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    Mensaje por Maria Lua Dom 30 Abr 2023, 09:02

    Poemas para a Amiga


    (Fragmento 2)


    Eu sei quando te amo:
    é quando com teu corpo eu me confundo,
    não apenas nesta mistura de massa e forma,
    mas quando na tua alma eu me introduzo
    e sinto que meu sangue corre em ti,
    e tudo que é teu corpo
    não é que um corpo meu
    que se alongou de mim.
    Eu sei quando te amo:
    é quando eu te apalpo e não te sinto,
    e sinto que a mim mesmo então me abraço,
    a mim
    que amo e sou um duplo,
    eu mesmo
    e o corpo teu pulsando em mim.


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    "Ser como un verso volando
    o un ciego soñando
    y en ese vuelo y en ese sueño
    compartir contigo sol y luna,
    siendo guardián en tu cielo
    y tren de tus ilusiones."
    (Hánjel)





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    Mensaje por Maria Lua Dom 30 Abr 2023, 09:03

    Poemas para a Amiga


    (Fragmento 7)


    Estranho e duro amor
    é o nosso amor, amante-amiga,
    que não se farta de partir-se
    e não se cansa de querer-se.
    Amor
    todo feito de distâncias necessárias
    que te trazem
    e de partidas sucessivas
    que me levam.
    Que espécie de amor
    é esse amor que nos doamos
    sem pensar e sem querer com tanto amor
    e tão profundo magoar?
    Estranho e duro amor
    que não se basta
    e de outros amores se socorre
    e se compensa
    e neste alheio compensar-se
    nunca se alimenta,
    mas se avilta e se desgasta.
    Estranho amor,
    ferino amor,
    instável amor
    feito sem muita paz,
    com certo desengano
    e um desconsolo prolongado.
    Feito de promessas sem futuro
    e de um presente de saudades.
    Chorar tão dúbio amor
    quem há-de?
    Estranho amor
    e duro amor
    incerto amor,
    que não te deu o instante que esperavas
    e a mim me sobejou do que faltava.


    _________________



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    Mensaje por Maria Lua Dom 30 Abr 2023, 09:05

    O Homem e a Letra



    Depois de Beranger ter visto seus vizinhos virarem rinocerontes
    depois de Clov contemplar a terra arrasada e comunicar-se
    em monossílabos com seus pais numa lixeira
    depois de Gregory Sansa ter acordado numa manhã
    transformado em desprezível inseto aos olhos da família
    e Kafka não ter entrado no castelo para ele aberto todavia
    depois de Carlito a sós na ceia do ano cavando o inexistente
    afeto no ouro dos salões
    depois de Se Tsuam perder-se não entre as três virtudes
    teologais
    mas num maniqueísmo banal entre o bem e o mal
    depois dos diálogos estáticos de Vladimir e Estragon
    na estrada.de Godot
    depois de Alfred Prufrock como um velho numa estação
    seca contemplando a devastação e incapaz de perturbar o universo
    depois dos labirintos de Teseu, Borges e Robbe-Grillet
    depois que o lobo humano se refugiou transido na estepe fria
    depois da recherche no tempo perdida e de Ulisses perdido
    no périplo de Dublin
    depois de Mallarmé se exasperar no jogo inútil de seus dados
    e Malevitch descobrir que sobre o branco
    só resta o branco por pintar
    depois dos falsos moedeiros moendo a escrita exasperante
    em suas torres devorando o que das mãos de Cronos
    gera e degenera
    depois da morte do homem e da morte da alma
    depois da morte de Deus na Carolina do Norte
    antes e depois do depois
    aqui estou Eu confiante Eu pressupondo EU erigindo
    Eu cavando Eu remordendo
    Eu renitente Eu acorrentado Eu Prometeu Narciso Orfeu
    órfano Eu narciso maciço promitente Eu
    descosendo a treva barroca desse Yo
    sem pejo do passado
    reinventando meu secreto
    concreto
    Weltschmerz
    Que ligação estranha então havia entre os nós e os nós
    de outros eus
    entre Deus e Zeus
    que estranha insistência que penitência ardente que estúpido
    e tépido humanismo
    que fragilidade na memória que vocação de emblemas
    e carência em mitografar-se
    que projectum árduo e cego que radar tremendo pelas veias
    que vocação de camuflar abismos e flutuar no vácuo
    que reincidente recolocar do vazio no centro do vazio?
    Que aconteça o humano com todos os seus happenings
    e dadás?
    que para total desespero de mim mesmo e de meus amigos
    I have a strong feeling that the sum of the parts does not
    equal the whole
    e que la connaissance du tout précède celle des parties
    e com um irlandês aprendo a dividir 22 por 7 e achar
    no resto ZERO
    enquanto grito sobre as falésias
    when genuine passion moves you say what you have to say
    and say it hot
    Bêbado de merda e fel egresso da Babel e de onde os sofistas
    me lançaram
    vate vastíssimo possesso e cego guiado pelo que nele há
    de mais cego
    tateando abismos em parábolas
    açodando a louca parelha que avassala os céus
    diante do todo-poderoso Nabucodonosor eu hoje tive um sonho:
    OOO: INFERNO — recomeçar
    Salute o Satana, "Finnegans raven again!"
    agora sei que há a probabilidade da prova e da idade
    o descontínuo do tímpano e o contínuo
    que de Prometeu se vai a Orfeu e de Ptolomeu se vai
    a Galileu
    Eurídice e Eu, Eu e Orfeu
    o feitiço contra Zebedeu Belzebu e os seus
    Madness! Madness!"
    sim, loucura, mas não é a primeira vez que me expulsam
    da República
    loucura, sim, loucura, ora direis
    enquanto retiro os jovens louros de anteontem
    Que encham a casa de espelhos aliciando as terríveis maravilhas
    para que vejam quão desfigurado cursava o filho do homem
    em seus desertos cheios de gafanhoto e mel silvestre
    que venha o longo verso do humano
    o desletrado inconsciente
    fora os palimpsestos! Mylord é o jardineiro
    eis que o touro negro pula seus cercados e cai no povaréu
    Ecce Homo
    ego e louco
    cego e pouco
    ébrio e oco
    cheio de sound and fury
    in-sano in-mundo
    Madness! Madness! Madness!
    Madness
    Summerhill
    Weltschmerz
    — ET TOUT LE RESTE EST LITTÉRATURE





    http://sacramentinasconquista.com.br/professor/wp-content/uploads/sites/2/2018/06/Colet%C3%A2nea-Afonso-Romano-de-Santana-Formatado.pdf

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    Mensaje por Maria Lua Mar 02 Mayo 2023, 13:06

    Os Limites do Autor



    Às vezes, ocorre
    um autor estar
    aquém
    — do próprio texto.
    De o texto ter-se feito,
    além dos dedos,
    como gavinha que inventou
    a direção de seu verde,
    e fonte que minou
    o inconsciente segredo.
    Um texto ou coisa
    que ultrapassa a régua,
    a etiqueta e o medo,
    copo que se derrama,
    corpo que no amor
    transborda a cama
    e se alucina de gozo
    onde havia obrigação.
    Enfim, um texto operário
    que abandonou o patrão.
    Às vezes ocorre
    um autor estar aquém
    da criação.
    O texto-sábio
    criando asas
    e o autor pastando
    grudado ao chão.
    — Como pode um peixe vivo
    estar aquém do próprio rio?
    — Que coisa é esse bicho
    que rompe as grades do circo
    e se lança na floresta
    no descontrole de fera?
    — Que coisa é essa
    que se enrola?
    É fumaça? ou texto?
    que se alça do carvão?
    Lá vai o poema ou trem
    que larga o maquinista
    na estação
    e se interna no sertão.
    Ali o poema
    olhado de binóculo
    — só de longe tocado —
    e o autor, falso piloto
    largado na pista ou salas
    do aeroporto, atrás do vidro,
    enquanto o texto
    levanta seu vôo cego
    com o radar da emoção.

    Enfim,
    um poema que vira pássaro
    onde termina a mão
    ou avião desgovernado
    que ilude o autor e a pista
    e explode na escuridão



    http://sacramentinasconquista.com.br/professor/wp-content/uploads/sites/2/2018/06/Colet%C3%A2nea-Afonso-Romano-de-Santana-Formatado.pdf


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    Mensaje por Maria Lua Miér 10 Mayo 2023, 08:26

    O Duplo


    Debaixo de minha mesa
    tem sempre um cão faminto
    -que me alimenta a tristeza.
    Debaixo de minha cama
    tem sempre um fantasma vivo
    -que perturba quem me ama.

    Debaixo de minha pele
    alguém me olha esquisito
    -pensando que eu sou ele.

    Debaixo de minha escrita
    há sangue em lugar de tinta
    -e alguém calado que grita.


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    Mensaje por Maria Lua Miér 10 Mayo 2023, 08:28

    Carta aos Mortos


    Amigos, nada mudou
    em essência.
    Os salários mal dão para os gastos,
    as guerras não terminaram
    e há vírus novos e terríveis,
    embora o avanço da medicina.
    Volta e meia um vizinho
    tomba morto por questão de amor.
    Há filmes interessantes, é verdade,
    e como sempre, mulheres portentosas
    nos seduzem com suas bocas e pernas,
    mas em matéria de amor
    não inventamos nenhuma posição nova.
    Alguns cosmonautas ficam no espaço
    seis meses ou mais, testando a engrenagem
    e a solidão.
    Em cada olimpíada há récordes previstos
    e nos países, avanços e recuos sociais.
    Mas nenhum pássaro mudou seu canto
    com a modernidade.

    Reencenamos as mesmas tragédias gregas,
    relemos o Quixote, e a primavera
    chega pontualmente cada ano.

    Alguns hábitos, rios e florestas
    se perderam.
    Ninguém mais coloca cadeiras na calçada
    ou toma a fresca da tarde,
    mas temos máquinas velocíssimas
    que nos dispensam de pensar.

    Sobre o desaparecimento dos dinossauros
    e a formação das galáxias
    não avançamos nada.
    Roupas vão e voltam com as modas.
    Governos fortes caem, outros se levantam,
    países se dividem
    e as formigas e abelhas continuam
    fiéis ao seu trabalho.

    Nada mudou em essência.

    Cantamos parabéns nas festas,
    discutimos futebol na esquina
    morremos em estúpidos desastres
    e volta e meia
    um de nós olha o céu quando estrelado
    com o mesmo pasmo das cavernas.
    E cada geração , insolente,
    continua a achar
    que vive no ápice da história


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    Mensaje por Maria Lua Miér 10 Mayo 2023, 08:29

    CHEGANDO EM CASA


    Chegando em casa
    com a alma amarfanhada
    e escura
    das refregas burocráticas
    leio sobre a mesa
    um bilhete que dizia:

    - hoje 22 de agosto de 1994
    meu marido perdeu, deste terraço:

    mais um pôr de sol no Dois Irmãos
    o canto de um bem-te-vi
    e uma orquídea que entardecia
    sobre o mar.


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    Mensaje por Maria Lua Miér 10 Mayo 2023, 08:31

    A PRIMEIRA VEZ QUE ENTENDI


    A primeira vez que entendi do mundo
    alguma coisa
    foi quando na infância
    cortei o rabo de uma lagartixa
    e ele continuou se mexendo.

    De lá pra cá
    fui percebendo que as coisas permanecem
    vivas e tortas
    que o amor não acaba assim
    que é difícil extirpar o mal pela raiz.

    A segunda vez que entendi do mundo
    alguma coisa
    foi quando na adolescência me arrancaram
    do lado esquerdo três certezas
    e eu tive que seguir em frente.

    De lá pra cá
    aprendi a achar no escuro o rumo
    e sou capaz de decifrar mensagens
    seja nas nuvens
    ou no grafite de qualquer muro.



    http://sacramentinasconquista.com.br/professor/wp-content/uploads/sites/2/2018/06/Colet%C3%A2nea-Afonso-Romano-de-Santana-Formatado.pdf

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    Mensaje por Maria Lua Jue 25 Mayo 2023, 14:50

    Letra: Ferida Exposta ao Tempo



    É forçoso dizer que me faz falta
    o poema que existe e nunca li,
    como se alhures
    brotassem coisas que não vi
    e que distantes,
    carentes,
    dependessem de mim.
    Algo como se o intocado fosse a sinfonia
    inacabada, mais:rasgada
    como o quadro nunca esboçado, perdido
    na abatida mão do artista.
    O ausente
    é uma planta
    que na distância se arvora
    e é tão presente
    quando o passado que aflora.
    E a literatura, mais que avenida ou praça
    por onde cavalga a glória, é um monumento,
    sim, de dúbia estória: granito e rima,
    alegoria ao vento, lugar onde carentes
    e arrogantes
    cravamos nosso nome de turista:
    -estive aqui, desamado,
    riscando a pedra e o tempo
    expondo meu sangue e nome
    com o coração trespassado.



    http://sacramentinasconquista.com.br/professor/wp-content/uploads/sites/2/2018/06/Colet%C3%A2nea-Afonso-Romano-de-Santana-Formatado.pdf


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    Mensaje por Maria Lua Vie 26 Mayo 2023, 09:14

    Conjugação


    Eu falo
    tu ouves
    ele cala.
    Eu procuro
    tu indagas
    ele esconde.
    Eu planto
    tu adubas
    ele colhe.
    Eu ajunto
    tu conservas
    ele rouba.
    Eu defendo
    tu combates
    ele entrega.
    Eu canto
    tu calas
    ele vaia.
    Eu escrevo
    tu me lês
    ele apaga.



    http://sacramentinasconquista.com.br/professor/wp-content/uploads/sites/2/2018/06/Colet%C3%A2nea-Afonso-Romano-de-Santana-Formatado.pdf


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    "Ser como un verso volando
    o un ciego soñando
    y en ese vuelo y en ese sueño
    compartir contigo sol y luna,
    siendo guardián en tu cielo
    y tren de tus ilusiones."
    (Hánjel)





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    Mensaje por Maria Lua Dom 28 Mayo 2023, 16:48

    Que encham a casa de espelhos aliciando as terríveis maravilhas
    para que vejam quão desfigurado cursava o filho do homem
    em seus desertos cheios de gafanhoto e mel silvestre
    que venha o longo verso do humano
    o desletrado inconsciente
    fora os palimpsestos! Mylord é o jardineiro
    eis que o touro negro pula seus cercados e cai no povaréu
    Ecce Homo
    ego e louco
    cego e pouco
    ébrio e oco
    cheio de sound and fury
    in-sano in-mundo
    Madness! Madness! Madness!
    Madness
    Summerhill
    Weltschmerz
    — ET TOUT LE RESTE EST LITTÉRATURE


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    y en ese vuelo y en ese sueño
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    Mensaje por Maria Lua Miér 31 Mayo 2023, 15:39

    Limites do Amor


    Condenado estou a te amar
    nos meus limites
    até que exausta e mais querendo
    um amor total, livre das cercas,
    te despeça de mim, sofrida,
    na direção de outro amor
    que pensas ser total e total será
    nos seus limites da vida.

    O amor não se mede
    pela liberdade de se expor nas praças
    e bares, em empecilho.
    É claro que isto é bom e, às vezes,
    sublime.
    Mas se ama também de outra forma, incerta,
    e este o mistério:

    - ilimitado o amor às vezes se limita,
    proibido é que o amor às vezes se liberta.


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    Mensaje por Maria Lua Miér 31 Mayo 2023, 15:40

    Que País É Este?

    1

    Uma coisa é um país,
    outra um ajuntamento.

    Uma coisa é um país,
    outra um regimento.

    Uma coisa é um país,
    outra o confinamento.

    Mas já soube datas, guerras, estátuas
    usei caderno "Avante"
    — e desfilei de tênis para o ditador.
    Vinha de um "berço esplêndido" para um "futuro radioso"
    e éramos maiores em tudo
    — discursando rios e pretensão.

    Uma coisa é um país,
    outra um fingimento.

    Uma coisa é um país,
    outra um monumento.

    Uma coisa é um país,
    outra o aviltamento.

    (...)

    2

    Há 500 anos caçamos índios e operários,
    há 500 anos queimamos árvores e hereges,
    há 500 anos estupramos livros e mulheres,
    há 500 anos sugamos negras e aluguéis.

    Há 500 anos dizemos:
    que o futuro a Deus pertence,
    que Deus nasceu na Bahia,
    que São Jorge é que é guerreiro,
    que do amanhã ninguém sabe,
    que conosco ninguém pode,
    que quem não pode sacode.

    Há 500 anos somos pretos de alma branca,
    não somos nada violentos,
    quem espera sempre alcança
    e quem não chora não mama
    ou quem tem padrinho vivo
    não morre nunca pagão.

    Há 500 anos propalamos:
    este é o país do futuro,
    antes tarde do que nunca,
    mais vale quem Deus ajuda
    e a Europa ainda se curva.

    Há 500 anos
    somos raposas verdes
    colhendo uvas com os olhos,

    semeamos promessa e vento
    com tempestades na boca,

    sonhamos a paz da Suécia
    com suíças militares,

    vendemos siris na estrada
    e papagaios em Haia,

    senzalamos casas-grandes
    e sobradamos mocambos,

    bebemos cachaça e brahma
    joaquim silvério e derrama,

    a polícia nos dispersa
    e o futebol nos conclama,

    cantamos salve-rainhas
    e salve-se quem puder,

    pois Jesus Cristo nos mata
    num carnaval de mulatas.

    (...)


    Publicado no livro Que país é este? e outros poemas (1980).

    In: SANT'ANNA, Affonso Romano de. A poesia possível. Rio de Janeiro: Rocco, 198




    https://www.escritas.org/pt/affonso-romano-de-santanna


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    Mensaje por Maria Lua Lun 05 Jun 2023, 08:28

    Intervalo amoroso


    O que fazer entre um orgasmo e outro,
    quando se abre um intervalo
    sem teu corpo?

    Onde estou, quando não estou
    no teu gozo incluído?
    Sou todo exílio?

    Que imperfeita forma de ser é essa
    quando de ti sou apartado?

    Que neutra forma toco
    quando não toco teus seios, coxas
    e não recolho o sopro da vida de tua boca?

    O que fazer entre um poema e outro
    olhando a cama, a folha fria?


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    Mensaje por Maria Lua Lun 05 Jun 2023, 08:28

    Mistério




    O mistério começa do joelho para cima.
    O mistério começa do umbigo para baixo
    e nunca termina.


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    Mensaje por Maria Lua Lun 05 Jun 2023, 08:30

    A Coisa Pública e a Privada


    Entre a coisa pública
    e a privada
    achou-se a República
    assentada.

    Uns queriam privar
    da coisa pública,
    outros queriam provar
    da privada,
    conquanto, é claro,
    que, na provação,
    a privada, publicamente,
    parecesse perfumada.

    Dessa luta intestina
    entre a gula pública e a privada
    a República
    acabou desarranjada
    e já ninguém sabia
    quando era a empresa pública
    privada pública
    ou
    pública privada.

    Assim ia a rês pública: avacalhada
    uma rês pública: charqueada
    uma rês pública, publicamente
    corneada, que por mais
    que lhe batessem na cangalha
    mais vivia escangalhada.

    Qual o jeito?
    Submetê-la a um jejum?
    Ou dar purgante à esganada
    que embora a prisão de ventre
    tinha a pança inflacionada?

    O que fazer?
    Privatizar a privada
    onde estão todos
    publicamente assentados?
    Ou publicar, de uma penada,
    que a coisa pública
    se deixar de ser privada
    pode ser recuperada?

    — Sim, é preciso sanear,
    desinfetar a coisa pública,
    limpar a verba malversada,
    dar descarga na privada.

    Enfim, acabar com a alquimia
    de empresas públicas-privadas
    que querem ver suas fezes
    em ouro alheio transformadas.


    In: SANT'ANNA, Affonso Romano de. A poesia possível. Rio de Janeiro: Rocco, 1987. Poema integrante da série Aprendizagem de História




    https://www.escritas.org/pt/affonso-romano-de-santanna


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    Mensaje por Maria Lua Mar 06 Jun 2023, 18:34

    O amor e o outro


    Não amo
    melhor
    nem pior
    do que ninguém.

    Do meu jeito amo
    Ora esquisito, ora fogoso,
    às vezes aflito
    ou ensandecido de gozo.
    Já amei
    até com nojo.

    Coisas fabulosas
    acontecem-me no leito. Nem sempre
    de mim dependem, confesso.
    O corpo do outro
    é que é sempre surpreendente.


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    Mensaje por Maria Lua Mar 06 Jun 2023, 18:35

    Poemas para a amiga (fragmento Cool



    Contemplo agora
    o leito que vazio
    se contempla.
    Contemplo agora
    o leito que vazio
    em mim se estende
    e se me aproximo
    existe qualquer coisa
    trescalando aroma em mim.

    Onde o teu corpo, amante-amiga,
    onde o carinho
    que compungido em recebia
    e aquela forma que tranquila
    ainda ontem descobrias?

    Agora eu te diria
    o quanto te agradeço o corpo teu
    se o me dás ou se o me tomas,
    e o recolhendo em mim,
    em mim me vais colhendo,
    como eu que tomo em ti
    o que de ti me vais doando.

    Eu muito te agradeço este teu corpo
    quando nos leitos o estendias e o me davas,
    às vezes, temerosa,
    e, ofegante, às vezes,
    e te agradeço ainda aquele instante (o percebeste)
    em que extasiado ao contemplá-lo
    em mim me conturbei
    – (o percebeste) me aguardaste
    e nos olhos te guardei.

    Eu muito te agradeço, amante-amiga,
    este teu corpo que com fúria eu possuía,
    corpo que eu mais amava
    quanto mais o via,
    pequeno e manso enigma
    que eu decifrei como podia.

    Agora eu te diria
    o que não soubeste
    e nunca o saberias:
    o que naquele instante eu te ofertava
    nunca a mim eu já doara
    e nunca o doaria.

    Nele eu fui pousar
    quando cansado e dúbio,
    dele eu fui tomar
    quando ofegante e rubro,
    dele e nele eu revivia
    e foi por ele que eu senti
    a solidão, e o amor
    que em mim havia.

    Teu corpo quando amava
    me excedia,
    e me excedendo
    com o amor foi me envolvendo,
    e nesse amor absorvente
    de tal forma absorvendo,
    que agora que o não tenho
    não sei como permaneço nesta ausência
    em que tuas formas se envolveram,
    tanto o amor
    e a forma do teu corpo
    no meu corpo se inscreveram.



    https://www.escritas.org/pt/affonso-romano-de-santanna


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    Mensaje por Maria Lua Mar 13 Jun 2023, 20:04

    Confluência
    Ter-te amado, a fantasia exata se cumprindo
    sem distância.
    Ter-te amado convertendo em mel
    o que era ânsia.
    Ter-te amado a boca, o tato, o cheiro:
    intumescente encontro de reentrâncias.
    Ter-te amado
    fez-me sentir:

    no corpo teu, o meu desejo
    – é ancorada errância.


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    Mensaje por Maria Lua Mar 13 Jun 2023, 20:05

    Arte-final


    Não basta um grande amor
    para fazer poemas.
    E o amor dos artistas, não se enganem,
    não é mais belo
    que o amor da gente.

    O grande amante é aquele que silente
    se aplica a escrever com o corpo
    o que seu corpo deseja e sente.

    Uma coisa é a letra,
    e outra o ato,

    – quem toma uma por outra
    confunde e mente.





    https://www.escritas.org/pt/affonso-romano-de-santanna


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    Mensaje por Maria Lua Lun 19 Jun 2023, 15:13

    Definição
    O corpo é onde
    é carne:

    o corpo é onde
    há carne
    e o sangue
    é alarme.

    O corpo é onde
    é chama:

    o corpo é onde
    há chama
    e a brasa
    inflama.

    O corpo é onde
    é luta:

    o corpo é onde
    há luta
    e o sangue
    exulta.

    O corpo é onde
    é cal:

    o corpo é onde
    há cal
    e a dor
    é sal.

    O corpo
    é onde
    e a vida
    é quando.


    Publicado no livro Canto e palavra (1965).

    In: SANT'ANNA, Affonso Romano de. A poesia possível. Rio de Janeiro: Rocco, 198





    https://www.escritas.org/pt/affonso-romano-de-santanna


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    Mensaje por Maria Lua Miér 21 Jun 2023, 09:38

    A Implosão da Mentira ou o Episódio do Riocentro
    1

    Mentiram-me. Mentiram-me ontem
    e hoje mentem novamente. Mentem
    de corpo e alma, completamente.
    E mentem de maneira tão pungente
    que acho que mentem sinceramente.

    Mentem, sobretudo, impune/mente.
    Não mentem tristes. Alegremente
    mentem. Mentem tão nacional/mente
    que acham que mentindo história afora
    vão enganar a morte eterna/mente.

    Mentem. Mentem e calam. Mas suas frases
    falam. E desfilam de tal modo nuas
    que mesmo um cego pode ver
    a verdade em trapos pelas ruas.

    Sei que a verdade é difícil
    e para alguns é cara e escura.
    Mas não se chega à verdade
    pela mentira, nem à democracia
    pela ditadura.


    Publicado no livro Política e paixão (1984).

    In: SANT'ANNA, Affonso Romano de. A poesia possível. Rio de Janeiro: Rocco, 198





    https://www.escritas.org/pt/affonso-romano-de-santanna


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    Mensaje por Maria Lua Vie 23 Jun 2023, 16:32

    Não basta um grande amor
    para fazer poemas.
    E o amor dos artistas, não se enganem,
    não é mais belo
    que o amor da gente.
    O grande amante é aquele que silente
    se aplica a escrever com o corpo
    o que seu corpo deseja e sente.
    Uma coisa é a letra,
    e outra o ato,
    quem toma uma por outra
    confunde e mente.


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    Mensaje por Maria Lua Vie 23 Jun 2023, 21:03

    Epitafio del siglo XX (Fragmento)


    1. Aquí yace un siglo donde hubo dos guerras mundiales y miles de otras pequeñas e igualmente bestiales.

    3. Aquí yace un siglo que casi se desvaneció en la nube atómica. Salváronlo la casualidad y los pacifistas con su homeopática actitud -nuez vómica.

    4. Aquí yace un siglo que un muro dividió Un siglo de concreto armado, canceroso, drogado, contaminado que en fin sobrevivió a las bacterias que parió.

    5. Aquí yace un siglo que se abismó con las estrellas en las pantallas y que el suicidio de supernovas contempló. Un siglo filmado que el vient se llevó.

    6. Aquí yace un siglo semiótico y despótico que se pensó dialéctico y fue patético y aidético. Un siglo que decretó la muerte de Dios la muerte de la historia la muerte del hombre en que se pisó la luna y se murió de hambre.

    Traducción: Felipe de Jesús Hernández


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    "Ser como un verso volando
    o un ciego soñando
    y en ese vuelo y en ese sueño
    compartir contigo sol y luna,
    siendo guardián en tu cielo
    y tren de tus ilusiones."
    (Hánjel)





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    Mensaje por Maria Lua Lun 26 Jun 2023, 17:57

    Aquelas situações de novela
    aquelas frases das canções banais
    acontecem.
    Acontecem
    d

    com os que pensam
    que aquelas situações de novela
    aquelas frases das canções banais
    não acontecem.
    Acontecem
    no lado suburbano
    de meu peito.
    E posto que sejam kitsch
    como tangos e boleros
    soluçam e nos humilham
    nos expondo ao ridículo
    sem nossa autorização.



    Deixei a Acrópole, em Atenas,
    como a encontrei.
    Pisei suas pedras
    olhei as sobrantes figuras derruídas
    e agora parto para meu distante país.
    Não o fizeram assim os persas,
    os turcos,
    e aquele inglês avaro
    que levou seus mármores.

    No topo da montanha, a Acrópole resiste.

    No café da manhã, a olhava.
    No entardecer, a olhava.
    À noite, iluminada, a olhava.

    Certa madrugada levantei-me
    para (há quatro mil anos)
    comtemplá-la.

    Eu
    — exposto a pilhagens e desmontes,
    admirei sua permanência.

    Um dia estarei morto.
    Ela sobreviverá aos bárbaros
    e aos que, como eu,
    depositaram
    aqui
    o seu pasmo.


    _________________



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    o un ciego soñando
    y en ese vuelo y en ese sueño
    compartir contigo sol y luna,
    siendo guardián en tu cielo
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    Mensaje por Maria Lua Lun 26 Jun 2023, 17:58

    DIA 31



    Os que se foram neste ano
    soltavam fogos, brindavam, puseram roupas novas
    fizeram planos e festas
    mas não conseguiram chegar onde estamos.
    Nós e esta estúpida e gloriosa obsessão
    como se a felicidade estivesse à nossa frente.

    Não há o que dizer
    embora a celebração.
    Andar um ao lado do outro,
    em silêncio
    ou deixar-se ir sozinho
    sob o peso da absurda solidão.


    _________________



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    y en ese vuelo y en ese sueño
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    Mensaje por Maria Lua Miér 28 Jun 2023, 08:32

    Homenagem ao Itabirano



    Teu aniversário, Poeta, no escuro
    não se comemora. Antes, se celebra
    no claro enigma das horas.

    Tentas nos fugir. Em vão.
    Tua poesia nos persegue
    e revertida te alcança
    como o sonho persegue
    o sonhador fujão.

    Podes te alojar — barroco e torto —
    dentro de um santo de pau oco,
    como aqueles que, em Minas,
    ocultam a riqueza clandestina
    de seu dono. Podes fingir
    a indiferença do corpo
    quando se refugia no sono.

    Podes partir para Buenos Aires
    Bombaim
    ou Tapajós.
    Não te deixaremos a sós,
    pois ensinaste ao leitor mudo
    a emoção da própria voz.

    Independente de ti,
    na luz renascente do dia,
    como tua poesia, teu aniversário
    se irradia.
    Neste dia
    não há vanguarda e academia,
    prosa e poesia, nem à direita
    e à esquerda, ideologia.
    Teus versos se instalaram
    nas dobras dos lençóis e cartas,
    se infiltraram nos jornais,
    viraram slogans, provérbios
    e senhas matinais.
    Não há quem te não saiba de cor.
    A abelha de teus versos
    segrega em nós o nosso mel melhor.

    Hoje o jornaleiro
    entregará na esquina
    um jornal mais leve e limpo
    onde a poesia abre espaço
    nas guerras do dia-a-dia.
    O porteiro de teu prédio
    amanhecerá engalanado
    como guarda da rainha,
    protegendo-te do assédio
    de quem quer te ver de perto.

    O carteiro de tua rua
    qual hércules moderno
    trará pacotes, malotes
    e pirâmides de afeto.

    Certo, hoje não sairás à beira-mar, puro recato.
    Mas as ondas, sabidas, guardarão para amanhã
    as cabriolas e saltos, que brincalhonas
    darão à tua passagem
    — no calçadão da avenida.

    Quando nasceu o poeta? Em 1902?
    No ontem de Itabira? Ou depois
    que alguma poetisa se iluminou
    em reunião e epifania?
    Como nasceu o poeta? Antes
    do primeiro poema, quando ele ardia
    a dor do mundo sozinho? Ou no dia
    da primeira topada da crítica
    com a "pedra no meio do caminho"?

    Quem é esse poeta ambíguo e exilado
    no umbigo do grande mundo
    como um avesso Crusoé?
    Qual a sua melhor máscara?
    A de Carlos? O elefante de paina?
    A letra K? Ou o absurdo José?

    Ah, drummontanhosa criatura,
    difícil esfinge de orgulho e ferro,
    ostra enrodilhada no inexistente mar de Minas.

    Pena que não te veja teu pai,
    nesta hora nacional. Imagino-o
    chegando de chapéu, com as botas dos currais
    e encontrando na sala da fazenda
    essa multidão de brasileiros
    a louvar o filho gauche
    — franzino e tímido —
    num canto do salão.

    Poeta, pai involuntário
    de tantos poetas voluntários.
    Teus descendentes literários te saúdam
    e te beijam vivo
    com aquele amor, que, em Minas, contido,
    só se exibe diante do morto, no imaginário.

    Não podemos esperar que partas em ausências
    para te amar melhor. Nosso amor
    se ilumina à luz de tua presença.
    O amor, como a poesia, tem urgências.
    Te amamos e não te ocultamos nosso gesto.
    Te amamos como indivíduo — sozinhos e discretos
    ou como um grande país
    — com alarde e afeto.



    Publicado no livro A catedral de Colônia e outros poemas (1985).

    In: SANT'ANNA, Affonso Romano de. A poesia possível. Rio de Janeiro:
    Rocco, 198



    https://www.escritas.org/pt/affonso-romano-de-santanna


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    Mensaje por Maria Lua Sáb 01 Jul 2023, 19:04

    ¿Faltó amor al amor?
    ¿Se gastó el amor en el amor?
    ¿Se hartó el amor?
    En el cuarto de los hijos
    otra derrota a la vista:
    muñecos y juguetes penden
    en un collage de afectos natimuertos.
    Se arruinó el amor y tiene prisa de partir
    avergonzado.
    ¿Levantará otra casa, el amor?
    ¿Escogerá objetos, morará en la playa?
    ¿Viajará entre la nieve y la neblina?
    Tonto, perplejo, sin rumbo,
    un cuerpo cruza la puerta
    con trozos de pasado en la cabeza
    y un futuro incierto.
    En el pecho el corazón pesa
    más que una valija de plomo.


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    Mensaje por Maria Lua Mar 04 Jul 2023, 10:41

    En Vietnam no corren antílopes.
    Pero, si corrieran, tendrían que morir:
    seis mil en una semana
    y más aún en la estación de lluvias.

    ¿Cómo se escondería un vietílope
    en el blanco sobre blanco?

    ¿Cómo se defendería en este paisaje
    sin los colores de la tecnocracia?

    Un vietílope corriendo en plena nieve
    es más visible cuanto más sucia es la bala.
    Los vietílopes hacen túneles
    así las bombas de gas penetren por detrás,
    se sumergen respirando por bambúes,
    pero bulldozers sedientos secan los pantanos.

    –Hay demasiados antílopes en esta área,
    es preciso diezmarlos.
    –Guerreamos porque queremos paz.
    –Si no los liquidamos
    en breve invadirán nuestros jardines.

    No obstante, el vietílope, confundido en su edad dorada,
    sustraído de su ley natural,
    continúa gestando futuras muertes en los periódicos.


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    Mensaje por Maria Lua Vie 07 Jul 2023, 14:54

    PROCURA ANTIGA


    Perdi qualquer coisa ali
    entre o século onze ou dezesseis, não sei.
    Qualquer coisa entre aqueles reis e servos
    qualquer coisa entre a nobreza e os parvos
    comensais à mesa
    qualquer coisa entre as pedras de Siena
    e as pernas das princesas de Viena.
    Por isto procuro procuro procuro
    entre
    quadros portulanos estatuetas tapetes pianos
    porcelanas cristais
    e enternecidas madonas
    como a cinderela o seu sapato perdido
    na meia-noite da festa
    e o maestro a semifusa confusa
    que caiu no fosso da orquestra.

    Procuro algo nas gretas
    dos monumentos no musgo
    do sofrimento no desejo
    dos conventos e traças
    dos documentos.

    O que procuro não sei. Mas sei
    que essa procura
    me organiza o sofrimento.

    Affonso Romano de Sant´anna, Textamentos


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