. Os grandes da bossa nova abriram caminho, ao mesmo tempo, para seus irmãos mais velhos e mais jovens: e o fizeram quando a estrada era de pedras, não de pétalas. E novos talentos aparecem, já correndo paralelamente a seus maiores, ansiosos também por levar a tocha do samba até a vitória última. Aí estão Gilberto Gil, Caetano Veloso, Antônio Adolfo, Macalé, Danilo Caymmi, Gismonti e seus parceiros prontos para novas arrancadas.

            Isso é cultura. Cultura de um povo a manifestar em sua arte mais popular, não só um grande sentido de integração, como de sensibilidade coletiva; cultura de seus músicos, a se fazerem os intérpretes mais comunicativos dessa integração. O resto... é silêncio. Deixa pra lá. Porque, com ou sem Festival, o que todo mundo quer mesmo, é cantar junto.

            Nada disso, é claro, poderia ter existido se há cinqüenta e poucos anos um crioulinho chamado Alfredo da Rocha Viana, freqüentador assíduo do terreiro da velha tia Ciata - ali onde ficava a antiga praça Onze - não se misturasse ao baiano que batucava no primitivo mercado, e que depois partiu para organizar os primeiros ranchos de carnaval: o grande Pixinguinha, o genial chorão. E é dessas raízes fundamentais que a meninada dos dois últimos festivais parece andar querendo se arrancar. Que esperança! Resulta, com pouquíssimas exceções, em toda a chatice que se ouviu nesta última semana, fruto de um desejo mais de aparecer que de ser. E é espantoso, também, como jovens músicos surgidos nos últimos três ou quatro anos, como Edu Lobo, Milton Nascimento e Caetano Veloso (com direito, de vez em quando, a uma geraldovandrezada) são instituídos em verdadeiros mestres (e estou certo que sem a sua aquiescência) por uma garotada mal saída dos cueiros; quando os próprios, músicos de grande talento, é fora de dúvida, acham-se, ainda em pleno aprendizado de sua arte.

            Vamos com calma... mestre é Pixinguinha, é Ismael Silva, é Nélson Cavaquinho, é Noel Rosa, é Ari Barroso, é Antônio Carlos Jobim. O que os meninos estão fazendo, com algumas e não excepcionais exceções, é um triste e chato pantógrafo daqueles três jovens músicos (com direito, de vez em quando, a uma geraldovandrezada), de quem tudo se espera, mas que estão longe ainda de ter uma obra realizada. E quando não é uma cópia medíocre de um deles, é um coquetel dos três (com direito, de vez em quando, etc., etc.).

            Que pobreza... Por que será que os jovens estão nascendo cada vez mais velhos? Será isto um problema cibernético?


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      VINICIUS DE MORAES  - Página 15 Empty Re: VINICIUS DE MORAES

      Mensaje por Maria Lua Jue 19 Mayo 2022, 15:23

      BROTO ALEGRE, "COROA" MELANCÓLICA...

      Rio de Janeiro, Jornal do Brasil, 31/12/1969



           Elas se atarefavam, mãe e filha, nos últimos preparativos para a festinha. Iam ser uns quarenta ao todo, entre meninas e meninos, como sempre esfaimados, e a mãe não poupara nas comidas e sobremesas para os que inham comemorar os 16 anos de sua queridinha. Esta, excitada com a movimentação, ordenava agora os discos por ordem de popularidade. O barril de chope acabara de chegar, e os homens instalavam a serpetina que deveria mantê-lo bem gelado. A filha lançou um último olhar à sala enfeitada de flores e depois correu a beijar a mãe, que, emocionada, fingiu não dar por isso, ocupando-se com a arrumação de um vaso.

            - Você é um devaneio! - disse-lhe a menina. - A garota mais legal que eu conheço. 
            - Pois é... - suspirou a mãe, disfarçando. - Acho que não falta mais nada. 
            A filha coçou a cabeça, franzindo um pouco a testa. 
            - Você acha que esse negócio de chope vai dar certo? Não é meio... antiquado, meio devagar? Será que os caras não vão me gozar? 
            - Que é isso? Tenha personalidade! No meu tempo era o que se usava, para as festas maiores. Sai tão mais barato... Imagina dar uísque a essa gente toda... Era só o que faltava! E depois, custa mais a dar pileque. 
            - Bem, eu tenho uísque escondido para o Marquinhos e o Ronaldo, que são do peito. Os outros vão pensar que é guaraná. 
            A mãe parecia, de repente, perdida em recordações. 
            - Era sempre chope... A não ser, naturalmente, nos grandes dias, quando seu avô abria vinho e até champanha... 
            - Devia ser o auge do troço quadrado - comentou a filha distraidamente. 
            - Não tinha nada de quadrado, não senhora! A gente se divertia muito mais, em lugar de ficar se matando com essas danças malucas de vocês. Eu me lembro, por exemplo, quando fiz 18 anos. Tinha leitão assado, galinha ao molho pardo, frigideira de siri, empadas de camarão... você nem imagina! Sobremesas, acho que eram umas dez! 
            - E vocês dançaram? 
            - Se dançamos! Seu avô mandou contratar especialmente a orquestra de Nelsinho e seus Turunas. Era o que se chamava, então, uma jazz band. Tinha uma música que eu adorava... como é mesmo? Ah, já lembrei... Chamava-se "Carabu": 

                  O minha Carabu 
                  Dou-te o meu coração 
                  La-ra-ra-ra-ra-rão 
                  Tu, somente tu 
                  Minha Carabu! 

            - A melodia é bacaninha, mas a letra parece uma bomba. Como é que você estava vestida? 
            - Ah... - e a mãe deu uma meia-volta de modelo para mostrar - eu tinha um vestido mauve rosé até aqui: bem curtinho. Foi a moda precursora do Courrèges. Sapatinhos meio-salto, mordorrés, meias com liga de elástico, e rococós. 
            - Rococós? Que troço é esse? 
            - Nada, sua boba. Eram duas rosinhas de cetim que se punha na frente das ligas, para ficar bonitinho se alguém por acaso visse, sabe… O cabelo era assim meio de taradinha, como andam usando de novo. Só que a gente fazia pega-rapaz, umas vírgulas de cabelo na testa e dos lados. E a boca era pintada em forma de coração. Ah, ia me esquecendo: punha-se sempre um sinal preto um pouquinho abaixo do olho, o grain de beauté. Eu usava um produto chamado Sardalina, para disfarçar um pouco as sardas, e a gente escovava bem os dentes com pasta Diamant vermelha, para ficar com as gengivas rosadas. Na mão só se levava uma pequena trousse: a minha era linda, de ouro, que mamãe tinha me dado. Um leque japonês também tinha seu lugar, mais para as senhoras. Nos olhos se usava Kohl, uma pasta preta: ficava lindo! 
            - Imagino... - disse a menina. 
            - É sim! Quando a orquestra ia embora, passava-se para o gramofone. E no final da noite faziam-se jogos de prenda. Esconde-esconde seu avô não deixava, por causados beliscões que os moços davam. 
            - Ninguém puxava um fumo? 
            - Se alguém fumava? Havia quem fumasse, mas escondido, para os pais não verem. Imagina se alguém ia ter coragem de fumar diante de seu avô... 
            - Você não entendeu... Eu perguntei se alguém fumava maconha, ô quadradona! 
            - Você está louca, menina! Você tem cada idéia! Isso são loucuras dessa mocidade de hoje. Mas em compensação eu tinha um namorado, logo antes de seu pai, que tocava ukelele! 
            - Tocava... o QUÊ? 
            - Ukelele, ora essa! Muito bonitinho. Vocês por acaso não tocam todas essas bobagens de iê-iê-iê e não sei mais quantas? Meu namorado tocava ukelele. E muito bem até! 

            A menina correu para dentro, as mãos tapando a boca de tanto rir. 

            - Essa não! Essa não!


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      VINICIUS DE MORAES  - Página 15 Empty Re: VINICIUS DE MORAES

      Mensaje por Maria Lua Jue 19 Mayo 2022, 15:24

      ARTE E SÍNTESE

      Rio de Janeiro, Jornal do Brasil, 31/12/1969



           Arte não é só "fazer": é também esperar. Quando o veio seca, nada melhor para o artista que oferecer a face aos ventos, e viver, pois só da vida lhe poderão advir novos motivos para criar. Nada pode resultar mais esterilizante que o encontro de uma síntese, se ela não for, como na vida, a conseqüência de uma análise que se retoma a partir dela. Encontrar uma fórmula é, sem dúvida, uma forma de realização; mas comprazer-se nela e ficar a aplicá-la indefinidamente, porque agradou, ou compensou, constitui a meu ver uma falta de caráter artísco. Como nas ciências positivas, o encontro de uma síntese deve ser o ponto de partida para a busca de outra, e assim por diante, até o encontro dessa grande e única verdadeira síntese que é a morte. E nesse particular eu considero Picasso o maior artista dos nossos tempos.

            Picasso é como o câncer às avessas. Sua arte múltipla e prolífica representa uma tremenda afirmação de vida, pois o grande andaluz reformula-se constantemente, até quando varia sobre o mesmo tema. O quadro é para ele como um abismo onde se lança de cabeça, e que uma vez possuído, repele-o fora, como uma mulher violentada. Porque Picasso é dos poucos artistas de qualquer época a quem o abismo teme. O abismo teme esse louco saltimbanco que se atira no vácuo da tela sem saber se vai voltar - e volta sempre. De quantos mais, no nosso século, se pode dizer o mesmo?

            Arte é afirmação de vida, em que pese isto aos mórbidos. Afirmação de vida nesse sentido que a vida é a soma de todas as suas grandezas e podridões: um profundo silo onde se misturam alimentos e excrementos, e do qual o artista extrai a sua ração diária de energias, sonhos e perplexidades: a sua vitalidade inconsciente. Tome-se Villa-Lobos, por exemplo. Villa-Lobos é um caudal que se precipita arrastando tudo o que encontra em seu caminho, troncos floridos e paus pobres, ninféias e cadáveres; e, uma vez represado, harmoniza os elementos antagônicos dessa rica contextura em música, seja da maior tranqüilidade, seja do maior tormento - pois tudo faz parte da vida. Como admirar, assim, o artista que se recusa a comer dessa mistura, que desinfeta as mãos para tocá-la, que vive a tomar leite para não se envenenar com suas tintas?

            A arte não ama os covardes: e essa afirmação não pode ser mais antifascista. A arte, há que domá-la como a um miúra: e para tanto é preciso viver sem medo. Não a coragem idiota dos que se arriscam desnecessariamente, em franco desrespeito a esse terrível postulado da vida, que ordena uma preservação constante, de maneira a se estar sempre apto para os seus grandes momentos. Esse foi, a meu ver, o pecado maior de Hemingway, e a loucura maior de Rimbaud, que resultou, num, numa morte simulada, temporã, que se antecipou à grande síntese; no outro, numa evasão total, numa recusa pânica a ver o fundo do abismo. Isto sem prejuízo da arte, que ambos exerceram, cada um a seu modo, com gênio e responsabilidade; mas não o gênio e a responsabilidade de um Tolstoi ou de um Picasso. E aí é que está a questão.

            É evidente que nenhum prazer poderá jamais substituir uma relação sexual de amor. E é isso o que irrita em certos artistas: eles acabam por se safisfazer solitariamente. Não são capazes, depois de encontrar a síntese, de jogá-la aos peixes, como faz Picasso diariamente, e sair para outra - e não por insatisfação pura e simples: porque sabe intuitivamente que quem acha vive se perdendo, como filosofou Noel Rosa. O negócio é a busca. Aí que a vida incute.

            Eu conheço artistas que não se dão mais sequer o trabalho de mergulhar no que fazem, no ato de criar. Trabalham mecanicamente, a partir de um métier adquirido, e elaboram sua obra dentro de esquemas predeterminados por uma síntese atingida. E ficam jogando boxe com a sombra, justificando-se de sua impotência criadora com a auto-satisfação do próprio virtuosismo; aparentemente vaidoso de sua rigidez temática, mas no fundo sabendo que se encontram diante desse fatal impasse em que esbarram sempre os que se recusam às fontes mais generosas da vida e da criação.

            Há amigos de Picasso, e a um eu conheci, que o acusam de avarento. Mas certamente não com sua vida e sua arte. Já ouvi toda sorte de histórias a seu respeito: de que guarda a fortuna em casa, dentro de uma arca, e fica a contar e recontar moedas como um usurário de teatro. Histórias absurdas, evidentemente, para quem não deve ter a menor noção do valor do dinheiro; cujos guardanapos e toalhas, que ficava riscando à toa, eram disputados a tapa pelos garçons dos restaurantes onde comia em Cannes. Mas fosse isso verdade - esse horrível pecado que é a avareza - e não seria uma ínfima anomalia neurótica, desculpável, portanto, num homem que criou a maior obra de arte do seu século? Quem fez mais que ele, que revolucionou toda a estética da arte contemporânea e se colocou, chegando o momento, do único lado certo - aquele contra os inimigos do homem e da cultura? Hoje, beirando os noventa, o velho minotauro, ainda sadio, ainda pintando, pode dizer: "Criei um mundo!" E não, bem certo, porque tivesse sido avaro com sua vida. Fecundou mulheres, teve filhos, fez amigos e discípulos por toda parte. Prodigalizou seu sêmen. Foi um homem.


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      VINICIUS DE MORAES  - Página 15 Empty Re: VINICIUS DE MORAES

      Mensaje por Maria Lua Jue 19 Mayo 2022, 15:25

        El hijo que quiero tenerEs común que soñemos, lo séCuando llegue la nochePorque también di un sueñoUn hermoso sueño de morirVeo una cuna y en ella me inclinoCon el llanto corriendoY así, llorando, acariciandoEl hijo que quiero tenerDuerme, pequeñoDormir, la noche se acercaTu padre está muy soloDe tanto amor que tieneDe repente lo veo girarEn un chico como yoQue viene corriendo por ahí besándomeCuando llego de donde vengoUn chico siempre me preguntaA por qué eso no tiene finUn hijo que sólo te importaY a aquellos que simplemente dicen que síDuerme, chico traviesoSueño, la vida está llegandoTu padre está muy cansadoPor tanto dolor que tieneCuando la vida finalmente quiere llevarmePor todo lo que me has dadoSiente su barba frotarmeEn el beso final tuyoY mientras sientes que tu mano sellandoMi mirada en tus ojosOyendo su voz arrullándomeEn una ola de despedidaDuerme, mi padre, sin cuidadoDuerme al anochecerTu hijo sueña despiertoCon el hijo que quiere tener.


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      VINICIUS DE MORAES  - Página 15 Empty Re: VINICIUS DE MORAES

      Mensaje por Maria Lua Jue 02 Jun 2022, 08:29

      ACONTECIMENTO



      Rio de Janeiro , 2004



      Haverá na face de todos um profundo assombro 
      E na face de alguns, risos sutis cheios de reserva 
      Muitos se reunirão em lugares desertos 
      E falarão em voz baixa em novos possíveis milagres 
      Como se o milagre tivesse realmente se realizado 
      Muitos sentirão alegria 
      Porque deles é o primeiro milagre 
      Muitos sentirão inveja 
      E darão o óbolo do fariseu com ares humildes 
      Muitos não compreenderão 
      Porque suas inteligências vão somente até os processos 
      E já existem nos processos tantas dificuldades... 
      Alguns verão e julgarão com a alma 
      Outros verão e julgarão com a alma que eles não têm 
      Ouvirão apenas dizer... 
      Será belo e será ridículo 
      Haverá quem mude como os ventos 
      E haverá quem permaneça na pureza dos rochedos. 
      No meio de todos eu ouvirei calado e atento, comovido e risonho 
      Escutando verdades e mentiras 
      Mas não dizendo nada. 
      Só a alegria de alguns compreenderem bastará 
      Porque tudo aconteceu para que eles compreendessem 
      Que as águas mais turvas contêm às vezes as pérolas mais belas.


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      Mensaje por Maria Lua Mar 07 Jun 2022, 09:26

      OS TRISTES DESCAMINHOS



      Rio de Janeiro, Jornal do Brasil, 31/12/1969



           Quanto tempo, meu Deus, vai-se passar ainda até que um homem, rodando por essas estradas brasileiras de conservação tão precária, mas assim mesmo tão lindas, possa-se dizer, como se diz um americano, um alemão, um russo, um holandês, um canadense, um sueco - e pelo menos isto: não há fome? Até quando essas faces terrosas, esses olhos opacos, esses braços finos, essa pasmaceira filha de uma longa indigência sem remédio? Quando virá o dia em que, ao se parar num botequim para um café, não nos chegará de mão estendida uma criança imunda e endefluxada a nos exigir uma esmola com um duro olhar adulto? Ou um idiota de boca torta, os braços ainda saudosos da posição fetal, para nos dizer de sua angústia em sons afásicos, fazendo-nos olhar para outro lado como se não o estivéssemos vendo? Sim, porque o que é que adianta ver?


            São seres humanos, patrícios nossos, que tiveram a desgraça de ser concebidos na miséria, de semente já enfraquecida por endemias e carências - e isto numa terra vasta e generosa, em que se plantando, tudo dá. Ficam parados à porta dos casebres e das tendinhas, ou estão sempre em marcha ao longo das rodovias, transportando suas avitaminoses, seus vermes intestinais, sua dor de dentes crônica, para ir trabalhar num roçado cinco léguas adiante. E à noitinha voltam, silenciosos e apressados, pelas mesmas estradas, para o prato sem proteínas que lhes serve urna velha mulher jovem, a quem faltam os incisivos, enquanto no chão de terra batida choraminga sobre os próprios excrementos o último fruto de sua triste condição. Porque, sim! Constituem, em sua sórdida pobreza, um casal: a célula da criação; um casal que, um amparado no outro, segue em frente, na direção onde o levam a vida e a necessidade, repartindo o trabalho, a comida, o sonho. Sonho? - que sonho? Um casal capaz de criar, produzir, vender, ganhar, ter uma casinha com uma cama, uma mesa, um fogão a lenha e uma privada. Capaz de comprar uma merendeira para a filhinha que vai à escola. Escola? - que esperança!



            Não, não são seres humanos. São bichos. É um verme humano, uma lombriga de calça e suspensórios, um ascarídeo que leva outro dentro. Cobrem o teto e a cabeça com palha, fumam palha, dormem sobre palha, são palha eles próprios - palha seca que se desfaz à simples fricção dos dedos.



            Por que me apiedo deles? O que posso eu fazer por eles quando acima, muito acima de mim, muito acima do meu país, erguem-se forças cujo fragílimo equilíbrio reside em sua própria capacidade de destruição; forças cuja agressividade já independe, porque ultrapassaram todos os limites do cognoscível, forças que se podem desencadear num átimo por excesso de tensão?



            No entanto, corta-me o peito vê-los em exposição como figuras de barro de um mau artista folclórico, acocorados onde os larga sua imemorial fadiga, pitando e cuspindo a saliva grossa do fumo de rolo, portadores, quase sempre, de conjuntivite crônica, às vezes rindo um riso matreiro com as gengivas desdentadas. Matreiro, por quê? Que espécie de inteligência podem ter senão a do instinto aguçado pela necessidade de sobrevivência, que lhes faz preciso o machado, rápida a foice, fulminante a faca que mata para não morrer?



            São patrícios nossos, que não têm voz e não têm vez. Em suas vísceras carcomidas se gera lentamente o câncer, alimentado, também, por uma progressiva indiferença. Que adianta lutar? A única coisa a fazer é o gesto de cortar ou ceifar, levar a mão à boca e virar de um golpe a pinga ruim, onde fermenta a cólera assassina, deslocar os ossos da companheira esquálida num breve ato de prazer animal. Prazer? - que prazer? E conformar-se ao ver-lhe o ventre, já inchado de farinha, inchar mais, inchar mais, até, numa primeira lua nova, expelir um feto natimorto, ou destinado a morrer no primeiro ano de vida, quando não vinga por milagre para repetir, anos mais tarde, aquela mesma miserável mímica.



            Que tristeza! E aí estão eles, pelas estradas do Brasil adentro, pobres imagens de cerâmica barata toscamente esculpidas. Às vezes, à porta do barraco, ponteiam sem emoção sons de viola e cantam toadas trêmulas, que falam da mesmice de sua vida, ou amores trágicos e valentias justiceiras, tendo como únicos ouvintes uma lua, no céu, um mocho num galho, uma aranha em sua teia, um vira-lata amigo, com as costelas à mostra.



            Um dia, amanhecem mortos. Morreram de nó na tripa, transnominação eufemística para o câncer, a ruptura de hérnia, o vôlvulo, a úlcera gástrica, a cirrose hepática. E são enterrados em cova rasa, no cemiteriozinho mais próximo: primeira e última generosidade do dono de terra para quem trabalham; senão, é abrir um buraco por ali mesmo e jogar o defunto dentro. Deixam para trás uma nova meretriz, que vende a pele frouxa e os seios deflatados para sustentar a prole. São gente sem história.



            Meu amor, acorda, não me deixes, só, nesta sala noturna, a escrever estas tristezas. Não me deixes mais recordar esses casebres pobres de beira-estrada onde dormem e morrem irmãos meus em quem se descoloriu o sangue. Eu os estou vendo agora, dentro da noite negra a mugir inaudivelmente sua indiferença, os magros corpos magoados pela tábua dura das enxergas. Eles não sabem por que vieram, não sabem por que permanecem, não sabem para onde vão. Eles só sabem de uma coisa: ninguém se lembra deles, e eu também não quero lembrar mais. Vem, amiga, me serve um uísque, dose dupla, muito gelo. E põe depressa um disco dos Beatles na vitrola.


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      o un ciego soñando
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      siendo guardián en tu cielo
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      Mensaje por Maria Lua Vie 10 Jun 2022, 17:36

      En la melancolía de tus ojos
      Yo siento la noche inclinándose

      Y oigo las cantigas antiguas

      Del mar.



      En los fríos espacios de tus brazos
      Yo me pierdo en caricias de agua

      Y duermo escuchando en vano

      El silencio.

      Y anhelo en tu misterioso seno

      En la atonía de las ondas redondas

      Náufrago entregado al flujo flerte
      De la muerte.



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      Mensaje por Maria Lua Lun 20 Jun 2022, 09:48

      ALBA



      Rio de Janeiro , 1935





      Alba, no canteiro dos lírios estão caídas as pétalas de uma rosa cor de sangue

      Que tristeza esta vida, minha amiga...

      Lembras-te quando vínhamos na tarde roxa e eles jaziam puros

      E houve um grande amor no nosso coração pela morte distante?

      Ontem, Alba, sofri porque vi subitamente a nódoa rubra entre a carne pálida ferida

      Eu vinha passando tão calmo, Alba, tão longe da angústia, tão suavizado

      Quando a visão daquela flor gloriosa matando a serenidade dos lírios entrou em mim

      E eu senti correr em meu corpo palpitações desordenadas de luxúria.

      Eu sofri, minha amiga, porque aquela rosa me trouxe a lembrança do teu sexo que eu não via

      Sob a lívida pureza da tua pele aveludada e calma

      Eu sofri porque de repente senti o vento e vi que estava nu e ardente

      E porque era teu corpo dormindo que existia diante de meus olhos.

      Como poderias me perdoar, minha amiga, se soubesses que me aproximei da flor como um perdido

      E a tive desfolhada entre minhas mãos nervosas e senti escorrer de mim o sêmen da minha volúpia?

      Ela está lá, Alba, sobre o canteiro dos lírios, desfeita e cor de sangue

      Que destino nas coisas, minha amiga!

      Lembras-te quando eram só os lírios altos e puros?

      Hoje eles continuam misteriosamente vivendo, altos e trêmulos

      Mas a pureza fugiu dos lírios como o último suspiro dos moribundos

      Ficaram apenas as pétalas da rosa, vivas e rubras como a tua lembrança

      Ficou o vento que soprou nas minhas faces e a terra que eu segurei nas minhas mãos.


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      Mensaje por Maria Lua Dom 03 Jul 2022, 14:20

      A una mujer
       
      Cuando entró la madrugada extendí mi pecho sobre tu pecho.
      Estabas temblorosa y tu rostro pálido y tus manos frías
      Y la angustia del regreso habitaba ya en tus ojos.
      Tuve piedad de tu destino que era morir en mi destino
      Quise librar por un segundo de ti el peso de la carne.
      Quise besarte en un vago cariño agradecido.
      Pero cuando mis labios tocaron tus labios
      Comprendí que la muerte ya estaba en tu cuerpo
      Y que era preciso huir para no perder el único instante
      En que fuiste realmente la ausencia del sufrimiento
      En que realmente fuiste la calma.
       
       *******************
       
       
      A uma mulher
       
      Quando a madrugada entrou eu estendi o meu peito nu sobre o teu peito
      Estavas trêmula e teu rosto pálido e tuas mãos frias
      E a angústia do regresso morava já nos teus olhos.
      Tive piedade do teu destino que era morrer no meu destino
      Quis afastar por um segundo de ti o fardo da carne
      Quis beijar-te num vago carinho agradecido.
      Mas quando meus lábios tocaram teus lábios
      Eu compreendi que a morte já estava no teu corpo
      E que era preciso fugir para não perder o único instante
      Em que foste realmente a ausência de sofrimento
      Em que realmente foste a serenidade.


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      Mensaje por Maria Lua Dom 03 Jul 2022, 14:21

      La ausente
       
      Amiga, infinitamente amiga
      En algún lugar tu corazón late por mí
      En algún lugar tus ojos se cierran al recuerdo de los míos.
      En algún lugar tus manos se contraen, tus senos
      Se llenan de leche, desfalleces y caminas
      Como ciega a mi encuentro…
      Amiga, última dulzura
      La tranquilidad suavizó mi piel
      Y mis cabellos. Sólo mi vientre
      Te espera, lleno de raíces y de sombras.
      Ven, amiga
      Mi desnudez es absoluta
      Mis ojos son espejos para tu deseo
      Y mi pecho es tablero de suplicios.
      Ven. Mis músculos son dulces para tus dientes
      Y áspera está mi barba. Ven a sumergirte en mí
      Como en el mar, ven a nadar en mí como en el mar
      Ven a ahogarte en mí, amiga mía
      En mí como en el mar…
       
       ************************
       
       
      A ausente
       
      Amiga, infinitamente amiga
      Em algum lugar teu coração bate por mim
      Em algum lugar teus olhos se fecham à idéia dos meus.
      Em algum lugar tuas mãos se crispam, teus seios
      Se enchem de leite, tu desfaleces e caminhas
      Como que cega ao meu encontro…
      Amiga, última doçura
      A tranqüilidade suavizou a minha pele
      E os meus cabelos. Só meu ventre
      Te espera, cheio de raízes e de sombras.
      Vem, amiga
      Minha nudez é absoluta
      Meus olhos são espelhos para o teu desejo
      E meu peito é tábua de suplícios
      Vem. Meus músculos estão doces para os teus dentes
      E áspera é minha barba. Vem mergulhar em mim
      Como no mar, vem nadar em mim como no mar
      Vem te afogar em mim, amiga minha
      Em mim como no mar…


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      Mensaje por Maria Lua Dom 03 Jul 2022, 14:24

      El autor y su obra

      Con Vinicius de Moraes, la poesía moderna brasileña deja de ser privilegio de aficionados para alcanzar al gran público. Su actividad como compositor de letras de bossa-nova, además de haber enriquecido la música popular con obras primas, hizo que sus libros de poesía fuesen buscados por los que se deleitaban con canciones como “Garota de Ipanema” o “Se todos fossem iguais a vocé”, entre otras. Con su lirismo tierno y sensual, Vinicius se tornó el más popular de los poetas brasileños contemporáneos.
      Nacido en Gávea, Río de Janeiro, el 19 de octubre de 1913, Marcus Vinitius da Cruz de Melo Moraes vivió de los cinco a los catorce años en la Isla del Gobernador. Ahí, en la vida libre, el contacto con la naturaleza y la presencia del mar tuvieron influencia decisiva en la formación de su sensibilidad poética. Era, al mismo tiempo, un gran lector, devorando autores como Julio Verne, Zévaco, Bilac y Coelho Neto. A la edad de siete años compone sus primeras cuartetas y composiciones líricas.

      La música lo atrae desde temprano y aún en el colegio Santo Inácio, de los jesuitas, participó con su violón en un pequeño grupo que tocaba en fiestas. En 1930 entró a la Facultad Nacional de Derecho, ligándose al novelista Otávio de Faria y a San Tiago Dantas. A través de ellos, conoce las obras de los novelistas rusos, de los filósofos Nietzsche, Pascal y Kierkegaard, y del dramaturgo Ibsen. Adquirió, entonces, una postura nítidamente espiritualista y aristócrata. En el decir del propio Vinicius, ese periodo representa una “zambullida en lo sublime”.

      El poeta supo mantener siempre un alto nivel de creatividad y, en el fondo, siguió una vocación delineada desde su adolescencia.


      El camino para la distancia (O Camino para a Distancia, 1933), su libro de estreno, trae la marca de una religiosidad neosimbolista. Con Forma y exégesis (1935) conquista el premio de la Sociedad Felipe d’Oliveira. Al año siguiente, lanzó una plaquette con un largo poema, Ariana, la mujer. Con su talento ya reconocido, publicó, en 1938, Nuevos poemas. Surge un nuevo tono en su poesía que se consolidará con un lenguaje ardiente y directo en Cinco elegías (1943).
      En septiembre de 1938 se trasladó a la Universidad de Oxford para estudiar lengua y literatura inglesas. En Inglaterra, se casó con Beatriz Azevedo. La guerra comenzó y el poeta regresó a Brasil. Se dedicó a la crítica de cine y, en 1943, ingresó al Ministerio de Relaciones Exteriores.
      Poemas, sonetos y baladas surgió el año de 1946 cuando seguía, en la condición de vicecónsul, en Los Ángeles, Estados Unidos, donde permaneció cinco años. Frecuentó Hollywood y se tornó amigo de Orson Welles. Conoció también a Alex Viany y juntos hicieron la revista Filme, que tuvo apenas dos números, pero alcanzó repercusión internacional. De vuelta en Brasil, en 1951, continuó escribiendo crítica de cine. En 1954, al mismo tiempo en que se publicaba su Antología poética, una pieza de su autoría, Orfeu da Conceição, era premiada por la Comisión del IV Centenario de Sao Paulo.
      Montada al año siguiente en el Teatro Municipal, con música de Tom Jobim y escenario de Niemeyer, fue transformada en el filme Orfeu Negro, dirigida por Marcel Camus, que conquistó la Palma de Oro en el Festival de Cannes en 1959. Fue el esplendoroso periodo del bossa-nova que acabó por dar a la música brasileña renombre internacional.
      Vinicius se entregó con pasión a la música. De allí en adelante, la crónica, la poesía y la canción se alternaban, ocupando todo su tiempo y energía creadora. Al optar por la carrera de compositor de letras, levantó una cierta polémica, llegando hasta los “puristas” de la literatura. Entretanto, el poeta supo mantener siempre un alto nivel de creatividad y, en el fondo, siguió una vocación delineada desde su adolescencia.
      El itinerario poético de Vinicius revela una enorme transformación: del espiritualismo sublimado de los primeros libros llegó a la fuerza erótica de obras como Cinco elegías y Poemas, sonetos y baladas. Su temática se abrió también hacia el campo social, donde dejó un poema ejemplar por su equilibrio entre contenido participante y pericia formal: “El obrero en construcción”.
      Para vivir un gran amor (1962) reúne poemas y varias crónicas escritas para el diario Última Hora, a partir de 1959. En ese libro conjuga una visión lírica capaz de descubrir belleza en las cosas de manera aparente banales, la revelación del instante creador, evocaciones de infancia, evidencias de lo cotidiano y, sobre todo, el sentimiento amoroso. Al fallecer, en 1980, Vinicius de Moraes dejó una inmensa laguna en la vida cultural de Brasil.


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      Mensaje por Maria Lua Dom 03 Jul 2022, 14:39

      Breve reseña de “Garota de Ipanema”

      Con letra de Vinicius de Moraes y música de Antonio Carlos Jobim, “Garota de Ipanema” (1962) pertenece al movimiento bossa-nova. Originalmente se llamó “Menina que passa” y estuvo pensada para una comedia musical titulada Dirigível, una obra en la que estaba trabajando Vinicius de Moraes. El 19 de marzo de 1963 se realizó la grabación para la discográfica Verve por Stan Getz y Joao Gilberto, con Tom Jobim al piano.
      Los versos primigenios eran diferentes a la versión definitiva posterior, que Jobim y Vinicius cambiaron por no sentirse conformes con ella. Estando ellos en el Bar Veloso (hoy Garota de Ipanema), decidieron rebautizar la canción y dedicar los versos a una muchacha que solía pasar rumbo a la plaza. (En 1965, Jobim y Vinicius confesaron que la musa inspiradora se llamaba Heloísa Menezes Paes Pinto, “el paradigma de tipo carioca”). En 1963, Norman Gimbel adaptó la letra al inglés y la grabación de Astrud Gilberto, Joao Gilberto y Stan Getz se convirtió en éxito mundial.











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      Mensaje por Maria Lua Vie 08 Jul 2022, 15:36

      Se todos fossem iguais a você



      Vai tua vida,
      Teu caminho é de paz e amor
      Vai tua vida é uma linda canção de amor
      Abre os teus braços
      E canta a última esperança
      A esperança divina de amar em paz

      Se todos fossem iguais a você
      Que maravilha viver
      Uma canção pelo ar,
      Uma mulher a cantar
      Uma cidade a cantar,
      A sorrir, a cantar, a pedir
      A beleza de amar
      Como o sol,
      Como a flor,
      Como a luz
      Amar sem mentir,
      Nem sofrer

      Existiria verdade,
      Verdade que ninguém vê
      Se todos fossem no mundo iguais a você


      ****************


      Si todos fuesen iguales a ti



      Vive tu vida
      Tu camino es de paz y amor
      Vive tu vida, una linda canción de amor
      Abre tus brazos
      Y canta la última esperanza
      La esperanza divina de amar en paz
      Si todos fuesen iguales a ti
      Qué maravilla vivir
      Una canción al llegar
      Una mujer al cantar
      Una ciudad al cantar
      Al reír, al cantar, al pedir
      La belleza de amar
      Como el sol
      O la flor
      O la luz
      Amar sin mentir
      Ni sufrir
      Existiría la verdad
      Verdad que no hay por ahí
      Si todos fuesen un día iguales a ti.


      _________________



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      VINICIUS DE MORAES  - Página 15 Empty Re: VINICIUS DE MORAES

      Mensaje por Maria Lua Lun 11 Jul 2022, 09:55

      • Canção do Amor Demais



        Quero chorar porque te amei demais
        Quero morrer porque me deste a vida
        Oh meu amor, será que nunca hei de ter paz
        Será que tudo que há em mim
        Só quer sentir saudade


        E já nem sei o que vai ser de mim
        Tudo me diz que amar será meu fim
        Que desespero traz o amor
        Eu nem sabia o que era o amor
        Agora sei porque não sou feliz




        ***************************





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      Quiero llorar porque te amé demasiado,
      quiero morir porque me diste la vida,
      ay, amor mío, ¿será que nunca he de tener paz?
      Será que todo lo que hay en mí
      sólo quiere decir saudade...


      Y ya ni sé lo que va a ser de mí,
      todo me dice que amar será mi fin...
      Qué desespero trae el amor,
      yo que no sabía lo que era el amor,
      ahora lo sé porque no soy feliz.


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      o un ciego soñando
      y en ese vuelo y en ese sueño
      compartir contigo sol y luna,
      siendo guardián en tu cielo
      y tren de tus ilusiones."
      (Hánjel)





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      Mensaje por clara_fuente Dom 31 Jul 2022, 05:37

      Maria Lua escribió:En la melancolía de tus ojos
      Yo siento la noche inclinándose

      Y oigo las cantigas antiguas

      Del mar.



      En los fríos espacios de tus brazos
      Yo me pierdo en caricias de agua

      Y duermo escuchando en vano

      El silencio.

      Y anhelo en tu misterioso seno

      En la atonía de las ondas redondas

      Náufrago entregado al flujo flerte
      De la muerte.


      Maria Lua te agradezco el trabajo que haces con este  poeta. Me gusta mucho la sensibilidad de sus versos y disfruto cuando lo leo.
      Felices días y un fuerte abrazo, Clara
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      Mensaje por Maria Lua Dom 31 Jul 2022, 09:28

      GRacias, querida Clara!
      Para ti: un poema de Vinicius de Moraes, con la  música de Tom Jobim)
       








                         SE TODOS FOSSEM IGUAIS A VOCÊ
       
                         Vai tua vida
                         Teu caminho é de paz e amor
                         Vai tua vida é uma linda canção de amor
                        Abre os teus braços
                         E canta a última esperança
                         A esperança divina de amar em paz

       
                         Se todos fossem iguais a você
                         Que maravilha viver
                         Uma canção pelo ar
                         Uma mulher a cantar
                         A sorrir, a cantar, a pedir
                         A beleza de amar
                         Como o sol

                         Como a flor
                         Como a luz
                         Amar sem mentir
                         Nem sofrer

       
                         Existiria verdade
                         Verdade que ninguém vê
                         Se todos fossem iguais a você

       
      ****************************


      SI TODOS FUESEN IGUALES A TI
       

       
      Vive tu vida
      Tu caminho es de paz y amor
      Vive tu vida, una linda canción de amor
      Abre tus brazos
      Y canta la última esperanza
      La esperanza divina de amar en paz

       
      Si todos fuesen iguales a tí
      Qué maravilla vivir
      Una canción al llegar
      Una mujer al cantar
      Una ciudad al cantar
      Al reír, al cantar, al pedir
      La belleza de amar
      Como el sol
      O la flor
      O la luz
      Amar sin mentir
      Ni sufrir

       
      Existiría la verdade
      Verdad que no hay por ahí
      Si todos fuesen iguales a tí.

       


      _________________



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      Mensaje por Maria Lua Jue 04 Ago 2022, 21:22

      Ausência


      Eu vou deixar que morra em mim,
      O desejo de amar teus olhos que são doces,
      Porque nada poderei te dar,
      Senão a mágoa de me veres eternamente exausto.
      No entanto, a tua presença é qualquer coisa como a luz e a vida
      E eu sinto que em meu gesto existe o teu gesto,
      E em minha voz, a tua voz
      Não te quero ter,
      Porque em meu ser tudo estaria terminado,
      Quero que só surjas em mim como a fé nos desesperados
      Para que eu possa levar uma gota de orvalho nesta terra amaldiçoada,
      Que ficou sobre a minha carne como uma nódoa do passado.
      Eu deixarei,
      Tu irás e encostarás tua face em outra face,
      teus dedos enlaçarão outros dedos,
      E tu desabrocharás para a madrugada.
      Mas tu não saberás que quem te colheu fui eu,
      Porque eu fui o grande íntimo da noite,
      Porque eu encostei a minha face na face da noite, e ouvi sua fala amorosa,
      Porque os meus dedos enlaçaram os dedos da névoa suspensos no espaço,
      E eu trouxe até a mim, a misteriosa essência do teu abandono desordenado.
      Eu ficarei só como os veleiros nos portos silenciosos
      Mas eu te possuirei mais do que ninguém, porque poderei partir.
      E todas as lamentações do mar, dos céus, das aves, das estrelas,
      Serão a tua voz ausente,
      A tua voz presente,
      A tua voz serenizada.
       
       


      *****************************




      Ausencia




      Dejaré que muera en mí el deseo
      de amar tus ojos dulces,
      porque nada te podré dar sino la pena
      de verme eternamente exhausto.
      No obstante, tu presencia es algo
      como la luz y la vida.
      Siento que en mi gesto está tu gesto
      y en mi voz tu voz.
      No quiero tenerte porque en mi ser
      todo estará terminado.
      Sólo quiero que surjas en mí
      como la fe en los desesperados,
      para que yo pueda llevar una gota de rocío
      en esta tierra maldita
      que se quedó en mi carne
      como un estigma del pasado.
      Me quedaré... tu te irás,
      apoyarás tu rostro en otro rostro,
      tus dedos enlazarán otros dedos
      y  te desplegarás en la madrugada,
      pero no sabrás que fui yo quien te logró,
      porque yo fui el amigo más íntimo de la noche,
      porque apoyé mi rostro en el rostro de la noche
      y escuché tus palabras amorosas,
      porque mis dedos enlazaron los dedos
      en la niebla suspendidos en el espacio
      y acerqué a mí la misteriosa esencia
      de tu abandono desordenado.
      Me quedaré solo como los veleros
      en los puertos silenciosos.
      Pero te poseeré más que nadie
      porque podré irme
      y todos los lamentos del mar,
      del viento, del cielo, de las aves,
      de las estrellas, serán tu voz presente,
      tu voz ausente, tu voz sosegada.




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      VINICIUS DE MORAES  - Página 15 Empty Re: VINICIUS DE MORAES

      Mensaje por Maria Lua Dom 07 Ago 2022, 08:46

      IDADE MÉDIA

      Faze com que tua boca seja para mim água e não vinho
      E faze com que para mim teus seios peras e não cidras...
      Algum dia no teu ventre que eu vejo se estender como uma branca terra fecunda em lírios
      Deixarei a semente de gigantes arianos que atravessarão silenciosamente o Volga
      E que as cabeceiras de seda voando, as lanças de ouro voando, cavalgarão doidamente contra a Lua...


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      Mensaje por Maria Lua Dom 07 Ago 2022, 08:58

      A VIDA VIVIDA

      Quem sou eu senão um grande sonho obscuro em face do Sonho
      Senão uma grande angústia obscura em face da Angústia
      Quem sou eu senão a imponderável árvore dentro da noite imóvel
      E cujas presas remontam ao mais triste fundo da terra?

      De que venho senão da eterna caminhada de uma sombra
      Que se destrói à presença das fortes claridades
      Mas em cujo rastro indelével repousa a face do mistério
      E cuja forma é prodigiosa treva informe?

      Que destino é o meu senão o de assistir ao meu Destino
      Rio que sou em busca do mar que me apavora
      Alma que sou clamando o desfalecimento
      Carne que sou no âmago inútil da prece?

      O que é a mulher em mim senão o Túmulo
      O branco marco da minha rota peregrina
      Aquela em cujos braços vou caminhando para a morte
      Mas em cujos braços somente tenho vida?

      O que é o meu amor, ai de mim! senão a luz impossível
      Senão a estrela parada num oceano de melancolia
      O que me diz ele senão que é vã toda a palavra
      Que não repousa no seio trágico do abismo?

      O que é o meu Amor? senão o meu desejo iluminado
      O meu infinito desejo de ser o que sou acima de mim mesmo
      O meu eterno partir da minha vontade enorme de ficar
      Peregrino, peregrino de um instante, peregrino de todos os instantes?

      A quem respondo senão a ecos, a soluços, a lamentos
      De vozes que morrem no fundo do meu prazer ou do meu tédio
      A quem falo senão a multidões de símbolos errantes
      Cuja tragédia efêmera nenhum espírito imagina?

      Qual é o meu ideal senão fazer do céu poderoso a Língua
      Da nuvem a Palavra imortal cheia de segredo
      E do fundo do inferno delirantemente proclamá-los
      Em Poesia que se derrame como sol ou como chuva?

      O que é o meu ideal senão o Supremo Impossível
      Aquele que é, só ele, o meu cuidado e o meu anelo
      O que é ele em mim senão o meu desejo de encontrá-lo
      E o encontrando, o meu medo de não o reconhecer?

      O que sou eu senão ele, o Deus em sofrimento
      O temor imperceptível na voz portentosa do vento
      O bater invisível de um coração no descampado...
      O que sou eu senão Eu Mesmo em face de mim?


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      Mensaje por Maria Lua Dom 07 Ago 2022, 14:51

      Lembras-te, Di
                  Cavalcanti, Di 
                  Amante da noite 
                  Di superior 
                  Ao dia, diante 
                  Do amor, ante 
                  Rior ao México 
                  Anterior a tudo 
                  Di sem hora de 
                  Boina se rindo 
                  Se rindo de 
                  Consuelo de 
                  Saint-Exupéry 
                  E do sargento 
                  Tirso Di de 
                  Madrugada chegando 
                  Da Rádio Di 
                  De la Coupole 
                  Bebendo champagne 
                  Dez francos a taça 
                  Diagrama de Di 
                  Mi sol si ré lá 
                  Bordão que eu vi 
                  Ébrio de seios 
                  Ventre coxas Di 
                  Di de Montparnasse 
                  Di de Paris. 


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      VINICIUS DE MORAES  - Página 15 Empty Re: VINICIUS DE MORAES

      Mensaje por Maria Lua Sáb 13 Ago 2022, 08:46

      PÁTRIA MINHA




      A minha pátria é como se não fosse, é íntima 
      Doçura e vontade de chorar; uma criança dormindo 
      É minha pátria. Por isso, no exílio 
      Assistindo dormir meu filho 
      Choro de saudades de minha pátria. 


      Se me perguntarem o que é a minha pátria, direi: 
      Não sei. De fato, não sei 
      Como, por que e quando a minha pátria 
      Mas sei que a minha pátria é a luz, o sal e a água 
      Que elaboram e liquefazem a minha mágoa 
      Em longas lágrimas amargas. 


      Vontade de beijar os olhos de minha pátria 
      De niná-la, de passar-lhe a mão pelos cabelos... 
      Vontade de mudar as cores do vestido (auriverde!) tão feias 
      De minha pátria, de minha pátria sem sapatos 
      E sem meias, pátria minha 
      Tão pobrinha! 


      Porque te amo tanto, pátria minha, eu que não tenho 
      Pátria, eu semente que nasci do vento 
      Eu que não vou e não venho, eu que permaneço 
      Em contato com a dor do tempo, eu elemento 
      De ligação entre a ação e o pensamento 
      Eu fio invisível no espaço de todo adeus 
      Eu, o sem Deus! 


      Tenho-te no entanto em mim como um gemido 
      De flor; tenho-te como um amor morrido 
      A quem se jurou; tenho-te como uma fé 
      Sem dogma; tenho-te em tudo em que não me sinto a jeito 
      Nesta sala estrangeira com lareira 
      E sem pé-direito. 


      Ah, pátria minha, lembra-me uma noite no Maine, Nova Inglaterra 
      Quando tudo passou a ser infinito e nada terra 
      E eu vi alfa e beta de Centauro escalarem o monte até o céu 
      Muitos me surpreenderam parado no campo sem luz 
      À espera de ver surgir a Cruz do Sul 
      Que eu sabia, mas amanheceu... 


      Fonte de mel, bicho triste, pátria minha 
      Amada, idolatrada, salve, salve! 
      Que mais doce esperança acorrentada 
      O não poder dizer-te: aguarda... 
      Não tardo! 


      Quero rever-te, pátria minha, e para 
      Rever-te me esqueci de tudo 
      Fui cego, estropiado, surdo, mudo 
      Vi minha humilde morte cara a cara 
      Rasguei poemas, mulheres, horizontes 
      Fiquei simples, sem fontes. 


      Pátria minha... A minha pátria não é florão, nem ostenta 
      Lábaro não; a minha pátria é desolação 
      De caminhos, a minha pátria é terra sedenta 
      E praia branca; a minha pátria é o grande rio secular 
      Que bebe nuvem, come terra 
      E urina mar. 


      Mais do que a mais garrida a minha pátria tem 
      Uma quentura, um querer bem, um bem 
      Um libertas quae sera tamen 
      Que um dia traduzi num exame escrito: 
      "Liberta que serás também" 
      E repito! 


      Ponho no vento o ouvido e escuto a brisa 
      Que brinca em teus cabelos e te alisa 
      Pátria minha, e perfuma o teu chão... 
      Que vontade me vem de adormecer-me 
      Entre teus doces montes, pátria minha 
      Atento à fome em tuas entranhas 
      E ao batuque em teu coração. 


      Não te direi o nome, pátria minha 
      Teu nome é pátria amada, é patriazinha 
      Não rima com mãe gentil 
      Vives em mim como uma filha, que és 
      Uma ilha de ternura: a Ilha 
      Brasil, talvez. 


      Agora chamarei a amiga cotovia 
      E pedirei que peça ao rouxinol do dia 
      Que peça ao sabiá 
      Para levar-te presto este avigrama: 
      "Pátria minha, saudades de quem te ama… 
      Vinicius de Moraes."


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      Mensaje por Maria Lua Mar 16 Ago 2022, 08:55

      POEMA PARA TODAS AS MULHERES


      No teu branco seio eu choro.
      Minhas lágrimas descem pelo teu ventre
      E se embebedam do perfume do teu sexo.
      Mulher, que máquina és, que só me tens desesperado
      Confuso, criança para te conter!
      Oh, não feches os teus braços sobre a minha tristeza não!
      Ah, não abandones a tua boca à minha inocência, não!
      Homem sou belo
      Macho sou forte, poeta sou altíssimo
      E só a pureza me ama e ela é em mim uma cidade e tem mil e uma portas.
      Ai! teus cabelos recendem à flor da murta
      Melhor seria morrer ou ver-te morta
      E nunca, nunca poder te tocar!
      Mas, fauno, sinto o vento do mar roçar-me os braços
      Anjo, sinto o calor do vento nas espumas
      Passarinho, sinto o ninho nos teus pelos...
      Correi, correi, ó lágrimas saudosas
      Afogai-me, tirai-me deste tempo
      Levai-me para o campo das estrelas
      Entregai-me depressa à lua cheia
      Dai-me o poder vagaroso do soneto, dai-me a iluminação das odes, dai-me o cântico dos cânticos
      Que eu não posso mais, ai!
      Que esta mulher me devora!
      Que eu quero fugir, quero a minha mãezinha quero o colo de Nossa Senhora!


      **********************


      Poema para todas las mujeres



      Sobre tus blancos pechos lloro,
      mis lágrimas bajan por tu vientre
      y se embriagan del perfume de tu sexo.
      ¿Mujer, qué máquina eres, que solo me tienes desesperado
      confuso, niño para contenerte?
      ¡Ah, no cierres tus brazos sobre mi tristeza, no!
      ¡Ah, no abandones tu boca a mi inocencia, no!
      Hombre, soy bello, Macho, soy fuerte; poeta soy altísimo
      y sólo la pureza me ama y ella es en mí, una ciudad
      y tiene allí mil y una puertas.
      ¡Ay! tus cabellos huelen a la flor del mirto
      ¡Mejor sería morir o verte muerta
      y nunca, nunca más poder tocarte!
      Pero, fauno, siento el viento del mar rozarme los brazos
      Ángel, siento el calor del viento en las espumas
      Pájaro, siento el nido en tu vello
      ¡Corred, corred, oh lágrimas nostálgicas
      ahogadme, sacadme de este tiempo
      llevadme hacia el campo de las estrellas
      entregadme de prisa a la luna llena
      dadme el lento poder del soneto,
      dadme la iluminación de las odas
      dadme el cantar de los cantares.
      Que no puedo más, ¡Ay!¡que esta mujer me devora!
      ¡que yo quiero huir, quiero a mi mamita,
      quiero el regazo de Nuestra Señora!


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      o un ciego soñando
      y en ese vuelo y en ese sueño
      compartir contigo sol y luna,
      siendo guardián en tu cielo
      y tren de tus ilusiones."
      (Hánjel)





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      VINICIUS DE MORAES  - Página 15 Empty Re: VINICIUS DE MORAES

      Mensaje por Maria Lua Mar 16 Ago 2022, 09:00


      A BRUSCA POESIA DA MULHER AMADA


      Rio de Janeiro , 1938


      Longe dos pescadores os rios infindáveis vão morrendo de sede lentamente...
      Eles foram vistos caminhando de noite para o amor — oh, a mulher amada é como a fonte!

      A mulher amada é como o pensamento do filósofo sofrendo
      A mulher amada é como o lago dormindo no cerro perdido
      Mas quem é essa misteriosa que é como um círio crepitando no peito?
      Essa que tem olhos, lábios e dedos dentro da forma inexistente?

      Pelo trigo a nascer nas campinas de sol a terra amorosa elevou a face pálida dos lírios
      E os lavradores foram se mudando em príncipes de mãos finas e rostos transfigurados...

      Oh, a mulher amada é como a onda sozinha correndo distante das praias Pousada no fundo estará a estrela, e mais além.



      *******************


      La brusca poesía de la mujer amada


      Lejos de los pescadores los ríos interminables
      van muriendo de sed lentamente...
      Fueron vistos caminando de noche hacia el amor
      -¡oh, la mujer amada es como una fuente!
      La mujer amada es como el pensamiento del filósofo
      que sufre
      La mujer amada es como el lago que duerme en el cerro
      perdido.
      ¿Pero quién es esa misteriosa que es como un cirio
      crepitando en el pecho,
      Esa que tiene ojos, labios y dedos de formas inexistentes?
      Por el trigo naciente en los campos de sol la tierra
      amorosa elevó el rostro pálido de los lirios
      Y los labradores se fueron convirtiendo en príncipes
      de manos delicadas y rostros cambiantes...
      Oh, la mujer amada es como la ola solitaria que se forma
      distante de las playas,
      Posada mucho más allá del fondo estará la estrella.


      _________________



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      y en ese vuelo y en ese sueño
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      siendo guardián en tu cielo
      y tren de tus ilusiones."
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      Mensaje por Maria Lua Vie 19 Ago 2022, 20:26

      A CIDADE EM PROGRESSO



      Rio de Janeiro , 2004



      Rio de Janeiro
      (Ideal)
      (fragmento)
      O poeta parte no eterno renovamento.
      Mas seu destino é fugir sempre ao homem que ele traz em si.


      O poeta:
      Eu sonho a poesia dos gestos fisionômicos de um anjo!


      _________________



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      Mensaje por Maria Lua Vie 19 Ago 2022, 20:27

      A TORRE ESCURA TEM MELENAS...



      Rio de Janeiro , 2004



      A torre escura tem melenas
      Negras como um sexo à luz
      Santa; mariâmada!... Cenas
      Do meu amémjesus!

      A torre gótica tem olhos
      Que me flecham fixos de fé
      Versos, venerandos... broglios
      Do meu parcedomine!

      À meia-noite canta um sino
      Alongo, alento, dormi-vos
      Perversidade e latrocínio
      Do meu peromnibus!

      Mas ninguém diz-me: Surgetambula
      Ao meu decesso extemporário
      E ao ermo vaga a alma sonâmbula
      Em muito rumo vazio.


      _________________



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      VINICIUS DE MORAES  - Página 15 Empty Re: VINICIUS DE MORAES

      Mensaje por Maria Lua Sáb 20 Ago 2022, 10:10

      De su libro O CAMINHO PARA A DISTÂNCIA
      Rio de Janeiro, Schmidt Editora, 1933




      FIM



      Será que cheguei ao fim de todos os caminhos
      E só resta a possibilidade de permanecer?
      Será a Verdade apenas um incentivo à caminhada
      Ou será ela a própria caminhada?
      Terão mentido os que surgiram da treva e gritaram — Espírito!
      E gritaram — Coragem!
      Rasgarei as mãos nas pedras da enorme muralha
      Que fecha tudo à libertação?
      Lançarei meu corpo à vala comum dos falidos
      Ou cairei lutando contra o impossível que antolha-me os passos
      Apenas pela glória de tombar lutando?

      Será que eu cheguei ao fim de todos os caminhos...
      Ao fim de todos os caminhos?


      _________________



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      Mensaje por Maria Lua Sáb 20 Ago 2022, 10:11

      MÍSTICO


      O ar está cheio de murmúrios misteriosos
      E na névoa clara das coisas há um vago sentido de espiritualização...
      Tudo está cheio de ruídos sonolentos
      Que vêm do céu, que vêm do chão
      E que esmagam o infinito do meu desespero.

      Através do tenuíssimo de névoa que o céu cobre
      Eu sinto a luz desesperadamente
      Bater no fosco da bruma que a suspende.
      As grandes nuvens brancas e paradas —
      Suspensas e paradas
      Como aves solícitas de luz —
      Ritmam interiormente o movimento da luz:
      Dão ao lago do céu
      A beleza plácida dos grandes blocos de gelo.

      No olhar aberto que eu ponho nas coisas do alto
      Há todo um amor à divindade.
      No coração aberto que eu tenho para as coisas do alto
      Há todo um amor ao mundo.
      No espírito que eu tenho embebido das coisas do alto
      Há toda uma compreensão.

      Almas que povoais o caminho de luz
      Que, longas, passeais nas noites lindas
      Que andais suspensas a caminhar no sentido da luz
      O que buscais, almas irmãs da minha?
      Por que vos arrastais dentro da noite murmurosa
      Com os vossos braços longos em atitude de êxtase?
      Vedes alguma coisa
      Que esta luz que me ofusca esconde à minha visão?
      Sentis alguma coisa
      Que eu não sinta talvez?
      Porque as vossas mãos de nuvem e névoa
      Se espalmam na suprema adoração?
      É o castigo, talvez?

      Eu já de há muito tempo vos espio
      Na vossa estranha caminhada.
      Como quisera estar entre o vosso cortejo
      Para viver entre vós a minha vida humana...
      Talvez, unido a vós, solto por entre vós
      Eu pudesse quebrar os grilhões que vos prendem...

      Sou bem melhor que vós, almas acorrentadas
      Porque eu também estou acorrentado
      E nem vos passa, talvez, a ideia do auxílio.
      Eu estou acorrentado à noite murmurosa
      E não me libertais...
      Sou bem melhor que vós, almas cheias de humildade.
      Solta ao mundo, a minha alma jamais irá viver convosco.

      Eu sei que ela já tem o seu lugar
      Bem junto ao trono da divindade
      Para a verdadeira adoração.

      Tem o lugar dos escolhidos
      Dos que sofreram, dos que viveram e dos que compreend
      eram.


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      Mensaje por Maria Lua Sáb 20 Ago 2022, 10:12

      O ÚNICO CAMINHO



      No tempo em que o Espírito habitava a terra
      E em que os homens sentiam na carne a beleza da arte
      Eu ainda não tinha aparecido.
      Naquele tempo as pombas brincavam com as crianças
      E os homens morriam na guerra cobertos de sangue.
      Naquele tempo as mulheres davam de dia o trabalho da palha e da lã
      E davam de noite, ao homem cansado, a volúpia amorosa do corpo.

      Eu ainda não tinha aparecido.

      No tempo que vinham mudando os seres e as coisas
      Chegavam também os primeiros gritos da vinda do homem novo
      Que vinha trazer à carne um novo sentido de prazer
      E vinha expulsar o Espírito dos seres e das coisas.

      Eu já tinha aparecido.

      No caos, no horror, no parado, eu vi o caminho que ninguém via
      O caminho que só o homem de Deus pressente na treva.
      Eu quis fugir da perdição dos outros caminhos
      Mas eu caí.
      Eu não tinha como o homem de outrora a força da luta
      Eu não matei quando devia matar
      Eu cedi ao prazer e à luxúria da carne do mundo.
      Eu vi que o caminho se ia afastando da minha vista
      Se ia sumindo, ficando indeciso, desaparecendo.
      Quis andar para a frente.
      Mas o corpo cansado tombou ao beijo da última mulher que ficara.

      Mas não.
      Eu sei que a Verdade ainda habita minha alma
      E a alma que é da Verdade é como a raiz que é da terra.
      O caminho fugiu dos olhos do meu corpo
      Mas não desapareceu dos olhos do meu espírito
      Meu espírito sabe...
      Ele sabe que longe da carne e do amor do mundo
      Fica a longa vereda dos destinados do profeta.
      Eu tenho esperanças, Senhor.
      Na verdade o que subsiste é o forte que luta
      O fraco que foge é a lama que corre do monte para o vale.
      A águia dos precipícios não é do beiral das casas
      Ela voa na tempestade e repousa na bonança.
      Eu tenho esperanças, Senhor.
      Tenho esperanças no meu espírito extraordinário
      E tenho esperança na minha alma extraordinária.
      O filho dos homens antigos
      Cujo cadáver não era possuído da terra
      Há de um dia ver o caminho de luz que existe na treva
      E então, Senhor
      Ele há de caminhar de braços abertos, de olhos abertos
      Para o profeta que a sua alma ama mas que seu espírito ainda não possuiu.


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      Mensaje por Maria Lua Sáb 20 Ago 2022, 10:14

      O TERCEIRO FILHO


      Em busca dos irmãos que tinham ido
      Eu parti com pouco ouro e muita bênção
      Sob o olhar dos pais aflitos.

      Eu encontrei os meus irmãos
      Que a ira do Senhor transformou em pedra
      Mas ainda não encontrei o velho mendigo
      Que ficava na encruzilhada do bom e do mau caminho
      E que se parecia com Jesus de Nazaré...


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      Mensaje por Maria Lua Sáb 20 Ago 2022, 10:17

      REVOLTA



      Alma que sofres pavorosamente
      A dor de seres privilegiada
      Abandona o teu pranto, sê contente
      Antes que o horror da solidão te invada.

      Deixa que a vida te possua ardente
      Ó alma supremamente desgraçada.
      Abandona, águia, a inóspita morada
      Vem rastejar no chão como a serpente.

      De que te vale o espaço se te cansa?
      Quanto mais sobes mais o espaço avança...
      Desce ao chão, águia audaz, que a noite é fria.

      Volta, ó alma, ao lugar de onde partiste
      O mundo é bom, o espaço é muito triste...
      Talvez tu possas ser feliz um dia.


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