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      VINICIUS DE MORAES  - Página 24 Empty Re: VINICIUS DE MORAES

      Mensaje por Maria Lua Lun Feb 20, 2023 6:51 am

      A MÚSICA DAS ALMAS


      Rio de Janeiro , 1935
      Le mal est dans le monde comme un esclave qui monte l’eau.
      Claudel


      Na manhã infinita as nuvens surgiram como a loucura numa alma
      E o vento como o instinto desceu os braços das árvores que estrangularam a terra...

      Depois veio a claridade, o grande céu, a paz dos campos...
      Mas nos caminhos todos choravam com os rostos levados para o alto
      Porque a vida tinha misteriosamente passado na tormenta.


      ---


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      o un ciego soñando
      y en ese vuelo y en ese sueño
      compartir contigo sol y luna,
      siendo guardián en tu cielo
      y tren de tus ilusiones."
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      VINICIUS DE MORAES  - Página 24 Empty Re: VINICIUS DE MORAES

      Mensaje por Maria Lua Lun Feb 20, 2023 6:52 am

      A NOITE GARGALHA... OS GRILOS...


      Rio de Janeiro , 2004
      A noite gargalha... os grilos
      Trilam, trepidando as águas
      As águas correm nos trilos
      Em preces cheias de mágoas

      Na solidão desse pranto
      Cheio de pressentimento
      Meu tédio morre de espanto
      Para ouvir cantar o vento

      E o vento desce profundo
      Misterioso, gelado
      O vento vem de outro mundo
      Como uma voz do passado

      Quem morreu?


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      Mensaje por Maria Lua Lun Feb 20, 2023 6:54 am

      A PARTIDA



      Rio de Janeiro , 1946
      Quero ir-me embora pra estrela
      Que vi luzindo no céu
      Na várzea do setestrelo.
      Sairei de casa à tarde
      Na hora crepuscular
      Em minha rua deserta
      Nem uma janela aberta
      Ninguém para me espiar
      De vivo verei apenas
      Duas mulheres serenas
      Me acenando devagar.
      Será meu corpo sozinho
      Que há de me acompanhar
      Que a alma estará vagando
      Entre os amigos, num bar.
      Ninguém ficará chorando
      Que mãe já não terei mais
      E a mulher que outrora tinha
      Mais que ser minha mulher
      É mãe de uma filha minha.
      Irei embora sozinho
      Sem angústia nem pesar
      Antes contente da vida
      Que não pedi, tão sofrida
      Mas não perdi por ganhar.
      Verei a cidade morta
      Ir ficando para trás
      E em frente se abrirem campos
      Em flores e pirilampos
      Como a miragem de tantos
      Que tremeluzem no alto.
      Num ponto qualquer da treva
      Um vento me envolverá
      Sentirei a voz molhada
      Da noite que vem do mar
      Chegar-me-ão falas tristes
      Como a querer me entristar
      Mas não serei mais lembrança
      Nada me surpreenderá:
      Passarei lúcido e frio
      Compreensivo e singular
      Como um cadáver num rio
      E quando, de algum lugar
      Chegar-me o apelo vazio
      De uma mulher a chorar
      Só então me voltarei
      Mas nem adeus lhe darei
      No oco raio estelar
      Libertado subirei.
      :


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      Mensaje por Maria Lua Lun Feb 20, 2023 6:57 am

      A PONTE DE VAN GOGH


      Rio de Janeiro , 2004



      Itatiaia
      O lugar não importa: pode ser o Japão, a Holanda, a campina inglesa.
      Mas é absolutamente preciso que seja domingo.

      O azul do céu ecoa na esmeralda do rio
      E o rio reflete docemente as margens de relva verde-laranja
      Dir-se-ia que da mansão da esquerda voou o lençol virginal de miss
      Para ser no céu sem mancha a única nuvem.
      A calma é velha, de uma velhice sem pátina
      As cores são simples, ingênuas
      A estação é feliz: o guarda da ponte chegou a pintar
      De listas vermelhas o teto de sua casinhola.
      E, meu Deus, se não fossem esses diabinhos de pinheiros a fazer caretas
      E a pressa com que o homem da charrete vai:
      - A pressa de quem atravessou um vago perigo
      Tudo estivesse perfeito, e não me viesse esse medo tolo de a pequena ponte levadiça
      Desabe e se molhe o vestido preto de Cristina Georgina Rosseti
      Que vai de umbrela especialmente para ouvir a prédica do novo pastor da vila.




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      VINICIUS DE MORAES  - Página 24 Empty Re: VINICIUS DE MORAES

      Mensaje por Maria Lua Jue Feb 23, 2023 10:21 pm

      Vinícius de Moraes, entre el bossa nova y la poesía para niños


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      Hace cien años –el 19 de octubre de 1913, para ser precisos– nació en Río de Janeiro una figura capital de la cultura brasileña: Vinícius de Moraes. Además de poeta, un excelente músico.

      Su vocación literaria apareció desde que era muy joven y a los 14 años compuso su primera canción. Hizo estudios de Derecho en su ciudad natal y comenzó a publicar libros en 1933. Al graduarse, comenzó a trabajar y siguió escribiendo.

      En 1938, Vinícius de Moraes se trasladó a Inglaterra para estudiar en la Universidad de Oxford. De vuelta a Río comenzó a publicar críticas cinematográficas en revistas y periódicos hasta que, en 1943, se vinculó al cuerpo diplomático de Brasil, razón que lo llevó a vivir fuera de su país hasta 1950.

      En 1954 ganó el concurso del IV Centenario de São Paulo con su obra de teatro Orfeu da Conceiçao, que fue llevada al cine por Marcel Camus con el título de Orfeo negro. Por esa misma época conoció al músico Antonio Carlos Jobim, con quien inició una gran amistad y una fecunda colaboración artística. Para el disco Canção do amor demais, grabado en 1958 por la cantante Elizeth Cardoso, este binomio creativo compuso el tema “Chega de saudade”, que hoy día es considerado como el primer bossa nova.


      A lo largo de su vida, Moraes trabajó con muchos músicos brasileños, entre los que se destacan Toquinho y Badem Powell. El hecho de que Vinícius de Moraes sea muy conocido por las letras de las populares canciones que escribió (“Garota de Ipanema”, “A felicidade”, “Água de beber”, “Eu sei que vou te amar”, entre otras), no le resta importancia a su obra literaria. Su poesía, de delicado aliento humanista y cierto toque romántico, está considerada entre lo mejor de las letras de su país y de la lengua portuguesa.




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      Moraes escribió también un libro de versos para los niños, titulado A Arca de Noé, que vio la luz en 1970. En sus páginas reunió 32 poemas para los más chicos; textos juguetones, sonoros y con imágenes sencillas y de gran sensorialidad. Algunos años después, esos poemas fueron convertidos en canciones y grabados en un memorable disco, apto para todas las edades, en el que participaron músicos brasileños de la talla de Elis Regina, Chico Buar­que, Mil­ton Nas­ci­mento, Clara Nunes y Toquinho.

      Vinícius de Moraes murió en su ciudad natal, en 1980. Cuatrogatos quiere rendir homenaje a esta gran figura literaria y musical recordando uno de sus poemas destinados a la infancia:

      El elefantito

      ¿Dónde vas, elefantito,
      corriendo por el camino
      así tan desconsolado?

      ¿Andas perdido, bichito?
      ¿Te clavaste alguna espina?
      ¿Qué cosa te ha molestado?

      Me pegué un susto muy bravo…
      ¡Choqué con un pajarito!




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      Mensaje por Maria Lua Jue Feb 23, 2023 10:24 pm

      Para vivir un gran amor



      Para vivir un gran amor,
      se necesita mucha concentración y mucha sensatez,
      mucha seriedad y y poca risa - para vivir un gran amor.

      Para vivir un gran amor,
      es menester ser un hombre de una sola mujer;
      pues ser de muchas, ¡vaya! Eso es fácil…
      - No tiene mérito alguno.

      Para vivir un gran amor,
      primero es preciso consagrarse caballero
      y entregarse a su dama por entero, no importa cómo sea.

      Hay que convertir el cuerpo
      en una morada donde se encierre a la mujer amada
      y luego apostarse afuera con una espada- para vivir un gran amor.

      Para vivir un gran amor, os cuento,
      es necesario prestar atención a los “viejos amigos”,
      que por querer acapararnos, pueden estropear el gran amor.

      Hay que tener muchísimo cuidado
      con cualquiera que no esté enamorado,
      pues quien no lo está, está siempre preparado
      para fastidiar el gran amor.

      Para vivir un gran amor, en realidad,
      hay que convencerse de que la verdad
      es que no existe amor sin fidelidad - para vivir un gran amor.

      Pues quien traiciona su amor por vanidad
      es un desconocedor de la libertad,
      de esa inmensa, indivisible libertad que trae un sólo amor.

      Para vivir un gran amor,
      “il faut”, además de ser fiel
      ser un buen conocedor del arte culinario y del judo
      -para vivir un gran amor.

      Para vivir un gran amor perfecto,
      no basta sólo con ser un buen sujeto;
      es preciso también tener mucho pecho -pecho de remero.
      Es preciso mirar siempre a la persona amada
      como a la primera novia y a su viuda también,
      amortajada en su amor muerto.

      Es muy necesario tener preparado
      crédito para rosas en el florista
      - ¡mucho, mucho más que en la modista! -
      para complacer al gran amor.
      Pues de lo que el gran amor quiere saber,
      es de amor, de amor sin medida;
      después, un tutuzinho com torresno es un punto a favor…

      También puntúa saber hacer cositas:
      huevos revueltos, gambas, sopitas, salsas, strogonoffs
      - comiditas para después del amor.
      ¿Y qué hay mejor que ira a la cocina
      y preparar con amor una gallina con una rica y sabrosa farofinha,
      para tu gran amor?

      Para vivir un gran amor
      es muy, muy importante
      vivir siempre juntos y hasta ser, en lo posible,
      un solo difunto, para no morir de dolor.
      Es necesario un cuidado permanente,
      no sólo con el cuerpo sino también con la mente,
      pues cualquier bajón tuyo, la amada lo siente -
      y se enfría un poco el amor.

      Hay que ser muy cortés sin cortesía;
      dulce y conciliador sin cobardía;
      saber ganar dinero con poesía - para vivir un gran amor.
      Es necesario saber beber whisky,
      (¡con un mal bebedor nunca se arriesgue!)
      y ser impermeable al qué dirán, que nada quiere con el amor.
      Pero todo esto no sirve de nada,
      si en esta selva oscura y desorientada
      no se supiese hallar a la amada
      -para vivir un gran amor.





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      Mensaje por Maria Lua Miér Mar 01, 2023 8:59 pm

      La Hora Íntima

      ¿Quién pagará el entierro y las flores
      si yo muero de amores?
      ¿Qué amigo será tan amigo
      que en el entierro esté conmigo?
      ¿Quién, en medio del funeral
      dirá de mí: “Nunca hizo el mal…?
      ¿Quién borracho, llorará en voz alta
      por no haberme traído nada?
      ¿Quién deshojará violetas
      en mi tumulto de poeta?
      ¿Quien lanzará tímidamente
      al suelo un grano de simiente?
      ¿Quién mirará, cobarde,
      la estrella de la tarde?
      ¿Quién me dirá palabras mágicas
      que hagan empalidecer a los mármoles?
      ¿Quién, oculta en velos oscuros,
      se crucificará por los muros?
      ¿Quién, con el rostro descompuesto,
      sonreirá: Rey muerto, rey puesto…?
      ¿Cuántas, en presencia del infierno
      sentirán dolores de parto?
      ¿Cuál la que, blanca de recelo,
      tocará el botón de su seno?
      ¿Quién loca, ha de caer de
      hinojos sollozando tantos sollozos
      que despierte recelos?
      ¿Cuántos, los maxilares contraídos,
      con sangre en las cicatrices
      dirán: Fue un loco amigo…?
      ¿Qué niño mirando a la tierra
      y viendo moverse a un gusano
      tendrá un aire de comprensión?
      ¿Quién, en circunstancia oficial,
      propondrá para mí un pedestal?
      ¿Qué llegados de la montaña
      tendrán circunspección tamaña
      que he de reír blanco de cal?
      ¿Cuál la que, el rostro al viento
      lanzará un puñado de sal
      en mi guarida de cemento?
      ¿Quién cantará canciones de amigo
      el día de mi funeral?
      ¿Cuál la que no estará presente
      por motivo circunstancial?
      ¿Quién clavará en el seno duro
      una hoja oxidada?
      ¿Quién, con verbo inconsútil,
      ha de orar: La paz le sea dada?
      ¿Cuál el amigo que, a solas consigo,
      ha de pensar: No será nada…?
      ¿Quién será la extraña figura
      a un tronco de árbol recostada
      con mirar frío y aire de dudas?
      ¿Quién conmigo se abrazará
      y tendrá que ser arrancada?
      ¿Quién va a pagar el entierro y las flores
      si yo muero de amores?
      Versión de César Conto




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      Mensaje por Maria Lua Lun Mar 06, 2023 9:33 am

      ELEGÍA CASI UNA ODA

      Sueño mío, yo te perdí; me hice hombre.
      El verso que se hunde en el fondo de mi alma
      Es simple y fatal, pero no trae caricia.
      Me hace acordar de ti, poesía niña, de ti
      Que te colgabas del poema como de un seno en el espacio.
      Llevabas en cada palabra el ansia
      De todo el sufrimiento vivido.

      Quería decir cosas simples, bien simples
      Que no hiriesen tus oídos, madre mía.
      Quería hablar de Dios, hablar dulcemente de Dios
      Para arrullar tu esperanza, abuela mía.
      Quería volverme mendigo, ser miserable
      Para participar de tu belleza, hermano mío.
      Quería, mis amigos… quería, mis enemigos…
      Quería…
      ¡Quería tan exaltadamente, amiga mía!
      Pero tú, Poesía
      Tú desgraciadamente Poesía
      Tú que me ahogaste en mi desesperación y me salvaste
      Y me ahogaste de nuevo y de nuevo me salvaste y me trajiste
      Al borde de abismos irreales en que me lanzaste y que después eran
      /abismos verdaderos
      Donde vivía la infancia corrompida por gusanos, la locura preñada por
      /el Espíritu Santo, e ideas e ideales en lágrimas, y castigos /y redenciones momificados en semen crudo
      ¡Tú!
      Iluminaste, joven danzarina, la lámpara más triste de la memoria…

      Pobre de mí, me hice hombre.
      De repente, como el árbol pequeño
      Que en la estación de las lluvias bebe la savia en el humus pleno
      Estira el tallo y duerme para despertar adulto
      Así, poeta, te hiciste para siempre.

      Mientras tanto, era más bello el tiempo en que soñabas.

      ¿Qué sueño es mi vida?
      ¡Te diré que eres tú, María Aparecida!
      A ustedes, en el pudor de hablar ante vuestra grandeza
      Les diré que es olvidar todos los sueños, mis amigos.
      Al mundo, que ama la leyenda del destino
      Le diré que es mi camino de poeta.
      Y para mí, lo llamaré inocencia, amor, alegría, sufrimiento, muerte,
      /serenidad
      Lo llamaré así porque soy débil y cambiante
      Y porque es preciso que no mienta nunca para poder dormir.
      Ah
      No debería nunca atender los llamados de lo íntimo.

      Tus brazos largos, fulgurantes; tus cabellos de oleoso color; tus manos musicalísimas; tus pies que llevan prisionera la danza; tu cuerpo grave de gracia instantánea; el modo con que miras la sustancia de la vida; tu paz, angustia paciente; tu deseo irrevelado; ¡el grande, el infinito inútil poético! todo eso sería un sueño a soñar en tu seno que es pequeño…

      ¡Oh, quién me diera no soñar ya nunca
      No tener ni tristezas ni nostalgias
      Ser apenas Moraes sin ser Vinicius!
      ¡Ah, si pudiese por siempre, al levantarme
      Espiar la ventana sin paisaje
      Sin tiempo el cielo y el tiempo sin memoria!
      ¡Qué he de hacer de mí que sufro todo
      Demonio y ángel, angustias y alegrías
      Que peco contra mí y contra Dios!
      A veces me parece que mirándome
      Él dirá, desde su lar celeste:
      Fui demasiado cruel con ese chico…
      En tanto, ¿qué otra mirada de piedad
      Curará en este mundo a mis llagas?
      Soy fuerte y débil, venzo la vida: pronto
      Lo pierdo todo; pronto, no puedo más…
      ¡Oh, naturaleza humana, qué desgracia!
      ¡Si supieses qué fuerza, qué locura
      Son todos tus gestos de pureza
      Contra una carne tan alucinada!
      ¡Si supieses el impulso que te impele
      En estas cuatro paredes de mi alma
      Ni sé lo que sería de este pobre
      Que te arrastra sin dar ningún gemido!
      Es muy triste sufrirse tan joven
      Sabiendo que no hay ningún remedio
      Y teniéndose que ver a cada instante
      Que la cosa es así, que pasa luego
      Que sonreír es cuestión de paciencia
      Y quien manda la vida es la aventura.
      ¡Oh ideal misérrimo, te quiero:
      Sentirme apenas hombre y no poeta!

      Y escucho… ¡Poeta! ¡triste Poeta!
      No, seguramente fue el viento de la mañana en las araucarias
      Fue el viento… tranquilízate, corazón mío; a veces el viento parece
      /hablar…

      Y escucho… ¡Poeta! ¡pobre Poeta!
      Cálmate, tranquilidad mía… es un pájaro, sólo puede ser un pájaro
      Nada me importa… y si no fuera un pájaro, hay tantos lamentos en
      /esta tierra…
      Y escucho… ¡Poeta! ¡sórdido Poeta!
      ¡Oh angustia! esta vez… ¿no fue la voz de la montaña? ¿No fue el eco
      /distante
      De mi propia voz inocente?

      Lloro.
      Lloro atrozmente, como lloran los hombres.
      Las lágrimas corren millones de leguas por mi rostro que el llanto hace
      /gigantesco.
      Oh lágrimas, sois como mariposas doloridas
      Revoloteáis desde mis ojos hacia los caminos olvidados.
      ¡Padre mío, madre mía, socórranme!
      ¡Poetas, socórranme!
      Pienso que de aquí a un minuto estaré sufriendo
      Estaré puro, renovado, niño, haciendo dibujos perdidos en el aire…
      Vengan a decirme lo que es la vida, lo que es el conocimiento, lo que
      /quiere decir la memoria
      Escritores rusos, alemanes, franceses, ingleses, noruegos
      ¡Vengan a aconsejarme, filósofos, pensadores
      Vengan a darme ideas como antiguamente, sentimientos como
      /antiguamente
      Vengan a hacerme sentir sabio como antiguamente!
      ¡Hoy me siento despojado de todo lo que no sea música
      Podría silbar la idea de la muerte, hacer una sonata de toda la tristeza
      /humana
      Podría agarrar todo el pensamiento de la vida y ahorcarlo en la punta
      /de una clave de Fa!

      ¡Nuestra Señora mía, dame paciencia
      San Antonio mío, dame mucha paciencia
      San Francisco de Asís mío, dame muchísima paciencia!
      Si vuelvo los ojos tengo vértigos
      Siento extraños deseos de mujer grávida
      Quiero el pedazo de cielo que vi hace tres años, detrás de una colina
      /que sólo yo sé.
      Quiero el perfume que sentí no me acuerdo cuándo, y que era entre
      /sándalo y carne de seno.
      Tanto pasado me alucina
      Tanta nostalgia me aniquila
      En las tardes, en las mañanas, en las noches de la sierra.
      ¡Dios mío, qué pecho grande el que yo tengo
      Qué brazos fuertes que yo tengo, qué vientre esbelto el que yo tengo!
      ¿Para qué un pecho tan grande
      Para qué unos brazos tan fuertes
      Para qué un vientre tan esbelto
      Si todo mi ser sufre de la soledad que tengo
      En la necesidad que tengo de mil caricias constantes de la amiga?
      ¿Por qué yo caminando
      Yo pensando, yo multiplicándome, yo viviendo
      Por qué yo en los sentimientos ajenos
      Y yo en mis propios sentimientos
      Por qué yo animal libre pastando en los campos
      Y príncipe tocando mi laúd entre las damas del señor rey mi padre
      Por qué yo truhán en mis tragedias
      Y Amadís de Gaula en las tragedias de otros?
      ¡Basta!
      ¡Basta, o dame paciencia!
      He tenido mucha delicadeza inútil
      Me he sacrificado muy por demás, un mundo de mujeres en exceso
      /me ha vendido

      Quiero un lugar de abrigo
      Me siento repelente, impido a los inocentes que me toquen
      Vivo entre las aguas torvas de mi imaginación
      Ángeles, tañid campanas
      El anacoreta quiere a su amada
      Quiere a su amada vestida de novia
      Quiere llevarla a la neblina de mi amor
      Mendelssohn, toca tu marchita inocente
      Sonrían, pajes, obreras curiosas
      El poeta va a pasar soberbio
      De su brazo una criatura fantástica derrama los santos óleos de las
      /últimas lágrimas
      ¡Ah, no me ahoguen en flores, poemas míos vuelvan a los libros
      No quiero glorias, pompas, adiós!
      Solness, vuela hacia la montaña, mi amigo
      Comienza a construir una torre bien alta, bien alta…




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      o un ciego soñando
      y en ese vuelo y en ese sueño
      compartir contigo sol y luna,
      siendo guardián en tu cielo
      y tren de tus ilusiones."
      (Hánjel)





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      VINICIUS DE MORAES  - Página 24 Empty Re: VINICIUS DE MORAES

      Mensaje por Maria Lua Vie Mar 10, 2023 9:20 pm

      Amiga, infinitamente amiga
      En algún lugar tu corazón late por mí
      En algún lugar tus ojos se cierran al recordar los míos
      En algún lugar tus manos se crispan, tus senos
      Se hinchan de leche, desfalleces y caminas
      Como ciega a mi encuentro…
      Amiga, última locura
      La tranquilidad suavizó mi piel
      Y mis cabellos. Sólo mi vientre
      Te espera, lleno de raíces y de asombros
      Ven amiga.
      Mi desnudez es absoluta
      Mis ojos son espejos para tu deseo
      Y mi pecho es tabla de suplicios
      Ven. Mis músculos son dulces para tus dientes
      Y áspera mi barba. Ven a sumergirte en mí
      Como en el mar, a nadar en mí como en el mar
      Ven, ahógate en mí, amiga mía
      En mí como en el mar


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      o un ciego soñando
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      siendo guardián en tu cielo
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      Mensaje por Maria Lua Sáb Mar 11, 2023 8:44 am

      A CRIAÇÃO NA POESIA


      Rio de Janeiro , 1935
      (Ideal)

      (Fragmento)
      O poeta parte no eterno renovamento.
      Mas seu destino é fugir sempre ao
      homem que ele traz em si.

      O poeta:
      Eu sonho a poesia dos gestos fisionômicos de um anjo!


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      y en ese vuelo y en ese sueño
      compartir contigo sol y luna,
      siendo guardián en tu cielo
      y tren de tus ilusiones."
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      Mensaje por Maria Lua Sáb Mar 11, 2023 8:46 am

      A QUE VEM DE LONGE


      Rio de Janeiro , 1951


      A minha amada veio de leve
      A minha amada veio de longe
      A minha amada veio em silêncio
      Ninguém se iluda.

      A minha amada veio da treva
      Surgiu da noite qual dura estrela
      Sempre que penso no seu martírio
      Morro de espanto.

      A minha amada veio impassível
      Os pés luzindo de luz macia
      Os alvos braços em cruz abertos
      Alta e solene.

      Ao ver-me posto, triste e vazio
      Num passo rápido a mim chegou-se
      E com singelo, doce ademane
      Roçou-me os lábios.

      Deixei-me preso ao seu rosto grave
      Preso ao seu riso no entanto ausente
      Inconsciente de que chorava
      Sem dar-me conta.

      Depois senti-lhe o tímido tato
      Dos lentos dedos tocar-me o peito
      E as unhas longas se me cravarem
      Profundamente.

      Aprisionado num só meneio
      Ela cobriu-me de seus cabelos
      E os duros lábios no meu pescoço
      Pôs-se a sugar-me.

      Muitas auroras transpareceram
      Do meu crescente ficar exangue
      Enquanto a amada suga-me o sangue
      Que é a luz da vida.
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      Mensaje por Maria Lua Lun Mar 13, 2023 1:04 pm

      AGONIA


      Rio de Janeiro , 1935


      No teu grande corpo branco depois eu fiquei.
      Tinha os olhos lívidos e tive medo.
      Já não havia sombra em ti — eras como um grande deserto de areia
      Onde eu houvesse tombado após uma longa caminhada sem noites.
      Na minha angústia eu buscava a paisagem calma
      Que me havias dado há tanto tempo
      Mas tudo era estéril e monstruoso e sem vida
      E teus seios eram dunas desfeitas pelo vendaval que passara.
      Eu estremecia agonizando e procurava me erguer
      Mas teu ventre era como areia movediça para os meus dedos.
      Procurei ficar imóvel e orar, mas fui me afogando em ti mesma
      Desaparecendo no teu ser disperso que se contraía como a voragem.




      Depois foi o sono, o escuro, a morte.

      Quando despertei era claro e eu tinha brotado novamente
      Vinha cheio do pavor das tuas entranhas.


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      Mensaje por Maria Lua Lun Mar 13, 2023 1:05 pm

      AH, COMO ERAM BELOS NESTE INSTANTE OS ERMOS MARÍTIMOS...



      Rio de Janeiro , 2004
      Quarta-Feira da Paixão



      Ah, como eram belos neste instante os ermos marítimos
      E como era misterioso e distante o poente da cinza
      Que como um fato, oculto nos pálidos confins
      Abria a pupila amarela da Lua, em carícias e ritmos...

      E ela veio até mim, diáfana, por entre a teia
      Da neblina, e eu, lírico de emoção, prendi-a, e amei-a
      E nas bordas do mar, entre os sussurros de outras vagas
      Confiei-lhe os carinhos da outra amiga, de outras plagas...

      No entanto fiquei, entre o horizonte leve e a noite leve
      O corpo atento e o gesto breve, sobre a areia
      E o mar, verde como o meu desejo, me trazia a sereia
      Que vinha sem cantos, e com encantos que a voz não descreve.

      Lembro-me até que os seus seios eram brancos como a borracha
      E nela se prendiam as algas da maré baixa
      E que o seu sexo era puro e alto, e negro
      O pêlo sedoso que o vestia, e cuja fartura me alegrou.

      No amor, seu corpo agonizara em mil transportes
      E seu gozo vibrava em Betelgeuse, a estrela
      Que alta, no espelho do céu, era o infinito dela
      Assim como uma vida é o espelho de mil mortes.

      E depois, quando ela se foi, sem remorso e sem vida
      Já nada mais restava da amiga desmerecida
      E era como se o oceano verde, a murmurar de novo
      Contivesse todo o meu afeto, e o meu desejo, e o meu segredo…

      E foi num dia, como eu estivesse a apascentar
      A minha tristíssima poesia, pelas campinas cérulas do mar
      Que veio e fugiu uma cigana, visão de luz e ouro
      E que tinha olhos azuis amanhecendo um véu louro...


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      Mensaje por Maria Lua Lun Mar 13, 2023 1:07 pm

      ALLEGRO


      Oxford , 1939



      Sente como vibra
      Doidamente em nós
      Um vento feroz
      Estorcendo a fibra

      Dos caules informes
      E as plantas carnívoras
      De bocas enormes
      Lutam contra as víboras

      E os rios soturnos
      Ouve como vazam
      A água corrompida

      E as sombras se casam
      Nos raios noturnos
      Da lua perdida.

      Oxford, 1939






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      Mensaje por Maria Lua Lun Mar 13, 2023 1:08 pm

      AMIGA MINHA, HOJE NO CÉU A LUA...



      Rio de Janeiro , 2004



      Amiga minha, hoje no céu a Lua
      Tem uma face que me lembra a tua
      A Lua é sempre assim, ou é teu rosto
      Que dorme no céu posto, amiga minha?

      Ah, desce do teu nicho, rosto puro
      E vem iluminar meu leito escuro.

      Astro solitário, ó Sol
      Ilumina meu poema da tua claridade matinal
      Transfunde-lhe nas veias o éter com o azul
      E torna-o simples.




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      AMIGA, HOY EN EL CIELO LA LUNA...



      Río de Janeiro, 2004



      Amiga, hoy en el cielo la luna
      Tiene una cara que me recuerda a la tuya.
      La luna siempre es así, o es tu cara
      ¿Quién duerme en el cielo, amigo mío?

      Ah, baja de tu nicho, cara pura
      Y ven a iluminar mi lecho oscuro.

      Astro solitario, oh sol
      Ilumina mi poema con tu luz de la mañana
      Transfunde el éter con el azul en sus venas
      Y hazlo simple.


      _________________



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      VINICIUS DE MORAES  - Página 24 Empty Re: VINICIUS DE MORAES

      Mensaje por Maria Lua Miér Mar 15, 2023 8:37 am

      A FLORESTA


      Rio de Janeiro , 1933


      Sobre o dorso possante do cavalo
      Banhado pela luz do sol nascente
      Eu penetrei o atalho, na floresta.
      Tudo era força ali, tudo era força
      Força ascencional da natureza.
      A luz que em torvelinhos despenhava
      Sobre a coma verdíssima da mata
      Pelos claros das árvores entrava
      E desenhava a terra de arabescos.

      Na vertigem suprema do galope
      Pelos ouvidos, doces, perpassavam
      Cantos selvagens de aves indolentes.
      A branda aragem que do azul descia
      E nas folhas das árvores brincava
      Trazia à boca um gosto saboroso
      De folha verde e nova e seiva bruta.
      Vertiginosamente eu caminhava
      Bêbado da frescura da montanha
      Bebendo o ar estranguladamente.

      Às vezes, a mão firme apaziguava
      O impulso ardente do animal fogoso
      Para ouvir de mais perto o canto suave
      De alguma ave de plumagem rica
      E após, soltando as rédeas ao cavalo
      Ia de novo loucamente à brida.

      De repente parei. Longe, bem longe
      Um ruído indeciso, informe ainda
      Vinha às vezes, trazido pelo vento.
      Apenas branda aragem perpassava
      E pelo azul do céu, nenhuma nuvem.
      Que seria? De novo caminhando
      Mais distinto escutava o estranho ruído
      Como que o ronco baixo e surdo e cavo
      De um gigante de lenda adormecido.

      A cachoeira, Senhor! A cachoeira!
      Era ela. Meu Deus, que majestade!
      Desmontei. Sobre a borda da montanha
      Vendo a água lançando-se em peitadas
      Em contorções, em doidos torvelinhos
      Sobre o rio dormente e marulhoso
      Eu tive a estranha sensação da morte.

      Em cima o rio vinha espumejante
      Apertado entre as pedras pardacentas
      Rápido e se sacudindo em branca espuma.
      De repente era o vácuo embaixo, o nada
      A queda célere e desamparada
      A vertigem do abismo, o horror supremo
      A água caindo, apavorada, cega
      Como querendo se agarrar nas pedras
      Mas caindo, caindo, na voragem
      E toda se estilhaçando, espumecente.

      Lá fiquei longo tempo sobre a rocha
      Ouvindo o grande grito que subia
      Cheio, eu também, de gritos interiores.
      Lá fiquei, só Deus sabe quanto tempo
      Sufocando no peito o sofrimento
      Caudal de dor atroz e inapagável
      Bem mais forte e selvagem do que a outra.
      Feita ela toda da desesperança
      De não poder sentir a natureza
      Com o espírito em Deus que a fez tão bela.

      Quando voltei, já vinha o sol mais alto
      E alta vinha a tristeza no meu peito.
      Eu caminhei. De novo veio o vento
      Os pássaros cantaram novamente
      De novo o aroma rude da floresta
      De novo o vento. Mas eu nada via.
      Eu era um ser qualquer que ali andava
      Que vinha para o ponto de onde viera
      Sem sentido, sem luz, sem esperança
      Sobre o dorso cansado de um cavalo.

      ---


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      o un ciego soñando
      y en ese vuelo y en ese sueño
      compartir contigo sol y luna,
      siendo guardián en tu cielo
      y tren de tus ilusiones."
      (Hánjel)





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      Mensaje por Maria Lua Miér Mar 15, 2023 8:38 am

      A IMPOSSÍVEL PARTIDA


      Rio de Janeiro , 1935


      Como poder-te penetrar, ó noite erma, se os meus olhos cegaram nas luzes da cidade
      E se o sangue que corre no meu corpo ficou branco ao contato da carne indesejada?...
      Como poder viver misteriosamente os teus recônditos sentidos
      Se os meus sentidos foram murchando como vão murchando as rosas colhidas
      E se a minha inquietação iria temer a tua eloquência silenciosa?...
      Eu sonhei!... Sonhei cidades desaparecidas nos desertos pálidos
      Sonhei civilizações mortas na contemplação imutável
      Os rios mortos... as sombras mortas... as vozes mortas...
      ...o homem parado, envolto em branco sobre a areia branca e a quietude na face...
      Como poder rasgar, noite, o véu constelado do teu mistério
      Se a minha tez é branca e se no meu coração não mais existem os nervos calmos
      Que sustentavam os braços dos Incas horas inteiras no êxtase da tua visão?...
      Eu sonhei!... Sonhei mundos passando como pássaros
      Luzes voando ao vento como folhas
      Nuvens como vagas afogando luas adolescentes...
      Sons... o último suspiro dos condenados vagando em busca de vida...
      O frêmito lúgubre dos corpos penados girando no espaço...
      Imagens... a cor verde dos perfumes se desmanchando na essência das coisas...
      As virgens das auroras dançando suspensas nas gazes da bruma
      Soprando de manso na boca vermelha dos astros...

      Como poder abrir no teu seio, ó noite erma, o pórtico sagrado do Grande Templo
      Se eu estou preso ao passado como a criança ao colo materno
      E se é preciso adormecer na lembrança boa antes que as mãos desconhecidas me arrebatem?...

      ---




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      Mensaje por Maria Lua Jue Mar 16, 2023 9:18 am

      A MÚSICA DAS ALMAS

      Rio de Janeiro , 1935

      Le mal est dans le monde comme un esclave qui monte l’eau.
      Claudel


      Na manhã infinita as nuvens surgiram como a loucura numa alma
      E o vento como o instinto desceu os braços das árvores que estrangularam a terra...

      Depois veio a claridade, o grande céu, a paz dos campos...
      Mas nos caminhos todos choravam com os rostos levados para o alto
      Porque a vida tinha misteriosamente passado na tormenta.


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      Mensaje por Maria Lua Jue Mar 16, 2023 9:20 am

      O OUTRO



      Às vezes, na hora trêmula em que os espaços desmancham-se em neblina
      E a gaze da noite se esgarça suspensa na bruma dormente
      Eu sinto sobre o meu ser uma presença estranha que me faz despertar angustiado
      E me faz debruçar à janela sondando os véus que se emaranham dentre as folhas...
      Fico... e muita vez os meus olhos se desprendem misteriosamente das minhas órbitas
      E presos a mim vão penetrando a noite e eu vou me sentindo encher da visão que os leva.
      Vozes e imagens chegam a mim, mas eu inda sou e por isso não vejo
      Vozes enfermas chegam a mim — são como vozes de mães e de irmãs chorando
      Corpos nus de crianças, seios estrangulados, bocas opressas na última angústia
      Mulheres passando atônitas, espectros confusos, diluídos como as visões lacrimosas.
      E de repente eu sou arrancado como um grito e parto e penetro em meus olhos
      E estou sobre o ponto mais alto, sobre o abismo que desce para a aurora que sobe
      Onde na hora extrema o rio humano se despeja vertiginosamente e de onde surgirá
      Lívido e descarnado, quando o pálido sangue do Sol morrendo escorrer da face verde das montanhas.

      Mas por que estranho desígnio foi diferente a angústia daquela manhã tristíssima
      Por que não vieram até mim as lamentações de todas as madrugadas
      Por que quando eu caminhei para o sofrimento, foi o meu sofrimento que
      [eu vi estendido sobre as coisas como a morte?
      Ai de mim! a piedade ferira o meu coração e eu era o mais desamparado
      O consolo estava nas minhas palavras e eu era o único inconsolável
      A riqueza estivera nas minhas mãos e eu era pobre como os olhos dos cegos...
      Na solidão absoluta de mil léguas foi o meu corpo que eu vi acorrentado ao pântano infinito
      Foi a minha boca que eu vi se abrindo ao beijo da água ulcerada de flores leprosas.
      Dormiam sapos sobre a podridão das vitórias moribundas
      E vapores úmidos subiam fétidos como as exalações dos campos de guerra.
      Eu estava só como o homem sem Deus no meio do tempo e sobre minha cabeça pairavam as aves da maldição
      E a vastidão desolada era grande demais para os meus pobres gritos de agonia.
      De fora eu vi e senti medo — como que um ávido polvo me prendia os pés ao fundo da lama
      Eu gritei para o miserável que erguesse os braços e buscasse a
      [música que estava no pântano e na pele desfeita das flores intumescidas
      Mas ele já nada parecia ouvir — era como o mau ladrão crucificado.

      Oh, não estivesse ele tão longe de meus pés e eu o calcaria como um verme
      Não fosse minha náusea e eu o iria matar no seu martírio
      Não existisse a minha incompreensão e eu lhe desfaria a carne entre meus dedos.
      Porque a sua vida está presa à minha e é preciso que eu me liberte
      Porque ele é o desespero vão que mata a serenidade que quer brotar em mim
      Porque as suas úlceras doem numa carne que não é a dele.
      Mas algum dia quando ele estiver dormindo eu esquecerei tudo e afrontarei o pântano.
      Mesmo que pereça eu o esmagarei como uma víbora e o afogarei na lama podre
      E se eu voltar eu sei que as visões passadas não mais povoarão os meus olhos distantes
      Eu sei que terei forças para comer a terra e ficar escorrendo em sangue como as árvores
      Parado diante da beleza, agasalhando os príncipes e os monges, na contemplação da poesia eterna.




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      Mensaje por Maria Lua Sáb Mar 18, 2023 8:44 am

      A VIDA VIVIDA


      Quem sou eu senão um grande sonho obscuro em face do Sonho
      Senão uma grande angústia obscura em face da Angústia
      Quem sou eu senão a imponderável árvore dentro da noite imóvel
      E cujas presas remontam ao mais triste fundo da terra?

      De que venho senão da eterna caminhada de uma sombra
      Que se destrói à presença das fortes claridades
      Mas em cujo rastro indelével repousa a face do mistério
      E cuja forma é prodigiosa treva informe?

      Que destino é o meu senão o de assistir ao meu Destino
      Rio que sou em busca do mar que me apavora
      Alma que sou clamando o desfalecimento
      Carne que sou no âmago inútil da prece?

      O que é a mulher em mim senão o Túmulo
      O branco marco da minha rota peregrina
      Aquela em cujos braços vou caminhando para a morte
      Mas em cujos braços somente tenho vida?

      O que é o meu amor, ai de mim! senão a luz impossível
      Senão a estrela parada num oceano de melancolia
      O que me diz ele senão que é vã toda a palavra
      Que não repousa no seio trágico do abismo?

      O que é o meu Amor? senão o meu desejo iluminado
      O meu infinito desejo de ser o que sou acima de mim mesmo
      O meu eterno partir da minha vontade enorme de ficar
      Peregrino, peregrino de um instante, peregrino de todos os instantes?

      A quem respondo senão a ecos, a soluços, a lamentos
      De vozes que morrem no fundo do meu prazer ou do meu tédio
      A quem falo senão a multidões de símbolos errantes
      Cuja tragédia efêmera nenhum espírito imagina?

      Qual é o meu ideal senão fazer do céu poderoso a Língua
      Da nuvem a Palavra imortal cheia de segredo
      E do fundo do inferno delirantemente proclamá-los
      Em Poesia que se derrame como sol ou como chuva?

      O que é o meu ideal senão o Supremo Impossível
      Aquele que é, só ele, o meu cuidado e o meu anelo
      O que é ele em mim senão o meu desejo de encontrá-lo
      E o encontrando, o meu medo de não o reconhecer?

      O que sou eu senão ele, o Deus em sofrimento
      O temor imperceptível na voz portentosa do vento
      O bater invisível de um coração no descampado...
      O que sou eu senão Eu Mesmo em face de mim?



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      VINICIUS DE MORAES  - Página 24 Empty Re: VINICIUS DE MORAES

      Mensaje por Maria Lua Sáb Mar 18, 2023 8:45 am

      O MÁGICO]

      Diante do mágico a multidão boquiaberta se esquece. Não há mais lugar na Grande Praça: as ruas adjacentes se cobrem de uma negra onda humana. Em todas as casas a curiosidade do mistério abriu todas as janelas. A espantosa fachada da Catedral se apinha de garotos acrobatas que se penduram nos relevos como anjos. É talvez Paris do Terror, porque os velhos pardieiros como que se inclinam para o espetáculo incessante e na porta das hospedarias há velhas tabuletas pendentes, mas também pode ser uma vila alemã, onde as campainhas das lojas tilintam alegremente, ou mesmo o Rio do tempo dos Vice-Reis, com os seus Capitães-Mores traficando em suas redes e fitando duramente o artista.

      O mágico está sobre o antigo pelourinho ou forca ou guilhotina por onde muitas gerações passaram.

      As abas da sua casaca vão ao vento — é uma negra andorinha saltitante! As brancas mãos se misturam em ondulantes movimentos de dança.

      É de tarde, hora do trabalho. Na primeira fila estão os senhores e na última os escravos do dever. Os senhores procuram adivinhar, os escravos procuram rir. O mágico se diverte com a multidão, a multidão se diverte com o mágico. Um filósofo e um dançarino perdidos confundem a multidão com o mágico e aguardam.

      Todos se divertem à sua maneira.

      *

      Silêncio, o mágico fala, todos escutam! “Ahora, presentaré el famoso entretenimiento de las palomas.” A dama oriental faz uma pirueta ágil e mostra ao público a cartola milagrosa. O mágico faz passes, cobre a cartola com um lenço vermelho de seda. “Un dos y...!” voam pombas brancas para o céu de safira. A multidão olha para cima, as mãos aparando o sol. O movimento prossegue. Toda a praça, toda a rua, toda a cidade olha para cima, o subúrbio olha para cima, os camponeses olham para cima. “O que estará para acontecer? Dizem que um tufão caminha do levante!” Acendem-se ícones nas isbás da estepe russa, fazem-se procissões em Portugal. O chefe guerreiro da tribo vê o sinal da guerra no céu, rugem os trocanos. O mágico joga a cartola para a multidão, que aplaude. O poeta apanha a cartola e recolhe nela o encantamento que se processou. As pombas invisíveis voltam, o poeta as contempla. Só elas são o Íntimo da Vida.

      *

      E o tufão cai de súbito, vindo do Levante. Os garotos escorrem pelas colunas, formigam pelas escadarias, escondem-se nos nichos. O povo se escoa como uma água lodosa pelas portas das casas que abrem e fecham. A um gesto de guignol todas as janelas se retraem e após um minuto de rumor intenso desce uma eternidade de silêncio. Uma procelária passando em busca do mar só vê da cidade as suas torres acima do grande nevoeiro. Os rios rugem, as pontes desabam, nas sarjetas boiam cadáveres de crianças ciganas. O dilúvio leva a música do mágico, leva as pinturas do mágico, leva as bonecas do mágico, só não leva o mágico na torrente.
      O poeta sobe ao palanque, castiga o mágico, possui a mulher do mágico, apresenta ao alto a cabeça e o coração, onde surgem e desaparecem pombas brancas e onde a realidade efêmera floresce no mistério perpétuo.
      Mágico do inescrutável, o poeta aguarda o raio de Deus.


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      Mensaje por Maria Lua Sáb Mar 18, 2023 8:46 am

      A MÁSCARA DA NOITE


      Sim, essa tarde conhece todos os meus pensamentos
      Todos os meus segredos e todos os meus patéticos anseios
      Sob esse céu como uma visão azul de incenso
      As estrelas são perfumes passados que me chegam...

      Sim! essa tarde que eu não conheço é uma mulher que me chama
      E eis que é uma cidade apenas, uma cidade dourada de astros
      Aves, folhas silenciosas, sons perdidos em cores
      Nuvens como velas abertas para o tempo...

      Não sei, toda essa evocação perdida, toda essa música perdida
      É como um pressentimento de inocência, como um apelo...
      Mas para que buscar se a forma ficou no gesto esvanecida
      E se a poesia ficou dormindo nos braços de outrora...

      Como saber se é tarde, se haverá manhã para o crepúsculo
      Nesse entorpecimento, neste filtro mágico de lágrimas?
      Orvalho, orvalho! desce sobre os meus olhos, sobre o meu sexo
      Faz-se surgir diamante dentro do sol!

      Lembro-me!... como se fosse a hora da memória
      Outras tardes, outras janelas, outras criaturas na alma
      O olhar abandonado de um lago e o frêmito de um vento
      Seios crescendo para o poente como salmos...

      Oh, a doce tarde! Sobre mares de gelo ardentes de revérbero
      Vagam placidamente navios fantásticos de prata
      E em grandes castelos cor de ouro, anjos azuis serenos
      Tangem sinos de cristal que vibram na imensa transparência!

      Eu sinto que essa tarde está me vendo, que essa serenidade está me vendo
      Que o momento da criação está me vendo neste instante doloroso de sossego em mim mesmo
      Oh criação que estás me vendo, surge e beija-me os olhos
      Afaga-me os cabelos, canta uma canção para eu dormir!

      És bem tu, máscara da noite, com tua carne rósea
      Com teus longos xales campestres e com teus cânticos
      És bem tu! ouço teus faunos pontilhando as águas de sons de flautas
      Em longas escalas cromáticas fragrantes...

      Ah, meu verso tem palpitações dulcíssimas! — primaveras!
      Sonhos bucólicos nunca sonhados pelo desespero
      Visões de rios plácidos e matas adormecidas
      Sobre o panorama crucificado e monstruoso dos telhados!

      Por que vens, noite? por que não adormeces o teu crepe
      Por que não te esvais — espectro — nesse perfume tenro de rosas?
      Deixa que a tarde envolva eternamente a face dos deuses
      Noite, dolorosa noite, misteriosa noite!

      Oh tarde, máscara da noite, tu és a presciência
      Só tu conheces e acolhes todos os meus pensamentos
      O teu céu, a tua luz, a tua calma
      São a palavra da morte e do sonho em mim!



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      Mensaje por Maria Lua Sáb Mar 18, 2023 8:47 am

      TRÊS RETRATOS
      I
      Joya

      Joya, alegria da vida!
      Joya entra, Joya brinca
      Parola no telefone.
      Joya, esses teus olhos são
      Dois lagos de perfeição.

      Joya dizendo nome feio
      Joya falando inteligente
      Joya fria? Joya quente?
      (Inferiority complex).
      Joya, alegria da vida!

      Joya beija inefavelmente.


      II
      Maja Raquel

      Pero, não és de Argentina
      Muñeca de Barcelona?
      Quem te deu pernas tão lindas
      Peregrina, marafona?
      Que Goya te fez, divina
      tan cruda e calina, dona?

      Nostalgias, de escuchar tu risa loca...


      III
      Milady

      Tu étais si folle, chère, que nous avons joué la physique expérimentale, l‘álgèbre supérieur et la géométrie analytique, et tu avais trois amours d‘enfants et moi force d‘une angine de gorge qui me tuait.

      Ta Hudson portait d‘affreuses trâces de nos amours.




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      Mensaje por Maria Lua Lun Mar 20, 2023 9:03 am

      A FLOR DA NOITE






      Na solidão escura
      Do velho Pelourinho
      Matilde, a louca mansa
      Vivia mercando assim:
      Olha a flor da noite ...
      Olha a flor da noite ...

      Seria a flor da noite
      A luz da estrela solitária
      A tremular tão pura
      Sobre o velho Pelourinho?
      Ou o som da voz ausente
      Da menina triste
      Que mercava o seu triste descaminho:
      Olha a flor da noite ...
      Olha a flor da noite ...

      Ou seria a flor da noite
      A face oculta atrás da aurora
      Por quem o homem luta
      Desde nunca até agora
      A louca aprisionada
      Pelos monstros do poente
      E que avisa e grita alucinadamente:
      Olha a flor da noite ...
      Olha a flor da noite ...


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      Mensaje por Maria Lua Lun Mar 20, 2023 9:05 am

      A MAIS DOLOROSA DAS HISTÓRIAS



      Silêncio
      Façam silêncio
      Quero dizer-vos minha tristeza
      Minha saudade e a dor
      A dor que há no meu canto

      Oh, silenciai
      Vós que assim vos agitais
      Perdidamente em vão
      Meu coração vos canta
      A mais dolorosa das histórias
      Minha amada partiu
      Partiu

      Oh, grande desespero de quem ama
      Ver partir o seu amor


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      "Ser como un verso volando
      o un ciego soñando
      y en ese vuelo y en ese sueño
      compartir contigo sol y luna,
      siendo guardián en tu cielo
      y tren de tus ilusiones."
      (Hánjel)





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      Mensaje por Maria Lua Lun Mar 20, 2023 9:09 am

      A ROSA DESFOLHADA


      Tento compor o nosso amor
      Dentro da tua ausência
      Toda a loucura, todo o martírio
      De uma paixão imensa
      Teu toca-discos, nosso retrato
      Um tempo descuidado

      Tudo pisado, tudo partido
      Tudo no chão jogado
      E em cada canto
      Teu desencanto
      Tua melancolia
      Teu triste vulto desesperado
      Ante o que eu te dizia
      E logo o espanto e logo o insulto
      O amor dilacerado
      E logo o pranto ante a agonia
      Do fato consumado





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      y en ese vuelo y en ese sueño
      compartir contigo sol y luna,
      siendo guardián en tu cielo
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      Mensaje por Maria Lua Miér Mar 22, 2023 7:39 pm

      AS RAZÕES DO CORAÇÃO


      É uma saudade tão doída de você
      Que eu não sei mais nada, não.
      E é isso aí sempre que o amor não pode ser,
      Sempre que a distância pode mais que o coração.

      Olhos que se olham mas que não se podem ter,
      Mãos que estão unidas mas não estão.
      Olhe, meu amor, tudo que eu quero é não sofrer
      Mais uma separação.

      Fomos enganados pelo tempo,
      Teu amor chegou tarde demais.
      E o amor é sempre um sentimento
      Que a separação não deixa em paz.

      Pode ser assim, mas quem sou eu pra resolver
      As razões do coração.
      Olhe, meu amor, tudo que eu quero é nunca ser
      Mais uma recordação.


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      o un ciego soñando
      y en ese vuelo y en ese sueño
      compartir contigo sol y luna,
      siendo guardián en tu cielo
      y tren de tus ilusiones."
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      Mensaje por Maria Lua Vie Mar 24, 2023 2:52 pm

      A CARTA QUE NÃO FOI MANDADA




      Paris, outono de 73
      Estou no nosso bar mais uma vez
      E escrevo pra dizer
      Que é a mesma taça e a mesma luz
      Brilhando no champanhe em vários tons azuis
      No espelho em frente eu sou mais um freguês
      Um homem que já foi feliz, talvez
      E vejo que em seu rosto correm lágrimas de dor
      Saudades, certamente, de algum grande amor

      Mas ao vê-lo assim tão triste e só
      Sou eu que estou chorando
      Lágrimas iguais
      E, a vida é assim, o tempo passa
      E fica relembrando
      Canções do amor demais
      Sim, será mais um, mais um qualquer
      Que vem de vez em quando
      E olha para trás
      É, existe sempre uma mulher
      Pra se ficar pensando
      Nem sei... nem lembro mais


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      y en ese vuelo y en ese sueño
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      Mensaje por Maria Lua Vie Mar 24, 2023 2:54 pm

      AS CORES DE ABRIL





      As cores de abril
      Os ares de anil
      O mundo se abriu em flor
      E pássaros mil
      Nas flores de abril
      Voando e fazendo amor

      O canto gentil
      De quem bem te viu
      Num pranto desolador
      Não chora, me ouviu
      Que as cores de abril
      Não querem saber de dor

      Olha quanta beleza
      Tudo é pura visão
      E a natureza transforma a vida em canção

      Sou eu, o poeta, quem diz
      Vai e canta, meu irmão
      Ser feliz é viver morto de paixão


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      Mensaje por Maria Lua Vie Mar 24, 2023 2:55 pm

      BALADA DA FLOR DA TERRA



      Nem a luz da lua na tarde
      Nem a onda do mar quando ela vem
      Nem a flor do céu quando se abre
      Têm a graça de você

      Meu amor
      É bonita
      É bonita

      Ai, que aroma o corpo do meu bem
      Ai, que negros são os seus cabelos
      Meu bem, não vá mais embora
      Não me deixe por favor
      Sem meu bem eu me morro
      Eu me morro de amor
      De amor
      De amor





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