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    Mensaje por Maria Lua Mar 26 Mayo 2020, 14:10

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    Mensaje por Maria Lua Jue 28 Mayo 2020, 04:02

    Destruição

    Os amantes se amam cruelmente
    e com se amarem tanto não se veem.
    Um se beija no outro, refletido.
    Dois amantes que são? Dois inimigos.

    Amantes são meninos estragados
    pelo mimo de amar: e não percebem
    quanto se pulverizam no enlaçar-se,
    e como o que era mundo volve a nada.

    Nada, ninguém. Amor, puro fantasma
    que os passeia de leve, assim a cobra
    se imprime na lembrança de seu trilho.

    E eles quedam mordidos para sempre.
    Deixaram de existir, mas o existido
    continua a doer eternamente.


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    Mensaje por Maria Lua Sáb 30 Mayo 2020, 03:49

    Ao Amor Antigo

    O amor antigo vive de si mesmo,
    não de cultivo alheio ou de presença.
    Nada exige nem pede. Nada espera,
    mas do destino vão nega a sentença.

    O amor antigo tem raízes fundas,
    feitas de sofrimento e de beleza.
    Por aquelas mergulha no infinito,
    e por estas suplanta a natureza.

    Se em toda parte o tempo desmorona
    aquilo que foi grande e deslumbrante,
    a antigo amor, porém, nunca fenece
    e a cada dia surge mais amante.

    Mais ardente, mas pobre de esperança.
    Mais triste? Não. Ele venceu a dor,
    e resplandece no seu canto obscuro,
    tanto mais velho quanto mais amor.


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    Mensaje por Maria Lua Sáb 30 Mayo 2020, 08:48

    A Máquina do Mundo





    E como eu palmilhasse vagamente
    uma estrada de Minas, pedregosa,
    e no fecho da tarde um sino rouco

    se misturasse ao som de meus sapatos
    que era pausado e seco; e aves pairassem
    no céu de chumbo, e suas formas pretas

    lentamente se fossem diluindo
    na escuridão maior, vinda dos montes
    e de meu próprio ser desenganado,

    a máquina do mundo se entreabriu
    para quem de a romper já se esquivava
    e só de o ter pensado se carpia.

    Abriu-se majestosa e circunspecta,
    sem emitir um som que fosse impuro
    nem um clarão maior que o tolerável

    pelas pupilas gastas na inspeção
    contínua e dolorosa do deserto,
    e pela mente exausta de mentar

    toda uma realidade que transcende
    a própria imagem sua debuxada
    no rosto do mistério, nos abismos.

    Abriu-se em calma pura, e convidando
    quantos sentidos e intuições restavam
    a quem de os ter usado os já perdera

    e nem desejaria recobrá-los,
    se em vão e para sempre repetimos
    os mesmos sem roteiro tristes périplos,

    convidando-os a todos, em coorte,
    a se aplicarem sobre o pasto inédito
    da natureza mítica das coisas,

    assim me disse, embora voz alguma
    ou sopro ou eco o simples percussão
    atestasse que alguém, sobre a montanha,

    a outro alguém, noturno e miserável,
    em colóquio se estava dirigindo:
    “O que procuraste em ti ou fora de

    teu ser restrito e nunca se mostrou,
    mesmo afetando dar-se ou se rendendo,
    e a cada instante mais se retraindo,

    olha, repara, ausculta: essa riqueza
    sobrante a toda pérola, essa ciência
    sublime e formidável, mas hermética,

    essa total explicação da vida,
    esse nexo primeiro e singular,
    que nem concebes mais, pois tão esquivo

    se revelou ante a pesquisa ardente
    em que te consumiste… vê, contempla,
    abre teu peito para agasalhá-lo.”

    As mais soberbas pontes e edifícios,
    o que nas oficinas se elabora,
    o que pensado foi e logo atinge

    distância superior ao pensamento,
    os recursos da terra dominados,
    e as paixões e os impulsos e os tormentos

    e tudo que define o ser terrestre
    ou se prolonga até nos animais
    e chega às plantas para se embeber

    no sono rancoroso dos minérios,
    dá volta ao mundo e torna a se engolfar
    na estranha ordem geométrica de tudo,

    e o absurdo original e seus enigmas,
    suas verdades altas mais que tantos
    monumentos erguidos à verdade;

    e a memória dos deuses, e o solene
    sentimento de morte, que floresce
    no caule da existência mais gloriosa,

    tudo se apresentou nesse relance
    e me chamou para seu reino augusto,
    afinal submetido à vista humana.

    Mas, como eu relutasse em responder
    a tal apelo assim maravilhoso,
    pois a fé se abrandara, e mesmo o anseio,

    a esperança mais mínima — esse anelo
    de ver desvanecida a treva espessa
    que entre os raios do sol inda se filtra;

    como defuntas crenças convocadas
    presto e fremente não se produzissem
    a de novo tingir a neutra face

    que vou pelos caminhos demonstrando,
    e como se outro ser, não mais aquele
    habitante de mim há tantos anos,

    passasse a comandar minha vontade
    que, já de si volúvel, se cerrava
    semelhante a essas flores reticentes

    em si mesmas abertas e fechadas;
    como se um dom tardio já não fora
    apetecível, antes despiciendo,

    baixei os olhos, incurioso, lasso,
    desdenhando colher a coisa oferta
    que se abria gratuita a meu engenho.

    A treva mais estrita já pousara
    sobre a estrada de Minas, pedregosa,
    e a máquina do mundo, repelida,

    se foi miudamente recompondo,
    enquanto eu, avaliando o que perdera,
    seguia vagaroso, de mãos pensas.


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    Mensaje por Maria Lua Dom 31 Mayo 2020, 13:24

    Ruas
    Por que ruas tão largas?
    Por que ruas tão retas?
    Meu passo torto
    foi regulado pelo becos tortos
    de onde venho.
    Não sei andar na vastidão simétrica
    implacável.
    Cidade grande é isso?
    Cidades são passagens sinuosas
    de esconde-esconde
    em que as casas aparecem-desaparecem
    quando bem entendem

    e todo mundo acha normal.
    Aqui tudo é exposto
    evidente
    cintilante. Aqui
    obrigam-me a nascer de novo, desarmado.


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    Mensaje por Maria Lua Miér 03 Jun 2020, 08:26

    Es normal que todos odien los lunes, que odien sus trabajos de oficina, que odien responder correos a las dos de la mañana y sentir que su vida se vuelve cada vez más mecánica a causa de la exigencias de su mundo laboral. Mientras las empresas confunden explotación con compromiso, el ciudadano común tiene la opción de dejarse oprimir a cambio de un sueldo mísero, o alejarse en busca de una alternativa que llene sus propias expectativas. El primero es aplaudido porque cumple con sus obligaciones de la maquinaria capitalista, mientras que el segundo, casi siempre joven, es vapuleado por su falta de responsabilidad.
    Y aunque pareciera que este mal es consecuencia de los tiempos actuales, donde el consumismo y la tecnología tienen aprisionado a todo asalariado, el aumento del estrés e insatisfacción en la vida del trabajador es un tema que se ha discutido desde antes de la aparición de los celulares touch y con wi-fi. A finales de la primera mitad del Siglo XX, el brasileño Carlos Drummond de Andrade ya abordaba en sus poemas los problemas de la vida entregada al mundo monetario y maquinal.
    [Tienes que estar registrado y conectado para ver esa imagen]
    Este poeta brasileño, nacido en Itabira en 1902 y muerto en Río de Janeiro en 1987, se encargó de plasmar las actitudes y actividades de los hombres preocupados cada vez más por las necesidades económicas. Drummond se vio influenciado por las vanguardias europeas de principios de siglo, y por autores de lengua portuguesa como [Tienes que estar registrado y conectado para ver este vínculo] y Mário de Sá-Carneiro; ideas que en el país amazónico se concretaron en el movimiento conocido como Modernismo brasileño (uno muy diferente al hispanoamericano de [Tienes que estar registrado y conectado para ver este vínculo]), que buscaba colocar la literatura regional en un contexto universal.
    Sin embargo, este poeta logró contraponerse, por ejemplo, al Futurismo del italiano Filippo Tommaso Marinetti (cuya propuesta estética era toda una exaltación a la máquina) y su obra no se convirtió en el himno al gran tiempo sino más bien la constatación de las fisuras y las tristezas, por lo que pasó de la oda a la ciudad a la sospecha y previsión de sus males. Drummond se descubrió como el vocero no sólo de los bienes sino de los males de la modernidad.
    Trabajas sin alegría para un mundo caduco,
    donde las formas y las acciones no guardan ningún ejemplo.
    Practicas laboriosamente los gestos universales,
    sientes calor y frío, falta de dinero, hambre y deseo sexual.
    […]
    Aceptas las lluvia, la guerra, el desempleo y la injusta distribución
    porque no puedes, solo, dinamitar la isla de Manhattan.
    Junto a sus compañeros de generación, como Mário y Oswald de Andrade, Manuel Bandeira, Cecilia Meireles, entre otros, Carlos Drummond de Andrade buscó una poesía que fuera de utilidad y no sólo artificio de la palabra, ya que en el Brasil de principios de siglo la mejor obra lírica era aquella que se conseguía con la mejor rima y el mejor metro, dejando de lado el contenido. En “Poema de siete faces”, el nacido en Itabira hace burla de esto al decir “Mundo mundo vasto mundo, / si yo me llamase Raimundo / sería una rima, no una solución”, exigiendo una poesía que supere el mero adorno verbal.
    [Tienes que estar registrado y conectado para ver esa imagen]
    La poesía de Carlos Drummond de Andrade es una poesía sin ornamentos y de un carácter más directo y profundo, donde el lenguaje precisa ser claro para que el mensaje de ayuda y utilidad pueda ser recibido por el lector, no sólo de Brasil, sino de aquel que sufre los estragos de los tiempos modernos.
    Vomitar este tedio sobre la ciudad.
    Cuarenta años y ningún problema
    resuelto, ni siquiera ubicado.
    Ninguna carta escrita ni recibida.
    Todos los hombres vuelven a casa.
    Son menos libres pero llevan periódicos
    y deletrean el mundo, sabiendo que lo pierden.
    Nuevamente, en “Poema de siete faces”, texto que abre su primer libro de poemas, Drummond expone una especie de autorretrato pero también una poética, donde conversa intertextualmente con poetas como Giuseppe Ungaretti y Álvaro de Campos, heterónimo de Fernando Pessoa. Al principio del poema, el autor dice: “Cuando nací, un ángel tuerto / de esos que viven en la sobra / dijo: ve, Carlos! sé gauche en la vida”. De las distintas traducciones que hay de este texto, ningún traductor se atreve a darle un valor fijo en español a la palabra “gauche”, que es algo similar a torpe, poco apto, muy parecido al personaje de “Tabaquería” de Álvaro de Campos, aquel que dice “No creo en mí”, y “El mundo es para quien nace para conquistarlo / Y no para quien sueña que puede conquistarlo, aunque tenga razón.” De esta forma, el poeta se convierte en un ser más terrenal y menos etéreo, lejano a los dioses y las musas y cercano al hombre que padece y se ensucia.
    Existe una famosa estatua de Carlos Drummond de Andrade en la Playa de Copacabana, en Río de Janeiro, donde se encuentra el poeta sentado en una banca. Tanto los turistas como la gente de la localidad acostumbran tomarse fotos con ella. De todas esas fotografías, algún curioso usuario de internet extrajo una donde un hombre común, en bermudas y sandalias, se ve entablando una conversación con la figura de bronce a pesar de que es una efigie sin vida, por lo que le agregó a la imagen la leyenda “Efectos secundarios del alcohol”.
    [Tienes que estar registrado y conectado para ver esa imagen]
    Si bien no es obligación del creador de este meme conocer la vida y obra de Drummond de Andrade, resulta curioso que este sea un autor con el que se pueda hablar directamente sin la necesidad de que esté vivo. El brasileño en el poema “Manos dadas”, dice que “No seré el poeta de un mundo caduco. / Tampoco cantaré el mundo futuro // […] El tiempo es mi materia, el tiempo presente, los hombres presentes, / la vida presente”, y él pensaba que la pertinencia de su obra se limitaría a un lapso de tiempo pequeño. Sin embargo, su presente se ha extendido hasta nuestros días, donde “Los hombros soportan el mundo”:
    Llega una época en que no se dice más: Dios mío.
    Época de absoluta depuración.
    Época en que no se dice más: amor mío.
    Porque el amor resultó inútil.
    Y los ojos no lloran.
    Y las manos tejen apenas su rudo trabajo.
    Y el corazón está seco.
     
    En vano mujeres golpean la puerta: no abrirás.
    Te quedaste solo; la luz se apagó,
    pero en la sombra tus ojos brillan enormes,
    Eres todo certeza; ya no sabes sufrir
    y de tus amigos no esperas nada.
     
    Poco importa que llegue la vejez, ¿qué es la vejez?
    Tus hombros soportan el mundo:
    y no pesa más que la mano de un niño.
    Las guerras, las hambres, las discusiones dentro de los edificios
    prueban apenas que la vida prosigue
    y no todos se liberan todavía.
    Algunos, encontrando bárbaro el espectáculo,
    preferirían (los delicados) morir.
    Llegó una época en que da igual morir.
    Llegó una época en que la vida es una orden.
    La vida apenas, sin mistificación.
    Actualmente, son sólo dos libros los que se pueden conseguir de Carlos Drummond de Andrade. Se trata de Sentimiento del mundo, publicado en 2005 por la editorial Hiperión en traducción de Adolfo Montejo Navas, y que es el libro paradigma de la poética de este brasileño. Por otra parte, El amor natural, también en Hiperión, son poemas de amor que se publicaron de manera póstuma, ya que, al parecer, son textos dedicados a otra mujer que no fue su esposa. Afortunadamente, en internet se pueden encontrar antologías accesibles, como la que se recoge en [Tienes que estar registrado y conectado para ver este vínculo], y [Tienes que estar registrado y conectado para ver este vínculo] en traducción de Rodolfo Alonso, el primer traductor de Pessoa al español.


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    Mensaje por Maria Lua Vie 05 Jun 2020, 13:04

    Resíduo

    Carlos Drummond de Andrade
    100 anos: 1902-2002

    [Tienes que estar registrado y conectado para ver esa imagen]
     
    De Drummond ficou muito. Mas o poeta, sempre gauche, minimizava a importância de seus versos.
    "Minha motivação foi esta: tentar resolver, através de versos, problemas existenciais internos. São problemas de angústia,  incompreensão e inadaptação ao mundo”, disse Drummond ao jornalista Geneton Moraes Neto, em sua última entrevista, publicada cinco dias após sua morte, no caderno Idéias, do Jornal do Brasil, em 22 de agosto de 1987.

    Essa entrevista, completa, foi reproduzida no livro O Dossiê Drummond, de Geneton Moraes Neto (Editora Globo, 1994).

                        • • •
    BIOGRAFIA

    A fortuna crítica de Drummond é imensa. Dá para encher uma biblioteca. Com certeza, não há outro poeta brasileiro com maior volume de estudos dedicados ao seu trabalho. Todo departamento de letras de qualquer faculdade que se preze tem pelo menos um drummondólogo que já publicou — em tese, em artigo ou em livro — algum tipo de apreciação crítica sobre os escritos de Drummond: poesia, crônica ou conto.  

    Em contraste, são minguadas as biografias do poeta. Há muitas notícias biográficas, em geral entremeadas nas análises da obra. Biografia, mesmo, há apenas uma: Os Sapatos de Orfeu, do jornalista José Maria Cançado (Scritta, 1994). Infelizmente, essa obra está esgotada. Numa narrativa sensível, contém toda a trajetória de Drummond, desde a Itabira do início do século 20, até sua morte em 1987.

    Além de Os Sapatos de Orfeu, existe uma longa reportagem sobre Drummond, focada principalmente no final da vida do poeta. É 
    Dossiê Drummond, de Geneton Moraes Neto (citado acima). Inclui entrevistas com amigos, uma longa entrevista com Lygia Fernandes, namorada do poeta durante quase trinta anos, e a última entrevista do autor de Sentimento do Mundo.

     
    De tudo ficou um pouco
    Do meu medo. Do teu asco.
    Dos gritos gagos. Da rosa
    ficou um pouco.

    Ficou um pouco de luz
    captada no chapéu.
    Nos olhos do rufião
    de ternura ficou um pouco
    (muito pouco).

    Pouco ficou deste pó
    de que teu branco sapato
    se cobriu. Ficaram poucas
    roupas, poucos véus rotos
    pouco, pouco, muito pouco.

    Mas de tudo fica um pouco.
    Da ponte bombardeada,
    de duas folhas de grama,
    do maço
     vazio   de cigarros, ficou um pouco.

    Pois de tudo fica um pouco.
    Fica um pouco de teu queixo
    no queixo de tua filha.
    De teu áspero silêncio
    um pouco ficou, um pouco
    nos muros zangados,
    nas folhas, mudas, que sobem.

    Ficou um pouco de tudo
    no pires de porcelana,
    dragão partido, flor branca,
    ficou um pouco
    de ruga na vossa testa,
    retrato.

    Se de tudo fica um pouco,
    mas por que não ficaria
    um pouco de mim? no trem
    que leva ao norte, no barco,
    nos anúncios de jornal,
    um pouco de mim em Londres,
    um pouco de mim algures?
    na consoante?
    no poço?

    Um pouco fica oscilando
    na embocadura dos rios
    e os peixes não o evitam,
    um pouco: não está nos livros.
    De tudo fica um pouco.
    Não muito: de uma torneira
    pinga esta gota absurda,
    meio sal e meio álcool,
    salta esta perna de rã,
    este vidro de relógio
    partido em mil esperanças,
    este pescoço de cisne,
    este segredo infantil...
    De tudo ficou um pouco:
    de mim; de ti; de Abelardo.
    Cabelo na minha manga,
    de tudo ficou um pouco;
    vento nas orelhas minhas,
    simplório arroto, gemido
    de víscera inconformada,
    e minúsculos artefatos:
    campânula, alvéolo, cápsula
    de revólver... de aspirina.
    De tudo ficou um pouco.

    E de tudo fica um pouco.
    Oh abre os vidros de loção
    e abafa
    o insuportável mau cheiro da memória.

    Mas de tudo, terrível, fica um pouco,
    e sob as ondas ritmadas
    e sob as nuvens e os ventos
    e sob as pontes e sob os túneis
    e sob as labaredas e sob o sarcasmo
    e sob a gosma e sob o vômito
    e sob o soluço, o cárcere, o esquecido
    e sob os espetáculos e sob a morte escarlate
    e sob as bibliotecas, os asilos, as igrejas triunfantes
    e sob tu mesmo e sob teus pés já duros
    e sob os gonzos da família e da classe,
    fica sempre um pouco de tudo.
    Às vezes um botão. Às vezes um rato.

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    Drummond: 100 anos
    Carlos Machado, 2002
    Carlos Drummond de Andrade
    In A Rosa do Povo
    José Olympio, 1945
    © Graña Drummond


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    y en ese vuelo y en ese sueño
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    y tren de tus ilusiones."
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    Mensaje por Maria Lua Sáb 06 Jun 2020, 08:40

    A Flor e a Náusea




    Preso à minha classe e a algumas roupas,
    vou de branco pela rua cinzenta.
    Melancolias, mercadorias espreitam-me.
    Devo seguir até o enjôo?
    Posso, sem armas, revoltar-me?
    Olhos sujos no relógio da torre:
    Não, o tempo não chegou de completa justiça.
    O tempo é ainda de fezes, maus poemas, alucinações e espera.
    O tempo pobre, o poeta pobre
    fundem-se no mesmo impasse.
    Em vão me tento explicar, os muros são surdos.
    Sob a pele das palavras há cifras e códigos.
    O sol consola os doentes e não os renova.
    As coisas. Que tristes são as coisas, consideradas sem ênfase.
    Uma flor nasceu na rua!
    Vomitar esse tédio sobre a cidade.
    Quarenta anos e nenhum problema
    resolvido, sequer colocado.
    Nenhuma carta escrita nem recebida.
    Todos os homens voltam para casa.
    Estão menos livres mas levam jornais
    E soletram o mundo, sabendo que o perdem.
    Crimes da terra, como perdoá-los?
    Tomei parte em muitos, outros escondi.
    Alguns achei belos, foram publicados.
    Crimes suaves, que ajudam a viver.
    Ração diária de erro, distribuída em casa.
    Os ferozes padeiros do mal.
    Os ferozes leiteiros do mal.
    Pôr fogo em tudo, inclusive em mim.
    Ao menino de 1918 chamavam anarquista.
    Porém meu ódio é o melhor de mim.
    Com ele me salvo
    e dou a poucos uma esperança mínima.
    Passem de longe, bondes, ônibus, rio de aço do tráfego.
    Uma flor ainda desbotada
    ilude a polícia, rompe o asfalto.
    Façam completo silêncio, paralisem os negócios,
    garanto que uma flor nasceu.
    Sua cor não se percebe.
    Suas pétalas não se abrem.
    Seu nome não está nos livros.
    É feia. Mas é realmente uma flor.
    Sento-me no chão da capital do país às cinco horas da tarde
    e lentamente passo a mão nessa forma insegura.
    Do lado das montanhas, nuvens maciças avolumam-se.
    Pequenos pontos brancos movem-se no mar, galinhas em pânico.
    É feia. Mas é uma flor. Furou o asfalto, o tédio, o nojo e o ódio.



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    Mensaje por Maria Lua Sáb 06 Jun 2020, 08:43

    Áporo






    Um inseto cava
    cava sem alarme
    perfurando a terra
    sem achar escape.
    Que fazer, exausto,
    em país bloqueado,
    enlace de noite
    raiz e minério?
    Eis que o labirinto
    (oh razão, mistério)
    presto se desata:
    em verde, sozinha,
    antieuclidiana,
    uma orquídea forma-se.





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    Mensaje por Maria Lua Sáb 06 Jun 2020, 08:45

    I – Poesia social


    Pelo menos duas dezenas dos cinqüenta e cinco poemas de A rosa do povo podem ser enquadrados nesta tendência na qual a angústia subjetiva do poeta transforma-se em engajamento e compromisso com a humanidade.
    De certa forma, é possível distinguir neles uma espécie de seqüência lógica que revela as mudanças de percepção do poeta face ao fenômeno social. Este processo temática não é unívoco, sendo composto por mais ou menos quatro movimentos muito próximos e que, na sua totalidade, formam a mais elevada manifestação de poesia comprometida na história da literatura brasileira. Vamos encontrar então:
    – a culpa e a responsabilidade moral – a repulsa ao egocentrismo e a abertura em direção à solidariedade estão representadas por dois poemas totalmente simbólicos e despidos de referências à historicidade e ao cotidiano: Carrego comigo e Movimento da espada.
    – o registro puro e simples de uma ordem política injusta – ainda que toda a sua poesia social submeta a ordem vigente a um inquérito implacável, há sempre nestes poemas a indicação do novo, ou pelo menos das lutas que indivíduos, classes e povos travam para impugnar a injustiça do planeta. A exemplo de O medo, entretanto, a esperança ou o enfrentamento não se delineiam e o resultado é um dos textos mais opressivos de toda a obra de Drummond.
    Os versos irregulares, (embora um bom número deles tenha sete sílabas) não impedem a criação uma cadência grave e soturna, nascida da repetição exaustiva da palavra medo. No desenrolar das quinze estrofes do poema, essa palavra e aquilo que ela traduz no contexto da época (ditadura, prisão, tortura, guerra, massacres, etc.) vão tecendo uma rede de tentáculos sobre os seres, impedindo-os de pensar, protestar e agir.
    Além da impugnação desta era de medo, Drummond deixa transparecer no poema a sensação de culpa e de responsabilidade  que o acomete com freqüência.
    – a passagem da náusea à perspectiva de uma nova sociedade (em termos concretos e em termos abstratos) – Neste bloco, encontramos um significativo número de poemas. Eles refletem a transição de um clima acabrunhante  no qual um indivíduo em crise e um sistema desolador se identificam  para uma atmosfera radiosa de esperança e afirmativa do novo.
    Dentro desta ótica são escritos dois dos mais importantes poemas de A rosa do povoA flor e a náusea e Nosso tempo. São também os mais concretos pois aludem diretamente ou indiretamente à realidade objetiva. Neles, o sentimento de culpa é substituído pela noção de náusea: a náusea existencialista, à maneira de Sartre, que, mais do que uma sensação física de enjôo, é uma situação de absoluta liberdade de quem a vivencia. Liberdade no sentido da destruição de todos os valores tradicionais, da morte de todos os deuses e crenças. A náusea decorre desta liberdade aterradora, próxima do absurdo. O homem, despojado de suas antigas certezas, vaga num universo de destroços, porém, ao mesmo tempo que o tédio e o desespero o ameaçam, este mesmo homem pode, na grande solidão em que se converteu sua vida, encontrar uma alternativa válida de existência individual e coletiva.
    – a celebração da nova ordem – O despojamento do egoísmo burguês e a superação da situação de náusea induziram Drummond a vários compromissos: primeiro, o moral; segundo, o humanista; terceiro, o ideológico. Imerso numa era onde a barbárie ameaçava a civilização, o poeta entende que a mera solidariedade ou apenas a argüição áspera da sociedade injusta não bastariam. Seria necessário que o indivíduo sujeitasse seu egocentrismo a um sistema de idéias em que a organização e os interesses coletivos prevalecessem.
    O marxismo  na sua formulação soviética  surge, então, como a possibilidade redentora do homem. O heroísmo da URSS, na II Guerra, é o combustível desta expansão ideológica. Há, em todo o Ocidente, uma expressiva fraternidade em relação ao povo russo e ao seu regime. Como centena de intelectuais, Drummond não escapa da sedução comunista. Alguns poemas vão traduzir esta adesão. Com raras exceções, eles constituem a parte mais perecível de A rosa do povo.




    II – Poesia de reflexão existencial




    Entre os múltiplos temas do autor, o único presente em todas as suas obras, de Alguma poesia a Farewel, com maior ou menor insistência, é o do questionamento do sentido da vida. Mesmo num livro em que o engajamento social e político exerce forte hegemonia, como é o caso de A rosa do povo, sobressaem-se inúmeros poemas de interrogação existencial, alguns situados entre os momentos culminantes do lirismo de Drummond. Principais motivos:
    Solidão, angústia e incomunicabilidade – Mais centrada na esfera da subjetividade do poeta, esta tendência desvela a impotência do eu-lírico para estabelecer vias comunicantes com os demais seres humanos. Trata-se de uma solidão terrível, pois ela ocorre na grande cidade, cidade antropofágica e impassível, onde o indivíduo caminha desorientado em meio a uma multidão indiferente e sem rosto.
    O fluir do tempo – Um dos temas nucleares da obra drummondiana, a percepção da passagem do tempo se estabelece através de interrogações diretas sobre o sentido deste fluxo que degrada os corpos, a beleza, as coisas e também as ilusões, os amores e as crenças dos indivíduos. Affonso Romano de SantAnna, em ótima análise estilística, mostra a predominância em A rosa do povo de vocábulos que indicam mudança e viagem. A vida flui e reflui, corre, passa, escorre, espalha-se, desliza, dissipa-se, num desfile ininterrupto e cujo destino final é a morte.
    A morte – A consciência da progressiva destruição operada pelo tempo  núcleo principal de todo o amplo espectro temático de CDA  condensa-se na convicção de que o ser é sempre o ser-para-a-morte.
    viagem mortal do indivíduo percorre não apenas toda a poesia de indagação filosófica, mas igualmente a lírica que expressa o passado, o cotidiano, o compromisso ético e político e até a que fala do amor. A tragédia da condição humana é a da certeza da finitude. Desta expectativa da própria destruição, Drummond elabora poemas de desconcertante lucidez.




    III – A poesia sobre a poesia




    A reflexão metapoética (ou metalinguagem) constitui uma das vertentes dominantes da obra de Drummond. A própria poesia é tematizada, na forma característica do poema sobre o poema, e discute-se o ofício de escrever, a construção do texto, o âmago da linguagem lírica, etc.
    A poética – Consideração do poema e Procura da poesia abrem A rosa do povo. Isso já revela a importância que Drummond confere ao problema do fazer literário, porque em ambos estabelece-se a tentativa de fixação de uma poética, isto é, de um processo de enumeração  direto ou metafórico  dos princípios técnicos e semânticos e dos valores filosóficos que regem a escrita do autor.
    Uma poética controversa – Os críticos se dividiram a respeito do significado dos dois principais poemas de metalinguagem de Drummond. Alguns interpretaram os textos como contraditórios porque afirmariam realidades antagônicas: um, o domínio do compromisso social; outro, o império da linguagem. Representariam, portanto, a condensação das tendências opositivas de A rosa do povo, obra dilacerada entre a esperança no futuro socialista e a amargura filosófica.
    Já outros críticos especulam que Consideração do poema corresponde ao projeto ideológico do autor, enquanto Procura da poesia traduz o seu projeto estético, não havendo diferenças estruturais entre ambos, e sim uma variação de enfoque determinada pela especificidade de cada projeto.
    No entanto, para José Guilherme Merquior  o mais importante entre os estudiosos da obra drummondiana  os dois poemas formam um conjunto coerente, porque estão alicerçados sobre uma concepção dialética do gênero lírico, o qual se comporia de duas camadas interligadas:
    a) A natureza preponderantemente verbal da poesia. Ou seja, poesia, em primeiro lugar, é seleção e ordenação de palavras;
    b) As palavras  captadas em seu mistério e em algumas de suas mil faces  não são vazias de conteúdo. Ora, se o discurso poético não é um zero semântico, suas referências obrigatoriamente designam elementos do real.

    Em suma, a pesquisa e a invenção de linguagem constituem o cerne da poesia, mas as palavras trazem consigo uma constelação de significados que o poeta escolhe. Não se trata  como já frisamos  de privilegiar a mensagem, exprimindo-a diretamente. Isso não é poesia. Apenas através da penetração no reino das palavras, o autor lírico poderá dar um sentido a seu canto. Ou seja, aquilo que o poeta diz é também a forma como ele o diz.
    IV – Poesia sobre o passado
    A idéia do passado e de suas infinitas recordações afeta profundamente a criação poética de Drummond, tanto que alguns de seus mais celebrados poemas giram em torno deste baú de lembranças que, aberto, deixa entrever uma formidável multiplicidade de experiências pessoais, familiares e históricas.Em resumo, o passado é apresentado da seguinte maneira na poesia de Drummond:
    1– O registro realista (mais sugerido do que descrito) do quadro familiar e sócio-cultural do interior rural mineiro de fins do século XIX e início do século XX;
    2- A evocação de um mundo estritamente pessoal, formado por fatos, palavras e sentimentos que tiveram eco ou atingiram a subjetividade do menino e/ou do jovem Drummond;
    3– A projeção do passado (pessoal, familiar, social) no presente, fazendo com que toda a indagação daquilo que ficou para trás seja também uma indagação da identidade atual do poeta e dos outros remanescentes do universo rural / provinciano, recuperados por uma memória que os interpela incessantemente.




    V – Poesia sobre o amor




    Drummond talvez seja a voz lírica/amorosa mais rica e complexa da literatura brasileira. Há em sua poesia uma inesgotável variedade de visões e abordagens do fenômeno afetivo, tanto nos aspectos espirituais quanto nos eróticos.
    No entanto, em A rosa do povo a questão amorosa ocupa espaço mínimo, registrando-se apenas um poema de assunto estritamente sentimental: O mito. Verdade que não seria equivocado enquadrar O caso do vestido nesta vertente, mas por razões que veremos adiante, preferimos inseri-lo na categoria dos poemas sobre o cotidiano.




    VI – Poesia do cotidiano




    Embora vários textos da poesia social de Drummond retratem a vida diária com grande vigor, a inclinação participante do poeta dão a estes versos uma dimensão explicitamente engajada. Algo que não encontramos nos poemas específicos sobre o cotidiano. Neles, Drummond fixa cenas ou narra histórias  sem a intervenção do eu  quase como um repórter de linguagem apurada. Com muita propriedade, Merquior define estes poemas como dramas do cotidiano. Em regra geral, são os de leitura mais acessível, o que não lhes retira a beleza e a complexidade. Todavia, em A rosa do povo só nos deparamos com dois desses poemas.




    VII – Celebração dos amigos




    Em vários de seus livros, Drummond faz a louvação de personalidades que, de alguma maneira, marcaram-lhe a existência, seja pela amizade, seja pela grandeza artística/humana das obras que produziram. Em A rosa do povo, duas longas odes expressam a referida tendência. Mário de Andrade e Charlie Chaplin são os homenageados em textos arrebatadores, enfáticos e, no caso específico do segundo, até mesmo um pouco palavroso.
    Nota
    A riqueza de A Rosa do Povo não se restringe, porém, às temáticas abordadas. Há uma profusão de outros assuntos, como a abordagem da cidade natal (Nova Canção do Exílio, em que há uma reinterpretação do Canção do Exílio, de Gonçalves Dias), a observação do problemático cotidiano social (Morte do Leiteiro, em que o protagonista, que dá nome ao poema, acaba sendo assassinado em pleno exercício de sua função por ser confundido com um ladrão, o que possibilita uma crítica às relações sociais esgarçadas pelo medo), a rememoração dos parentes (Retrato de Família, em que o eu-lírico percebe a viagem através da carne e do tempo de uma constante eterna ligada à idéia de família) e o amor como experiência difícil, o famoso amar amaro (Caso de Vestido, em que o eu-lírico, uma mulher, narra o sofrimento por que passou quando da perda do seu marido e quando também da recuperação dele).





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    Mensaje por Maria Lua Sáb 06 Jun 2020, 08:53

     A FLOR E A NÁUSEA





    Resumen



    En el mundo, Segunda Guerra Mundial. En Brasil, dictadura de Vargas. Impulsado por esa realidad, Carlos Drummond de Andrade publica, en 1945, A rosa do povo, el mayor de todos sus libros, con cincuenta y cinco poemas. En la obra se percibe nítidamente el realismo social. Enfrentando la poesía de Drummond con la obra Raízes do Brasil, publicada en 1936, Sérgio Buarque de Holanda intenta, a través del análisis de nuestro pasado, predecir nuestro futuro. La obra es un análisis de la sociedad brasileña y del surgimiento de nuestras estructuras económicas y políticas. Un análisis innovador que apunta los conceptos de burocracia y patrimonialismo en nuestra cultura. Sérgio buscó en el periodo colonial las raíces de los problemas a los que se enfrenta el Brasil contemporáneo. Describió al brasileño como un “hombre cordial”, o sea, que actúa por sentimientos, prefiriendo las relaciones personales al cumplimiento de leyes objetivas. La “cultura de la personalidad” tratada por Sérgio nos habla de una laxitud de los lazos sociales que resulta en formas de organización solidaria y ordenada. Para Buarque, la colonización brasileña fue promovida por la cultura aventurera de los portugueses, que niega la estabilidad y la planificación y apoya la práctica del ocio. Así, a partir de los textos de Drummond y Buarque analizamos la sociedad brasileña desde un punto de vista político y moral, confrontando sus características históricas con la actualidad.


    Rosa Maria FREITAS DO NASCIMENTO, Carina Laís SILVA ACIOLY


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    CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE (Brasil, 31/10/ 1902 –  17/08/ 1987) - Página 6 Empty Re: CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE (Brasil, 31/10/ 1902 – 17/08/ 1987)

    Mensaje por Maria Lua Sáb 06 Jun 2020, 09:05

    Síntesis biográfica



    Procede de una [Tienes que estar registrado y conectado para ver este vínculo] campesina en declive, realiza estudios en la ciudad de [Tienes que estar registrado y conectado para ver este vínculo] y el Colegio de los Jesuitas de Nova Friburgo, donde fue expulsado por "insubordinación de la mente." De vuelta en Belo Horizonte, comenzó su carrera como escritor y colaborador de la revista Journal of Mines, que congregó a simpatizantes locales de la minera movimiento modernista en ciernes.




    Etapa estudiantil y laboral



    A insistencia de la familia para obtener un diploma, se gradua de farmacéutico en la ciudad de [Tienes que estar registrado y conectado para ver este vínculo] en [Tienes que estar registrado y conectado para ver este vínculo] se gana la [Tienes que estar registrado y conectado para ver este vínculo] como periodista y funcionario público. Funda la [Tienes que estar registrado y conectado para ver este vínculo] con otros escritores, que, a pesar de la breve vida, fue un importante vehículo para la afirmación del [Tienes que estar registrado y conectado para ver este vínculo] en [Tienes que estar registrado y conectado para ver este vínculo]. Se une al servicio civil y en [Tienes que estar registrado y conectado para ver este vínculo] se traslada a [Tienes que estar registrado y conectado para ver este vínculo], donde fue jefe del Estado Mayor Gustavo Capanema, Ministro de [Tienes que estar registrado y conectado para ver este vínculo] hasta [Tienes que estar registrado y conectado para ver este vínculo]. Trabajaba entonces en el Departamento de Patrimonio Histórico y Artístico Nacional y se retira en [Tienes que estar registrado y conectado para ver este vínculo]. Desde [Tienes que estar registrado y conectado para ver este vínculo] trabaja como columnista en el Morning Post, y desde el comienzo de [Tienes que estar registrado y conectado para ver este vínculo], el Jornal do [Tienes que estar registrado y conectado para ver este vínculo].




    Actividad literaria





    Inicia la actividad literaria militando en las filas del modernismo, propugnando el retorno a la realidad y rechazando toda forma de influencia extranjera en la [Tienes que estar registrado y conectado para ver este vínculo] brasileña. En la primera obra que realiza llamada Alguma poesia ([Tienes que estar registrado y conectado para ver este vínculo]), domina, en efecto, la [Tienes que estar registrado y conectado para ver este vínculo] de la vida cotidiana y local. Las costumbres y tradiciones de su tierra natal son evocadas sin hacer ninguna concesión al lirismo romantizante, refrenado por una fina ironía, que se revelará permanentemente en todas sus obras.


    Muerte

    Falleció en Río de Janeiro, el [Tienes que estar registrado y conectado para ver este vínculo] de [Tienes que estar registrado y conectado para ver este vínculo], pocos días después de la muerte de la única hija que procreó, la cronista de María Julieta Drummond Andrade.




    Obras





    En Brejo das almas ([Tienes que estar registrado y conectado para ver este vínculo]), el [Tienes que estar registrado y conectado para ver este vínculo] poético se hace más personal, acentuándose el "humour" e iniciándose el proceso de introspección que le conducirá, mediante la superación del sentido de la soledad y de la consiguiente desazón, a la necesidad de acercarse a los demás hombres.


     Expresiones poéticas de este acercamiento son Sentimento do [Tienes que estar registrado y conectado para ver este vínculo] ([Tienes que estar registrado y conectado para ver este vínculo]), Poesias ([Tienes que estar registrado y conectado para ver este vínculo]) y A rosa do povo ([Tienes que estar registrado y conectado para ver este vínculo]), uno de los mejores ejemplos de poesía social y popular de la literatura brasileña, obras todas ellas en las que el poeta denuncia la deshumanización del mundo y, al mismo tiempo, manifiesta su confianza en el advenimiento de un mundo mejor. Con A rosa do povo madura el lenguaje modernista del autor y se anuncia, con unas formas expresivas y experiencias técnicas nuevas, la creación de un lenguaje personal y universal a un tiempo. 


    Disminuye el tono coloquial, mientras que aumenta el empleo de la metáfora. Eliminada cualquier forma enfática o retórica, la energía de la expresión y el lirismo surgen de continuos contrastes temáticos, del ritmo, de asociaciones sorprendentes y del "poder de la palabra", estricta y depurada.




    Surgen de este modo Claro enigma ([Tienes que estar registrado y conectado para ver este vínculo]) y Fazendeiro do ar ([Tienes que estar registrado y conectado para ver este vínculo]), poemarios en los que se atenúa la violencia de la denuncia. Los últimos volúmenes publicados, entre ellos Poemas (1959), Liçao de coisas (1962), Versiprosa ([Tienes que estar registrado y conectado para ver este vínculo]), Menino antigo (1973) y As impurezas do branco (1973), vuelven a confirmar la conciencia artística de su autor, y la constancia de su búsqueda formal y semántica. Idénticas cualidades se manifiestan en sus obras en prosa, a menudo poética, con las que ofrece un modelo tanto del lenguaje coloquial brasileño como del lenguaje literario moderno. 


    Además de Confissoes de Minas (1944), su primer libro en prosa, Drummond de Andrade publicó Contos de aprendiz (1951) y otros volúmenes de crónicas y de ensayos, como Fala, amendoeira (1957), Cadeira de balanço (1966), O poder ultrajoven e mais 79 textos em prosa e verso ([Tienes que estar registrado y conectado para ver este vínculo]), De noticias e nao noticias faz-se a crónica ([Tienes que estar registrado y conectado para ver este vínculo]) y Os dias lindos ([Tienes que estar registrado y conectado para ver este vínculo]).




     Varias obras del poeta fueron traducidos al Español, Inglés, francés, italiano, alemán, sueco, checo y otros. Drummond fue sin duda, durante muchas décadas, el poeta más influyente de la literatura brasileña en su tiempo, también ha publicado varios libros de [Tienes que estar registrado y conectado para ver este vínculo].
    Drummond de Andrade se destaca por la consagración al trabajo y una conducta intachable como escritor, dejando una bella obra.


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    y en ese vuelo y en ese sueño
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    siendo guardián en tu cielo
    y tren de tus ilusiones."
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    Mensaje por Maria Lua Sáb 06 Jun 2020, 09:26

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    estado de [Tienes que estar registrado y conectado para ver este vínculo],
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    Fallecimiento[Tienes que estar registrado y conectado para ver este vínculo] de [Tienes que estar registrado y conectado para ver este vínculo] (84 años) 
    ciudad de [Tienes que estar registrado y conectado para ver este vínculo],
    estado de Río de Janeiro,
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    Nacionalidadbrasileña
    HijosMaría Julieta
    Obras destacadasAlguma poesía, Brejo das almas y A rosa do povo


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    Mensaje por Maria Lua Dom 07 Jun 2020, 13:10

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    Mensaje por Maria Lua Mar 09 Jun 2020, 07:59



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    Mensaje por Maria Lua Miér 10 Jun 2020, 14:36

    Carlos Drummond de Andrade
    (Minas Gerais, 1902-Río de Janeiro, 1987)

    Carlos Drummond de Andrade nació el 31 de octubre de 1902 en Minas Gerais. Muy temprano se interesó por la vida literaria de su país y, para 1924, ya estaba en contacto con escritores del movimiento modernista brasileño: Mário de Andrade, Tarsila de Amaral y Oswald de Andrade. Farmacéutico de profesión, fue colaborador de publicaciones como Revista de Antropofagia y Diário de Minas. En 1930 lanzó su primer libro Alguma poesía y a partir de entonces no dejó de dar a conocer su obra: Poesias (1942), A rosa do povo (1945), Versiprosa (1967), Boitempo (1968), por mencionar sólo algunos títulos de poemarios, ya que también fue cronista y autor de cuentos. Considerado uno de los poetas más influyentes de la literatura brasileña, Drummond dejó en sus versos diferentes rangos de expresión: desde ironía hacia el mundo hasta un sentir metafísico, pasando por reflexión lingüística y social. Murió en agosto de 1987.


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    Mensaje por Maria Lua Miér 10 Jun 2020, 14:37

    Consideração do poema







    Não rimarei a palavra sono

    com a incorrespondente palavra outono.

    Rimarei com a palavra carne

    ou qualquer outra, que todas me convêm.

    As palavras não nascem amarradas,

    elas saltam, se beijam, se dissolvem,

    no céu livre por vezes um desenho,

    são puras, largas, autênticas, indevassáveis.




    Uma pedra no meio do caminho

    ou apenas um rastro, não importa.

    Estes poetas são meus. De todo orgulho,

    de toda a precisão se incorporam

    ao fatal meu lado esquerdo. Furto a Vinicius

    sua mais límpida elegia. Bebo em Murilo.

    Que Neruda me dê sua gravata

    chamejante. Me perco em Apollinaire. Adeus, Maiakóvski.

    São todos meus irmãos, não são jornais

    nem deslizar de lancha entre camélias:

    é toda a minha vida que joguei.



    Estes poemas são meus. É minha terra

    e é ainda mais do que ela. É qualquer homem

    ao meio-dia em qualquer praça. É a lanterna

    em qualquer estalagem, se ainda as há.

    -Há mortos? Há mercados? Há doenças?

    É tudo meu. Ser explosivo, sem fronteiras,

    por que falsa mesquinhez me rasgaria?

    Que se depositem os beijos na face branca, nas principiantes rugas.

    O beijo ainda é um sinal, perdido embora,

    da ausência de comércio,

    boiando em tempos sujos.



    Poeta do finito e da matéria,

    cantor sem piedade, sim, sem frágeis lágrimas,

    boca tão seca, mas ardor tão casto.

    Dar tudo pela presença dos longínquos,

    sentir que há ecos, poucos, mas cristal,

    não rocha apenas, peixes circulando

    sob o navio que leva esta mensagem,

    e aves de bico longo conferindo

    sua derrota, e dois ou três faróis,

    últimos! Esperança do mar negro.

    Essa viagem é mortal, e começá-la

    Saber que há tudo. E mover-se em meio

    a milhões e milhões de formas raras,

    secretas, duras. Eis aí meu canto.



    Ele é tão baixo que sequer o escuta

    ouvido rente ao chão. Mas é tão alto

    que as pedras o absorvem. Está na mesa

    aberta em livros, cartas e remédios.

    Na parede infiltrou-se. O bonde, a rua,

    o uniforme de colégio se transformam,

    são ondas de carinho te envolvendo.



    Como fugir ao mínimo objeto

    ou recusar-se ao grande? Os temas passam,

    eu sei que passarão, mas tu resistes,

    e cresces como fogo, como casa,

    como orvalho entre dedos,

    na grama, que repousam.



    Já agora te sigo a toda parte,

    e te desejo e te perco, estou completo,

    me destino, me faço tão sublime,

    tão natural e cheio de segredos,

    tão firme, tão fiel...Tal uma lâmina,

    o povo, meu poema, te atravessa.



     
    *************


     



    Consideración del poema










    No rimaré la palabra sueño

    con la incorrespondiente palabra pleno.

    Rimaré con la palabra carne

    o cualquier otra, que todas quedan.

    Las palabras no nacen amarradas,

    ellas saltan, se besan, se disuelven,

    en el cielo libre a veces como un dibujo,

    son puras, largas, auténticas, invulnerables.




    Una piedra en medio del camino

    o apenas un rastro, no importa.

    Estos poetas son míos. Con todo orgullo,

    con toda precisión se incorporan

    a mi fatal lado izquierdo. Robo a Vinicius

    su más limpia elegía. Bebo en Murilo.

    Que Neruda me dé su llameante

    corbata. Me pierdo en Apollinaire. Adiós, Maiakóvski.

    Son todos mis hermanos, no son periódicos

    ni deslizarse en lancha entre camelias:

    es toda mi vida que aposté.



    Estos poemas son míos. Es mi tierra

    y más que eso. Es cualquier hombre

    al mediodía en cualquier plaza. Es la linterna

    en cualquier posada, si todavía las hay.

    ¿Hay muertos?, ¿hay mercados?, ¿hay enfermedades?

    Es todo mío. Ser explosivo, sin fronteras,

    ¿por qué falsa mezquindad me rasgaría?

    Que se depositen los besos en el rostro blanco, en las primeras arrugas.

    El beso todavía es una señal, aunque perdida,

    de la ausencia de comercio,

    flotando en sucios tiempos.



    Poeta de lo finito y de la materia,

    cantor sin piedad, sí, sin frágiles lágrimas,

    boca tan seca, mas ardor tan casto.

    Dar todo por la presencia de los lejanos,

    sentir que hay ecos, pocos, mas cristal,

    no sólo roca, peces circulando

    bajo el barco que lleva este mensaje,

    y aves de pico largo confiriendo

    su derrota, y dos o tres faroles,

    ¡últimos! esperanza del mar negro.

    Ese viaje es mortal, comenzarlo.

    Saber que hay todo. Y moverse en medio

    de millones y millones de formas raras,

    secretas, duras. He aquí mi canto.



    Es tan bajo que ni siquiera se escucha

    pegando el oído al piso. Pero es tan alto

    que las piedras lo absorben. Está en la mesa,

    abierto en libros, cartas y recetas.

    Se filtró en la pared. El tranvía, la calle,

    el uniforme del colegio, se transforman,

    son olas de cariño envolviéndote.



    ¿Cómo huir al objeto pequeño

    o rehusarse al grande? Los temas pasan,

    sé que pasarán, pero tú resistes,

    y creces como fuego, como casa,

    como rocío entre dedos,

    en el pasto, en que reposan.



    Ya, ahora te sigo a todas partes,

    Y te deseo y te pierdo, estoy completo,

    Me encamino, me hago tan sublime,

    Tan natural y lleno de secretos,

    Tan firme, tan fiel… como una navaja,

    el pueblo, mi poema, te atraviesa.


    _________________



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    Mensaje por Maria Lua Dom 14 Jun 2020, 09:09

    Cidadezinha Qualquer




    Casas entre bananeiras
    mulheres entre laranjeiras
    pomar amor cantar.



    Um homem vai devagar.
    Um cachorro vai devagar.
    Um burro vai devagar.



    Devagar… as janelas olham.


    Eta vida besta, meu Deus.








    [Tienes que estar registrado y conectado para ver este vínculo] )
    (Poema digitado e conferido por mim mesmo em 10 de setembro de 2012, publicado em Antologia Poética – 12a edição – Rio de Janeiro: José Olympio, 1978, p. 34)


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    Mensaje por Maria Lua Vie 19 Jun 2020, 08:25

    Quero





    Quero que todos os dias do ano

    todos os dias da vida

    de meia em meia hora

    de 5 em 5 minutos

    me digas: Eu te amo.




    Ouvindo-te dizer: Eu te amo,

    creio, no momento, que sou amado,

    No momento anterior

    e no seguinte,

    como sabê-lo?



    Quero que me repitas até à exaustão

    que me amas que me amas que me amas.

    Do contrário evapora-se a amação

    pois ao dizer: Eu te amo,

    desmentes

    apagas

    teu amor por mim.



    Exijo de ti o perene comunicado.

    Não exijo senão isto,

    isto sempre, isto cada vez mais.



    Quero ser amado por e em tua palavra

    nem sei de outra maneira a não ser esta

    de reconhecer o dom amoroso.



    Carlos Drummond de Andrade, in 'As Impurezas do Branco'















    Quiero


    Quiero que todos los días del año
    todos los días de la vida
    cada media hora
    cada 5 minutos
    me digas: te amo


    Oyéndote decir: te amo,
    creo, en ese momento, que soy amado.
    En el momento anterior
    y en el siguiente
    ¿cómo saberlo?


    Quiero que me repitas hasta el cansancio
    que me amás que me amás que me amás.
    De lo contrario se evapora el armazón
    porque al no decir: te amo,
    desmentís
    apagás
    tu amor por mí.


    Exijo de vos el perenne comunicado.
    No exijo sino eso,
    siempre eso, eso cada vez más.
    Quiero ser amado por y en tu palabra
    no concibo otra forma más que esta
    de reconocer el don amoroso,
    la manera perfecta de saberse amado:
    amor en la raíz de la palabra
    y en su emisión,
    amor
    saltando de la lengua nacional,
    amor
    hecho sonido
    vibración espacial.


    En el momento en que no me decís:
    te amo,
    inexorablemente sé
    que dejaste de amarme,
    que nunca antes me amaste.


    Si no me dijeras el urgente repetido
    te amoamoamoamoamo,
    verdad fulminante que acabás de desentrañar,
    me precipitaría en el caos,
    esa colección de objetos de no-amor.


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    Mensaje por Maria Lua Dom 21 Jun 2020, 14:32


    Os mortos 

    Na ambígua intimidade

    que nos concedem

    podemos andar nus

    diante de seus retratos.

    Não reprovam nem sorriem

    como se neles a nudez fosse maior.

    [Lição de coisas]



    ***************


    Los muertos


    En la ambigua intimidad
    que nos conceden
    podemos andar desnudos
    delante de sus retratos.

    No reprueban ni sonríen
    como si en ellos la desnudez fuese mayor.


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    Mensaje por Maria Lua Jue 25 Jun 2020, 20:40



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    Mensaje por Maria Lua Vie 26 Jun 2020, 03:29

    A rosa do povo (1945), uno de los mejores ejemplos de poesía social y popular de la literatura brasileña, obras todas ellas en las que el poeta denuncia la deshumanización del mundo y, al mismo tiempo, manifiesta su confianza en el advenimiento de un mundo mejor.
    Con A rosa do povo madura el lenguaje modernista del autor y se anuncia, con unas formas expresivas y experiencias técnicas nuevas, la creación de un lenguaje personal y universal a un tiempo. Disminuye el tono coloquial, mientras que aumenta el empleo de la metáfora. Eliminada cualquier forma enfática o retórica, la energía de la expresión y el lirismo surgen de continuos contrastes temáticos, del ritmo, de asociaciones sorprendentes y del "poder de la palabra", estricta y depurada.


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    Mensaje por Maria Lua Vie 26 Jun 2020, 12:47

    Poema da Purificação
    Depois de tantos combates
    o anjo bom matou o anjo mau
    e jogou seu corpo no rio.
    As água ficaram tintas
    de um sangue que não descorava
    e os peixes todos morreram.
    Mas uma luz que ninguém soube
    dizer de onde tinha vindo
    apareceu para clarear o mundo,
    e outro anjo pensou a ferida
    do anjo batalhador.


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    Mensaje por Maria Lua Dom 28 Jun 2020, 04:38



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    Mensaje por Maria Lua Lun 29 Jun 2020, 04:15

    QUADRILHA




    João amava Teresa que amava Raimundo

    que amava Maria que amava Joaquim que amava Lili

    que não amava ninguém.

    João foi pra os Estados Unidos, Teresa para o convento,

    Raimundo morreu de desastre, Maria ficou para tia,

    Joaquim suicidou-se e Lili casou com J. Pinto Fernandes

    que não tinha entrado na história.









    *************






    PANDILLA







    João amaba a Teresa que amaba a Raimundo

    que amaba a Maria que amaba a Joaquim que amaba a Lili

    que no amaba a nadie.

    João se fue a Estados Unidos, Teresa al convento,

    Raimundo murió en un accidente, Maria quedó para tía,

    Joaquim se suicido y Lili se casó con J. Pinto Fernandes

    que no había entrado en la historia.


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    Mensaje por Maria Lua Mar 30 Jun 2020, 08:56

    Nosso Tempo




    I


    Esse é tempo de partido,

    tempo de homens partidos.

    Em vão percorremos volumes,

    viajamos e nos colorimos.

    A hora pressentida esmigalha-se em pó na rua.

    Os homens pedem carne. Fogo. Sapatos.

    As leis não bastam. Os lírios não nascem

    da lei. Meu nome é tumulto, e escreve-se

    na pedra.

    Visito os fatos, não te encontro.

    Onde te ocultas, precária síntese,

    penhor de meu sono, luz

    dormindo acesa na varanda?

    Miúdas certezas de empréstimos, nenhum beijo

    sobe ao ombro para contar-me

    a cidade dos homens completos.

    Calo-me, espero, decifro.

    As coisas talvez melhorem.

    São tão fortes as coisas!

    Mas eu não sou as coisas e me revolto.

    Tenho palavras em mim buscando canal,

    são roucas e duras,

    irritadas, enérgicas,

    comprimidas há tanto tempo,

    perderam o sentido, apenas querem explodir.



    II


    Esse é tempo de divisas,

    tempo de gente cortada.

    De mãos viajando sem braços,

    obscenos gestos avulsos.

    Mudou-se a rua da infância.

    E o vestido vermelho

    vermelho

    cobre a nudez do amor,

    ao relento, no vale.

    Símbolos obscuros se multiplicam.

    Guerra, verdade, flores?

    Dos laboratórios platônicos mobilizados

    vem um sopro que cresta as faces

    e dissipa, na praia, as palavras.

    A escuridão estende-se mas não elimina

    o sucedâneo da estrela nas mãos.

    Certas partes de nós como brilham! São unhas,

    anéis, pérolas, cigarros, lanternas,

    são partes mais íntimas,

    e pulsação, o ofego,

    e o ar da noite é o estritamente necessário

    para continuar, e continuamos.



    III


    E continuamos. É tempo de muletas.

    Tempo de mortos faladores

    e velhas paralíticas, nostálgicas de bailado,

    mas ainda é tempo de viver e contar.

    Certas histórias não se perderam.

    Conheço bem esta casa,

    pela direita entra-se, pela esquerda sobe-se,

    a sala grande conduz a quartos terríveis,

    como o do enterro que não foi feito, do corpo esquecido na mesa,

    conduz à copa de frutas ácidas,

    ao claro jardim central, à água

    que goteja e segreda

    o incesto, a bênção, a partida,

    conduz às celas fechadas, que contêm:

    papéis?

    crimes?

    moedas?

    Ó conta, velha preta, ó jornalista, poeta, pequeno historiador urbano,

    ó surdo-mudo, depositário de meus desfalecimentos, abre-te e conta,

    moça presa na memória, velho aleijado, baratas dos arquivos, portas rangentes, solidão e asco,

    pessoas e coisas enigmáticas, contai;

    capa de poeira dos pianos desmantelados, contai;

    velhos selos do imperador, aparelhos de porcelana partidos, contai;

    ossos na rua, fragmentos de jornal, colchetes no chão da costureira, luto no braço, pombas, cães errantes, animais caçados, contai.

    Tudo tão difícil depois que vos calastes…

    E muitos de vós nunca se abriram.



    IV


    É tempo de meio silêncio,

    de boca gelada e murmúrio,

    palavra indireta, aviso

    na esquina. Tempo de cinco sentidos

    num só. O espião janta conosco.

    É tempo de cortinas pardas,

    de céu neutro, política

    na maçã, no santo, no gozo,

    amor e desamor, cólera

    branda, gim com água tônica,

    olhos pintados,

    dentes de vidro,

    grotesca língua torcida.

    A isso chamamos: balanço.

    No beco,

    apenas um muro,

    sobre ele a polícia.

    No céu da propaganda

    aves anunciam

    a glória.

    No quarto,

    irrisão e três colarinhos sujos.



    V


    Escuta a hora formidável do almoço

    na cidade. Os escritórios, num passe, esvaziam-se.

    As bocas sugam um rio de carne, legumes e tortas vitaminosas.

    Salta depressa do mar a bandeja de peixes argênteos!

    Os subterrâneos da fome choram caldo de sopa,

    olhos líquidos de cão através do vidro devoram teu osso.

    Come, braço mecânico, alimenta-te, mão de papel, é tempo de comida,

    mais tarde será o de amor.

    Lentamente os escritórios se recuperam, e os negócios, forma indecisa, evoluem.

    O esplêndido negócio insinua-se no tráfego.

    Multidões que o cruzam não vêem. É sem cor e sem cheiro.

    Está dissimulado no bonde, por trás da brisa do sul,

    vem na areia, no telefone, na batalha de aviões,

    toma conta de tua alma e dela extrai uma porcentagem.

    Escuta a hora espandongada da volta.

    Homem depois de homem, mulher, criança, homem,

    roupa, cigarro, chapéu, roupa, roupa, roupa,

    homem, homem, mulher, homem, mulher, roupa, homem,

    imaginam esperar qualquer coisa,

    e se quedam mudos, escoam-se passo a passo, sentam-se,

    últimos servos do negócio, imaginam voltar para casa,

    já noite, entre muros apagados, numa suposta cidade, imaginam.

    Escuta a pequena hora noturna de compensação, leituras, apelo ao cassino, passeio na praia,

    o corpo ao lado do corpo, afinal distendido,

    com as calças despido o incômodo pensamento de escravo,

    escuta o corpo ranger, enlaçar, refluir,

    errar em objetos remotos e, sob eles soterrados sem dor,

    confiar-se ao que bem me importa

    do sono.

    Escuta o horrível emprego do dia

    em todos os países de fala humana,

    a falsificação das palavras pingando nos jornais,

    o mundo irreal dos cartórios onde a propriedade é um bolo com flores,

    os bancos triturando suavemente o pescoço do açúcar,

    a constelação das formigas e usurários,

    a má poesia, o mau romance,

    os frágeis que se entregam à proteção do basilisco,

    o homem feio, de mortal feiúra,

    passeando de bote

    num sinistro crepúsculo de sábado.



    VI


    Nos porões da família

    orquídeas e opções

    de compra e desquite.

    A gravidez elétrica

    já não traz delíquios.

    Crianças alérgicas

    trocam-se; reformam-se.

    Há uma implacável

    guerra às baratas.

    Contam-se histórias

    por correspondência.

    A mesa reúne

    um copo, uma faca,

    e a cama devora

    tua solidão.

    Salva-se a honra

    e a herança do gado.



    VII


    Ou não se salva, e é o mesmo. Há soluções, há bálsamos

    para cada hora e dor. Há fortes bálsamos,

    dores de classe, de sangrenta fúria

    e plácido rosto. E há mínimos

    bálsamos, recalcadas dores ignóbeis,

    lesões que nenhum governo autoriza,

    não obstante doem,

    melancolias insubornáveis,

    ira, reprovação, desgosto

    desse chapéu velho, da rua lodosa, do Estado.

    Há o pranto no teatro,

    no palco? no público? nas poltronas?

    há sobretudo o pranto no teatro,

    já tarde, já confuso,

    ele embacia as luzes, se engolfa no linóleo,

    vai minar nos armazéns, nos becos coloniais onde passeiam ratos noturnos,

    vai molhar, na roça madura, o milho ondulante,

    e secar ao sol, em poça amarga.

    E dentro do pranto minha face trocista,

    meu olho que ri e despreza,

    minha repugnância total por vosso lirismo deteriorado,

    que polui a essência mesma dos diamantes.



    VIII


    O poeta



    declina de toda responsabilidade

    na marcha do mundo capitalista

    e com suas palavras, intuições, símbolos e outras armas

    promete ajudar

    a destruí-lo

    como uma pedreira, uma floresta

    um verme.





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    (Poema digitado e novamente conferido por mim mesmo, publicado em Antologia Poética – 12a edição – Rio de Janeiro: José Olympio, 1978, ps. 109 a 116)


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    Mensaje por Maria Lua Miér 01 Jul 2020, 05:22

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    Mensaje por Maria Lua Vie 03 Jul 2020, 07:07




    Poema de sete faces









    Quando nasci, um anjo torto




    desses que vivem na sombra




    disse: Vai, Carlos! ser gauche na vida.










    As casas espiam os homens




    que correm atrás de mulheres.




    A tarde talvez fosse azul,




    não houvesse tantos desejos.










    O bonde passa cheio de pernas:




    pernas brancas pretas amarelas.




    Para que tanta perna, meu Deus, pergunta meu coração.




    Porém meus olhos




    não perguntam nada.










    O homem atrás do bigode




    é sério, simples e forte.




    Quase não conversa.




    Tem poucos, raros amigos




    o homem atrás dos óculos e do -bigode,










    Meu Deus, por que me abandonaste




    se sabias que eu não era Deus




    se sabias que eu era fraco.










    Mundo mundo vasto mundo,




    se eu me chamasse Raimundo




    seria uma rima, não seria uma solução.




    Mundo mundo vasto mundo,




    mais vasto é meu coração.










    Eu não devia te dizer




    mas essa lua




    mas esse conhaque




    botam a gente comovido como o diabo.


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    Mensaje por Maria Lua Lun 06 Jul 2020, 07:45

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    Mensaje por Maria Lua Lun 06 Jul 2020, 07:53

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