Rabindranath Tagore (1861-1941)

Cuando abrazo tu cara de jazmín y canela
para hacerte sonreír, mi niñito querido,
comprendo la dicha que se extiende
por el cielo límpido de la mañana
y la delicia en que la brisa de verano
envuelve mi cuerpo
y la onda del trigal al medio día:
cuando te abrazo para que sonrías




***********************



No puedo ofrecerte una sola flor
de todo el tesoro de la primavera,
ni una sola luz de estas nubes de oro.
Pero abre tus puertas y mira; y coge,
entre la flor de tu jardín,
el recuerdo oloroso de las flores
que hace cien años murieron.
¡Y ojalá puedas sentir en la alegría de tu corazón
la alegría viva que esta mañana de abril te mandó,
a través de cien años, cantando dichosa!



**********************



Veo un profundo odio acabando con los indefensos
bajo el manto de la noche
y la justicia llorando en silencio y furtivamente ante el abuso de poder
no hay esperanza de compensación
Veo a hombres jóvenes al borde de la histeria,
en agonía dándose cabezazos contra la pared sin sentido.
Hoy mi voz se entrecorta: no tengo música en mi flauta
negra noche sin luna
que ha atrapado mi mundo, sumergido en una pesadilla.
Y por ello,
con lágrimas en los ojos, pregunto:
a aquellos que han envenenado tu aire ,a aquellos que han
apagado tu luz
¿puede ser que los hayas perdonado? ¿puede ser que
los ames?

Anoche, en el jardín, te ofrecí el vino espumeante
Cuando nuestros ojos se encontraron a través del seto
El último trato
En mi cielo al crepúsculo
Juguetes
Las flores de la primavera salen
Me dijo bajito: "Amor mío, mírame en los ojos"
Me parece, amor mío
No puedo ofrecerte una sola flor
Para que yo no te conozca tan pronto
Perdóname hoy mi impaciencia, amor mío
Puse en mi bandeja cuanto tenía
Regalo de amante
Soñé que estaba ella sentada a mi cabecera
Te amo, sí. ¡Perdóname mi amor!
Te cojo las manos
Una mañana iba yo por la pedregosa carretera

Dois poemas de Rabindranath Tagore em português, traduzidos por Cecília Meireles :



Última primavera

Antes que o dia termine,
consente-me este desejo:
vamos colher
flores da primavera
pela última vez.
Das muitas primaveras
que ainda visitarão
tua morada,
concede-me uma,
– implorei.

Todo este tempo,
não prestei atenção
às horas,
perdidas e gastas à toa.
Num lampejo
de um crepúsculo,
li nos teus olhos agora
que meu tempo está próximo
e devo partir.

Assim, ávido, ansioso,
conto um por um
– como o avarento o seu ouro –
os últimos, poucos dias de primavera
que ainda me restam.

Não tenhas medo
Não me demorarei muito
no teu jardim florido,
quando tiver de partir,
no fim do dia.

Não procurarei lágrimas
nos teus olhos
para banhar minhas lembranças
no orvalho da piedade.

Ah, escuta-me,
não te vás.
O sol ainda não se esconde.
Podemos permitir que o tempo
se prolongue.
Não tenhas medo.

Deixa que o sol da tarde
olhe por entre a folhagem
e se detenha um momento
brilhando no negro rio
do teu cabelo.

Faze o tímido esquilo,
perto do lago,
fugir de repente
ao estrépito de teu riso
que irrompe
com descuidosa alegria.

Não procurarei
retardar teus rápidos passos,
sussurrando esquecidas lembranças
aos teus ouvidos.

Segue teu caminho depois,
se teu dever é seguir, se tens de seguir
calcando folhas caídas
com teu andar apressado,
enquanto as aves que voltam
povoam o fim do dia
com o clamor dê seus gritos.

Na escuridão crescente,
tua distante figura
irá fugindo e apagando-se
como as últimas frágeis notas
do cântico da tarde.

Na noite escura,
senta-te à tua janela,
que eu passarei pela estrada,
seguindo o meu trajeto,
deixando tudo para trás.

Se te aprouver,
atira-me
as flores que te dei
pela manhã,
murchas agora ao fim do dia.

Isso vai ser
o último e supremo presente:
tua homenagem
de despedida.



******************




Troca

Ela me trouxe flores de alegria
eu tinha comigo
os frutos da minha tristeza.

Quem sairá perdendo,
perguntei-lhe,
se trocarmos?

Encantada e risonha,
ela disse:
“Então troquemos:
minha grinalda é tua
e aceitarei
teus frutos de sofrimento”.

Olhei para o seu rosto
vi que era de uma beleza
implacável.

Bateu palmas, alegre,
e apanhou
minha cesta de frutos
enquanto eu suspendia sobre o coração
sua grinalda de flores.

Ganhei,
disse ela sorrindo
e retirando-se
logo.

O sol subiu
para o alto do céu
e fazia muito calor.

No fim do dia
sufocante
todas as flores murcharam
e perderam as pétalas.



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El tesoro


¿Quién de nosotros se encargará de alimentar a los hambrientos?" -preguntó el señor Buddha a sus discípulos,
cuando el hambre se abatía sobre Shravasti.
Ratnakar, el banquero, inclinando la cabeza, dijo:
-"Una fortuna mucho más grande que la mía sería necesaria para alimentar a los hambrientos."
Jaysen, jefe de los ejércitos del rey, dijo:
-"Gustoso daría mi sangre y mi vida, pero no hay alimento suficiente en mi casa."
Dharmapal, que poseía grandes dehesas, musitó:
-"El dios de los vientos arrasó mis campos y ni siquiera sé cómo podré pagar los impuestos
del rey."
Entonces Supriya, la hija del mendigo, se levantó:
Humildemente se inclinó ante la asamblea, diciendo:
-"Yo alimentaré a todos esos miserables."
-"¿Y cómo? -exclamaron todos sorprendidos~. ¿Cómo esperas cumplir tu promesa?"
-"Soy entre todos la más pobre -dijo Supriya-, y ésa es mi fuerza. Mi tesoro y mi abundancia los buscaré
a vuestras puertas. Como nada tengo que abandonar, allí clamaré que se os ablanden las entrañas."



* * * * *

No puedo ofrecerte una sola flor
de todo el tesoro de la primavera,
ni una sola luz de estas nubes de oro.
Pero abre tus puertas y mira; y coge,
entre la flor de tu jardín,
el recuerdo oloroso de las flores
que hace cien años murieron.
¡Y ojalá puedas sentir en la alegría de tu corazón
la alegría viva que esta mañana de abril te mandó,
a través de cien años, cantando dichosa!



*************


Las flores de la primavera salen,
como el apasionado dolor del amor no dicho;
y con su aliento, vuelve el recuerdo de mis canciones antiguas.
Mi corazón, de improviso, se ha vestido de hojas verdes de deseo.
No vino mi amor, pero su contacto está en mi cuerpo
y su voz me llega a través de los campos fragantes.
Su mirar está en la triste profundidad del cielo, pero
¿dónde están sus ojos? Sus besos zigzaguean por el aire,
pero sus labios, ¿dónde están?

Em português, poemas de O jardineiro:


És como a nuvem da tarde
flutuando no céu do meu sonho.
Posso criar-te e modelar-te segundo
os caprichos do meu amor.
E és minha, ó habitante dos meus
sonhos infinitos.

Os teus pés estão orvalhados pela gloria
do meu desejo, ó respingadora dos meus cânticos
da tarde.
Os teus lábios tornaram-se amargos e doces
pelo vinho da minha dor.
E és minha, ó habitante dos meus
sonhos solitários.

É a sombra das minhas paixões que torna
sombrios os teus olhos. És a alucinação do
meu olhar.
Eis que te prendi e envolvi nas malhas dos
meus cânticos, ó meu amor.
E és minha, ó habitante dos meus
sonhos imortais.



****************

No dia em que a flor de lótus desabrochou
A minha mente vagava, e eu não a percebi.
Minha cesta estava vazia e a flor ficou esquecida.
Somente agora e novamente, uma tristeza caiu sobre mim.
Acordei do meu sonho sentindo o doce rastro
De um perfume no vento sul.
Essa vaga doçura fez o meu coração doer de saudade.
Pareceu-me ser o sopro ardente no verão, procurando completar-se.
Eu não sabia então que a flor estava tão perto de mim,
Que ela era minha, e que essa perfeita doçura
Tinha desabrochado no fundo do meu coração.



******************


Dia após dia, ele chega e parte.
Vai, meu amigo, e dá-lhe esta flor dos meus cabelos!
Se ele perguntar quem a mandou — suplico-te — nada lhe digas: porque é apenas para partir que ele chega.

Ele está sentado sob a árvore e sobre a poeira.
Faze-lhe um leito de flores e folhas, meu amigo!
Os seus olhos são tristes e o seu olhar me fere o coração.
Ele não diz o que pensa: ele apenas chega e parte.

en gallego:


A Colleita, 34
Primeiros textos traducidos ao galego de Rabindranath Tagore. Foi publicado na revista "A Nosa Terra", no número 38, o 30 de novembro de 1917, na sección "Contos alleos", xunto ao poema "O mestre e as xoyas", que se corresponde co número 12 do mesmo libro, "A colleita". Aínda que non aparece citado o tradutor, trátase de Vicente Risco. Aparece por primeira vez co título "O desterro". Ao ano seguinte, o 30 de maio de 1918, no nº 26 da mesma publicación, "A nosa terra", aparece traducido, de novo, pero con múltiples variantes, e titulado "O santo Narottam". Recollemos as dúas versións.


O DESTERRO
-"Maxestade,- dixo o súbdito ô rei- o santo Norottam endexamáis dignóuse entrar no teu tempro, e cantando anda gavanzas a Deus, baixo das albres nos camiños reás.
Noso tempro atópase deserto.
Os feles prefiren axuntárense ô seu redor com´as avellas ô redor do branco loto, desprezando o dourado cális de mel."
O rei cô corazón tristeiro foise xunto de Norottam qu´istaba sentado sobor da herba, e díxolle:
-"Pai, ¿por qué deixas meu tempro de cúpulas d´ouro, e séntaste no chan a perdicar o amor de Deus?"
-"Porque Deus non háchase no teu tempro- repricoulle-o Santo.”
"O rei frunceu o ceño, dixo: - "¿Non sabes qu´enfaguer isa maravilla d´arte gastáronse vinte millós, e que foi consagrado á Deus en meio de suntuosos rituaes?
-"Si, ben-o sei,- repricóu Norottam-. Foi n- aquil ano en que milleiros de teus súbditos cuios seus lares foran queimados, improraban inútilmente tua misericordia âs portas do teu tempro. E Deus dixo: N´é posible qu´istos desleigados que non saben socorreré á seus irmáns, sexan os que fagan a miña casa… I-elixéu o seu posto entr´os desamparados nos camiños reás, â soma das albres.”
O Rei berróu encabuxado: -"¡Vaite da miña terra!"
Tranquilamente o santo respondéu: -"Sí, fas ben, destérrame á onde desterrache meu Deus."
(Vicente Risco, A Nosa Terra, nº 38, 30 de novembro de 1917) 1ª versión


**************

"Señor, o santo Narottam nunca dígnase vir ô teu tempro real", dixo ô Rei seu servo: "Si foras â alboreda do camiño, ollarías a xente atropellarse pra ouvirlle cantar as gabanzas de Deus, como enxame d´abellas orredor d´un loto branco. ¡E o tempro, entramentras, háchase valeiro, sin servizo o dourado tarro de mel!"

O Rei magoado no seu corazón, foise ô campo onde Narottam ouraba sentado na herba, e díxolle: "Pai, ¿por qué te sentas no polvo do campo, pra predicar o amor de Deus, e non vas ô meu tempro da cúpula d´ouro?"

"Porque Deus non s´hacha no teu tempro", respondéu Narottam.

"O Rei, ceñudo, dixo: "¿Non sabes que se gastaron vinte millós d´ouro en erguel-a maravela; que foi consagrado côs mais costosos ritos?"

"Si", contestóu Narottam, "seino. Foi n- aquel ano en qu´o fogo abafóu ô teu pobo; e milleiras de probes viñeron en vano a pedir â túa porta. Decía Deus: "¡Miserabre ser que non pode donar casa ôs seus irmáns, e quer erguel- a miña!" E foise côs desvalidos, baixo os álbores do camiño.

"Isa pompa d´ouro que ti dis, non ten dentro mais qu´o vafo quente do teu orgulo."

Cheo de carraxe, o Rei berróulle: "¡Vaite do meu reino!"

O Santo respondéulle tranquilo: "Si, destérrasme a onde desterraches ô meu Deus."

(Vicente Risco, A Nosa Terra, nº 56, 30 de maio de 1918) 2ª versión



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A colleita, 64

XA O SOL…
Xa o sol puxérase antre o enredo do bosque, sobor do río. Os nenos da ermida voltaran cô gando, e hachábanse sentados ô fogo, ouvindo ô seu mestre Gantama, cando chegóu un neno desconocido e saudóuno con froles e froitos. Logo, trais un fondo cumprimento, díxolle con voz de paxaro: “Señor Gantama, veño a que me guíes pol-o sendeiro da verdade. Chámome Satyakama.”

“Bendito sexas”, díxolle o Mestre.

“¿E de qué casta eres, meu fillo? Porque soio un Bramín pode aspirar â suprema sabiduría.”

Contestóu o neno: “Non sei de que casta son, Mestre: mais vou a perguntarllo â miña nai.”

Despidéuse Satyakama, cruzóu o rio polo-o mais estreito, e voltóu â chouza da sua nai, qu´hachábase ô remate d´un areal, fora da aldeia xa dormida..

A lampa alumeaba débilmente a porta, e a nai hachábase fora, de pe na soma, agardando a volta do seu fillo.

Colléuno contra do seu peito, bicóuno na testa e perguntóulle que lle dixera o Mestre.

“¿Como se chama meu pai?, dixo o neno. “Porque me dixo o Sr. Gantama que soio un Bramín pode aspirar â suprema sabiduría.”

A muller baixóu os ollos e falóulle docemente: “Cando xoven, eu era probe e conocín moitos amos. Soio poido decirche que ti viñeches ôs brazos da tua nai Jabala, que non tivo home.”

Os pirmeiros raios do sol aburaban na copa das álbres da ermida do bosque. Os nenos, ainda mollado o revolto pelo, do baño, da mañá, hachábanse sentados diante do seu Mestre, baixo un álbre vella.

Chegóu Styakama, fíxolle un fondo cumprimento ô Mestre, e ficóuse de pe en silenzo.

“Dime”, perguntóulle o Mestre, “¿sabes xa de que casta eres?”

“Señor”, contestóu Satyakama, “non-o sei. A miña nai díxome: Eu conocín moitos amos cando xoven, e ti viñeches ôs brazos da tua Jabala, que non tivo home.”

Entonces erguéuse un algareo como o zumbido iracundo das abellas fostigadas na sua colmea. E os estudantes murmulaban antre dentes da desvergoñada insolenza do neno sin pai.

Mais o Mestre Gantama erguéuse, trouxo ô neno cos seus brazos até o seu peito e díxolle: “Ti erel-o mellor de todol-os Bramíns, meu fillo; porque tés o herdo mais nobre, qu´é o da verdade”.



(Vicente Risco, A Nosa Terra, 10 de maio de 1918)



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Ya el sol se había puesto entre el enredo del bosque sobre el río. Los niños de la ermita habían vuelto con el ganado, y estaban sentados al fuego, oyendo a su Maestro Gautama, cuando llegó un niño desconocido y lo saludó con flores y frutos. Luego, tras una profunda reverencia, le dijo con voz de pájaro: "Señor Gautama, vengo a que me guíes por cl sendero dc la Verdad. Me llamo Satyakama.»

«Bendito seas -dijo el Maestro-. ¿Y de qué casta eres, hijo mío? Porque solo un Bramin puede aspirar a la suprema sabiduría. Contestó el niño: «No sé de qué casta soy, Maestro; pero voy a preguntárselo a mi madre."

Se despidió Satyakama, cruzó cl río por lo más estrecho, y volvió a la choza de su madre, que estaba al fin de un arenal, fuera de la aldea ya dormida.

La lámpara iluminaba débilmente la puerta, y la madre estaba fuera, de pie en la sombra, esperando la vuelta de su hijo. Lo cojió contra su pecho, lo besó en la cabeza y le preguntó qué le había dicho e1 Maestro.
“¿Cómo se llama mi padre? -dijo el niño-. Porque me ha dicho el Señor Gautama que sólo un Bramin puede aspirar a la suprema sabiduría." La mujer bajó los ojos y le habló dulcemente: Cuando joven. Yo era pobre y conocí muchos amos. Sólo puedo decirte que tú viniste a los brazos de tu madre Jabala, que no tuvo marido."

Los primeros rayos del sol ardían en la copa de los árboles de la ermita del bosque. Los niños, aún mojado el revuelto pelo, del baño de la mañana, estaban sentados ante su Macstro, bajo un árbol viejo.

Llegó Satyakama, le hizo una profunda reverencia al Maestro, y se quedó de pie en silencio. «Dime -le preguntó el Maestro-, ¿sabes ya de qué casta eres?» «Señor -contestó Satyakama-, no sé. Mi madre me dijo: Yo conocí muchos amos cuando joven, y tú viniste a los brazos de tu madre Jabala, que no tuvo marido. » Entonces se levantó un rumor como el zumbido iracundo de las abejas hostigadas en su colmena. Y s estudiantes murmuraban entre dientes de la desvergonzada insolencia del niño sin padre. Pero el Maestro Gautama se levantó, trajo al niño con sus brazos hasta su pecho, y le dijo: «Tú eres el mejor de todos los Bramines, hijo mío; porque tienes la herencia más noble que es la de la verdad.»









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Lúa Nova, 22


Cando caen os chubascos do mes de San Xoan, e os negros nubarrons bruan pol-o ceo, e o vento mollado do leste ven pol-o hermo a tocar a flauta nas canaveiras dos bambúes, as frores xurden, sin que ninguen seipa de onde n-un súbito tropel, e poñen-se a bailar sobre a herba, tolas de ledicia.

-Naiciña, ¿as frores van a unha escola que hai debaixo da terra, non? Alí, pechada a porta, estudarán as suas leccións; e si queren saír a xogar antes da hora, seu mestre pon-as de xoenllos n-un curro. Pero, cando chove, ¡que día de festa para elas!

As ramallas báten-se ruidosamente na arboreda; saloucan as follas no tolo vento; as nubes de tormenta baten coas suas mans xigantes... E as frores-nenas saen correndo, vestidas de rosa, amarelo, de branco...

-Naiciña, escoita; as frores teñen a sua casa no ceo, entre as estrelas, ¿sabes? ¡Mira tí, sinon, como queren subir! ¿A que non sabes tí porque corren tanto? ¡Eu si que o sei! E sei a quen tenden os seus brazos. As frores teñen unha nai como eu te teño a tí, naiciña da miña alma.

(Vicente Risco, A Nosa Terra, nº 160, 1 de abril de 1922)


Cuando caen los chubascos de junio, y los nubarrones negros braman por el cielo, y el viento levante viene mojado por el desierto a tocar la flauta en los bambúes, las flores salen en súbita algazara, sin que nadie sepa de dónde, y se ponen a bailar sobre la yerba, locas de alegría.
-Madre, yo digo que las flores irán a una escuela que habrá bajo tierra, ¿no? Allí, con la puerta cerrada, estudiarán sus lecciones. Y si quieren salir a jugar antes de la hora, su maestra las pondrá de rodillas en un rincón. Pero cuando vienen las lluvias, ¡qué día de fiesta para ellas!
Las ramas chasquean ya ruidosamente en la arboleda, y las hojas murmuran en el viento loco, y las nubes de tronada palmotean con sus manos jigantes… Y las flores niñas salen fuera corriendo, vestidas de rosa y amarillo y blanco…
-Oye, madre, las flores tendrán su casa en el cielo, con las estrellas, ¿verdad? ¡Mira tú, si no, qué ganas tienen de subir! ¿Y a que no sabes tú por qué corren tanto? ¡Yo sí lo sé! Y sé también a quién echan sus brazos. Las flores tienen su madre como yo te tengo a ti.


(Zenobia Camprubí, La luna nueva (poemas de niños), 1915)


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Lúa Nova, 7






-¿De onde viña eu cando tí m´atopaches? perguntoulle o meniño a sua nai. Ela, a chorare i-a rire, respondeulle apreixándoo contro do peito:

-Estabas escondido no meu coraçon, coma seu anhelo, amoriño; estabas nas monecas dos xogos da miña infanza; e cando, cada mañán, formaba eu a imaxe do meu Deus con barro, facíate e desfacíate a tí; estabas no altare, c´o Deus do noso fogar, e, ao adorare a él, adorábate a tí; estabas en todal-as miñas esperanzas e en todol-os meus agarimos; viveches na miña vida e na vida da miña nai. Tí fuches creado, século tras século, no seio do espírto inmortal que rexe a nosa casiña. Cando meu coraçon adolescente abría as suas follas, flotabas tí, igoal que un arrecendo ao seu redore; tua tenra suavidade frolecía logo no meu corpo mozo como, d´antes de saire o sol, a luz no Ourente. Primeir amor do ceo, irmán da luz da alba, baixaches ao mundo no río da vida e ò fin acougaches no meu coraçón... ¡Qué misterioso desacougo me abraia ao te ollare a tí, meu fillo, que sendo de todos fixéchete meu, e qué medo a te perdere! ¡Así, ben apreixadiño contra do meu peito! ¡Ay! ¿Qué poder meigo tan añudado o tesouro do mundo a estes meus debles brazos?





(Vicente Risco, A Nosa Terra, nº 142, 15 de xuño de 1921)




¿De dónde venía yo cuando tú me encontraste? -preguntó el niño a su madre.
Ella, riendo y llorando, le respondió apretándolo contra su pecho: “ Tú estabas en mi corazón, como su ansia, amor mío. Estabas con las muñecas de juguete de mi infancia; y cuando cada mañana hacía yo la imajen de mi dios con barro, a ti te hacía y te deshacía. Estabas en el altar con el dios de nuestra casa; al adorarlo a él te adoraba a ti. Estabas en todas mis esperanzas y en todos mis cariños. Tú has vivido en mi vida y en la vida de mi madre. Tú fuiste viviendo, siglo tras siglo, en el seno del espíritu inmortal que rije el hogar nuestro. Cuando yo era una muchacha y mi corazón abría sus hojas, tú flotabas en fragancia a mi alrededor. Tu tierna suavidad floreció antes en mis carnes juveniles, como el color en el oriente antes de salir el sol. Primer amor del cielo, hermano jemelo de la luz del alba, bajaste al mundo en el río de la vida y al fin te paraste en mi corazón…”
¡Qué embeleso me sobrecoje al mirarte a ti, hijo, que siendo todo te has hecho mío, y qué miedo de perderte! ¡Así, bien apretado contra mi pecho! ¡Ay! ¿qué poder májico ha enredado el tesoro del mundo a mis débiles brazos?



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Lúa Nova, 4






Si o neno quixera, podia voar ao ceo en calquer instante. Mas por algo non vai.. ¡Gusta-lle tanto deitar a sua cabeciña nos xoenllos de sua nai, e miral-a e miral-a sin acougo!

Sabe un fato de verbas maravillosas. Mas como son tan poucos os que n-este mundo entenden o que di o neno, nunca quere falar. O que arela é deprender verbas dos labios da nai. ¡Así pon esa cariña tan inocente!

Tiña unha morea de ouro e pelras finas, e veu a esta vida como un esfarrapado.

¡Esfarrapadiño ispido que fai-se o probe pra pedirlle a sua nai o tesouro do seu amore!

¿Por qué sacrificou a sua libertade si estaba tan agusto na terra da lúa crecente? ¡Ai! ¡él sabe ben o goce eterno que ten no acocharse no corazón da sua nai, e canto mais doce que a sua libertade é sentírese preso entre os brazos amados!

Denantes vivia no mundo da ledicia eterna, e non sabia chorar. Mas quixo as bágoas, porque sí, co seu sorrir, ganaba o corazón da sua nai, seus labios por calquera pena que texe un dobre lazo de amore e piedade.

(Vicente Risco, A Nosa Terra, nº 184, 1 de maio de 1923)


Si el niño quisiera, podría volar ahora mismito al cielo. Pero por algo no se va. ¡Le gusta tanto echar la cabeza en el pecho de su madre y mirarla y mirarla sin descanso!
El niño sabe una infinidad de palabras maravillosas, aunque son tan pocos los que en este mundo entienden lo que él dice. Pero por algo no quiere hablar. Lo único que quiere es aprender las palabras de su madre. ¡Así pone ese aire tan inocente!
El niño tenía un montón de oro y perlas y se vino a esta vida como un pobrecito. Pero por algo vino así. ¡Pordioserillo desnudo, que se hace el desvalido para poder pedirle a su madre el tesoro de su afán!
El niño era bien libre en la tierra de la lunita nueva. Pero por algo regaló su libertad. ¡Él sabe la alegría inmensa que cabe en el rinconcito del corazón de su madre, y cuánto más dulce que la libertad es ser cojido y apretado entre sus brazos queridos!
El niño vivía en el mundo de la dicha perfecta y no sabía llorar. Pero por algo elijió las lágrimas. Porque si con su sonrisa se ganaba el corazón ansioso de su madre, sus llantillos por cualquier penita le atan un doble lazo de lástima y de amor.


(Zenobia Camprubí, La luna nueva (poemas de niños), 1915)



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Allí donde existen los caminos, pierdo mi camino.
En el ancho mar, en lo azul del vasto cielo nadie trazó rutas jamás.
Las alas de los pájaros y su canto, la llamita de las estrellas, las flores en ronda de las
estaciones, ocultan el sendero.
Y he preguntado a mi corazón: ¿Acaso tu sangre, el paso de la sangre, no conoce el camino
invisible?



********************


No llores porque el sol se ha ocultado, tus lágrimas te impedirán observar las estrellas.


En silencio, la pena va adquiriendo Paz en mi corazón, como el anochecer entre los árboles callados.


El misterio de lo creado es tan grande como el negro de la noche; y vana sabiduría como la niebla matutina.


Nunca ves quién eres; solo ves tu sombra.


¡Qué alocados son estos deseos míos puestos a gritar en medio de tu canto, dueño mío: ¡Enséñame a escuchar!


—Nosotras, las hojas susurrantes, somos una voz que sabe contestar a las tormentas; ¿quién eres tú, tan silenciosa?
—No soy más que una flor.

La cascada canta:
—Al encontrar mi libertad, encuentro mi canción.


El pez es callado en el agua; el animal, vocinglero en la tierra; el pájaro, cantor de los aires. Pero el hombre tiene en sí el silencio del mar, el ruido de la tierra y la música del aire.


El mundo se vuelca sobre las cuerdas de nuestro vacilante corazón, tañendo una música triste.


La sombra embozada sigue a la luz con secreta humildad, amorosa y callada.
Las estrellas no temen parecer luciérnagas.


La lámpara de cristal riñe a la de arcilla porque ésta afirma que son primas hermanas. Pero al salir la luna, la lámpara de cristal, con una sonrisa vana, la llama:
—Querida hermana.


Nos encontramos y nos unimos como las gaviotas y las olas. Las gaviotas parten volando, las olas siguen su camino y también todos tendremos que partir un día.


Mi día ha terminado, soy como un barco varado en la playa al anochecer, en brazos de la danza de las mareas.


Estamos muy próximos a lo grande cuando somos grandes en humildad.


Al gorrión le da lástima el pavo real por tener que ir arrastrando tanta cola.


No le tengáis miedo al instante, dice la voz eterna.


El huracán busca pasar por donde no hay camino, y su búsqueda termina siempre en la nada.


Bebe el vino en mi copa, amigo mío. Pierde su sabor si se vierte en el de otros.


Da las gracias a la llama por su luz, pero no olvides a la lámpara, tan constante y paciente en la sombra.


La florecilla abre su capullo y exclama:
—No te marchites nunca, querido mundo.


La niebla, como el amor, roza en el corazón de las colinas y les arranca sorprendidos gemidos de placer.


La hierba busca la muchedumbre en la tierra. El árbol, su soledad en los cielos.


Que tu vida sea tan bella como las flores del estío; y tu muerte, como las hojas otoñales.


—¿Estás muy alejado de mí, fruto?
—Estoy escondido en tu corazón, flor.


La gota de rocío dijo al lago:
—Tú eres la gota grande de rocío bajo la hoja del loto; yo soy la más pequeña que hay encima.


El ruido del ahora se burla de la música de la eternidad.


Pienso en otras épocas arrastradas por la corriente de la vida, el amor y la muerte, y fueron olvidadas. Entonces siento la libertad de la muerte.


La tristeza de mi alma es su velo de novia, que espera que se lo quiten por la noche.


La nube esperaba en humildad en un rincón del firmamento, y la mañana la coronó de luces.


El eco se burla de su origen para demostrar que es original.


Proyecto mi sombra sobre el camino; soy una lámpara que no ha sido encendida.


El hombre se sumerge entre el bullicioso gentío para ahogar el clamor de su propio silencio.




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Las montañas son como gritos infantiles que levantan los brazos para coger las estrellas.


¡Las hojas otoñales que caen y las nubes que pasan de largo se ríen del poder que se ufana de sus maldades!


—Me envías cartas de amor con la luna —dijo la noche al sol. —Mis lágrimas de rocío te responden en la hierba.


Las abejas liban miel de las flores y les agradecen con sus zumbidos cuando se van. La ostentosa mariposa cree que las flores le deben las gracias a ella.


Si cierras la puerta a todos los errores, dejarás la verdad fuera.


La hoja, amando, se hace flor; la flor, adorando, se hace fruto.


Las raíces, escondidas bajo tierra, no exigen ningún premio per los frutos de las ramas.


La verdad se siente demasiado apretada en el ropaje de los hechos. Está muy a gusto ataviada de ficción.


Cuando iba de aquí para allá, sin llegar a ningún sitio, estaba cansado de ti, camino; pero ahora que me llevas a todas partes, me siento tu enamorado.


¡Déjame que crea que hay una, entre todas las estrellas, que guía mi vida por este misterioso sendero oscuro!


Mujer, has rozado mi ser con la gracia de tus dedos, haciendo surgir el orden como una música.






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No tengo miedo al fuego vivo que me avisa con su llama, pero sálvame del rescoldo aún ardiente escondido en sus cenizas.


—¿Quién va a reemplazarme? —preguntó el sol poniente.
—Haré lo posible —dijo la lámpara de barro.


Arrancando los pétalos no atraparás la belleza de la flor.


La noche abre las flores en secreto y deja que el día reciba nuestro agradecimiento.


El poder considera ingratitud los gemidos de sus víctimas.


Las gotas de lluvia besaban la tierra y le susurraban:
—Somos tus hijas viajeras, madre; volvemos a ti desde el cielo.


Amor, cuando llegas con la roja lámpara del dolor, puedo ver tu rostro y comprender que eres toda la felicidad.


—Según los sabios, un día os apagaréis —dijo la luciérnaga a las estrellas.
Pero estas no contestaron.


El mundo me besa el alma dolorida y me pide que le devuelva su dolor con canciones.


He sumergido el cántaro de mi corazón en esta hora silenciosa, ¡y lo he llenado de amor!


El girasol se avergonzaba de estar emparentado con no sé qué florecilla anónima. Y el sol salió y le sonrió diciendo:
—¿Cómo estás, amigo mío?


El agua centellea en la tinaja y se oscurece en el mar. La verdad, si es pequeña, tiene palabras de luz; la grande es un enorme silencio.


La flor, que durante el día se deshoja olvidada, madura en el fruto dorado del recuerdo.


Soy como un camino nocturno que escucha en silencio los pasos de los recuerdos.


El perrito faldero sospecha que todo el universo trata de quitarle su sitio.


¡Cálmate, corazón mío, no levantes más polvo! Deja que sea el mundo quien te enseñe el camino.


Una inteligencia completamente lógica es como un cuchillo sin mago que hiere a quien lo toca.


Este es un mundo de tormentas feroces amansadas por la música de la belleza.


—Mi corazón es el joyero dorado de tus besos —dijo la nube del anochecer.


Con el ruido de nuestra pequeña tierra, el día sofoca el silencio de todos los mundos.


Cuando el sol se oculta en el ocaso, el oriente de su mañana está ante él en silencio.


No te comportes mal con tu mundo, no lo predispongas contra ti.


Quienes lo tienen todo menos a ti, Dios mío, se burlan de los que no te tienen más que a ti.


El reposo de esta vida tan agitada está en su propia música.


Que no se burle la hoja de la espada de su puño indefenso.




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Busca, corazón mío, tu hermosura en el vaivén del mundo, como la barca que obtiene su gracia del viento y el agua.


Los ojos no se enorgullecen de su vista, sino de sus gafas.


Vivo en este pequeño mundo mío y me asusta perder incluso parte de lo mínimo. ¡Elévame a tu mundo y dame la libertad de entregarlo todo alegremente!


Me gustaría que volviesen a ti mis pensamientos, cuando ya me haya ido, como el resplandor del ocaso en las orillas del silencioso dosel estrellado.


Que el muerto guarde la inmortalidad de la fama, pero que el vivo tenga la del amor.


Te he visto como el niño, entre sueños, ve su madre en la penumbra de la aurora, le sonríe y se vuelve a dormir.


Deja que vivan en el mundo de brillantes fuegos de artificio los que así lo quisieran. ¡Mi corazón, Dios mío, ansía tus estrellas!


Las penas del amor rodearán de cantos mi vida como un mar insondable; los goces del amor lo hicieron como gorjeos de pájaros en árboles floridos.


Apaga la lámpara, si quieres. Exploraré tu oscuridad y la amaré.


La tormenta de anoche ha coronado la mañana con una paz dorada.


Cruzas tierras desérticas durante años interminables, pero siempre llegará el momento.


Cuando todas las cuerdas de mi vida estén afinadas, dueño mío, cada vez que las pulses surgirá la melodía de tu amor.


La historia del hombre espera con paciencia el triunfo de los ultrajados.


Escalé la fama y no hallé refugio alguno en esas cumbres desoladas y estériles.

¡Llévame, Guía mío, antes de que muera el día, a ese valle tranquilo donde la mies madura en dorada sabiduría!





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El fuego

Oh fuego, hermano mío, yo te canto un canto delirante. Eres la imagen brilladora y púrpura de la libertad.
Alzas tus brazos hacia el cielo y tus dedos ávidos pulsan las arpas del aire.

Y danzas tu danza ligera y terrible al son de tu propia música.



Cuando finen mis días, cuando mi alma rompa los límites, en ti arderán, hasta ser pávida
ceniza, mis ojos, mis manos y mis pies.

Mi cuerpo se hará uno con el tuyo, mi corazón será arrebatado en tu frenético torbellino,

y la llama trémula que era mi vida se fundirá con tu llama única.

Bendición
[Cuento - Texto completo.]

Bendice esta alma blanca que ha ganado para la tierra el beso del cielo, bendice este tierno corazón.

Ama la luz del sol, le gusta contemplar el rostro de su madre.

No ha aprendido a despreciar el polvo ni a desear el oro.

Estréchalo contra tu corazón y bendícelo.

Vino a este mundo de cien encrucijadas.

¿Por qué, entre la multitud, te eligió a ti, por qué llegó a tu puerta, por qué te preguntó el camino estrechándote en silencio la mano? Te seguirá, hablando y riendo sin que nunca recele su corazón.

Conserva su confianza, guíale por el buen camino y bendícelo.

Pon tus manos sobre su cabeza y pide en tus plegarias que, por más que las olas se levanten amenazadoras, el soplo del cielo acuda a hinchar sus velas y lo impulse hacia el puerto del reposo.

No lo olvides en tus prisas, ábrele tu corazón y bendícelo.

Hecho un espíritu, marañoso el rojo pelo polvoriento, sumida la boca, cerrada la
puerta del corazón; los ojos ardiendo, como el farol de la luciérnaga que quiere compañero,
el loco buscaba la piedra de toque.
El mar inmenso bramaba ante él. Las olas incansables hablaban sin parar de sus
tesoros ocultos, burlándose de su ignorancia, que no las entendía. Quizá no le quedaba una
esperanza, pero no quería descansar, porque su vida era ya sólo búsqueda.
Como el mar tiende, sin descanso, sus brazos al cielo imposible; como van las
estrellas, en círculos eternos, buscando la meta ignorada, el loco, sudosos los rojos cabellos,
erraba por la playa solitaria buscando la piedra de toque.
Una vez, un niño del pueblo le dijo: «Oye, ¿quién te dio esa cadena de oro que
llevas a la cintura?» Él loco se miró sobresaltado. ¡Su cadena de hierro era de oro! No
estaba soñando, no; pero no se acordaba del camino. Y, enfurecido, se golpeaba la frente.
¿Dónde, dónde había encontrado la piedra, sin saberlo? Tenía tal costumbre de cojer
piedrecitas, tocar con ellas la cadena, y volverlas a tirar, sin mirar si el hierro se hacía oro,
que había encontrado la piedra de toque y la había vuelto a perder.
Se ponía el sol, bajo, y todo el cielo era de oro. El loco empezó a desandar lo
andado, detrás del perdido tesoro, sin fuerza, doblado el cuerpo, el corazón en el polvo,
como un árbol arrancado de raíz.

La ladrona del sueño

[Cuento - Texto completo.]

Rabindranath Tagore



¿Quién ha robado el sueño de los ojos del niño? Yo lo descubriré.

La madre había ido al pueblo vecino a buscar agua, con el cántaro abrazado a la cintura.

Era mediodía. Los niños habían interrumpido sus juegos, y los patos, en la charca, habían callado.

El pastorcillo dormía a la sombra de la higuera.

La grulla, grave e inmóvil, permanecía de pie en el estero del bosque de mangles. Fue en este momento cuando la ladrona se acercó a coger el sueño de los ojos del niño y se lo llevó volando.

Cuando la mamá volvió, se encontró al niño gateando por todos los rincones de la estancia.

¿Quién ha robado el sueño de los ojos del niño? Quiero saberlo.

Quiero encontrar a la culpable y encadenarla.

Iré a ver aquella cueva oscura donde un minúsculo arroyo discurre por entre los terribles pedruscos.

Buscaré entre las sombras soñolientas del bosquecillo de bakula, donde, en las noches estrelladas y quietas, las ajorcas tintinean en los pies de las hadas.

Por la tarde, en el bosque, mis ojos escrutarán la susurrante soledad de los bambúes. Allí las luciérnagas prodigan sus luces y preguntaré a todos los seres que encuentre:

-¿Pueden decirme dónde vive la ladrona del sueño?

¿Quién ha robado el sueño de los ojos del niño? Yo lo descubriré.

¡Si la alcanzo ya le daré trabajo! Asaltaré su nido y veré dónde guarda todos los sueños robados.

Le arrebataré su botín y me lo llevaré conmigo.

Luego ataré fuertemente las alas de la ladrona y la dejaré al borde del agua. ¡Que se divierta pescando con un junco entre los nenúfares! Y al atardecer, cuando el mercado del pueblo haya acabado y los niños descansen en el regazo de sus madres, entonces los pajarracos de la noche la aturdirán con sus burlas:

-Ea, ¿a quién le robarás el sueño ahora?

Pasé, sin darme cuenta, el umbral de esta vida.
¿Qué poder fue el que me hizo abrir en este inmenso misterio, como un capullo, a medianoche, en el bosque?
Cuando, a la mañana, vi la luz, sentí al punto que yo no era un extraño en este mundo, que lo desconocido sin nombre
ni forma me había tenido en brazos, en la forma de mi madre.
De igual manera, al salir a la muerte, esto mismo desconocido me parecerá familiar. Y como amo tanto esta vida,
sé que amaré lo mismo la muerte.
El niño, cuando su madre le quita el seno derecho, se echa a llorar; pero al punto encuentra en el izquierdo su consuelo.


**************


Tú me has hecho inmortal.
Así ha sido de tu agrado.
Este vaso mío lo vacías y lo llenas
con vida siempre nueva.
Esta flauta pequeñita2
la has llevado por riberas y colinas
y has tocado con ella
un sinfín de melodías.
Al contacto de ambrosía de tus manos,
mi corazón explota de inmensa alegría
y alumbra un torrente de poesía.
Día y noche vas llenando
la palma de mi mano con tus dádivas.
Van y vuelven los siglos
y Tú continúas dando y dando
y siempre hay espacio para más.

Después de muchos días de duro trabajo edifiqué un templo.
No tenía puertas ni ventanas; sus muros eran gruesos y estaban
formados por piedras macizas.
Olvidé lo demás, me aparté del mundo, y me dediqué a
contemplar la imagen que había colocado en el altar.
La constante nube de incienso envolvía mi corazón en sus
pesados jirones.
Entretuve mis vigilias grabando en las paredes un laberinto de
formas fantásticas: caballos alados, flores de rostro humano,
mujeres con cuerpo de serpiente.
No dejé abertura alguna por la que pudiera entrar el canto de
los pájaros, el susurro de las hojas o el rumor del pueblo
atareado.
Sólo mis invocaciones resonaban en la sombría bóveda.
Mi espíritu se convirtió en la acerada y silenciosa punta de una
llama, y mis sentidos cayeron en éxtasis.
No me di cuenta del paso del tiempo hasta que el rayo,
precipitándose sobre el templo, despertó el dolor de mi
corazón.
A la luz del día la lámpara palideció, avergonzada; las figuras
de los muros, sueños sin sentido, parecían evitar mis miradas.
Contemplé la imagen del altar, y vi que sonreía y se animaba,
en vivificante contacto con Dios.
La noche que yo había apresado desplegó sus alas y huyó.

El 24 de septiembre de 1924, a poco de haber regresado a la
península índica de su periplo en la China y el Japón, Tagore volvía
a partir de la ciudad de Colombo (capital de Sri Lanka) en barco a
Europa, donde tras una semana de estancia en tierra emprendería
un nuevo viaje oceánico con destino sudamericano. Según lo previsto, la puerta de entrada al continente sería Buenos Aires, apenas
una breve escala desde donde trasladarse, esta vez por vía terrestre,
a Lima. Allí debía llegar la primera semana de diciembre. En su diario de viaje correspondiente a ese día de partida, Tagore, que tenía
entonces sesenta y tres años, escribía:



"He estado muchas veces en el exterior; al momento
de partir, nunca encontré difícil levar el ancla de mi mente.
Esta vez parece estar aferrada a la tierra con demasiada
fuerza. De esto puede deducirse fácilmente que debo estar al fn aproximándome a la vejez. No querer partir es
el signo de un corazón miserable [...] Y sin embargo, sé que
una vez que zarpemos de la orilla el lazo que me retiene se
disolverá por sí solo. El joven viajero emergerá en el camino real. Este joven había cantado alguna vez: “Impaciente
estoy, anhelante del más allá”. ¿Acaso esta canción ya se
ha desvanecido en el viento de la marea? ¿No queda nada
de entusiasmo por conocer al distante extranjero, borroso
al otro lado del océano?" (Tagore, 1962: 3-4)






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Pasé, sin darme cuenta, el umbral de esta vida.
¿Qué poder fue el que me hizo abrir en este inmenso misterio, como un capullo, a medianoche, en el bosque?
Cuando, a la mañana, vi la luz, sentí al punto que yo no era un extraño en este mundo, que lo desconocido sin nombre
ni forma me había tenido en brazos, en la forma de mi madre.
De igual manera, al salir a la muerte, esto mismo desconocido me parecerá familiar. Y como amo tanto esta vida,
sé que amaré lo mismo la muerte.
El niño, cuando su madre le quita el seno derecho, se echa a llorar; pero al punto encuentra en el izquierdo su consuelo.



******************


Perdóname hoy mi impaciencia, amor mío.
Es la lluvia primera del verano, y la arboleda del río
está jubilosa, y los árboles de kadam, en flor,
tientan a los vientos pasajeros con copas de vino de aroma.
Mira, por todos los rincones del cielo los relámpagos
dardean sus miradas, y los vientos se yerguen por tu pelo.
Perdóname hoy si me rindo a ti, amor mío. Lo de cada
día anda oculto en la vaguedad de la lluvia; todos los
trabajos se han parado en la aldea; las praderas están
abandonadas. Y la venida de la lluvia ha encontrado en tus
ojos oscuros su música, y julio, a tu puerta, espera, con
jazmines para tu pelo en su falda azul.

Me dijo bajito: "Amor mío, mírame en los ojos...

Me dijo bajito: "Amor mío, mírame en los ojos.
"Le reñí, agria, y le dije: "Vete." Pero no se fue.
Se vino a mí y me cogía las manos... Yo le dije: "Déjame."
Pero no se fue.

Puso su mejilla en mi oído. Me aparté un poco,
me quedé mirándolo, y le dije: "¿No te da vergüenza?"
Y no se movió. Sus labios rozaron mi mejilla. Me estremecí,
y le dije: "¿Cómo te atreves, di?" Pero no le dio vergüenza.

Me prendió una flor en el pelo. Yo le dije: "¡Es en vano!"
Pero no cedía. Me quitó la guirnalda de mi cuello, y se fue.
Y lloro y lloro, y le pregunto a mi corazón:
"Por qué, por qué no vuelve?"





**************************



Puse en mi bandeja cuanto tenía, y te lo di...

Puse en mi bandeja cuanto tenía, y te lo di.
¿Qué traeré a tus pies mañana?
Soy como el árbol que, huyendo el verano floreciente,
mira al cielo, levantadas sus ramas desnudas de flores.
Pero ¿no hay, entre todas mis ofrendas pasadas, una sola flor
que haya hecho inmarcesible la eternidad de las lágrimas?
¿Te acordarás, me darás las gracias con los ojos
cuando llegue yo a ti con las manos vacías,
en la despedida de mis días estivales?



*******************




Me parece, amor mío, que antes de rayar el día de la vida...

Me parece, amor mío, que antes de rayar el día de la vida
tú estabas en pie bajo una cascada de felices sueños,
llenando con su líquida turbulencia tu sangre.
O, tal vez, tu senda iba por el jardín de los dioses,
y la alegre multitud de los jazmines, los lirios y las adelfas
caía en tus brazos a montones y, entrándose en tu corazón,
se hacía algarada allí.
Tu risa es una canción, cuyas palabras se ahogan
en el gritar de las melodías; un rapto del olor de unas flores
no vistas; es como la luz de la luna que rompiera a través
de la ventana de tus labios, cuando la luna está escondiéndose
en tu corazón. No quiero más razones; olvido el motivo.
Solo sé que tu risa es el tumulto de la vida en rebelión.

El juez


[Cuento - Texto completo.]

Rabindranath Tagore


Di de él, Juez, lo que te plazca, pero yo conozco las faltas de mi niño.

Si lo amo no es porque sea bueno, sino porque es mi hijo.

¿Qué sabes de la ternura que puede inspirar, tú que pretendes hacer exacto inventario de sus cualidades y sus defectos? Cuando yo tengo que castigarlo se convierte en mi propia carne.

Cuando lo hago llorar, mi corazón llora con él.

Sólo yo puedo acusarlo y reñirle, pues sólo quien ama tiene derecho a castigar.

El cortejo invisible


[Cuento - Texto completo.]

Rabindranath Tagore


¡Oh!, ¿quién pintó tu vestidillo, hijo mío? ¿Quién cubrió tu delicado cuerpo con esta túnica encarnada? Por la mañana saliste al patio para correr y jugar, tambaleándote y cayendo a cada instante.

Pero ¿quién pintó tu vestidillo, hijo mío? ¿Qué es lo que te hace reír, capullo de mi vida? Tu madre te sonríe, de pie en el umbral.

Cuando ella bate palmas y resuenan sus brazaletes, tú bailas como un pastorcillo, la caña de bambú en la mano.

Pero, ¿qué es lo que te hace reír, capullo de mi vida?

¡Oh, pequeño mendigo! ¿Qué le pides a tu madre, colgándote de su cuello con las dos manos? ¡Oh, corazoncito insaciable! ¿Quieres que tome la tierra del espacio, como se arranca un fruto, para ponerla en la palma de tu breve mano? ¡Oh, pequeño mendigo! ¿Qué pides?

La brisa se lleva alegremente el tintineo de las campanillas que adornan tus tobillos.

El sol contempla sonriente cómo te vistes.

El cielo está atento a tu sueño cuando duermes en brazos de tu madre, y por la mañana se acerca de puntillas a tu cuna para besarte los ojos.

Las campanillas tintinean alrededor de tus graciosos tobillos y su alegre son se esparce con la brisa.

El hada de los sueños cruza el crepúsculo volando hacia ti.

La madre universal tiene su trono junto a ti, en el mismo corazón de tu madre.

Hasta ti descendió aquél cuya música sólo perciben las estrellas, y está tocando su flauta ante tu ventana.

Y el hada de los sueños cruza el crepúsculo volando hacia ti.

El país de las hadas


[Cuento - Texto completo.]

Rabindranath Tagore


Si alguien descubriera dónde está el palacio de mi rey, el palacio se desvanecería en el aire.

Sus muros son de plata y su techo de oro resplandeciente.

La reina vive en un edificio de siete patios y ostenta una joya que ha costado siete reinos.

Pero escúchame, madre, voy a decirte al oído dónde está el palacio de mi rey.

Está en un rincón de nuestra azotea, allí donde florece la albahaca.

La princesa duerme, tendida en la lejana orilla de los siete mares infranqueables.

Soy el único en el mundo que puede encontrarla.

Sus brazos están cubiertos de brazaletes y de sus orejas penden largas perlerías. Su cabellera ondula hasta el suelo.

Cuando la toque con mi varita mágica, despertará, y si sonríe las más bellas joyas caerán de sus labios.

¿Quieres, madrecita, que te lo diga al oído? La princesa está en un rincón de nuestra azotea, allí donde está la maceta de la albahaca.

Cuando llegue la hora de tu baño, antes de ir al río sube a la azotea.

Me encontrarás sentado en el rincón donde se juntan las sombras de las dos paredes.

Sólo la gatita tiene permiso para estar conmigo, pues ella sabe dónde vive el barbero del cuento.

Madrecita, ¿quieres que te diga al oído dónde vive el barbero? En el rincón de la azotea donde está la maceta de la albahaca.

¿Sabe alguien de dónde viene el sueño que anda revoloteando por los ojos del niño?
Sí. Dicen que vive en la aldea de las hadas; que por la sombra de una floresta, vagamente
alumbrada de luciérnagas, cuelgan dos tímidos capullos de encanto, de donde viene el
sueño a besar los ojos del niño.
¿Sabe alguien en dónde nació la sonrisa que está aleteando por los labios del niño
dormido? Sí. Cuentan que en el ensueño de una mañana de otoño, limpia de rocío, el pálido
rayo joven de la luna nueva, dorando el borde de una nube que se iba, hizo nacer la sonrisa
que aletea por los labios del niño dormido.
¿Sabe alguien en dónde estuvo escondida tanto tiempo la dulce y suave frescura que
florece en las carnecillas del niño? Sí. Cuando su madre era niña, empapaba su corazón de
un tiempo y callado misterio de amor, suave y dulce frescura que ha florecido en las
carnecillas del niño.



*****************



No puedo ofrecerte una sola flor...

No puedo ofrecerte una sola flor
de todo el tesoro de la primavera,
ni una sola luz de estas nubes de oro.
Pero abre tus puertas y mira; y coge,
entre la flor de tu jardín,
el recuerdo oloroso de las flores
que hace cien años murieron.

¡Y ojalá puedas sentir en la alegría de tu corazón
la alegría viva que esta mañana de abril te mando,
a través de cien años, cantando dichosa!



******************


Canción 3

A la rama que suavemente roza mi ventana como un anhelo vago, o una caricia, o un pensamiento,
¿qué aliento la mueve?
El agua que rueda y canta, por el sol, por la luna, ¿qué boca sedienta busca?
La luz que está como un ramo sobre la mesa en que escribo, ¿de qué corazón, de qué mirada
enamorada viene?
Y con esa voz que casi no es y como que me nombra, pasando en breve ráfaga por la calle
solitaria de la media noche, ¿cuál entre mis muertos queridos me nombra?