Versos a um viajante
Tenho saudades das cidades vastas, Dos ínvios cerros, do ambiente azul... Tenho saudades dos cerúleos mares, Das belas filhas do país do sul! Tenho saudades de meus dias idos — Pét'las perdidas em fatal paul — Pét'las, que outrora desfolhamos juntos, Morenas filhas do país do sul! Lá onde as vagas nas areias rolam, Bem como aos pés da Oriental 'Stambul... E da Tijuca na nitente espuma Banham-se as filhas do país do sul. Onde ao sereno a magnólia esconde Os pirilampos "de lanterna azul", Os pirilampos, que trazeis nas coifas, Morenas filhas do país do sul. Tenho saudades... ai! de ti, São Paulo, — Rosa de Espanha no hibernal Friul — Quando o estudante e a serenata acordam As belas filhas do país do sul. Das várzeas longas, das manhãs brumosas, Noites de névoas, ao rugitar do sul, Quando eu sonhava nos morenos seios Das belas filhas do país do sul. |
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CASTRO ALVES (1847-1871)
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- Mensaje n°121
Re: CASTRO ALVES (1847-1871)
_________________
"Ser como un verso volando
o un ciego soñando
y en ese vuelo y en ese sueño
compartir contigo sol y luna,
siendo guardián en tu cielo
y tren de tus ilusiones."
(Hánjel)
o un ciego soñando
y en ese vuelo y en ese sueño
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y tren de tus ilusiones."
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- Mensaje n°122
Re: CASTRO ALVES (1847-1871)
Os perfumes
A. L. O sândalo é o perfume das mulheres de Estambul, e das huris do profeta; como as borboletas, que se alimentam do mel, a mulher do Oriente vive com as gotas dessa essência divina. J. DE ALENCAR |
O Perfume é o invólucro invisível,
Que encerra as formas da mulher bonita.
Bem como a salamandra em chamas vive,
Entre perfumes a sultana habita.
Escrínio aveludado onde se guarda
— Colar de pedras — a beleza esquiva,
Espécie de crisálida, onde mora
A borboleta dos salões — a Diva.
Alma das flores — quando as flores morrem,
Os perfumes emigram para as belas,
Trocam lábios de virgens — por boninas,
Trocam lírios — por seios de donzelas!
E ali — silfos travessos, traiçoeiros
Voam cantando em lânguido compasso
Ocultos nesses cálices macios
Das covinhas de um rosto ou dum regaço.
Vós, que não entendeis a lenda oculta,
A linguagem mimosa dos aromas,
De Madalena a urna olhais apenas
Como um primor de orientais redomas;
E não vedes que ali na mirra e nardo
Vai toda a crença da Judia loura...
E que o óleo, que lava os pés do Cristo,
É uma reza também da pecadora.
Por mim eu sei que há confidências ternas,
Um poema saudoso, angustiado,
Se uma rosa de há muito emurchecida,
Rola acaso de um livro abandonado.
O espírito talvez dos tempos idos
Desperta ali como invisível nume...
E o poeta murmura suspirando:
"Bem me lembro... era este o seu perfume!"
E que segredo não revela acaso
De uma mulher a predileta essência?
Ora o cheiro é lascivo e provocante!
Ora casto, infantil, como a inocência!
Ora propala os sensuais anseios
D'alcova de Ninon ou Margarida,
Ora o mistério divinal do leito,
Onde sonha Cecília adormecida.
Aqui, na magnólia de Celuta
Lambe a solta madeixa, que se estira.
Unge o bronze do dorso da cabocla,
E o mármore do corpo da Hetaíra.
É que o perfume denuncia o espírito
Que sob as formas feminis palpita...
Pois como a salamandra em chamas vive,
Entre perfumes a mulher habita.
_________________
"Ser como un verso volando
o un ciego soñando
y en ese vuelo y en ese sueño
compartir contigo sol y luna,
siendo guardián en tu cielo
y tren de tus ilusiones."
(Hánjel)
o un ciego soñando
y en ese vuelo y en ese sueño
compartir contigo sol y luna,
siendo guardián en tu cielo
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- Mensaje n°123
Re: CASTRO ALVES (1847-1871)
Onde Estás
É meia-noite... e rugindo
Passa triste a ventania,
Como um verbo de desgraça,
Como um grito de agonia.
E eu digo ao vento, que passa
Por meus cabelos fugaz:
"Vento frio do deserto,
Onde ela está? Longe ou perto?
" Mas, como um hálito incerto,
Responde-me o eco ao longe:
"Oh! minh'amante, onde estás?...
Vem! É tarde! Por que tardas?
São horas de brando sono,
Vem reclinar-te em meu peito
Com teu lânguido abandono!...
'Stá vazio nosso leito...
'Stá vazio o mundo inteiro;
E tu não queres qu'eu fique
Solitário nesta vida...
Mas por que tardas, querida?...
Já tenho esperado assaz...
Vem depressa, que eu deliro
Oh! minh'amante, onde estás?..
Estrela — na tempestade,
Rosa — nos ermos da vida,
Íris — do náufrago errante,
Ilusão — d'alma descrida!
Tu foste, mulher formosa!
Tu foste, ó filha do céu!...
... E hoje que o meu passado
Para sempre morto jaz...
Vendo finda a minha sorte,
Pergunto aos ventos do Norte...
"Oh! minh'amante, onde estás?..."
É meia-noite... e rugindo
Passa triste a ventania,
Como um verbo de desgraça,
Como um grito de agonia.
E eu digo ao vento, que passa
Por meus cabelos fugaz:
"Vento frio do deserto,
Onde ela está? Longe ou perto?
" Mas, como um hálito incerto,
Responde-me o eco ao longe:
"Oh! minh'amante, onde estás?...
Vem! É tarde! Por que tardas?
São horas de brando sono,
Vem reclinar-te em meu peito
Com teu lânguido abandono!...
'Stá vazio nosso leito...
'Stá vazio o mundo inteiro;
E tu não queres qu'eu fique
Solitário nesta vida...
Mas por que tardas, querida?...
Já tenho esperado assaz...
Vem depressa, que eu deliro
Oh! minh'amante, onde estás?..
Estrela — na tempestade,
Rosa — nos ermos da vida,
Íris — do náufrago errante,
Ilusão — d'alma descrida!
Tu foste, mulher formosa!
Tu foste, ó filha do céu!...
... E hoje que o meu passado
Para sempre morto jaz...
Vendo finda a minha sorte,
Pergunto aos ventos do Norte...
"Oh! minh'amante, onde estás?..."
_________________
"Ser como un verso volando
o un ciego soñando
y en ese vuelo y en ese sueño
compartir contigo sol y luna,
siendo guardián en tu cielo
y tren de tus ilusiones."
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siendo guardián en tu cielo
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- Mensaje n°124
Re: CASTRO ALVES (1847-1871)
O São Francisco
LONGE, bem longe, dos cantões bravios,
Abrindo em alas os barrancos fundos;
Dourando o colo aos perenais estios,
Que o sol atira nos modernos mundos;
Por entre a grita dos ferais gentios,
Que acampam sob os palmeirais profundos;
Do São Francisco a soberana vaga
Léguas e léguas triunfante alaga!
Antemanhã, sob o sendal da bruma,
Ele vagia na vertente ainda,
— Linfa amorosa — co'a nitente espuma
Orlava o seio da Mineira linda;
Ao meio-dia, quando o solo fuma
Ao bafo morto de lia calma infinda,
Viram-no aos beijos, delamber demente
As rijas formas da cabocla ardente.
Insano amante! Não lhe mata o fogo
O deleite da indígena lasciva...
Vem — à busca talvez de desafogo
Bater à porta da Baiana altiva.
Nas verdes canas o gemente rogo
Ouve-lhe à tarde a tabaroa esquiva...
E talvez por magia à luz da lua
Mole a criança na caudal flutua.
Rio soberbo! Tuas águas turvas
Por isso descem lentas, peregrinas...
Adormeces ao pé das palmas curvas
Ao músico chorar das casuarinas!
Os poldros soltos — retesando as curvas, —
Ao galope agitando as longas crinas,
Rasgam alegres — relinchando aos ventos —
De tua vaga os turbilhões barrentos.
E tu desces, ó Nilo brasileiro,
As largas ipueiras alagando,
E das aves o coro alvissareiro
Vai nas balças teu hino modilhando!
Como pontes aéreas — do coqueiro
Os cipós escarlates se atirando,
De grinaldas em flor tecendo a arcada
São arcos triunfais de tua estrada!...
LONGE, bem longe, dos cantões bravios,
Abrindo em alas os barrancos fundos;
Dourando o colo aos perenais estios,
Que o sol atira nos modernos mundos;
Por entre a grita dos ferais gentios,
Que acampam sob os palmeirais profundos;
Do São Francisco a soberana vaga
Léguas e léguas triunfante alaga!
Antemanhã, sob o sendal da bruma,
Ele vagia na vertente ainda,
— Linfa amorosa — co'a nitente espuma
Orlava o seio da Mineira linda;
Ao meio-dia, quando o solo fuma
Ao bafo morto de lia calma infinda,
Viram-no aos beijos, delamber demente
As rijas formas da cabocla ardente.
Insano amante! Não lhe mata o fogo
O deleite da indígena lasciva...
Vem — à busca talvez de desafogo
Bater à porta da Baiana altiva.
Nas verdes canas o gemente rogo
Ouve-lhe à tarde a tabaroa esquiva...
E talvez por magia à luz da lua
Mole a criança na caudal flutua.
Rio soberbo! Tuas águas turvas
Por isso descem lentas, peregrinas...
Adormeces ao pé das palmas curvas
Ao músico chorar das casuarinas!
Os poldros soltos — retesando as curvas, —
Ao galope agitando as longas crinas,
Rasgam alegres — relinchando aos ventos —
De tua vaga os turbilhões barrentos.
E tu desces, ó Nilo brasileiro,
As largas ipueiras alagando,
E das aves o coro alvissareiro
Vai nas balças teu hino modilhando!
Como pontes aéreas — do coqueiro
Os cipós escarlates se atirando,
De grinaldas em flor tecendo a arcada
São arcos triunfais de tua estrada!...
_________________
"Ser como un verso volando
o un ciego soñando
y en ese vuelo y en ese sueño
compartir contigo sol y luna,
siendo guardián en tu cielo
y tren de tus ilusiones."
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- Mensaje n°125
Re: CASTRO ALVES (1847-1871)
Nos campos
"FUGI desvairada!
Na moita intrincada,
Rasgando uma estrada,
Fugaz me embrenhei.
Apenas vestindo
Meus negros cabelos,
E os seios cobrindo
Com os trêmulos dedos,
Ligeira voei!
"Saltei as torrentes.
Trepei dos rochedos
Aos cimos ardentes,
Nos ínvios caminhos,
Cobertos de espinhos,
Meus passos mesquinhos
Com sangue marquei!
..........................
"Avante! corramos!
Corramos ainda!...
Da selva nos ramos
A sombra é infinda.
A mata possante
Ao filho arquejante
Não nega um abrigo...
Corramos ainda!
Corramos! avante!
"Debalde! A floresta
— Madrasta impiedosa —
A pobre chorosa
Não quis abrigar!
"Pois bem! Ao deserto!
"De novo, é loucura!
Seguindo meus traços
Escuto seus passos
Mais perto! mais perto!
Já queima-me os ombros
Seu hálito ardente.
Já vejo-lhe a sombra
Na úmida alfombra...
Qual negra serpente,
Que vai de repente
Na presa saltar!...
......................................
Na douda
Corrida,
Vencida,
Perdida,
Quem me há de salvar?"
"FUGI desvairada!
Na moita intrincada,
Rasgando uma estrada,
Fugaz me embrenhei.
Apenas vestindo
Meus negros cabelos,
E os seios cobrindo
Com os trêmulos dedos,
Ligeira voei!
"Saltei as torrentes.
Trepei dos rochedos
Aos cimos ardentes,
Nos ínvios caminhos,
Cobertos de espinhos,
Meus passos mesquinhos
Com sangue marquei!
..........................
"Avante! corramos!
Corramos ainda!...
Da selva nos ramos
A sombra é infinda.
A mata possante
Ao filho arquejante
Não nega um abrigo...
Corramos ainda!
Corramos! avante!
"Debalde! A floresta
— Madrasta impiedosa —
A pobre chorosa
Não quis abrigar!
"Pois bem! Ao deserto!
"De novo, é loucura!
Seguindo meus traços
Escuto seus passos
Mais perto! mais perto!
Já queima-me os ombros
Seu hálito ardente.
Já vejo-lhe a sombra
Na úmida alfombra...
Qual negra serpente,
Que vai de repente
Na presa saltar!...
......................................
Na douda
Corrida,
Vencida,
Perdida,
Quem me há de salvar?"
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o un ciego soñando
y en ese vuelo y en ese sueño
compartir contigo sol y luna,
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- Mensaje n°126
Re: CASTRO ALVES (1847-1871)
Os grilos em festa
Começam na orquestra
Febris a tocar...
E as breves
Falenas
Vão leves,
Serenas,
Em bando
Girando,
Valsando,
Voando
No ar! ...
Começam na orquestra
Febris a tocar...
E as breves
Falenas
Vão leves,
Serenas,
Em bando
Girando,
Valsando,
Voando
No ar! ...
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o un ciego soñando
y en ese vuelo y en ese sueño
compartir contigo sol y luna,
siendo guardián en tu cielo
y tren de tus ilusiones."
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- Mensaje n°127
Re: CASTRO ALVES (1847-1871)
La flor del lirio de celeste albura
Busca de la luciérnaga un halago.
El cisne quiere en su agitar de plumas
La perla de los lagos.
¡Es tarde! La paloma del desierto
Su nido hace en la fronda perfumada ...
¡Paloma del amor! Cuida tus alas
De los boscajes yertos.
_________________
Busca de la luciérnaga un halago.
El cisne quiere en su agitar de plumas
La perla de los lagos.
¡Es tarde! La paloma del desierto
Su nido hace en la fronda perfumada ...
¡Paloma del amor! Cuida tus alas
De los boscajes yertos.
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- Mensaje n°128
Re: CASTRO ALVES (1847-1871)
Eu sou como a garça triste
"Que mora à beira do rio,
"As orvalhadas da noite
"Me fazem tremer de frio.
"Me fazem tremer de frio
"Como os juncos da lagoa;
"Feliz da araponga errante
"Que é livre, que livre voa.
"Que é livre, que livre voa
"Para as bandas do seu ninho,
"E nas braúnas à tarde
"Canta longe do caminho.
"Canta longe do caminho.
"Por onde o vaqueiro trilha,
"Se quer descansar as asas
"Tem a palmeira, a baunilha.
"Tem a palmeira, a baunilha,
"Tem o brejo, a lavadeira,
"Tem as campinas, as flores,
"Tem a relva, a trepadeira,
"Tem a relva, a trepadeira,
"Todas têm os seus amores,
"Eu não tenho mãe nem filhos,
"Nem irmão, nem lar, nem flores.
"Que mora à beira do rio,
"As orvalhadas da noite
"Me fazem tremer de frio.
"Me fazem tremer de frio
"Como os juncos da lagoa;
"Feliz da araponga errante
"Que é livre, que livre voa.
"Que é livre, que livre voa
"Para as bandas do seu ninho,
"E nas braúnas à tarde
"Canta longe do caminho.
"Canta longe do caminho.
"Por onde o vaqueiro trilha,
"Se quer descansar as asas
"Tem a palmeira, a baunilha.
"Tem a palmeira, a baunilha,
"Tem o brejo, a lavadeira,
"Tem as campinas, as flores,
"Tem a relva, a trepadeira,
"Tem a relva, a trepadeira,
"Todas têm os seus amores,
"Eu não tenho mãe nem filhos,
"Nem irmão, nem lar, nem flores.
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- Mensaje n°129
Re: CASTRO ALVES (1847-1871)
O CORAÇÃO
O coração é o colibri dourado
Das veigas puras do jardim do céo.
Um — tem o mel de granadilha agreste,
Bebe os perfumes, que a bonina deu.
O outro — voz em mais virentes balsas,
Pousa de um riso na rubente flôr.
Vive do mel — a que se chama — crenças,
Vive do aroma —que se diz — amor.
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y en ese vuelo y en ese sueño
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- Mensaje n°130
Re: CASTRO ALVES (1847-1871)
A Um Coração
"Coração de Filigrana de Oiro"
Ai! Pobre coração! Assim vazio
E frio
Sem guardar a lembrança de um amor!
Nada em teu seio os dias hão deixado!…
É fado?
Nem relíquias de um sonho encantador? Não, frio coração! É que na terra
Ninguém te abriu…Nada teu seio encerra!
O vácuo apenas queres tu conter!
Não te faltam suspiros delirantes,
Nem lágrimas de afeto verdadeiro…
- É que nem mesmo o oceano inteiro
Poderia te encher!
"Coração de Filigrana de Oiro"
Ai! Pobre coração! Assim vazio
E frio
Sem guardar a lembrança de um amor!
Nada em teu seio os dias hão deixado!…
É fado?
Nem relíquias de um sonho encantador? Não, frio coração! É que na terra
Ninguém te abriu…Nada teu seio encerra!
O vácuo apenas queres tu conter!
Não te faltam suspiros delirantes,
Nem lágrimas de afeto verdadeiro…
- É que nem mesmo o oceano inteiro
Poderia te encher!
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- Mensaje n°131
Re: CASTRO ALVES (1847-1871)
É TARDE!
Olha-me, Ó virgem, a fronte!
Olha-me os olhos sem luz!
A palidez do infortúnio
Por minhas faces transluz;
Olha, ó virgem - não te iludas
Eu só tenho a lira e a cruz.
JUNQUEIRA FREIRE
É tarde! É muito tarde!
MONT’ ALVERNE
E tarde! E muito tarde! O templo é negro...
O fogo-santo já no altar não arde.
Vestal! não venhas tropeçar nas piras ...
É tarde! É muito tarde!
Treda noite! E minh'alma era o sacrário,
A lâmpada do amor velava entanto,
Virgem flor enfeitava a borda virgem
Do vaso sacrossanto.
Quando Ela veio — a negra feiticeira —
A libertina, lúgubre bacante,
Lascivo olhar, a trança desgrenhada,
A roupa gotejante.
Foi minha crença — o vinho dessa orgia,
Foi minha vida — a chama que apagou-se,
Foi minha mocidade — o touro lúbrico,
Minh'alma - o tredo alcouce.
E tu, visão do céu! Vens tateando
O abismo onde uma luz sequer não arde?
Ai! não vás resvalar no chão lodoso ...
É tarde! É muito tarde!
Ai! não queiras os restos do banquete!
Não queiras esse leito conspurcado!
Sabes? meu beijo te manchara os lábios
Num beijo profanado.
A flor do lírio de celeste alvura
Quer da lucíola o pudico afago ...
O cisne branco no arrufar das plumas
Quer o aljôfar do lago.
É tarde! A rola meiga do deserto
Faz o ninho na moita perfumada ...
Rola de amor! não vás ferir as asas
Na ruína gretada.
Como o templo, que o crime encheu de espanto,
Ermo e fechado ao fustigar do norte,
Nas ruínas desta alma a raiva geme ...
E cresce o cardo — a morte —.
Ciúme! dor! sarcasmo! - Aves da noite!
Vós povoais-me a solidão sombria,
Quando nas trevas a tormenta ulula
Um uivo de agonia! ...
É tarde! Estrela-d'alva! o lago é turvo.
Dançam fogos no pântano sombrio ..
Pede a Deus que dos céus as cataratas
Façam do brejo - um rio!
Mas não ...! Somente as vagas do sepulcro
Hão de apagar o fogo que em mim arde .
Perdoa-me, Senhora! ... Eu sei que morro .
É tarde! É muito tarde! ...
Rio de Janeiro, 3 de novembro de 1869.
(De Espumas Flutuantes)
**********************
¡ES TARDE!
Trad. de Arturo Corchera
¡Es tarde! ¡Ya es muy tarde! El templo a oscuras
En el altar el fuego santo no arde.
¡No tropieces, Vestal, entre Las brasas ...!
¡Es tarde! ¡Ya es muy tarde!
¡Traidora noche! Mi alma era un sagrario,
Su lámpara el amor velaba, en tanto
Virgen flor adornaba el borde virgen
Del vaso sacrosanto.
Cuando Ella vino —fúnebre hechicera—
La libertina, lúgubre bacante,
Mirar lascivo, trenza desgreñada,
EI traje deleznante.
Mi religión —el vino de esa orgía.
No un incendio mi vida —un apagar,
Y fue mi mocedad —lúbrico toro.
Y mi alma un lupanar.
Visión del cielo! ¿Vienes tanteando
Abismos donde ya la lumbre no arde?
No vayas, ay, a sepultarte en fango ...
Es tarde. Ya es muy tarde.
¡No quieras, no, las sobras del banquete!
¡Ni el pervertido lecho del malsano!
Mi boca -entiende- manchará tu beso
Con su beso profano.
La flor del lirio de celeste albura
Busca de la luciérnaga un halago.
El cisne quiere en su agitar de plumas
La perla de los lagos.
¡Es tarde! La paloma del desierto
Su nido hace en la fronda perfumada ...
¡Paloma del amor! Cuida tus alas
De los boscajes yertos.
Templo que el crimen asoló de espanto,
Cerrado al fustigar del viento, inerte
Alma hecha ruinas, donde mi alma gime
Crece un cardo — la muerte.
¡Sarcasmos! ¡Celos! ¡Aves de la noche
Que me pobláis la soledad umbría
Cuando en tinieblas de tormenta ululan
Aullares de agonía! ...
***
¡Es tarde! !Luz del alba! ¡Lago turbio!
Danzan fuegos en lodazal sombrío.
Pide a Dios que del cielo las cascadas
Hagan del yermo —un rio.
Mas no. Sólo las olas del sepulcro
Han de apagar en mí el infierno que arde .
¡Perdonadme, Señora!. .. Yo ya he muerto .
¡Es tarde! ¡Ya es muy tarde!. ..
Extraídos de TRÊS POETAS ROMÂNTICOS: GONÇALVES DIAS, CASTRO ALVES, SOUSÂNDRADE. Prólogo d Luis Jaime Cisneros. Traducciones de Washington Delgado, Arturo Corcuera y Javier Sologuren. Lima: Centro de Estudios Brasileños, 1984. 110 p. (Tierra Brasileña. Poesía 20)
Olha-me, Ó virgem, a fronte!
Olha-me os olhos sem luz!
A palidez do infortúnio
Por minhas faces transluz;
Olha, ó virgem - não te iludas
Eu só tenho a lira e a cruz.
JUNQUEIRA FREIRE
É tarde! É muito tarde!
MONT’ ALVERNE
E tarde! E muito tarde! O templo é negro...
O fogo-santo já no altar não arde.
Vestal! não venhas tropeçar nas piras ...
É tarde! É muito tarde!
Treda noite! E minh'alma era o sacrário,
A lâmpada do amor velava entanto,
Virgem flor enfeitava a borda virgem
Do vaso sacrossanto.
Quando Ela veio — a negra feiticeira —
A libertina, lúgubre bacante,
Lascivo olhar, a trança desgrenhada,
A roupa gotejante.
Foi minha crença — o vinho dessa orgia,
Foi minha vida — a chama que apagou-se,
Foi minha mocidade — o touro lúbrico,
Minh'alma - o tredo alcouce.
E tu, visão do céu! Vens tateando
O abismo onde uma luz sequer não arde?
Ai! não vás resvalar no chão lodoso ...
É tarde! É muito tarde!
Ai! não queiras os restos do banquete!
Não queiras esse leito conspurcado!
Sabes? meu beijo te manchara os lábios
Num beijo profanado.
A flor do lírio de celeste alvura
Quer da lucíola o pudico afago ...
O cisne branco no arrufar das plumas
Quer o aljôfar do lago.
É tarde! A rola meiga do deserto
Faz o ninho na moita perfumada ...
Rola de amor! não vás ferir as asas
Na ruína gretada.
Como o templo, que o crime encheu de espanto,
Ermo e fechado ao fustigar do norte,
Nas ruínas desta alma a raiva geme ...
E cresce o cardo — a morte —.
Ciúme! dor! sarcasmo! - Aves da noite!
Vós povoais-me a solidão sombria,
Quando nas trevas a tormenta ulula
Um uivo de agonia! ...
* * *
É tarde! Estrela-d'alva! o lago é turvo.
Dançam fogos no pântano sombrio ..
Pede a Deus que dos céus as cataratas
Façam do brejo - um rio!
Mas não ...! Somente as vagas do sepulcro
Hão de apagar o fogo que em mim arde .
Perdoa-me, Senhora! ... Eu sei que morro .
É tarde! É muito tarde! ...
Rio de Janeiro, 3 de novembro de 1869.
(De Espumas Flutuantes)
**********************
¡ES TARDE!
Trad. de Arturo Corchera
¡Es tarde! ¡Ya es muy tarde! El templo a oscuras
En el altar el fuego santo no arde.
¡No tropieces, Vestal, entre Las brasas ...!
¡Es tarde! ¡Ya es muy tarde!
¡Traidora noche! Mi alma era un sagrario,
Su lámpara el amor velaba, en tanto
Virgen flor adornaba el borde virgen
Del vaso sacrosanto.
Cuando Ella vino —fúnebre hechicera—
La libertina, lúgubre bacante,
Mirar lascivo, trenza desgreñada,
EI traje deleznante.
Mi religión —el vino de esa orgía.
No un incendio mi vida —un apagar,
Y fue mi mocedad —lúbrico toro.
Y mi alma un lupanar.
Visión del cielo! ¿Vienes tanteando
Abismos donde ya la lumbre no arde?
No vayas, ay, a sepultarte en fango ...
Es tarde. Ya es muy tarde.
¡No quieras, no, las sobras del banquete!
¡Ni el pervertido lecho del malsano!
Mi boca -entiende- manchará tu beso
Con su beso profano.
La flor del lirio de celeste albura
Busca de la luciérnaga un halago.
El cisne quiere en su agitar de plumas
La perla de los lagos.
¡Es tarde! La paloma del desierto
Su nido hace en la fronda perfumada ...
¡Paloma del amor! Cuida tus alas
De los boscajes yertos.
Templo que el crimen asoló de espanto,
Cerrado al fustigar del viento, inerte
Alma hecha ruinas, donde mi alma gime
Crece un cardo — la muerte.
¡Sarcasmos! ¡Celos! ¡Aves de la noche
Que me pobláis la soledad umbría
Cuando en tinieblas de tormenta ululan
Aullares de agonía! ...
***
¡Es tarde! !Luz del alba! ¡Lago turbio!
Danzan fuegos en lodazal sombrío.
Pide a Dios que del cielo las cascadas
Hagan del yermo —un rio.
Mas no. Sólo las olas del sepulcro
Han de apagar en mí el infierno que arde .
¡Perdonadme, Señora!. .. Yo ya he muerto .
¡Es tarde! ¡Ya es muy tarde!. ..
Extraídos de TRÊS POETAS ROMÂNTICOS: GONÇALVES DIAS, CASTRO ALVES, SOUSÂNDRADE. Prólogo d Luis Jaime Cisneros. Traducciones de Washington Delgado, Arturo Corcuera y Javier Sologuren. Lima: Centro de Estudios Brasileños, 1984. 110 p. (Tierra Brasileña. Poesía 20)
_________________
"Ser como un verso volando
o un ciego soñando
y en ese vuelo y en ese sueño
compartir contigo sol y luna,
siendo guardián en tu cielo
y tren de tus ilusiones."
(Hánjel)
o un ciego soñando
y en ese vuelo y en ese sueño
compartir contigo sol y luna,
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- Mensaje n°132
Re: CASTRO ALVES (1847-1871)
Morena Flor
Ela tem uma graça de pantera
No andar bem-comportado de menina.
No molejo em que vem sempre se espera
Que de repente ela lhe salte em cima
A mim me enerva o ardor com que ela vibra
E que a motiva desde de manhã.
- Como é que pode, digo-me com espanto...
Ela tem uma graça de pantera
No andar bem-comportado de menina.
No molejo em que vem sempre se espera
Que de repente ela lhe salte em cima
A mim me enerva o ardor com que ela vibra
E que a motiva desde de manhã.
- Como é que pode, digo-me com espanto...
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"Ser como un verso volando
o un ciego soñando
y en ese vuelo y en ese sueño
compartir contigo sol y luna,
siendo guardián en tu cielo
y tren de tus ilusiones."
(Hánjel)
o un ciego soñando
y en ese vuelo y en ese sueño
compartir contigo sol y luna,
siendo guardián en tu cielo
y tren de tus ilusiones."
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- Mensaje n°133
Re: CASTRO ALVES (1847-1871)
A CRUZ NA ESTRADA
Caminheiro que passas pela estrada,
Seguindo pelo rumo do sertão,
Quando vires a cruz abandonada,
Deixa-a em paz dormir na solidão.
Que vale o ramo do alecrim cheiroso
Que lhe atiras nos braços ao passar?
Vais espantar o bando buliçoso
Das borboletas, que lá vão pousar.
É de um escravo humilde sepultura,
Foi-lhe a vida o velar de insônia atroz.
Deixa-o dormir no leito de verdura,
Que o Senhor dentre as selvas lhe compôs.
Não precisa de ti. O gaturamo
Geme, por ele, à tarde, no sertão.
E a juriti, do taquaral no ramo,
Povoa, soluçando, a solidão.
Dentre os braços da cruz, a parasita,
Num abraço de flores, se prendeu.
Chora orvalhos a grama, que palpita;
Lhe acende o vaga-lume o facho seu.
Quando, à noite, o silêncio habita as matas,
A sepultura fala a sós com Deus.
Prende-se a voz na boca das cascatas,
E as asas de ouro aos astros lá nos céus.
Caminheiro! do escravo desgraçado
O sono agora mesmo começou!
Não lhe toques no leito de noivado,
Há pouco a liberdade o desposou.
Caminheiro que passas pela estrada,
Seguindo pelo rumo do sertão,
Quando vires a cruz abandonada,
Deixa-a em paz dormir na solidão.
Que vale o ramo do alecrim cheiroso
Que lhe atiras nos braços ao passar?
Vais espantar o bando buliçoso
Das borboletas, que lá vão pousar.
É de um escravo humilde sepultura,
Foi-lhe a vida o velar de insônia atroz.
Deixa-o dormir no leito de verdura,
Que o Senhor dentre as selvas lhe compôs.
Não precisa de ti. O gaturamo
Geme, por ele, à tarde, no sertão.
E a juriti, do taquaral no ramo,
Povoa, soluçando, a solidão.
Dentre os braços da cruz, a parasita,
Num abraço de flores, se prendeu.
Chora orvalhos a grama, que palpita;
Lhe acende o vaga-lume o facho seu.
Quando, à noite, o silêncio habita as matas,
A sepultura fala a sós com Deus.
Prende-se a voz na boca das cascatas,
E as asas de ouro aos astros lá nos céus.
Caminheiro! do escravo desgraçado
O sono agora mesmo começou!
Não lhe toques no leito de noivado,
Há pouco a liberdade o desposou.
_________________
"Ser como un verso volando
o un ciego soñando
y en ese vuelo y en ese sueño
compartir contigo sol y luna,
siendo guardián en tu cielo
y tren de tus ilusiones."
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o un ciego soñando
y en ese vuelo y en ese sueño
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- Mensaje n°134
Re: CASTRO ALVES (1847-1871)
Amar e ser amado! Com que anelo
Com quanto ardor este adorado sonho
Acalentei em meu delírio ardente
Por essas doces noites de desvelo!
Ser amado por ti, o teu alento
A bafejar-me a abrasadora frente!
Em teus olhos mirar meu pensamento,
Sentir em mim tu’alma, ter só vida
P’ra tão puro e celeste sentimento
Ver nossas vidas quais dois mansos rios,
Juntos, juntos perderem-se no oceano,
Beijar teus labios em delírio insano
Nossas almas unidas, nosso alento,
Confundido também, amante, amado
Como um anjo feliz... que pensamento!?
Com quanto ardor este adorado sonho
Acalentei em meu delírio ardente
Por essas doces noites de desvelo!
Ser amado por ti, o teu alento
A bafejar-me a abrasadora frente!
Em teus olhos mirar meu pensamento,
Sentir em mim tu’alma, ter só vida
P’ra tão puro e celeste sentimento
Ver nossas vidas quais dois mansos rios,
Juntos, juntos perderem-se no oceano,
Beijar teus labios em delírio insano
Nossas almas unidas, nosso alento,
Confundido também, amante, amado
Como um anjo feliz... que pensamento!?
_________________
"Ser como un verso volando
o un ciego soñando
y en ese vuelo y en ese sueño
compartir contigo sol y luna,
siendo guardián en tu cielo
y tren de tus ilusiones."
(Hánjel)
o un ciego soñando
y en ese vuelo y en ese sueño
compartir contigo sol y luna,
siendo guardián en tu cielo
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- Mensaje n°135
Re: CASTRO ALVES (1847-1871)
1ª SOMBRA
MARIETA
Como o gênio da noite, que desata
O véu de rendas sobre a espádua nua,
Ela solta os cabelos... Bate a lua
Nas alvas dobras de um lençol de prata...
O seio virginal, que a mão recata,
Embalde o prende a mão... cresce, flutua...
Sonha a moça ao relento... Além na rua
Preludia um violão na serenata! ...
... Furtivos passos morrem no lajedo...
Resvala a escada do balcão discreta
Matam lábios os beijos em segredo...
Afoga-me os suspiros, Marieta!
Ó surpresa! ó palor! ó pranto! ó medo!
Ai! noites de Romeu e Julieta!...
MARIETA
Como o gênio da noite, que desata
O véu de rendas sobre a espádua nua,
Ela solta os cabelos... Bate a lua
Nas alvas dobras de um lençol de prata...
O seio virginal, que a mão recata,
Embalde o prende a mão... cresce, flutua...
Sonha a moça ao relento... Além na rua
Preludia um violão na serenata! ...
... Furtivos passos morrem no lajedo...
Resvala a escada do balcão discreta
Matam lábios os beijos em segredo...
Afoga-me os suspiros, Marieta!
Ó surpresa! ó palor! ó pranto! ó medo!
Ai! noites de Romeu e Julieta!...
_________________
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o un ciego soñando
y en ese vuelo y en ese sueño
compartir contigo sol y luna,
siendo guardián en tu cielo
y tren de tus ilusiones."
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- Mensaje n°136
Re: CASTRO ALVES (1847-1871)
Aquí en pleno mar… desplegando velas,
al fuerte alfar de las brisas marinas,
el bergantín se desliza en los mares,
cual rozan la ola las golondrinas.
¿De dónde viene o va? La nave errante,
¿quién el rumbo sabe en tan gran espacio?
Sahara en que corceles el polvo alzan,
galopan, vuelan, mas no dejan trazo.
al fuerte alfar de las brisas marinas,
el bergantín se desliza en los mares,
cual rozan la ola las golondrinas.
¿De dónde viene o va? La nave errante,
¿quién el rumbo sabe en tan gran espacio?
Sahara en que corceles el polvo alzan,
galopan, vuelan, mas no dejan trazo.
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o un ciego soñando
y en ese vuelo y en ese sueño
compartir contigo sol y luna,
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y tren de tus ilusiones."
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- Mensaje n°137
Re: CASTRO ALVES (1847-1871)
A mãe do cativo (fragmentos)
Ó mãe do cativo! que alegre balanças
A rede que ataste nos galhos da selva!
Melhor tu farias se à pobre criança
Cavasses a cova por baixo da relva.
Ó mãe do cativo! que fias à noite
As roupas do filho na choça da palha!
Melhor tu farias se ao pobre pequeno
Tecesses o pano da branca mortalha.
Misérrima! E ensinas ao triste menino
Que existem virtudes e crimes no mundo
E ensinas ao filho que seja brioso,
Que evite dos vícios o abismo profundo ...
E louca, sacodes nesta alma, inda em trevas,
O raio da espr'ança... Cruel ironia!
E ao pássaro mandas voar no infinito,
Enquanto que o prende cadeia sombria! ...
Ó mãe do cativo! que alegre balanças
A rede que ataste nos galhos da selva!
Melhor tu farias se à pobre criança
Cavasses a cova por baixo da relva.
Ó mãe do cativo! que fias à noite
As roupas do filho na choça da palha!
Melhor tu farias se ao pobre pequeno
Tecesses o pano da branca mortalha.
Misérrima! E ensinas ao triste menino
Que existem virtudes e crimes no mundo
E ensinas ao filho que seja brioso,
Que evite dos vícios o abismo profundo ...
E louca, sacodes nesta alma, inda em trevas,
O raio da espr'ança... Cruel ironia!
E ao pássaro mandas voar no infinito,
Enquanto que o prende cadeia sombria! ...
_________________
"Ser como un verso volando
o un ciego soñando
y en ese vuelo y en ese sueño
compartir contigo sol y luna,
siendo guardián en tu cielo
y tren de tus ilusiones."
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o un ciego soñando
y en ese vuelo y en ese sueño
compartir contigo sol y luna,
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- Mensaje n°138
Re: CASTRO ALVES (1847-1871)
Ayer, en Sierra Leona,
de leones cazador,
durmiendo bajo la lona
de la tienda sin temor...
Hoy, el soldado profundo,
Infecto, estrecho e inmundo,
del que la peste es jaguar...
Y el sueño siempre cortado,
por el cuerpo de un finado
que se estrella contra el mar.
Ayer, la más libre vida,
la voluntad por señor...
Hoy, la libertad perdida
hasta de morir de horror...
Sólo una cadena hiriente,
férrea, lúgubre serpiente
es de todos la prisión.
Y así, a la muerte robados,
danzan estos desgraciados
del látigo al triste son.
de leones cazador,
durmiendo bajo la lona
de la tienda sin temor...
Hoy, el soldado profundo,
Infecto, estrecho e inmundo,
del que la peste es jaguar...
Y el sueño siempre cortado,
por el cuerpo de un finado
que se estrella contra el mar.
Ayer, la más libre vida,
la voluntad por señor...
Hoy, la libertad perdida
hasta de morir de horror...
Sólo una cadena hiriente,
férrea, lúgubre serpiente
es de todos la prisión.
Y así, a la muerte robados,
danzan estos desgraciados
del látigo al triste son.
_________________
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y en ese vuelo y en ese sueño
compartir contigo sol y luna,
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- Mensaje n°139
Re: CASTRO ALVES (1847-1871)
As Duas Ilhas
Sobre uma página de poesia de V. Hugo com o mesmo título
Quando à noite — às horas mortas —
O silêncio e a solidão
— Sob o dossel do infinito —
Dormem do mar n'amplidão,
Vê-se, por cima dos mares,
Rasgando o teto dos ares
Dois gigantescos perfis...
Olhando por sobre as vagas,
Atentos, longínquas plagas
Ao clarear dos fuzis.
Quem os vê, olha espantado
E a sós murmura: "O que é?
Ai! que atalaias gigantes,
São essas além de pé?!..."
Adamastor de granito
Co'a testa roça o infinito
E a barba molha no mar;
E de pedra a cabeleira
Sacudind'a onda ligeira
Faz de medo recuar...
São — dons marcos miliários,
Que Deus nas ondas plantou.
Dons rochedos, onde o mundo
Dous Prometeus amarrou!...
— Acolá... (Não tenhas medo!... )
E Santa Helena — o rochedo
Desse Titã, que foi rei! ...
— Ali... (Não feches os olhos!... )
Ali... aqueles abrolhos
São a ilha de Jersey!...
São eles — os dous gigantes
No século de pigmeus.
São eles — que a majestade
Arrancam da mão de Deus.
— Este concentra na fronte
Mais astros — que o horizonte,
Mais luz — do que o sol lançou! ...
— Aquele — na destra alçada
Traz segura sua espada
— Cometa, que ao céu roubou!...
E olham os velhos rochedos
O Sena, que dorme além...
E a França, que entre a caligem
Dorme em sudário também...
E o mar pergunta espantado:
"Foi deveras desterrado
Buonaparte — meu irmão?..."
Diz o céu astros chorando:
"E Hugo?... " E o mundo pasmando
Diz: "Hugo... Napoleão! ... "
Como vasta reticência
Se estende o silêncio após...
Es muito pequena, ó França,
P'ra conter estes heróis...
Sim! que estes vultos augustos
Para o leito de Procustos
Muito grandes Deus traçou...
Basta os reis tremam de medo
Se a sombra de algum rochedo
Sobre eles se projetou!...
Dizem que, quando, alta noite,
Dorme a terra — e vela Deus,
As duas ilhas conversam
Sem temor perante os céus.
— Jersey curva sobre os mares
À Santa Helena os pensares
Segreda do velho Hugo...
— E Santa Helena no entanto
No Salgueiro enxuga o pranto
E conta o que Ele falou...
E olhando o presente infame
Clamam: "Da turba vulgar
Nós — infinitos de pedra —
Nós havemo-los vingar! .."
E do mar sobre as escumas,
E do céu por sobre as brumas,
Um ao outro dando a mão...
Encaram a imensidade
Bradando: "A Posteridade!..."
Deus ri-se e diz: "Inda não!..."
Sobre uma página de poesia de V. Hugo com o mesmo título
Quando à noite — às horas mortas —
O silêncio e a solidão
— Sob o dossel do infinito —
Dormem do mar n'amplidão,
Vê-se, por cima dos mares,
Rasgando o teto dos ares
Dois gigantescos perfis...
Olhando por sobre as vagas,
Atentos, longínquas plagas
Ao clarear dos fuzis.
Quem os vê, olha espantado
E a sós murmura: "O que é?
Ai! que atalaias gigantes,
São essas além de pé?!..."
Adamastor de granito
Co'a testa roça o infinito
E a barba molha no mar;
E de pedra a cabeleira
Sacudind'a onda ligeira
Faz de medo recuar...
São — dons marcos miliários,
Que Deus nas ondas plantou.
Dons rochedos, onde o mundo
Dous Prometeus amarrou!...
— Acolá... (Não tenhas medo!... )
E Santa Helena — o rochedo
Desse Titã, que foi rei! ...
— Ali... (Não feches os olhos!... )
Ali... aqueles abrolhos
São a ilha de Jersey!...
São eles — os dous gigantes
No século de pigmeus.
São eles — que a majestade
Arrancam da mão de Deus.
— Este concentra na fronte
Mais astros — que o horizonte,
Mais luz — do que o sol lançou! ...
— Aquele — na destra alçada
Traz segura sua espada
— Cometa, que ao céu roubou!...
E olham os velhos rochedos
O Sena, que dorme além...
E a França, que entre a caligem
Dorme em sudário também...
E o mar pergunta espantado:
"Foi deveras desterrado
Buonaparte — meu irmão?..."
Diz o céu astros chorando:
"E Hugo?... " E o mundo pasmando
Diz: "Hugo... Napoleão! ... "
Como vasta reticência
Se estende o silêncio após...
Es muito pequena, ó França,
P'ra conter estes heróis...
Sim! que estes vultos augustos
Para o leito de Procustos
Muito grandes Deus traçou...
Basta os reis tremam de medo
Se a sombra de algum rochedo
Sobre eles se projetou!...
Dizem que, quando, alta noite,
Dorme a terra — e vela Deus,
As duas ilhas conversam
Sem temor perante os céus.
— Jersey curva sobre os mares
À Santa Helena os pensares
Segreda do velho Hugo...
— E Santa Helena no entanto
No Salgueiro enxuga o pranto
E conta o que Ele falou...
E olhando o presente infame
Clamam: "Da turba vulgar
Nós — infinitos de pedra —
Nós havemo-los vingar! .."
E do mar sobre as escumas,
E do céu por sobre as brumas,
Um ao outro dando a mão...
Encaram a imensidade
Bradando: "A Posteridade!..."
Deus ri-se e diz: "Inda não!..."
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y en ese vuelo y en ese sueño
compartir contigo sol y luna,
siendo guardián en tu cielo
y tren de tus ilusiones."
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- Mensaje n°140
Re: CASTRO ALVES (1847-1871)
Tenho saudades das cidades vastas,
Dos ínvios cerros, do ambiente azul...
Tenho saudades dos cerúleos mares,
Das belas filhas do país do sul!
Tenho saudades de meus dias idos
— Pét'las perdidas em fatal paul —
Pét'las, que outrora desfolhamos juntos,
Morenas filhas do país do sul!
Lá onde as vagas nas areias rolam,
Bem como aos pés da Oriental 'Stambul...
E da Tijuca na nitente espuma
Banham-se as filhas do país do sul.
Dos ínvios cerros, do ambiente azul...
Tenho saudades dos cerúleos mares,
Das belas filhas do país do sul!
Tenho saudades de meus dias idos
— Pét'las perdidas em fatal paul —
Pét'las, que outrora desfolhamos juntos,
Morenas filhas do país do sul!
Lá onde as vagas nas areias rolam,
Bem como aos pés da Oriental 'Stambul...
E da Tijuca na nitente espuma
Banham-se as filhas do país do sul.
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- Mensaje n°141
Re: CASTRO ALVES (1847-1871)
Canção do Boêmio
(RECITATIVO DA MEIA HORA DE CINISMO
COMÉDIA DE COSTUMES ACADÊMICOS)
Música de EMILIO DO LAGO
Que noite fria! Na deserta rua
Tremem de medo os lampiões sombrios.
Densa garoa faz fumar a lua,
Ladram de tédio vinte cães vadios.
Nini formosa! por que assim fugiste?
Embalde o tempo à tua espera conto.
Não vês, não vós?... Meu coração é triste
Como um calouro quando leva ponto.
A passos largos eu percorro a sala
Fumo um cigarro, que filei na escola...
Tudo no quarto de Nini me fala
Embalde fumo... tudo aqui me amola.
Diz-me o relógio cinicando a um canto
"Onde está ela que não veio ainda?"
Diz-me a poltrona "por que tardas tanto?
Quero aquecer-te rapariga linda."
Em vão a luz da crepitante vela
De Hugo clareia uma canção ardente;
Tens um idílio — em tua fronte bela...
Um ditirambo — no teu seio quente...
Pego o compêndio... inspiração sublime
P'ra adormecer... inquietações tamanhas...
Violei à noite o domicílio, ó crime!
Onde dormia uma nação... de aranhas...
Morrer de frio quando o peito é brasa...
Quando a paixão no coração se aninha!?...
Vós todos, todos, que dormis em casa,
Dizei se há dor, que se compare à minha!...
Nini! o horror deste sofrer pungente
Só teu sorriso neste mundo acalma...
Vem aquecer-me em teu olhar ardente...
Nini! tu és o cache-nez dest'alma.
Deus do Boêmio!... São da mesma raça
As andorinhas e o meu anjo louro...
Fogem de mim se a primavera passa
Se já nos campos não há flores de ouro...
E tu fugiste, pressentindo o inverno.
Mensal inverno do viver boêmio...
Sem te lembrar que por um riso terno
Mesmo eu tomara a primavera a prêmio..
No entanto ainda do Xerez fogoso
Duas garrafas guardo ali... Que minas!
Além de um lado o violão saudoso
Guarda no seio inspirações divinas...
Se tu viesses... de meus lábios tristes
Rompera o canto... Que esperança inglória...
Ela esqueceu o que jurar lhe vistes
Ó Paulicéia, ó Ponte-grande, ó Glória!...
Batem!... que vejo! Ei-la afinal comigo...
Foram-se as trevas... fabricou-se a luz...
Nini! pequei... dá-me exemplar castigo!
Sejam teus braços... do martírio a cruz!...
(RECITATIVO DA MEIA HORA DE CINISMO
COMÉDIA DE COSTUMES ACADÊMICOS)
Música de EMILIO DO LAGO
Que noite fria! Na deserta rua
Tremem de medo os lampiões sombrios.
Densa garoa faz fumar a lua,
Ladram de tédio vinte cães vadios.
Nini formosa! por que assim fugiste?
Embalde o tempo à tua espera conto.
Não vês, não vós?... Meu coração é triste
Como um calouro quando leva ponto.
A passos largos eu percorro a sala
Fumo um cigarro, que filei na escola...
Tudo no quarto de Nini me fala
Embalde fumo... tudo aqui me amola.
Diz-me o relógio cinicando a um canto
"Onde está ela que não veio ainda?"
Diz-me a poltrona "por que tardas tanto?
Quero aquecer-te rapariga linda."
Em vão a luz da crepitante vela
De Hugo clareia uma canção ardente;
Tens um idílio — em tua fronte bela...
Um ditirambo — no teu seio quente...
Pego o compêndio... inspiração sublime
P'ra adormecer... inquietações tamanhas...
Violei à noite o domicílio, ó crime!
Onde dormia uma nação... de aranhas...
Morrer de frio quando o peito é brasa...
Quando a paixão no coração se aninha!?...
Vós todos, todos, que dormis em casa,
Dizei se há dor, que se compare à minha!...
Nini! o horror deste sofrer pungente
Só teu sorriso neste mundo acalma...
Vem aquecer-me em teu olhar ardente...
Nini! tu és o cache-nez dest'alma.
Deus do Boêmio!... São da mesma raça
As andorinhas e o meu anjo louro...
Fogem de mim se a primavera passa
Se já nos campos não há flores de ouro...
E tu fugiste, pressentindo o inverno.
Mensal inverno do viver boêmio...
Sem te lembrar que por um riso terno
Mesmo eu tomara a primavera a prêmio..
No entanto ainda do Xerez fogoso
Duas garrafas guardo ali... Que minas!
Além de um lado o violão saudoso
Guarda no seio inspirações divinas...
Se tu viesses... de meus lábios tristes
Rompera o canto... Que esperança inglória...
Ela esqueceu o que jurar lhe vistes
Ó Paulicéia, ó Ponte-grande, ó Glória!...
Batem!... que vejo! Ei-la afinal comigo...
Foram-se as trevas... fabricou-se a luz...
Nini! pequei... dá-me exemplar castigo!
Sejam teus braços... do martírio a cruz!...
_________________
"Ser como un verso volando
o un ciego soñando
y en ese vuelo y en ese sueño
compartir contigo sol y luna,
siendo guardián en tu cielo
y tren de tus ilusiones."
(Hánjel)
o un ciego soñando
y en ese vuelo y en ese sueño
compartir contigo sol y luna,
siendo guardián en tu cielo
y tren de tus ilusiones."
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- Mensaje n°142
Re: CASTRO ALVES (1847-1871)
Quando Eu Morrer
Eu morro, eu morro. A matutina brisa
Já não me arranca um riso. A rósea tarde
Já não me doura as descoradas faces
Que gélidas se encovam.
JUNQUEIRA FREIRE
Quando eu morrer... não lancem meu cadáver
No fosso de um sombrio cemitério...
Odeio o mausoléu que espera o morto
Como o viajante desse hotel funéreo.
Corre nas veias negras desse mármore
Não sei que sangue vil de messalina,
A cova, num bocejo indiferente,
Abre ao primeiro o boca libertina.
Ei-la a nau do sepulcro — o cemitério...
Que povo estranho no porão profundo!
Emigrantes sombrios que se embarcam
Para as plagas sem fim do outro mundo.
Tem os fogos — errantes — por santelmo.
Tem por velame — os panos do sudário...
Por mastro — o vulto esguio do cipreste,
Por gaivotas — o mocho funerário...
Ali ninguém se firma a um braço amigo
Do inverno pelas lúgubres noitadas...
No tombadilho indiferentes chocam-se
E nas trevas esbarram-se as ossadas...
Como deve custar ao pobre morto
Ver as placas da vida além perdidas,
Sem ver o branco fumo de seus lares
Levantar-se por entre as avenidas!...
Oh! perguntai aos frios esqueletos
Por que não têm o coração no peito...
E um deles vos dirá "Deixei-o há pouco
De minha amante no lascivo leito."
Outro: "Dei-o a meu pai". Outro: "Esqueci-o
Nas inocentes mãos de meu filhinho"...
... Meus amigos! Notai... bem como um pássaro
O coração do morto volta ao ninho!...
Eu morro, eu morro. A matutina brisa
Já não me arranca um riso. A rósea tarde
Já não me doura as descoradas faces
Que gélidas se encovam.
JUNQUEIRA FREIRE
Quando eu morrer... não lancem meu cadáver
No fosso de um sombrio cemitério...
Odeio o mausoléu que espera o morto
Como o viajante desse hotel funéreo.
Corre nas veias negras desse mármore
Não sei que sangue vil de messalina,
A cova, num bocejo indiferente,
Abre ao primeiro o boca libertina.
Ei-la a nau do sepulcro — o cemitério...
Que povo estranho no porão profundo!
Emigrantes sombrios que se embarcam
Para as plagas sem fim do outro mundo.
Tem os fogos — errantes — por santelmo.
Tem por velame — os panos do sudário...
Por mastro — o vulto esguio do cipreste,
Por gaivotas — o mocho funerário...
Ali ninguém se firma a um braço amigo
Do inverno pelas lúgubres noitadas...
No tombadilho indiferentes chocam-se
E nas trevas esbarram-se as ossadas...
Como deve custar ao pobre morto
Ver as placas da vida além perdidas,
Sem ver o branco fumo de seus lares
Levantar-se por entre as avenidas!...
Oh! perguntai aos frios esqueletos
Por que não têm o coração no peito...
E um deles vos dirá "Deixei-o há pouco
De minha amante no lascivo leito."
Outro: "Dei-o a meu pai". Outro: "Esqueci-o
Nas inocentes mãos de meu filhinho"...
... Meus amigos! Notai... bem como um pássaro
O coração do morto volta ao ninho!...
_________________
"Ser como un verso volando
o un ciego soñando
y en ese vuelo y en ese sueño
compartir contigo sol y luna,
siendo guardián en tu cielo
y tren de tus ilusiones."
(Hánjel)
o un ciego soñando
y en ese vuelo y en ese sueño
compartir contigo sol y luna,
siendo guardián en tu cielo
y tren de tus ilusiones."
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- Mensaje n°143
Re: CASTRO ALVES (1847-1871)
Murmúrios da Tarde
Écoute! tout se tait; songe à ta bien-aimée
Ce soir, sous les tilleuls, à la sombre ramée,
Le rayon du couchant laisse un adieu plus doux,
Ce soir, tout va fleurir: I'irnmortelle nature
Se remplit de parfums, d'amour et de murmure
Comme le lit joyeux de deux jeunes époux.
A. DE MUSSET
Rosa! Rosa de amor purpúrea e bela!
GARRET.
Ontem à tarde, quando o sol morria,
A natureza era um poema santo,
De cada moita a escuridão saia,
De cada gruta rebentava um canto,
Ontem à tarde, quando o sol morria.
Do céu azul na profundeza escura
Brilhava a estrela, como um fruto louro,
E qual a foice, que no chão fulgura,
Mostrava a lua o semicírc'lo d'ouro,
Do céu azul na profundeza escura.
Larga harmonia embalsamava os ares!
Cantava o ninho — suspirava o lago...
E a verde pluma dos sutis palmares
Tinha das ondas o murmúrio vago...
Larga harmonia embalsamava os ares.
Era dos seres a harmonia imensa,
Vago concerto de saudade infinda!
"Sol — não me deixes", diz a vaga extensa,
"Aura — não fujas", diz a flor mais linda;
Era dos seres a harmonia imensa!
"Leva-me! leva-me em teu seio amigo"
Dizia às nuvens o choroso orvalho,
"Rola que foges", diz o ninho antigo,
'Leva-me ainda para um novo galho...
Leva-me! leva-me em teu seio amigo."
"Dá-me inda um beijo, antes que a noite venha!
Inda um calor, antes que chegue o frio..."
E mais o musgo se conchega à penha
E mais à penha se conchega o rio...
"Dá-me inda um beijo, antes que a noite venha!
E tu no entanto no jardim vagavas,
Rosa de amor, celestial Maria...
Ai! como esquiva sobre o chão pisavas,
Ai! como alegre a tua boca ria...
E tu no entanto no jardim vagavas.
Eras a estrela transformada em virgem!
Eras um anjo, que se fez menina!
Tinhas das aves a celeste origem.
Tinhas da lua a palidez divina,
Eras a estrela transformada em virgem!
Flor! Tu chegaste de outra flor mais perto,
Que bela rosa! que fragrância meiga!
Dir-se-ia um riso no jardim aberto,
Dir-se-ia um beijo, que nasceu na veiga...
Flor! Tu chegaste de outra flor mais perto!...
E eu, que escutava o conversar das flores,
Ouvi que a rosa murmurava ardente:
"Colhe-me, ó virgem, — não terei mais dores,
Guarda-me, ó bela, no teu seio quente...
" E eu escutava o conversar das flores.
"Leva-me! leva-me, ó gentil Maria!"
Também então eu murmurei cismando...
Minh'alma é rosa, que a geada esfria...
Dá-lhe em teus seios um asilo brando...
"Leva-me! leva-me, ó gentil Maria!..."
Écoute! tout se tait; songe à ta bien-aimée
Ce soir, sous les tilleuls, à la sombre ramée,
Le rayon du couchant laisse un adieu plus doux,
Ce soir, tout va fleurir: I'irnmortelle nature
Se remplit de parfums, d'amour et de murmure
Comme le lit joyeux de deux jeunes époux.
A. DE MUSSET
Rosa! Rosa de amor purpúrea e bela!
GARRET.
Ontem à tarde, quando o sol morria,
A natureza era um poema santo,
De cada moita a escuridão saia,
De cada gruta rebentava um canto,
Ontem à tarde, quando o sol morria.
Do céu azul na profundeza escura
Brilhava a estrela, como um fruto louro,
E qual a foice, que no chão fulgura,
Mostrava a lua o semicírc'lo d'ouro,
Do céu azul na profundeza escura.
Larga harmonia embalsamava os ares!
Cantava o ninho — suspirava o lago...
E a verde pluma dos sutis palmares
Tinha das ondas o murmúrio vago...
Larga harmonia embalsamava os ares.
Era dos seres a harmonia imensa,
Vago concerto de saudade infinda!
"Sol — não me deixes", diz a vaga extensa,
"Aura — não fujas", diz a flor mais linda;
Era dos seres a harmonia imensa!
"Leva-me! leva-me em teu seio amigo"
Dizia às nuvens o choroso orvalho,
"Rola que foges", diz o ninho antigo,
'Leva-me ainda para um novo galho...
Leva-me! leva-me em teu seio amigo."
"Dá-me inda um beijo, antes que a noite venha!
Inda um calor, antes que chegue o frio..."
E mais o musgo se conchega à penha
E mais à penha se conchega o rio...
"Dá-me inda um beijo, antes que a noite venha!
E tu no entanto no jardim vagavas,
Rosa de amor, celestial Maria...
Ai! como esquiva sobre o chão pisavas,
Ai! como alegre a tua boca ria...
E tu no entanto no jardim vagavas.
Eras a estrela transformada em virgem!
Eras um anjo, que se fez menina!
Tinhas das aves a celeste origem.
Tinhas da lua a palidez divina,
Eras a estrela transformada em virgem!
Flor! Tu chegaste de outra flor mais perto,
Que bela rosa! que fragrância meiga!
Dir-se-ia um riso no jardim aberto,
Dir-se-ia um beijo, que nasceu na veiga...
Flor! Tu chegaste de outra flor mais perto!...
E eu, que escutava o conversar das flores,
Ouvi que a rosa murmurava ardente:
"Colhe-me, ó virgem, — não terei mais dores,
Guarda-me, ó bela, no teu seio quente...
" E eu escutava o conversar das flores.
"Leva-me! leva-me, ó gentil Maria!"
Também então eu murmurei cismando...
Minh'alma é rosa, que a geada esfria...
Dá-lhe em teus seios um asilo brando...
"Leva-me! leva-me, ó gentil Maria!..."
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o un ciego soñando
y en ese vuelo y en ese sueño
compartir contigo sol y luna,
siendo guardián en tu cielo
y tren de tus ilusiones."
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- Mensaje n°144
Re: CASTRO ALVES (1847-1871)
“Espumas flutuantes” é quase uma despedida. O poeta sabia que ia morrer. Por isso, queria deixar aos seus amigos as lembranças de “Espumas Flutuantes”. Identificamos esse “registro” no poema “Mocidade e Morte”:
“E eu sei que vou morrer... dentro do meu peito
Um mal terrível me devora a vida:
Triste Ahasverus, que no fim da estrada,
Só tem por braços uma cruz erguida.” (...)
“Adeus, pálida amante dos meus sonhos!
Adeus , vida! Adeus , glória! Amor! Anelos!
Escuta, minha irmã, cuidosa enxuga
Os prantos de meu pai nos teus cabelos.
Fora louco esperar! Fria rajada
Sinto que do viver me extingue a lampa...
Resta-me agora por futuro – a terra,
Por glória – nada, por amor – a campa”
(Espumas Flutuantes, p. 59)
“E eu sei que vou morrer... dentro do meu peito
Um mal terrível me devora a vida:
Triste Ahasverus, que no fim da estrada,
Só tem por braços uma cruz erguida.” (...)
“Adeus, pálida amante dos meus sonhos!
Adeus , vida! Adeus , glória! Amor! Anelos!
Escuta, minha irmã, cuidosa enxuga
Os prantos de meu pai nos teus cabelos.
Fora louco esperar! Fria rajada
Sinto que do viver me extingue a lampa...
Resta-me agora por futuro – a terra,
Por glória – nada, por amor – a campa”
(Espumas Flutuantes, p. 59)
_________________
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o un ciego soñando
y en ese vuelo y en ese sueño
compartir contigo sol y luna,
siendo guardián en tu cielo
y tren de tus ilusiones."
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- Mensaje n°145
Re: CASTRO ALVES (1847-1871)
Onde Estás
É meia-noite... e rugindo
Passa triste a ventania,
Como um verbo de desgraça,
Como um grito de agonia.
E eu digo ao vento, que passa
Por meus cabelos fugaz:
"Vento frio do deserto,
Onde ela está? Longe ou perto?
" Mas, como um hálito incerto,
Responde-me o eco ao longe:
"Oh! minh'amante, onde estás?...
Vem! É tarde! Por que tardas?
São horas de brando sono,
Vem reclinar-te em meu peito
Com teu lânguido abandono!...
'Stá vazio nosso leito...
'Stá vazio o mundo inteiro;
E tu não queres qu'eu fique
Solitário nesta vida...
Mas por que tardas, querida?...
Já tenho esperado assaz...
Vem depressa, que eu deliro
Oh! minh'amante, onde estás?..
Estrela — na tempestade,
Rosa — nos ermos da vida,
Íris — do náufrago errante,
Ilusão — d'alma descrida!
Tu foste, mulher formosa!
Tu foste, ó filha do céu!...
... E hoje que o meu passado
Para sempre morto jaz...
Vendo finda a minha sorte,
Pergunto aos ventos do Norte...
"Oh! minh'amante, onde estás?..."
É meia-noite... e rugindo
Passa triste a ventania,
Como um verbo de desgraça,
Como um grito de agonia.
E eu digo ao vento, que passa
Por meus cabelos fugaz:
"Vento frio do deserto,
Onde ela está? Longe ou perto?
" Mas, como um hálito incerto,
Responde-me o eco ao longe:
"Oh! minh'amante, onde estás?...
Vem! É tarde! Por que tardas?
São horas de brando sono,
Vem reclinar-te em meu peito
Com teu lânguido abandono!...
'Stá vazio nosso leito...
'Stá vazio o mundo inteiro;
E tu não queres qu'eu fique
Solitário nesta vida...
Mas por que tardas, querida?...
Já tenho esperado assaz...
Vem depressa, que eu deliro
Oh! minh'amante, onde estás?..
Estrela — na tempestade,
Rosa — nos ermos da vida,
Íris — do náufrago errante,
Ilusão — d'alma descrida!
Tu foste, mulher formosa!
Tu foste, ó filha do céu!...
... E hoje que o meu passado
Para sempre morto jaz...
Vendo finda a minha sorte,
Pergunto aos ventos do Norte...
"Oh! minh'amante, onde estás?..."
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- Mensaje n°146
Re: CASTRO ALVES (1847-1871)
De um jasmineiro os galhos encurvados,
Indiscretos entravam pela sala,
E de leve oscilando ao tom das auras,
Iam na face trêmulos – beijá-la.
Era um quadro celeste!… A cada afago
Mesmo em sonhos a moça estremecia…
Quando ela serenava… a flor beijava-a…
Quando ela ia beijar-lhe… a flor fugia…
Indiscretos entravam pela sala,
E de leve oscilando ao tom das auras,
Iam na face trêmulos – beijá-la.
Era um quadro celeste!… A cada afago
Mesmo em sonhos a moça estremecia…
Quando ela serenava… a flor beijava-a…
Quando ela ia beijar-lhe… a flor fugia…
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- Mensaje n°147
Re: CASTRO ALVES (1847-1871)
Ó sono! Unge-me as pálpebras..
Entorna o esquecimento
Na luz do pensamento,
Que abrasa o crânio meu.
Como o pastor da Arcádia,
Que uma ave errante aninha...
Minh'alma é uma andorinha...
Abre-lhe o seio teu.
Tu, que fechaste as pétalas
Do lírio, que pendia,
Chorando a luz do dia
E os raios do arrebol,
Também fecha-me as pálpebras...
Sem Ela o que é a vida?
Eu sou a flor pendida
Que espera a luz do sol.
O leite das eufórbias
P'ra mim não é veneno...
Ouve-me, ó Deus sereno!
Ó Deus consolador!
Com teu divino bálsamo
Cala-me a ansiedade!
Mata-me esta saudade,
Apaga-me esta dor.
Entorna o esquecimento
Na luz do pensamento,
Que abrasa o crânio meu.
Como o pastor da Arcádia,
Que uma ave errante aninha...
Minh'alma é uma andorinha...
Abre-lhe o seio teu.
Tu, que fechaste as pétalas
Do lírio, que pendia,
Chorando a luz do dia
E os raios do arrebol,
Também fecha-me as pálpebras...
Sem Ela o que é a vida?
Eu sou a flor pendida
Que espera a luz do sol.
O leite das eufórbias
P'ra mim não é veneno...
Ouve-me, ó Deus sereno!
Ó Deus consolador!
Com teu divino bálsamo
Cala-me a ansiedade!
Mata-me esta saudade,
Apaga-me esta dor.
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- Mensaje n°148
Re: CASTRO ALVES (1847-1871)
Poema Vozes D’África - Português/Español
VOZES D’ÁFRICA /VOCES DE AFRICA
Deus! ó Deus! onde estás que não respondes? ***** !Dios! !Oh Dios! Dónde estás que no respondes?
Em que mundo, em qu’estrela tu t’escondes ***** En qué mundo, en qué estrella te escondes
Embuçado nos céus?***** embozado en el cielo?
Há dois mil anos te mandei meu grito, ***** Hace dos mil años exclamo mi grito,
Que embalde desde então corre o infinito…***** Que en vano desde entonces recorre el infinito…
Onde estás, Senhor Deus?… ***** Dónde estás señor mío?
Qual Prometeu tu me amarraste um dia Cual Prometeu me ataste un día
Do deserto na rubra penedia Al desierto, en la roja isla
— Infinito: galé!… Infinito : Galé!…
Por abutre — me deste o sol candente, Por buitre me diste el sol y la arena
E a terra de Suez — foi a corrente y la tierra de Suez- fue la cadena
Que me ligaste ao pé… Que me ataste al pie…
O cavalo estafado do Beduíno El caballo estafado del beduino
Sob a vergasta tomba ressupino Bajo azotes muere el equino
E morre no areal. tumbado en el arenal
Minha garupa sangra, a dor poreja, Mi lomo sangra, el dolor chorrea
Quando o chicote do simoun dardeja Cuando el látigo del simoun golpea
O teu braço eternal. A tu brazo fraternal
Minhas irmãs são belas, são ditosas… Mis Hermanas son tan bellas, tan dichosas
Dorme a Ásia nas sombras voluptuosas Ásia duerme en las sombras voluptuosas
Dos haréns do Sultão. De los harenes del Sultán.
Ou no dorso dos brancos elefantes O en el dorso de blancos elefantes
Embala-se coberta de brilhantes Se menea cubierta de brillantes
Nas plagas do Hindustão. Entre las plagas del Hindustán
Por tenda tem os cimos do Himalaia… Por carpa tiene la cima del Himalaya…
Ganges amoroso beija a praia Ganges amoroso que besa la playa
Coberta de corais … Repleta de corales…
A brisa de Misora o céu inflama; La brisa de Misora al cielo inflama;
E ela dorme nos templos do Deus Brama, ella duerme en los templos del Dios Brahma
— Pagodes colossais… – Pagodes Colosales
A Europa é sempre Europa, a gloriosa!… Europa es siempre Europa, !la gloriosa!…
A mulher deslumbrante e caprichosa, Mujer deslumbrante y caprichosa
Rainha e cortesã. Reina y cortesana
Artista — corta o mármor de Carrara; Artista- corta el mármol de Carrara;
Poetisa — tange os hinos de Ferrara, Poeta- recita himnos de Ferrara,
No glorioso afã!… !En su glorioso afán!…
Sempre a láurea lhe cabe no litígio… Siempre el premio cabe en el litigio…
Ora uma c’roa, ora o barrete frígio Ora una c`roa, ora un gorro frígio
Enflora-lhe a cerviz. Enganalándole la cerviz
Universo após ela — doudo amante Universo después de ella- loco amante
Segue cativo o passo delirante Sigue cautivo su paso delirante
Da grande meretriz. De la gran meretriz
………………………………
Mas eu, Senhor!… Eu triste abandonada !Pero yo, Señor!… Yo triste abandonada
Em meio das areias esgarrada, En medio de arenas desgarrada,
Perdida marcho em vão! !Perdida marcho sin sentido!
Se choro… bebe o pranto a areia ardente; Si lloro… bebe mi llanto la arena ardiente;
talvez… p’ra que meu pranto, ó Deus clemente! Quizás… para que mi llanto, !oh Dios clemente!
Não descubras no chão… No lo halles en el piso…
E nem tenho uma sombra de floresta… No tengo una sombra de floresta…
Para cobrir-me nem um templo resta Para cubrirme, ni templo resta
No solo abrasador… En el suelo abrasador
Quando subo às Pirâmides do Egito Cuando subo las pirámides de Egipto
Embalde aos quatro céus chorando grito: En vano, a los cuatro cielos, grito
“Abriga-me, Senhor!…” “!Cobíjame Señor!…”
Como o profeta em cinza a fronte envolve, Como el profeta que la frente envuelve
Velo a cabeça no areal que volve Cubro la cabeza en el arenal, que devuelve
O siroco feroz… El Siroco (viento) feroz…
Quando eu passo no Saara amortalhada… Cuando cruzo el Sahara amortajada
Ai! dizem: “Lá vai África embuçada Luego dicen: “Ahí va África disfrazada
No seu branco albornoz… “ Con su blanco albornoz… “
Nem vêem que o deserto é meu sudário, No notan que el desierto es mi sudario
Que o silêncio campeia solitário Que el silencio deambula solitário
Por sobre o peito meu. Dentro de ese pecho mío
Lá no solo onde o cardo apenas medra En ese suelo donde el cardo a penas medra
Boceja a Esfinge colossal de pedra Bosteza la esfinge colosal de piedra
Fitando o morno céu. Encarando el cielo vacío
De Tebas nas colunas derrocadas Desde Tebas, en las columnas derrocadas
As cegonhas espiam debruçadas las cigueñas espían extasiadas
O horizonte sem fim … El horizonte sin fin
Onde branqueia a caravana errante, Donde blanquea la caravana errante
E o camelo monótono, arquejante Y el camello monótono, jadeante
Que desce de Efraim Que baja de Efraim
…………………………………
Não basta inda de dor, ó Deus terrível?! No basta ya de dolor, ¡?oh Dios terrible?!
É, pois, teu peito eterno, inexaurível ?Es, pues, tu pecho eterno, ineroxable
De vingança e rancor?… de venganza y rencor?
E que é que fiz, Senhor? que torvo crime ?Qué es lo que hice Señor? Que tosco crimen
Eu cometi jamais que assim me oprime Cometí, jamás, que de este modo me oprime
Teu gládio vingador?! Tu sable represor?
………………………………….
Foi depois do dilúvio… um viadante, Fue luego del diluvio.. un viandante
Negro, sombrio, pálido, arquejante, Negro, sombrío, pálido, jadeante,
Descia do Arará… Que bajaba de Arará…
E eu disse ao peregrino fulminado: Yo le dije al peregrino fulminado:
“Cam! … serás meu esposo bem-amado… “Cam! … serás mi esposo bienamado…
— Serei tua Eloá. . . “ — Seré tu Eloá. . . “
Desde este dia o vento da desgraça Desde este día el viento de la desgracia
Por meus cabelos ululando passa Por tus pelos aullando pasa
O anátema cruel. El anatema cruel.
As tribos erram do areal nas vagas, Las tribus erran del arenal a la ciénaga
E o nômade faminto corta as plagas El nómada hambriento corta las sendas
No rápido corcel. Con su rápido corcel
Vi a ciência desertar do Egito… Vi a la ciencia desertar a Egipto
Vi meu povo seguir — Judeu maldito — Vi a mi Pueblo seguir- judío maldito-
Trilho de perdição. Sendero de la perdición.
Depois vi minha prole desgraçada Luego vi mi prole desgraciada
Pelas garras d’Europa — arrebatada — Por las garras de Europa, arrebatada,
Amestrado falcão! … !Amaestrado halcón!
Cristo! embalde morreste sobre um monte !Cristo! En vano moriste en un monte
Teu sangue não lavou de minha fronte Tu sangre no lavó de mi frente
A mancha original. La mancha original.
Ainda hoje são, por fado adverso, Aún hoy son, por sino adverso,
Meus filhos — alimária do universo, Mis hijos- alimaña del universo,
Eu — pasto universal… Yo- pasto universal…
Hoje em meu sangue a América se nutre Hoy en mis venas América se nutre
Condor que transformara-se em abutre, Condor que se convierte en buitre
Ave da escravidão, Ave de la esclavitud,
Ela juntou-se às mais… irmã traidora Ella se unió a las demás, hermana traidora
Qual de José os vis irmãos outrora Como de José, sus viles hermanos otrora
Venderam seu irmão. Vendieron su virtud (a su Hermano)
Basta, Senhor! De teu potente braço !Basta Señor! De tu potente brazo
Role através dos astros e do espaço Descienda a través de los astros y el espacio
Perdão p’ra os crimes meus! Perdón para todos mis pecados
Há dois mil anos eu soluço um grito… Hace dos mil años que exclamo y grito
escuta o brado meu lá no infinito, Escucha mi bramar allá en el infinito,
Meu Deus! Senhor, meu Deus!!… !DIos mío! Señor, ¡Dios mío!
************************
Castro Alves (1847-1871) nasceu na fazenda Cabaceiras, antiga freguesia de Muritiba, perto da vila de Curralinho, hoje cidade Castro Alves, no Estado da Bahia, em 14 de março de 1847. Filho do médico Antônio José Alves, e também professor da Faculdade de Medicina de Salvador, e de Clélia Brasília da Silva Castro.
No ano de 1853, vai com sua família morar em Salvador. Estudou no colégio de Abílio César Borges, onde foi colega de Rui Barbosa, Demonstrou vocação apaixonada e precoce pela poesia. Em 1859 perde sua mãe. Em 24 de janeiro de 1862 seu pai casa com Maria Rosário Guimarães e nesse mesmo ano foi morar no Recife. A capital pernambucana efervecia com os ideais abolicionistas e republicanos e Castro Alves recebe influências do líder estudantil Tobias Barreto.
Castro Alves publica em 1863, seu primeiro poema contra a escravidão “A Primavera”, nesse mesmo ano conhece a atriz portuguesa Eugênia Câmara que se apresentava no Teatro Santa Isabel no Recife. Em 1864 ingressa na Faculdade de Direito do Recife, onde participou ativamente da vida estudantil e literária, mas volta para a Bahia no mesmo ano e só retorna ao Recife em 1865, na companhia de Fagundes Varela, seu grande amigo.
Castro Alves inicia em 1866, um intenso caso de amor com Eugênia Câmara, dez anos mais velha que ele, e em 1867 partem para a Bahia, onde ela iria representar um drama em prosa, escrito por ele “O Gonzaga ou a Revolução de Minas”. Em seguida Castro Alves parte para o Rio de Janeiro onde conhece Machado de Assis, que o ajuda a ingressar nos meios literários. Vai para São Paulo e ingressa no terceiro ano da Faculdade de Direito do Largo do São Francisco.
Em 1868 rompe com Eugênia. De férias, numa caçada nos bosques da Lapa fere o pé esquerdo, com um tiro de espingarda, resultando na amputação do pé. Em 1870 volta para Salvador onde publica “Espumas Flutuantes”.
Antônio Frederico de Castro Alves, morre em Salvador no dia 6 de julho de 1871, vitimado pela tuberculose.
VOZES D’ÁFRICA /VOCES DE AFRICA
Deus! ó Deus! onde estás que não respondes? ***** !Dios! !Oh Dios! Dónde estás que no respondes?
Em que mundo, em qu’estrela tu t’escondes ***** En qué mundo, en qué estrella te escondes
Embuçado nos céus?***** embozado en el cielo?
Há dois mil anos te mandei meu grito, ***** Hace dos mil años exclamo mi grito,
Que embalde desde então corre o infinito…***** Que en vano desde entonces recorre el infinito…
Onde estás, Senhor Deus?… ***** Dónde estás señor mío?
Qual Prometeu tu me amarraste um dia Cual Prometeu me ataste un día
Do deserto na rubra penedia Al desierto, en la roja isla
— Infinito: galé!… Infinito : Galé!…
Por abutre — me deste o sol candente, Por buitre me diste el sol y la arena
E a terra de Suez — foi a corrente y la tierra de Suez- fue la cadena
Que me ligaste ao pé… Que me ataste al pie…
O cavalo estafado do Beduíno El caballo estafado del beduino
Sob a vergasta tomba ressupino Bajo azotes muere el equino
E morre no areal. tumbado en el arenal
Minha garupa sangra, a dor poreja, Mi lomo sangra, el dolor chorrea
Quando o chicote do simoun dardeja Cuando el látigo del simoun golpea
O teu braço eternal. A tu brazo fraternal
Minhas irmãs são belas, são ditosas… Mis Hermanas son tan bellas, tan dichosas
Dorme a Ásia nas sombras voluptuosas Ásia duerme en las sombras voluptuosas
Dos haréns do Sultão. De los harenes del Sultán.
Ou no dorso dos brancos elefantes O en el dorso de blancos elefantes
Embala-se coberta de brilhantes Se menea cubierta de brillantes
Nas plagas do Hindustão. Entre las plagas del Hindustán
Por tenda tem os cimos do Himalaia… Por carpa tiene la cima del Himalaya…
Ganges amoroso beija a praia Ganges amoroso que besa la playa
Coberta de corais … Repleta de corales…
A brisa de Misora o céu inflama; La brisa de Misora al cielo inflama;
E ela dorme nos templos do Deus Brama, ella duerme en los templos del Dios Brahma
— Pagodes colossais… – Pagodes Colosales
A Europa é sempre Europa, a gloriosa!… Europa es siempre Europa, !la gloriosa!…
A mulher deslumbrante e caprichosa, Mujer deslumbrante y caprichosa
Rainha e cortesã. Reina y cortesana
Artista — corta o mármor de Carrara; Artista- corta el mármol de Carrara;
Poetisa — tange os hinos de Ferrara, Poeta- recita himnos de Ferrara,
No glorioso afã!… !En su glorioso afán!…
Sempre a láurea lhe cabe no litígio… Siempre el premio cabe en el litigio…
Ora uma c’roa, ora o barrete frígio Ora una c`roa, ora un gorro frígio
Enflora-lhe a cerviz. Enganalándole la cerviz
Universo após ela — doudo amante Universo después de ella- loco amante
Segue cativo o passo delirante Sigue cautivo su paso delirante
Da grande meretriz. De la gran meretriz
………………………………
Mas eu, Senhor!… Eu triste abandonada !Pero yo, Señor!… Yo triste abandonada
Em meio das areias esgarrada, En medio de arenas desgarrada,
Perdida marcho em vão! !Perdida marcho sin sentido!
Se choro… bebe o pranto a areia ardente; Si lloro… bebe mi llanto la arena ardiente;
talvez… p’ra que meu pranto, ó Deus clemente! Quizás… para que mi llanto, !oh Dios clemente!
Não descubras no chão… No lo halles en el piso…
E nem tenho uma sombra de floresta… No tengo una sombra de floresta…
Para cobrir-me nem um templo resta Para cubrirme, ni templo resta
No solo abrasador… En el suelo abrasador
Quando subo às Pirâmides do Egito Cuando subo las pirámides de Egipto
Embalde aos quatro céus chorando grito: En vano, a los cuatro cielos, grito
“Abriga-me, Senhor!…” “!Cobíjame Señor!…”
Como o profeta em cinza a fronte envolve, Como el profeta que la frente envuelve
Velo a cabeça no areal que volve Cubro la cabeza en el arenal, que devuelve
O siroco feroz… El Siroco (viento) feroz…
Quando eu passo no Saara amortalhada… Cuando cruzo el Sahara amortajada
Ai! dizem: “Lá vai África embuçada Luego dicen: “Ahí va África disfrazada
No seu branco albornoz… “ Con su blanco albornoz… “
Nem vêem que o deserto é meu sudário, No notan que el desierto es mi sudario
Que o silêncio campeia solitário Que el silencio deambula solitário
Por sobre o peito meu. Dentro de ese pecho mío
Lá no solo onde o cardo apenas medra En ese suelo donde el cardo a penas medra
Boceja a Esfinge colossal de pedra Bosteza la esfinge colosal de piedra
Fitando o morno céu. Encarando el cielo vacío
De Tebas nas colunas derrocadas Desde Tebas, en las columnas derrocadas
As cegonhas espiam debruçadas las cigueñas espían extasiadas
O horizonte sem fim … El horizonte sin fin
Onde branqueia a caravana errante, Donde blanquea la caravana errante
E o camelo monótono, arquejante Y el camello monótono, jadeante
Que desce de Efraim Que baja de Efraim
…………………………………
Não basta inda de dor, ó Deus terrível?! No basta ya de dolor, ¡?oh Dios terrible?!
É, pois, teu peito eterno, inexaurível ?Es, pues, tu pecho eterno, ineroxable
De vingança e rancor?… de venganza y rencor?
E que é que fiz, Senhor? que torvo crime ?Qué es lo que hice Señor? Que tosco crimen
Eu cometi jamais que assim me oprime Cometí, jamás, que de este modo me oprime
Teu gládio vingador?! Tu sable represor?
………………………………….
Foi depois do dilúvio… um viadante, Fue luego del diluvio.. un viandante
Negro, sombrio, pálido, arquejante, Negro, sombrío, pálido, jadeante,
Descia do Arará… Que bajaba de Arará…
E eu disse ao peregrino fulminado: Yo le dije al peregrino fulminado:
“Cam! … serás meu esposo bem-amado… “Cam! … serás mi esposo bienamado…
— Serei tua Eloá. . . “ — Seré tu Eloá. . . “
Desde este dia o vento da desgraça Desde este día el viento de la desgracia
Por meus cabelos ululando passa Por tus pelos aullando pasa
O anátema cruel. El anatema cruel.
As tribos erram do areal nas vagas, Las tribus erran del arenal a la ciénaga
E o nômade faminto corta as plagas El nómada hambriento corta las sendas
No rápido corcel. Con su rápido corcel
Vi a ciência desertar do Egito… Vi a la ciencia desertar a Egipto
Vi meu povo seguir — Judeu maldito — Vi a mi Pueblo seguir- judío maldito-
Trilho de perdição. Sendero de la perdición.
Depois vi minha prole desgraçada Luego vi mi prole desgraciada
Pelas garras d’Europa — arrebatada — Por las garras de Europa, arrebatada,
Amestrado falcão! … !Amaestrado halcón!
Cristo! embalde morreste sobre um monte !Cristo! En vano moriste en un monte
Teu sangue não lavou de minha fronte Tu sangre no lavó de mi frente
A mancha original. La mancha original.
Ainda hoje são, por fado adverso, Aún hoy son, por sino adverso,
Meus filhos — alimária do universo, Mis hijos- alimaña del universo,
Eu — pasto universal… Yo- pasto universal…
Hoje em meu sangue a América se nutre Hoy en mis venas América se nutre
Condor que transformara-se em abutre, Condor que se convierte en buitre
Ave da escravidão, Ave de la esclavitud,
Ela juntou-se às mais… irmã traidora Ella se unió a las demás, hermana traidora
Qual de José os vis irmãos outrora Como de José, sus viles hermanos otrora
Venderam seu irmão. Vendieron su virtud (a su Hermano)
Basta, Senhor! De teu potente braço !Basta Señor! De tu potente brazo
Role através dos astros e do espaço Descienda a través de los astros y el espacio
Perdão p’ra os crimes meus! Perdón para todos mis pecados
Há dois mil anos eu soluço um grito… Hace dos mil años que exclamo y grito
escuta o brado meu lá no infinito, Escucha mi bramar allá en el infinito,
Meu Deus! Senhor, meu Deus!!… !DIos mío! Señor, ¡Dios mío!
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Castro Alves (1847-1871) nasceu na fazenda Cabaceiras, antiga freguesia de Muritiba, perto da vila de Curralinho, hoje cidade Castro Alves, no Estado da Bahia, em 14 de março de 1847. Filho do médico Antônio José Alves, e também professor da Faculdade de Medicina de Salvador, e de Clélia Brasília da Silva Castro.
No ano de 1853, vai com sua família morar em Salvador. Estudou no colégio de Abílio César Borges, onde foi colega de Rui Barbosa, Demonstrou vocação apaixonada e precoce pela poesia. Em 1859 perde sua mãe. Em 24 de janeiro de 1862 seu pai casa com Maria Rosário Guimarães e nesse mesmo ano foi morar no Recife. A capital pernambucana efervecia com os ideais abolicionistas e republicanos e Castro Alves recebe influências do líder estudantil Tobias Barreto.
Castro Alves publica em 1863, seu primeiro poema contra a escravidão “A Primavera”, nesse mesmo ano conhece a atriz portuguesa Eugênia Câmara que se apresentava no Teatro Santa Isabel no Recife. Em 1864 ingressa na Faculdade de Direito do Recife, onde participou ativamente da vida estudantil e literária, mas volta para a Bahia no mesmo ano e só retorna ao Recife em 1865, na companhia de Fagundes Varela, seu grande amigo.
Castro Alves inicia em 1866, um intenso caso de amor com Eugênia Câmara, dez anos mais velha que ele, e em 1867 partem para a Bahia, onde ela iria representar um drama em prosa, escrito por ele “O Gonzaga ou a Revolução de Minas”. Em seguida Castro Alves parte para o Rio de Janeiro onde conhece Machado de Assis, que o ajuda a ingressar nos meios literários. Vai para São Paulo e ingressa no terceiro ano da Faculdade de Direito do Largo do São Francisco.
Em 1868 rompe com Eugênia. De férias, numa caçada nos bosques da Lapa fere o pé esquerdo, com um tiro de espingarda, resultando na amputação do pé. Em 1870 volta para Salvador onde publica “Espumas Flutuantes”.
Antônio Frederico de Castro Alves, morre em Salvador no dia 6 de julho de 1871, vitimado pela tuberculose.
Última edición por Maria Lua el Vie 08 Sep 2023, 08:07, editado 2 veces
_________________
"Ser como un verso volando
o un ciego soñando
y en ese vuelo y en ese sueño
compartir contigo sol y luna,
siendo guardián en tu cielo
y tren de tus ilusiones."
(Hánjel)
o un ciego soñando
y en ese vuelo y en ese sueño
compartir contigo sol y luna,
siendo guardián en tu cielo
y tren de tus ilusiones."
(Hánjel)
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- Mensaje n°149
Re: CASTRO ALVES (1847-1871)
14 de Marzo, cumpleaños del gran poeta brasileño Castro Alves. Sus palabras dulces, llenas de amor y encanto, se transformaban en puro fuego al hablar de otro tema que le ardía el alma: la lucha contra la esclavitud. ¡Felicidades Castro Alves!
ADORMECIDA
Trad. de Arturo Corchera
Una noche, recuerdo … Ella dormía
Recostada en la hamaca, tranquilamente …
Casi abierta la bata … Suelto el pelo.
Desnudo el pie sobre la estera ardiente.
Abierta la ventana. Un vaho agreste
Exhalaba el zarzal de la campiña …
Y venía en un trazo de horizonte
La noche, lejos, plácida y divina.
Los ramajes doblados, indiscretos
De un jazminero, entraban por la sala
Y al vaivén de las brisas oscilando
Trémulos como labios la besaban.
¡Era un cuadro celeste!. .. Como ensueño
Cada roce a la moza estremecía …
Cuando ella se calmaba … La besaban
Flores que si ella iba a besar, huían …
Era como si en ese dulce instante
Jugaran a sonar dos inocencias …
Mecía el aire los ramajes verdes
¡Haciendo ondear las renegridas trenzas!
Ora el jazmín se iba… Ora llegaba…
Mas si enfados urdía su despecho
Sólo por sosegarla… lloviznaba
Sobre su seno un perfumar de pétalos.
Yo, enmudecido, viéndola decía
Entre la noche de albas encendida:
“!Tú eres la Virgen —flor— de las campiñas!”
“!Tú eres la flor —Oh Virgen— de mi vida!…”
Antônio Frederico de Castro Alves (nacido en Cachoeira, Bahia, el 14 de marzo de 1847 y fallecido en Río de Janeiro el 6 de julio de 1871), fue un poeta romántico brasileño, conocido por sus poemas abolicionistas y republicanos.
En 1862 comienza sus estudios de Derecho en la Universidad de Recife, y fue líder estudiantil, en esta época escribió sus primeros poemas Os Escravos e A Cachoeira de Paulo Afonso
En 1867 abandonó Recife y regresó a Bahía, donde escribe la obra Gonzaga. Luego se mudó a Río de janeiro, donde conoció importantes personalidades como José de Alencar, Francisco Otaviano y Machado de Assis.
Más tarde se traslada a San Pablo donde se reune con importantes políticos y escritores, como Rui Barbosa, Joaquim Nabuco, Rodrigues Alves, Afonso Pena y Bias Fortes. El 11 de noviembre de 1868, mientras cazaba en las afueras de la ciudad, es herido por un tiro en el talón y su pie izquierdo debe ser amputado.
Su poesía se centra más que nada en temas humanísticos y sociales, versando principalmente contra el tráfico de esclavos y propugnando la abolición de la esclavitud. Su popularidad y reconocimiento como poeta fueron un importante apoyo a la campaña en favor de la promulgación de la Ley de libertad de vientres de 1871, prohibiendo la esclavitud a hijos de esclavos. Ingresó a la Academia Brasileña de Letras, donde ocupó la silla número 7. Contrae tuberculosis y fallece en 1871.
Obras
1870 Espumas Flutuantes.
Os escravos.
Gonzaga ou a Revolução de Minas.
Cachoeira de Paulo Afonso.
Vozes D’África.
O Navio Negreiro.
ADORMECIDA
Trad. de Arturo Corchera
Una noche, recuerdo … Ella dormía
Recostada en la hamaca, tranquilamente …
Casi abierta la bata … Suelto el pelo.
Desnudo el pie sobre la estera ardiente.
Abierta la ventana. Un vaho agreste
Exhalaba el zarzal de la campiña …
Y venía en un trazo de horizonte
La noche, lejos, plácida y divina.
Los ramajes doblados, indiscretos
De un jazminero, entraban por la sala
Y al vaivén de las brisas oscilando
Trémulos como labios la besaban.
¡Era un cuadro celeste!. .. Como ensueño
Cada roce a la moza estremecía …
Cuando ella se calmaba … La besaban
Flores que si ella iba a besar, huían …
Era como si en ese dulce instante
Jugaran a sonar dos inocencias …
Mecía el aire los ramajes verdes
¡Haciendo ondear las renegridas trenzas!
Ora el jazmín se iba… Ora llegaba…
Mas si enfados urdía su despecho
Sólo por sosegarla… lloviznaba
Sobre su seno un perfumar de pétalos.
Yo, enmudecido, viéndola decía
Entre la noche de albas encendida:
“!Tú eres la Virgen —flor— de las campiñas!”
“!Tú eres la flor —Oh Virgen— de mi vida!…”
Antônio Frederico de Castro Alves (nacido en Cachoeira, Bahia, el 14 de marzo de 1847 y fallecido en Río de Janeiro el 6 de julio de 1871), fue un poeta romántico brasileño, conocido por sus poemas abolicionistas y republicanos.
En 1862 comienza sus estudios de Derecho en la Universidad de Recife, y fue líder estudiantil, en esta época escribió sus primeros poemas Os Escravos e A Cachoeira de Paulo Afonso
En 1867 abandonó Recife y regresó a Bahía, donde escribe la obra Gonzaga. Luego se mudó a Río de janeiro, donde conoció importantes personalidades como José de Alencar, Francisco Otaviano y Machado de Assis.
Más tarde se traslada a San Pablo donde se reune con importantes políticos y escritores, como Rui Barbosa, Joaquim Nabuco, Rodrigues Alves, Afonso Pena y Bias Fortes. El 11 de noviembre de 1868, mientras cazaba en las afueras de la ciudad, es herido por un tiro en el talón y su pie izquierdo debe ser amputado.
Su poesía se centra más que nada en temas humanísticos y sociales, versando principalmente contra el tráfico de esclavos y propugnando la abolición de la esclavitud. Su popularidad y reconocimiento como poeta fueron un importante apoyo a la campaña en favor de la promulgación de la Ley de libertad de vientres de 1871, prohibiendo la esclavitud a hijos de esclavos. Ingresó a la Academia Brasileña de Letras, donde ocupó la silla número 7. Contrae tuberculosis y fallece en 1871.
Obras
1870 Espumas Flutuantes.
Os escravos.
Gonzaga ou a Revolução de Minas.
Cachoeira de Paulo Afonso.
Vozes D’África.
O Navio Negreiro.
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"Ser como un verso volando
o un ciego soñando
y en ese vuelo y en ese sueño
compartir contigo sol y luna,
siendo guardián en tu cielo
y tren de tus ilusiones."
(Hánjel)
o un ciego soñando
y en ese vuelo y en ese sueño
compartir contigo sol y luna,
siendo guardián en tu cielo
y tren de tus ilusiones."
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Re: CASTRO ALVES (1847-1871)
O Navio Negreiro, extracto del poema de Castro Alves recitado a dúo por Caetano Veloso y Maria Bethânia en vivo en Bahía. "O Navio Negreiro (excerto)" está incluido en el álbum Livro de Caetano Veloso, lanzado en 1997.
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