Aires de Libertad

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      VINICIUS DE MORAES  - Página 19 Empty Re: VINICIUS DE MORAES

      Mensaje por Maria Lua Dom 16 Oct - 22:25

      CÂNTICO


      Não, tu não és um sonho, és a existência
      Tens carne, tens fadiga e tens pudor
      No calmo peito teu. Tu és a estrela
      Sem nome, és a morada, és a cantiga
      Do amor, és luz, és lírio, namorada!
      Tu és todo o esplendor, o último claustro
      Da elegia sem fim, anjo! mendiga
      Do triste verso meu. Ah, fosses nunca
      Minha, fosses a idéia, o sentimento
      Em mim, fosses a aurora, o céu da aurora
      Ausente, amiga, eu não te perderia!
      Amada! onde te deixas, onde vagas
      Entre as vagas flores? e por que dormes
      Entre os vagos rumores do mar? Tu
      Primeira, última, trágica, esquecida
      De mim! És linda, és alta! és sorridente
      És como o verde do trigal maduro
      Teus olhos têm a cor do firmamento
      Céu castanho da tarde - são teus olhos!
      Teu passo arrasta a doce poesia
      Do amor! prende o poema em forma e cor
      No espaço; para o astro do poente
      És o levante, és o Sol! eu sou o gira
      O gira, o girassol. És a soberba
      Também, a jovem rosa purpurina
      És rápida também, como a andorinha!
      Doçura! lisa e murmurante... a água
      Que corre no chão morno da montanha
      És tu; tens muitas emoções; o pássaro
      Do trópico inventou teu meigo nome
      Duas vezes, de súbito encantado!
      Dona do meu amor! sede constante
      Do meu corpo de homem! melodia
      Da minha poesia extraordinária!
      Por que me arrastas? Por que me fascinas?
      Por que me ensinas a morrer? teu sonho
      Me leva o verso à sombra e à claridade.
      Sou teu irmão, és minha irmã; padeço
      De ti, sou teu cantor humilde e terno
      Teu silêncio, teu trêmulo sossego
      Triste, onde se arrastam nostalgias
      Melancólicas, ah, tão melancólicas...
      Amiga, entra de súbito, pergunta
      Por mim, se eu continuo a amar-te; ri
      Esse riso que é tosse de ternura
      Carrega-me em teu seio, louca! sinto
      A infância em teu amor! cresçamos juntos
      Como se fora agora, e sempre; demos
      Nomes graves às coisas impossíveis
      Recriemos a mágica do sonho
      Lânguida! ah, que o destino nada pode
      Contra esse teu langor; és o penúltimo
      Lirismo! encosta a tua face fresca
      Sobre o meu peito nu, ouves? é cedo
      Quanto mais tarde for, mais cedo! a calma
      É o último suspiro da poesia
      O mar é nosso, a rosa tem seu nome
      E recende mais pura ao seu chamado.
      Julieta! Carlota! Beatriz!
      Oh, deixa-me brincar, que te amo tanto
      Que se não brinco, choro, e desse pranto
      Desse pranto sem dor, que é o único amigo
      Das horas más em que não estás comigo.


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      siendo guardián en tu cielo
      y tren de tus ilusiones."
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      VINICIUS DE MORAES  - Página 19 Empty Re: VINICIUS DE MORAES

      Mensaje por Maria Lua Dom 16 Oct - 22:36

      A UM PASSARINHO


      Para que vieste
      Na minha janela
      Meter o nariz?
      Se foi por um verso
      Não sou mais poeta
      Ando tão feliz!
      Se é para uma prosa
      Não sou Anchieta
      Nem venho de Assis.

      Deixa-te de histórias
      Some-te daqui!


      ******************



      A UN PÁJARITO


      A que viniste
      en mi ventana
      ¿meter las narices?(***)
      Si es por un verso
      ya no soy poeta
      ¡Estoy tan feliz!
      si es para una prosa
      yo no soy Anchieta (***)
      Ni siquiera vengo de Asís.

      No inventes historias
      ¡Vete de aquí!





      *** "meter o nariz" expresión popular en Brasil que significa husmear
      *** Anchieta, sacerdote que vino a Brasil enseñar el Evangelio a los indigenas


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      VINICIUS DE MORAES  - Página 19 Empty Re: VINICIUS DE MORAES

      Mensaje por Maria Lua Mar 18 Oct - 23:25

      SONETO DE FIDELIDADE


      De tudo, ao meu amor serei atento
      Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
      Que mesmo em face do maior encanto
      Dele se encante mais meu pensamento.

      Quero vive-lo em cada vão momento
      E em seu louvor hei de espalhar meu canto
      E rir meu riso e derramar meu pranto
      Ao seu pesar ou seu contentamento.

      E assim, quando mais tarde me procure
      Quem sabe a morte, angústia de quem vive
      Quem sabe a solidão, fim de quem ama

      Eu possa me dizer do amor (que tive):
      Que não seja imortal, posto que é chama
      Mas que seja infinito enquanto dure.

      ------------------------------------------------------------------------------------------
      ************************************




      SONETO DE FIDELIDAD




      En todo, le seré a mi amor atento
      Antes, y como tal celo, y siempre, y tanto
      Que incluso en frente del mayor encanto
      De él se encante más mi pensamiento.

      Quiero vivirlo ya cada momento
      Y en su loar he de esparcir mi canto
      Y mi reír y derramar mi llanto
      A su pesar o a su mayor contento.

      Y así, cuando más tarde me procure
      Quizás la muerte, angustia del viviente
      Quizás la soledad, fin de quien ama

      Decir yo pueda de mi amor ardiente:
      Que no sea inmortal, puesto que es llama,
      Mas que sea infinito mientras dure.



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      VINICIUS DE MORAES  - Página 19 Empty Re: VINICIUS DE MORAES

      Mensaje por Amalia Lateano Miér 19 Oct - 0:54

      Gracias por compartir...

      Besos
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      Mensaje por Maria Lua Miér 19 Oct - 12:59

      A ESTRELA POLAR


      Eu vi a estrela polar
      Chorando em cima do mar
      Eu vi a estrela polar
      Nas costas de Portugal!
      Desde então não seja Vênus
      A mais pura das estrelas
      A estrela polar não brilha
      Se humilha no firmamento
      Parece uma criancinha
      Enjeitada pelo frio
      Estrelinha franciscana
      Teresinha, mariana
      Perdida no Pólo Norte
      De toda a tristeza humana.


      ****************


      LA ESTRELLA POLAR

      Vi la Estrella Polar
      llorando sobre el mar
      vi la estrella polar
      ¡En las costas de Portugal!
      Desde entonces no sea Venus
      La más pura de las estrellas
      La Estrella Polar no brilla
      Humillase en el firmamento
      parece un niño pequeño
      Abandonado por el frío
      Estrella franciscana
      Teresa, Marianne
      Perdido en el Polo Norte
      De toda tristeza humana.


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      VINICIUS DE MORAES  - Página 19 Empty Re: VINICIUS DE MORAES

      Mensaje por Maria Lua Miér 19 Oct - 13:03

      SONETO DO MAIOR AMOR


      Maior amor nem mais estranho existe
      Que o meu, que não sossega a coisa amada
      E quando a sente alegre, fica triste
      E se a vê descontente, dá risada.

      E que só fica em paz se lhe resiste
      O amado coração, e que se agrada
      Mais da eterna aventura em que persiste
      Que de uma vida mal-aventurada.

      Louco amor meu, que quando toca, fere
      E quando fere vibra, mas prefere
      Ferir a fenecer - e vive a esmo

      Fiel à sua lei de cada instante
      Desassombrado, doido, delirante
      Numa paixão de tudo e de si mesmo.

      Oxford, 1938


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      VINICIUS DE MORAES  - Página 19 Empty Re: VINICIUS DE MORAES

      Mensaje por Maria Lua Miér 19 Oct - 13:04

      IMITAÇÃO DE RILKE


      Alguém que me espia do fundo da noite
      Com olhos imóveís brilhando na noite
      Me quer.

      Alguém que me espia do fundo da noite
      (Mulher que me ama, perdida na noite?)
      Me chama.

      Alguém que me espia do fundo da noite
      (És tu, Poesia, velando na noite?)
      Me quer.

      Alguém que me espia do fundo da noite
      (Também chega a Morte dos ermos da noite…)
      Quem é?


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      Mensaje por Maria Lua Miér 19 Oct - 13:06

      BALADA DO ENTERRADO VIVO


      Na mais medonha das trevas
      Acabei de despertar
      Soterrado sob um túmulo.
      De nada chego a lembrar
      Sinto meu corpo pesar
      Como se fosse de chumbo.
      Não posso me levantar
      Debalde tentei clamar
      Aos habitantes do mundo.
      Tenho um minuto de vida
      Em breve estará perdida
      Quando eu quiser respirar.

      Meu caixão me prende os braços.
      Enorme, a tampa fechada
      Roça-me quase a cabeça.
      Se ao menos a escuridão
      Não estivesse tão espessa!
      Se eu conseguisse fincar
      Os joelhos nessa tampa
      E os sete palmos de terra
      Do fundo à campa rasgar!
      Se um som eu chegasse a ouvir
      No oco deste caixão
      Que não fosse esse soturno
      Bater do meu coração!
      Se eu conseguisse esticar
      Os braços num repelão
      Inda rasgassem-me a carne
      Os ossos que restarão!

      Se eu pudesse me virar
      As omoplatas romper
      Na fúria de uma evasão
      Ou se eu pudesse sorrir
      Ou de ódio me estrangular
      E de outra morte morrer!

      Mas só me resta esperar
      Suster a respiração
      Sentindo o sangue subir-me
      Como a lava de um vulcão
      Enquanto a terra me esmaga
      O caixão me oprime os membros
      A gravata me asfixia
      E um lenço me cerra os dentes!
      Não há como me mover
      E este lenço desatar
      Não há como desmanchar
      O laço que os pés me prende!

      Bate, bate, mão aflita
      No fundo deste caixão
      Marca a angústia dos segundos
      Que sem ar se extinguirão!

      Lutai, pés espavoridos
      Presos num nó de cordão
      Que acima, os homens passando
      Não ouvem vossa aflição!
      Raspa, cara enlouquecida
      Contra a lenha da prisão
      Pesando sobre teus olhos
      Há sete palmos de chão!
      Corre mente desvairada
      Sem consolo e sem perdão
      Que nem a prece te ocorre
      À louca imaginação!
      Busca o ar que se te finda
      Na caverna do pulmão
      O pouco que tens ainda
      Te há de erguer na convulsão
      Que romperá teu sepulcro
      E os sete palmos de chão:
      Não te restassem por cima
      Setecentos de amplidão!



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      VINICIUS DE MORAES  - Página 19 Empty Re: VINICIUS DE MORAES

      Mensaje por Maria Lua Miér 19 Oct - 13:12

      EPITÁFIO


      Aqui jaz o Sol
      Que criou a aurora
      E deu a luz ao dia
      E apascentou a tarde

      O mágico pastor
      De mãos luminosas
      Que fecundou as rosas
      E as despetalou.

      Aqui jaz o Sol
      O andrógino meigo
      E violento, que

      Possuiu a forma
      De todas as mulheres
      E morreu no mar.

      Oxford, 1939



      ******************


      EPITAFIO


      Aquí yace el Sol
      quien creo el alba
      Y dio a luz al día
      Y alimentó la tarde

      el  magico pastor
      de manos luminosas
      que fecundó las rosas
      Y los despertó.

      Aquí yace el Sol
      el dulce andrógino
      y violento, que

      poseyó la forma
      de todas las mujeres
      Y murió en el mar.

      Oxford, 1939






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      VINICIUS DE MORAES  - Página 19 Empty Re: VINICIUS DE MORAES

      Mensaje por Maria Lua Miér 19 Oct - 15:32

      SONETO DE LONDRES

      Que angústia estar sozinho na tristeza
      E na prece! que angústia estar sozinho
      Imensamente, na inocência! acesa
      A noite, em brancas trevas o caminho

      Da vida, e a solidão do burburinho
      Unindo as almas frias à beleza
      Da neve vã; oh, tristemente assim
      O sonho, neve pela natureza!

      Irremediável, muito irremediável
      Tanto como essa torre medieval
      Cruel, pura, insensível, inefável

      Torre; que angústia estar sozinho! ó alma
      Que ideal perfume, que fatal
      Torpor te despetala a flor do céu?

      Londres, 1939


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      o un ciego soñando
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      siendo guardián en tu cielo
      y tren de tus ilusiones."
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      VINICIUS DE MORAES  - Página 19 Empty Re: VINICIUS DE MORAES

      Mensaje por Maria Lua Miér 19 Oct - 21:07

      A uma mulher



      Quando a madrugada entrou eu estendi o meu peito nu sobre o teu peito

      Estavas trêmula e teu rosto pálido e tuas mãos frias

      E a angústia do regresso morava já nos teus olhos.

      Tive piedade do teu destino que era morrer no meu destino

      Quis afastar por um segundo de ti o fardo da carne

      Quis beijar-te num vago carinho agradecido.

      Mas quando meus lábios tocaram teus lábios

      Eu compreendi que a morte já estava no teu corpo

      E que era preciso fugir para não perder o único instante

      Em que foste realmente a ausência de sofrimento

      Em que realmente foste a serenidade.






      Una mujer



      Cuando entró la madrugada extendí mi pecho sobre tu pecho.

      Estabas temblorosa y tu rostro pálido y tus manos frías

      Y la angustia del regreso habitaba ya en tus ojos.

      Tuve piedad de tu destino que era morir en mi destino

      Quise librar por un segundo de ti el peso de la carne.

      Quise besarte en un vago cariño agradecido.

      Pero cuando mis labios tocaron tus labios

      Comprendí que la muerte ya estaba en tu cuerpo

      Y que era preciso huir para no perder el único instante

      En que fuiste realmente la ausencia del sufrimiento

      En que realmente fuiste la calma.











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      VINICIUS DE MORAES  - Página 19 Empty Re: VINICIUS DE MORAES

      Mensaje por Maria Lua Miér 19 Oct - 21:09

      A ausente



      Amiga, infinitamente amiga

      Em algum lugar teu coração bate por mim

      Em algum lugar teus olhos se fecham à idéia dos meus.

      Em algum lugar tuas mãos se crispam, teus seios

      Se enchem de leite, tu desfaleces e caminhas

      Como que cega ao meu encontro…

      Amiga, última doçura

      A tranqüilidade suavizou a minha pele

      E os meus cabelos. Só meu ventre

      Te espera, cheio de raízes e de sombras.

      Vem, amiga

      Minha nudez é absoluta

      Meus olhos são espelhos para o teu desejo

      E meu peito é tábua de suplícios

      Vem. Meus músculos estão doces para os teus dentes

      E áspera é minha barba. Vem mergulhar em mim

      Como no mar, vem nadar em mim como no mar

      Vem te afogar em mim, amiga minha

      Em mim como no mar…











      La ausente



      Amiga, infinitamente amiga

      En algún lugar tu corazón late por mí

      En algún lugar tus ojos se cierran al recuerdo de los míos.

      En algún lugar tus manos se contraen, tus senos

      Se llenan de leche, desfalleces y caminas

      Como ciega a mi encuentro…

      Amiga, última dulzura

      La tranquilidad suavizó mi piel

      Y mis cabellos. Sólo mi vientre

      Te espera, lleno de raíces y de sombras.

      Ven, amiga

      Mi desnudez es absoluta

      Mis ojos son espejos para tu deseo

      Y mi pecho es tablero de suplicios.

      Ven. Mis músculos son dulces para tus dientes

      Y áspera está mi barba. Ven a sumergirte en mí

      Como en el mar, ven a nadar en mí como en el mar

      Ven a ahogarte en mí, amiga mía

      En mí como en el mar…











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      VINICIUS DE MORAES  - Página 19 Empty Re: VINICIUS DE MORAES

      Mensaje por Maria Lua Dom 23 Oct - 12:30

      ALLEGRO



      Sente como vibra
      Doidamente em nós
      Um vento feroz
      Estorcendo a fibra

      Dos caules informes
      E as plantas carnívoras
      De bocas enormes
      Lutam contra as víboras

      E os rios soturnos
      Ouve como vazam
      A água corrompida

      E as sombras se casam
      Nos raios noturnos
      Da lua perdida.

      Oxford, 1939


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      VINICIUS DE MORAES  - Página 19 Empty Re: VINICIUS DE MORAES

      Mensaje por Maria Lua Dom 23 Oct - 12:30

      SONETO DE VÉSPERA


      Quando chegares e eu te vir chorando
      De tanto te esperar, que te direi?
      E da angústia de amar-te, te esperando
      Reencontrada, como te amarei?

      Que beijo teu de lágrimas terei
      Para esquecer o que vivi lembrando
      E que farei da antiga mágoa quando
      Não puder te dizer por que chorei?

      Como ocultar a sombra em mim suspensa
      Pelo martírio da memória imensa
      Que a distância criou - fria de vida

      Imagem tua que eu compus serena
      Atenta ao meu apelo e à minha pena
      E que quisera nunca mais perdida...

      Oxford, 1939


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      VINICIUS DE MORAES  - Página 19 Empty Re: VINICIUS DE MORAES

      Mensaje por Maria Lua Dom 23 Oct - 12:31

      BALADA DO MANGUE



      Pobres flores gonocócicas
      Que à noite despetalais
      As vossas pétalas tóxicas!
      Pobre de vós, pensas, murchas
      Orquídeas do despudor
      Não sois Lœlia tenebrosa
      Nem sois Vanda tricolor:
      Sois frágeis, desmilingüidas
      Dálias cortadas ao pé
      Corolas descoloridas
      Enclausuradas sem fé,
      Ah, jovens putas das tardes
      O que vos aconteceu
      Para assim envenenardes
      O pólen que Deus vos deu?
      No entanto crispais sorrisos
      Em vossas jaulas acesas
      Mostrando o rubro das presas
      Falando coisas do amor
      E às vezes cantais uivando
      Como cadelas à lua
      Que em vossa rua sem nome
      Rola perdida no céu...
      Mas que brilho mau de estrela
      Em vossos olhos lilases
      Percebo quando, falazes,
      Fazeis rapazes entrar!
      Sinto então nos vossos sexos
      Formarem-se imediatos
      Os venenos putrefatos
      Com que os envenenar
      Ó misericordiosas!
      Glabras, glúteas caftinas
      Embebidas em jasmim
      Jogando cantos felizes
      Em perspectivas sem fim
      Cantais, maternais hienas
      Canções de caftinizar
      Gordas polacas serenas
      Sempre prestes a chorar.
      Como sofreis, que silêncio
      Não deve gritar em vós
      Esse imenso, atroz silêncio
      Dos santos e dos heróis!
      E o contraponto de vozes
      Com que ampliais o mistério
      Como é semelhante às luzes
      Votivas de um cemitério
      Esculpido de memórias!
      Pobres, trágicas mulheres
      Multidimensionais
      Ponto morto de choferes
      Passadiço de navais!
      Louras mulatas francesas
      Vestidas de carnaval:
      Viveis a festa das flores
      Pelo convés dessas ruas
      Ancoradas no canal?
      Para onde irão vossos cantos
      Para onde irá vossa nau?
      Por que vos deixais imóveis
      Alérgicas sensitivas
      Nos jardins desse hospital
      Etílico e heliotrópico?
      Por que não vos trucidais
      Ó inimigas? ou bem
      Não ateais fogo às vestes
      E vos lançais como tochas
      Contra esses homens de nada
      Nessa terra de ninguém!


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      VINICIUS DE MORAES  - Página 19 Empty Re: VINICIUS DE MORAES

      Mensaje por Maria Lua Dom 23 Oct - 12:32

      SONETO A OCTÁVIO DE FARIA



      Não te vira cantar sem voz, chorar
      Sem lágrimas, e lágrimas e estrelas
      Desencantar, e mudo recolhê-las
      Para lançá-las fulgurando ao mar?

      Não te vira no bojo secular
      Das praias, desmaiar de êxtase nelas
      Ao cansaço viril de percorrê-las
      Entre os negros abismos do luar?

      Não te vira ferir o indiferente
      Para lavar os olhos da impostura
      De uma vida que cala e que consente?

      Vira-te tudo, amigo! coisa pura
      Arrancada da carne intransigente
      Pelo trágico amor da criatura.

      Oxford, 1939


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      VINICIUS DE MORAES  - Página 19 Empty Re: VINICIUS DE MORAES

      Mensaje por Maria Lua Dom 23 Oct - 12:33

      ROSÁRIO

      E eu que era um menino puro
      Não fui perder minha infância
      No mangue daquela carne!
      Dizia que era morena
      Sabendo que era mulata
      Dizia que era donzela
      Nem isso não era ela
      Era uma moça que dava.
      Deixava... mesmo no mar
      Onde se fazia em água
      Onde de um peixe que era
      Em mil se multiplicava
      Onde suas mãos de alga
      Sobre meu corpo boiavam
      Trazendo à tona águas-vivas
      Onde antes não tinha nada.
      Quanto meus olhos não viram
      No céu da areia da praia
      Duas estrelas escuras
      Brilhando entre aquelas duas
      Nebulosas desmanchadas
      E não beberam meus beijos
      Aqueles olhos noturnos
      Luzindo de luz parada
      Na imensa noite da ilha!
      Era minha namorada
      Primeiro nome de amada
      Primeiro chamar de filha...
      Grande filha de uma vaca!
      Como não me seduzia
      Como não me alucinava
      Como deixava, fingindo
      Fingindo que não deixava!
      Aquela noite entre todas
      Que cica os cajus! travavam!
      Como era quieto o sossego
      Cheirando a jasmim-do-cabo!
      Lembro que nem se mexia
      O luar esverdeado
      Lembro que longe, nos Ionges
      Um gramofone tocava
      Lembro dos seus anos vinte
      Junto aos meus quinze deitados
      Sob a luz verde da lua.
      Ergueu a saia de um gesto
      Por sobre a perna dobrada
      Mordendo a carne da mão
      Me olhando sem dizer nada
      Enquanto jazente eu via
      Como uma anêmona na água
      A coisa que se movia
      Ao vento que a farfalhava.
      Toquei-lhe a dura pevide
      Entre o pêlo que a guardava
      Beijando-lhe a coxa fria
      Com gosto de cana brava.
      Senti à pressão do dedo
      Desfazer-se desmanchada
      Como um dedal de segredo
      A pequenina castanha
      Gulosa de ser tocada.
      Era uma dança morena
      Era uma dança mulata
      Era o cheiro de amarugem
      Era a lua cor de prata
      Mas foi só naquela noite!
      Passava dando risada
      Carregando os peitos loucos
      Quem sabe para quem, quem sabe?
      Mas como me seduzia
      A negra visão escrava
      Daquele feixe de águas
      Que sabia ela guardava
      No fundo das coxas frias!
      Mas como me desbragava
      Na areia mole e macia!
      A areia me recebia
      E eu baixinho me entregava
      Com medo que Deus ouvisse
      Os gemidos que não dava!
      Os gemidos que não dava...
      Por amor do que ela dava
      Aos outros de mais idade
      Que a carregaram da ilha
      Para as ruas da cidade
      Meu grande sonho da infância
      Angústia da mocidade.


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      VINICIUS DE MORAES  - Página 19 Empty Re: VINICIUS DE MORAES

      Mensaje por Maria Lua Dom 23 Oct - 12:34

      O ESCÂNDALO DA ROSA


      Oh rosa que raivosa
      Assim carmesim
      Quem te fez zelosa
      O carme tão ruim?

      Que anjo ou que pássaro
      Roubou tua cor
      Que ventos passaram
      Sobre o teu pudor

      Coisa milagrosa
      De rosa de mate
      De bom para mim

      Rosa glamourosa?
      Oh rosa que escarlate:
      No mesmo jardim!





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      VINICIUS DE MORAES  - Página 19 Empty Re: VINICIUS DE MORAES

      Mensaje por Maria Lua Dom 23 Oct - 12:35

      SONETO AO INVERNO



      Inverno, doce inverno das manhãs
      Translúcidas, tardias e distantes
      Propício ao sentimento das irmãs
      E ao mistério da carne das amantes:

      Quem és, que transfiguras as maçãs
      Em iluminações dessemelhantes
      E enlouqueces as rosas temporãs
      Rosa-dos-ventos, rosa dos instantes?

      Por que ruflaste as tremulantes asas
      Alma do céu? o amor das coisas várias
      Fez-te migrar - inverno sobre casas!

      Anjo tutelar das luminárias
      Preservador de santas e de estrelas...
      Que importa a noite lúgubre escondê-las?

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      VINICIUS DE MORAES  - Página 19 Empty Re: VINICIUS DE MORAES

      Mensaje por Maria Lua Lun 24 Oct - 14:53

      SONETO DE QUARTA-FEIRA DE CINZAS



      Por seres quem me foste, grave e pura
      Em tão doce surpresa conquistada
      Por seres uma branca criatura
      De uma brancura de manhã raiada

      Por seres de uma rara formosura
      Malgrado a vida dura e atormentada
      Por seres mais que a simples aventura
      E menos que a constante namorada

      Porque te vi nascer de mim sozinha
      Como a noturna flor desabrochada
      A uma fala de amor, talvez perjura

      Por não te possuir, tendo-te minha
      Por só quereres tudo, e eu dar-te nada
      Hei de lembrar-te sempre com ternura.

      Rio, 1941


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      VINICIUS DE MORAES  - Página 19 Empty Re: VINICIUS DE MORAES

      Mensaje por Maria Lua Lun 24 Oct - 14:53

      SAUDADE DE MANUEL BANDEIRA


      Não foste apenas um segredo
      De poesia e de emoção
      Foste uma estrela em meu degredo
      Poeta, pai! áspero irmão.

      Não me abraçaste só no peito
      Puseste a mão na minha mão
      Eu, pequenino - tu, eleito
      Poeta! pai, áspero irmão.

      Lúcido, alto e ascético amigo
      De triste e claro coração
      Que sonhas tanto a sós contigo
      Poeta, pai, áspero irmão?


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      VINICIUS DE MORAES  - Página 19 Empty Re: VINICIUS DE MORAES

      Mensaje por Maria Lua Lun 24 Oct - 14:54

      SOMBRA E LUZ
      I

      Dança Deus!
      Sacudindo o mundo
      Desfigurando estrelas
      Afogando o mundo
      Na cinza dos céus
      Sapateia, Deus
      Negro na noite
      Semeando brasas
      No túmulo de Orfeu.

      Dança, Deus! dança
      Dança de horror
      Que a faca que corta
      Dá talho sem dor.
      A dama Negra
      A Rainha Euterpe
      A Torre de Magdalen
      E o Rio Jordão
      Quebraram muros
      Beberam absinto
      Vomitaram bile
      No meu coração.

      E um gato e um soneto
      No túmulo preto
      E uma espada nua
      No meio da rua
      E um bezerro de ouro
      Na boca do lobo
      E um bruto alifante
      No baile da Corte
      Naquele cantinho
      Cocô de ratinho
      Naquele cantão
      Cocô de ratão.

      Violino moço fino
      - Quem se rir há de apanhar.

      Violão moço vadio
      - Não sei quem apanhará.


      II

      Munevada glimou vestassudente.

      Desfazendo-se em lágrimas azuis
      Em mistérios nascia a madrugada
      E o vampiro Nosferatu
      Descia o rio
      Fazendo poemas
      Dizendo blasfêmias
      Soltando morcegos
      Bebendo hidromel
      E se desencantava, minha mãe!

      Ficava a rua
      Ficava a praia
      No fim da praia
      Ficava Maria
      No meio de Maria
      Ficava uma rosa
      Cobrindo a rosa
      Uma bandeira
      Com duas tíbias
      E uma caveira.

      Mas não era o que queria
      Que era mesmo o que eu queria?
      "Eu queria uma casinha
      Com varanda para o mar
      Onde brincasse a andorinha
      E onde chegasse o luar
      Com vinhas nessa varanda
      E vacas na vacaria
      Com vinho verde e vianda
      Que nem Carlito queria."

      Nunca mais, nunca mais!
      As luzes já se apagavam
      Os mortos mortos de frio
      Se enrolavam nos sudários
      Fechavam a tampa da cova
      Batendo cinco pancadas.

      Que fazer senão morrer?


      III

      Pela estrada plana, toc-toc-toc
      As lágrimas corriam.
      As primeiras mulheres
      Saíam toc-toc na manhã
      O mundo despertava! em cada porta
      Uma esposa batia toc-toc
      E os homens caminhavam na manhã.
      Logo se acenderão as forjas
      Fumarão as chaminés
      Se caldeará o aço da carne
      Em breve os ferreiros toc-toc
      Martelarão o próprio sexo
      E os santos marceneiros roc-roc
      Mandarão berços para Belém.
      Ouve a cantiga dos navios
      Convergindo dos temporais para os portos
      Ouve o mar
      Rugindo em cóleras de espuma
      Have mercy on me O Lord
      Send me Isaias
      I need a poet
      To sing me ashore.

      Minha luz ficou aberta
      Minha cama ficou feita
      Minha alma ficou deserta
      Minha carne insatisfeita.


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      VINICIUS DE MORAES  - Página 19 Empty Re: VINICIUS DE MORAES

      Mensaje por Maria Lua Lun 24 Oct - 14:55

      AZUL E BRANCO

      Concha e cavalo-marinho
      Mote de Pedro Nava


      I

      Massas geométricas
      Em pautas de música
      Plástica e silêncio

      Do espaço criado.

      Concha e cavalo-marinho.

      O mar vos deu em corola
      O céu vos imantou

      Mas a luz refez o equilíbrio.

      Concha e cavalo-marinho.

      Vênus anadiômena
      Multípede e alada
      Os seios azuis
      Dando leite à tarde
      Viu-vos Eupalinos
      No espelho convexo
      Da gota que o orvalho
      Escorreu da noite
      Nos lábios da aurora.

      Concha e cavalo-marinho.

      Pálpebras cerradas
      Ao poder violeta
      Sombras projetadas
      Em mansuetude
      Sublime colóquio
      Da forma com a eternidade.

      Concha e cavalo-marinho.


      II

      Na verde espessura
      Do fundo do mar
      Nasce a arquitetura.

      Da cal das conchas
      Do sumo das algas
      Da vida dos polvos
      Sobre tentáculos
      Do amor dos pólipos
      Que estratifica abóbadas
      Da ávida mucosa
      Das rubras anêmonas
      Que argamassa peixes
      Da salgada célula
      De estranha substância
      Que dá peso ao mar.

      Concha e cavalo-marinho.

      Concha e cavalo-marinho:
      Os ágeis sinuosos
      Que o raio de luz
      Cortando transforma
      Em claves de sol
      E o amor do infinito
      Retifica em hastes
      Antenas paralelas
      Propícias à eterna
      Incursão da música.

      Concha e cavalo-marinho.


      III

      Azul... Azul...

      Azul e Branco
      Azul e Branco
      Azul e Branco
      Azul e Branco
      Azul e Branco
      Azul e Branco
      Azul e Branco
      Azul e Branco
      Azul e Branco
      Azul e Branco
      Azul e Branco
      Azul e Branco
      Azul e Branco
      Azul e Branco

      Concha...
      e cavalo-marinho.


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      Mensaje por Maria Lua Lun 24 Oct - 14:56

      BALADA DE PEDRO NAVA
      (O anjo e o túmulo)

      I

      Meu amigo Pedro Nava
      Em que navio embarcou:
      A bordo do Westphalia
      Ou a bordo do Lidador?

      Em que antárticas espumas
      Navega o navegador

      Em que brahmas, em que brumas
      Pedro Nava se afogou?

      Juro que estava comigo
      Há coisa de não faz muito
      Enchendo bem a caveira
      Ao seu eterno defunto.

      Ou não era Pedro Nava
      Quem me falava aqui junto
      Não era o Nava de fato
      Nem era o Nava defunto?...

      Se o tivesse aqui comigo
      Tudo se solucionava
      Diria ao garçom: Escanção!
      Uma pedra a Pedro Nava!

      Uma pedra a Pedro Nava
      Nessa pedra uma inscrição:
      "- deste que muito te amava
      teu amigo, teu irmão..."

      Mas oh, não! que ele não morra
      Sem escutar meu segredo
      Estou nas garras da Cachorra
      Vou ficar louco de medo

      Preciso muito falar-lhe
      Antes que chegue amanhã:
      Pedro Nava, meu amigo
      DESCEU O LEVIATÃ!


      II

      A moça dizia à lua
      Minha carne é cor-de-rosa
      Não é verde como a tua
      Eu sou jovem e formosa.
      Minhas maminhas - a moça
      À lua mostrava as suas -
      Têm a brancura da louça
      Não são negras como as tuas.
      E ela falava: Meu ventre
      É puro - e o deitava à lua
      A lua que o sangra dentro
      Quem haverá que a possua?
      Meu sexo - a moça jogada
      Entreabria-se nua -
      É o sangue da madrugada

      Na triste noite sem lua.
      Minha pele é viva e quente
      Lança o teu raio mais frio
      Sobre o meu corpo inocente...
      Sente o teu como é vazio.


      III

      A sombra decapitada
      Caiu fria sobre o mar...
      Quem foi a voz que chamou?
      Quem foi a voz que chamou?

      - Foi o cadáver do anjo
      Que morto não se enterrou.

      Nas vagas boiavam virgens
      Desfiguradas de horror...
      O homem pálido gritava:
      Quem foi a voz que chamou?

      - Foi o extático Adriático
      Chorando o seu paramor.

      De repente, no céu ermo
      A lua se consumou...
      O mar deu túmulo à lua.
      Quem foi a voz que chamou?

      - Foi a cabeça cortada
      Na praia do Arpoador.

      O mar rugia tão forte
      Que o homem se debruçou
      Numa vertigem de morte:
      Quem foi a voz que chamou?

      - Foi a eterna alma penada
      Daquele que não amou.

      No abismo escuro das fragas
      Descia o disco brilhante
      Sumindo por entre as águas...
      Oh lua em busca do amante!
      E o sopro da ventania
      Vinha e desaparecia.

      Negro cárcere da morte
      Branco cárcere da dor
      Luz e sombra da alvorada...
      A voz amada chamou!

      E um grande túmulo veio
      Se desvendando no mar
      Boiava ao sabor das ondas
      Que o não queriam tragar.

      Tinha uma laje e uma lápide
      Com o nome de uma mulher
      Mas de quem era esse nome
      Nunca o pudesse dizer.


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      VINICIUS DE MORAES  - Página 19 Empty Re: VINICIUS DE MORAES

      Mensaje por Maria Lua Lun 24 Oct - 14:57

      SONETO DE CARNAVAL


      Distante o meu amor, se me afigura
      O amor como um patético tormento
      Pensar nele é morrer de desventura
      Não pensar é matar meu pensamento.

      Seu mais doce desejo se amargura
      Todo o instante perdido é um sofrimento
      Cada beijo lembrado uma tortura
      Um ciúme do próprio ciumento.

      E vivemos partindo, ela de mim
      E eu dela, enquanto breves vão-se os anos
      Para a grande partida que há no fim

      De toda a vida e todo o amor humanos:
      Mas tranqüila ela sabe, e eu sei tranqüilo
      Que se um fica o outro parte a redimi-lo.

      Oxford, carnaval de 1939




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      VINICIUS DE MORAES  - Página 19 Empty Re: VINICIUS DE MORAES

      Mensaje por Maria Lua Miér 26 Oct - 21:46

      Ternura



      Eu te peço perdão por te amar de repente
      Embora o meu amor
      seja uma velha canção nos teus ouvidos
      Das horas que passei à sombra dos teus gestos
      Bebendo em tua boca o perfume dos sorrisos
      Das noites que vivi acalentando
      Pela graça indizível
      dos teus passos eternamente fugindo
      Trago a doçura
      dos que aceitam melancolicamente.
      E posso te dizer
      que o grande afeto que te deixo
      Não traz o exaspero das lágrimas
      nem a fascinação das promessas
      Nem as misteriosas palavras
      dos véus da alma...
      É um sossego, uma unção,
      um transbordamento de carícias
      E só te pede que te repouses quieta,
      muito quieta
      E deixes que as mãos cálidas da noite
      encontrem sem fatalidade
      o olhar estático da aurora.



      Ternura



      Yo te pido perdón por amarte de repente
      Aunque mi amor
      sea una vieja canción en tus oídos
      De las horas que pasé a la sombra de tus gestos
      Bebiendo en tu boca el perfume de las sonrisas
      De las noches que viví arrullando
      Por la gracia indecible
      de tus pasos eternamente huyendo
      Traigo la dulzura
      de los que aceptan melancólicamente.
      Y puedo decirte
      que el gran afecto que te dejo
      No trae la exasperación de las lágrimas
      ni la fascinación de las promesas
      Ni las misteriosas palabras
      de los velos del alma...
      Es un sosiego, una unción,
      un desbordamiento de caricias
      Y sólo te pide que reposes quieta,
      muy quieta
      Y dejes que las manos cálidas de la noche
      encuentren sin fatalidad
      el mirar estático de la aurora.


      ***


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      Mensaje por Maria Lua Jue 27 Oct - 1:41

      Si supieses el impulso que te impele
      En estas cuatro paredes de mi alma
      Ni sé lo que sería de este pobre
      Que te arrastra sin dar ningún gemido!
      Es muy triste sufrirse tan joven
      Sabiendo que no hay ningún remedio
      Y teniéndose que ver a cada instante
      Que la cosa es así, que pasa luego
      Que sonreír es cuestión de paciencia
      Y quien manda la vida es la aventura.
      ¡Oh ideal misérrimo, te quiero:
      Sentirme apenas hombre y no poeta!


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      Mensaje por Maria Lua Lun 31 Oct - 12:03

      BALADA DAS MENINAS DE BICICLETA



      Meninas de bicicleta
      Que fagueiras pedalais
      Quero ser vosso poeta!
      Ó transitórias estátuas
      Esfuziantes de azul
      Louras com peles mulatas
      Princesas da zona sul:
      As vossas jovens figuras
      Retesadas nos selins
      Me prendem, com serem puras
      Em redondilhas afins.
      Que lindas são vossas quilhas
      Quando as praias abordais!
      E as nervosas panturrilhas
      Na rotação dos pedais:
      Que douradas maravilhas!
      Bicicletai, meninada
      Aos ventos do Arpoador
      Solta a flâmula agitada
      Das cabeleiras em flor
      Uma correndo à gandaia
      Outra com jeito de séria
      Mostrando as pernas sem saia
      Feitas da mesma matéria.
      Permanecei! vós que sois
      O que o mundo não tem mais
      Juventude de maiôs
      Sobre máquinas da paz
      Enxames de namoradas
      Ao sol de Copacabana
      Centauresas transpiradas
      Que o leque do mar abana!
      A vós o canto que inflama
      Os meus trint'anos, meninas
      Velozes massas em chama
      Explodindo em vitaminas.
      Bem haja a vossa saúde
      À humanidade inquieta
      Vós cuja ardente virtude
      Preservais muito amiúde
      Com um selim de bicicleta
      Vós que levais tantas raças
      Nos corpos firmes e crus:
      Meninas, soltai as alças
      Bicicletai seios nus!
      No vosso rastro persiste
      O mesmo eterno poeta
      Um poeta - essa coisa triste
      Escravizada à beleza
      Que em vosso rastro persiste,
      Levando a sua tristeza
      No quadro da bicicleta.


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      VINICIUS DE MORAES  - Página 19 Empty Re: VINICIUS DE MORAES

      Mensaje por Maria Lua Lun 31 Oct - 12:05

      MARINA

      Lembras-te das pescarias
      Nas pedras das Três-Marias
      Lembras-te, Marina?

      Na navalha dos mariscos
      Teus pés corriam ariscos
      Valente menina!

      Crescia na beira-luz
      O papo dos baiacus
      Que pescávamos

      E nas vagas matutinas
      Chupávamos tangerinas
      E vagávamos...

      Tinhas uns peitinhos duros
      E teus beicinhos escuros
      Flauteavam valsas

      Valsas ilhoas! vadio
      Eu procurava, no frio
      De tuas calças

      E te adorava; sentia
      Teu cheiro a peixe, bebia
      Teu bafo de sal

      E quantas vezes, precoce
      Em vão, pela tua posse
      Não me saí mal...

      Deixavas-me dessa luta
      Uma adstringência de fruta
      De suor, de alga

      Mas sempre te libertavas
      Com doidas dentadas bravas
      Menina fidalga!

      Foste minha companheira
      Foste minha derradeira
      Única aventura?

      Que nas outras criaturas
      Não vi mais meninas puras
      Menina pura.





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      "Ser como un verso volando
      o un ciego soñando
      y en ese vuelo y en ese sueño
      compartir contigo sol y luna,
      siendo guardián en tu cielo
      y tren de tus ilusiones."
      (Hánjel)





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      Maria Lua
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      VINICIUS DE MORAES  - Página 19 Empty Re: VINICIUS DE MORAES

      Mensaje por Maria Lua Mar 1 Nov - 12:06

      POEMA DE NATAL



      Para isso fomos feitos:
      Para lembrar e ser lembrados
      Para chorar e fazer chorar
      Para enterrar os nossos mortos -
      Por isso temos braços longos para os adeuses
      Mãos para colher o que foi dado
      Dedos para cavar a terra.

      Assim será a nossa vida:

      Uma tarde sempre a esquecer
      Uma estrela a se apagar na treva
      Um caminho entre dois túmulos -
      Por isso precisamos velar
      Falar baixo, pisar leve, ver
      A noite dormir em silêncio.

      Não há muito que dizer:

      Uma canção sobre um berço
      Um verso, talvez, de amor
      Uma prece por quem se vai -
      Mas que essa hora não esqueça
      E por ela os nossos corações
      Se deixem, graves e simples.

      Pois para isso fomos feitos:
      Para a esperança no milagre
      Para a participação da poesia
      Para ver a face da morte -
      De repente nunca mais esperaremos...
      Hoje a noite é jovem; da morte, apenas
      Nascemos, imensamente.





      *********************

      Poema de Navidad



      Para eso fuimos hechos:
      Para recordar y ser recordados
      Para llorar y hacer llorar
      Para enterrar a nuestros muertos-
      Por eso tenemos brazos largos para los adioses
      Manos para coger lo que fue dado
      Dedos para cavar la tierra.

      Así será nuestra vida:
      Una tarde siempre para olvidar
      Una estrella apagándose en la tiniebla
      Un camino entre dos túmulos-
      Por eso precisamos velar
      Hablar bajo, pisar leve, ver
      La noche dormir en silencio.

      No hay mucho que decir:
      Una canción sobre una cuna
      Un verso, tal vez de amor
      Un rezo por quién se va-
      Pero que esa hora no olvide
      Y por ella nuestros corazones
      Se abandonen graves y simples.

      Porque para eso fuimos hechos:
      Para la esperanza en el milagro
      Para la participación de la poesía
      Para ver el rostro de la muerte-
      De repente nunca más esperaremos…
      Hoy la noche es joven, de la muerte, apenas
      Nacemos, inmensamente.


      ************************

      Poema de Natal recitado por el autor, Vinicius de Moraes





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      "Ser como un verso volando
      o un ciego soñando
      y en ese vuelo y en ese sueño
      compartir contigo sol y luna,
      siendo guardián en tu cielo
      y tren de tus ilusiones."
      (Hánjel)





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