En 1980, se trasladó a Río de Janeiro, donde trabajó en varios segmentos. Cuando aún era joven, se enamoró de un artista blanco, pero estaba casado con una mujer negra. Cruz e Souza y Gavita tuvieron cuatro hijos, dos de los cuales murieron y la mujer tenía problemas mentales.
Murió de tuberculosis a los 36 años y sus únicas obras publicadas son Misal (prosa) y Cubos (verso). Su producción literaria está marcada por el abandono del subjetivismo y la angustia porque hay una búsqueda de posiciones universales.
En principio, sus primeras obras informan sobre el dolor y sufrimiento del hombre negro, con una clara evolución hacia el análisis del dolor y sufrimiento del hombre en general.
Características de la poesía de Cruz e Souza:
- Sublimación
- Anulación de la materia por libertad de espiritualidad (muerte)
- Apreciación de las ideas platónicas
- angustia sexual
- Obsesión por el color blanco y por todo lo que pueda sugerir blancura
- apelaciones sensoriales
- Símbolos, juegos y vocales
- Musicalidad
- Aliteración
Guitarras que tocan
¡Ah! Guitarras llorosas, tibias, dormidas,
Sollozando a la luz de la luna, llorando en el viento …
Perfiles tristes, los contornos más vagos,
Bocas murmurando con pesar.
Noches más allá, remotas, que recuerdo
Noches solitarias, noches remotas
Que en el blues el tablero Fantasia
Continúo constelación de visiones desconocidas.
Cuando los sonidos de las guitarras están sollozando,
Cuando gimen los sonidos de las guitarras en las cuerdas,
Y siguen desgarrando y deleitando,
Desgarrando las almas que tiemblan en las sobras.
Armonioso ese pinchazo, ese lacer,
Dedos nerviosos y ágiles que corren
Las cuerdas y un mundo de dolencias generan
Gemidos, llantos, que mueren en el espacio …
Y sonidos oscuros, suspiros penas,
Amargas penas y melancolías,
En el susurro monótono de las aguas,
Todas las noches, entre ramas frías.
Voces veladas, voces aterciopeladas,
Voluptos de guitarras, voces veladas,
deambular por los viejos vórtices rápidos
De los vientos, vivo, vanidoso, vulcanizado.
Todo en las cuerdas de la guitarra resuena
Y vibra y se retuerce en el aire, convulsionando …
Todo en la noche, todo llora y vuela
Bajo el aleteo febril de un pulso.
Que estas guitarras nebulosas y lúgubres
Son islas de exilio atroz y fúnebre,
A donde van cansados de los sueños
Almas que estaban inmersas en el misterio.
Poema completo en portugués:
VIOLÕES QUE CHORAM ...
Ah! plangentes violões dormentes, mornos,
Soluços ao luar, choros ao vento ...
Tristes perfis, os mais vagos contornos,
Bocas murmurejantes de lamento.
Noites de além, remotas, que eu recordo,
Noites de solidão, noites remotas
Que nos azuis da Fantasia bordo,
Vou constelando de visões ignotas.
Sutis palpitações à luz da lua,
Anseio dos momentos mais saudosos,
Quando lá choram na deserta rua
As cordas vivas dos violões chorosos.
Quando os sons dos violões vão soluçando,
Quando os sons dos violões nas cordas gemem,
E vão dilacerando e deliciando,
Rasgando as almas que nas sombras tremem.
Harmonias que pungem, que laceram,
Dedos nervosos e ágeis que percorrem
Cordas e um mundo de dolências geram
Gemidos, prantos, que no espaço morrem ...
E sons soturnos, suspiradas mágoas,
Mágoas amargas e melancolias,
No sussurro monótono das águas,
Noturnamente, entre ramagens frias.
Vozes veladas, veludosas vozes,
Volúpias dos violões, vozes veladas,
Vagam nos velhos vórtices velozes
Dos ventos, vivas, vãs, vulcanizadas.
Tudo nas cordas dos violões ecoa
E vibra e se contorce no ar, convulso ...
Tudo na noite, tudo clama e voa
Sob a febril agitação de um pulso.
Que esses violões nevoentos e tristonhos
São ilhas de degredo atroz, funéreo,
Para onde vão, fatigadas do sonho,
Almas que se abismaram no mistério.
Sons perdidos, nostálgicos, secretos,
Finas, diluídas, vaporosas brumas,
Longo desolamento dos inquietos
Navios a vagar à flor de espumas.
Oh! languidez, languidez infinita,
Nebulosas de sons e de queixumes,
Vibrado coração de ânsia esquisita
E de gritos felinos de ciúmes!
Que encantos acres nos vadios rotos
Quando em toscos violões, por lentas horas
Vibram, com a graça virgem dos garotos,
Um concerto de lágrimas sonoras!
Quando uma voz, em trêmulos, incerta,
Palpitando no espaço, ondula, ondeia,
E o canto sobe para a flor deserta,
Soturna e singular da lua cheia.
Quando as estrelas mágicas florescem,
E no silêncio astral da Imensidade
Por lagos encantados adormecem
As pálidas ninfeias da Saudade!
Como me embala toda essa pungência,
Essas lacerações como me embalam,
Como abrem asas brancas de clemência
As harmonias dos violões que falam!
Que graça ideal, amargamente triste,
Nos lânguidos bordões plangendo passa ...
Quanta melancolia de anjo existe
Nas visões melodiosas dessa graça ...
Que céu, que inferno, que profundo inferno,
Que ouros, que azuis, que lágrimas, que risos,
Quanto magoado sentimento eterno
Nesses ritmos trêmulos e indecisos ...
Que anelos sexuais de monjas belas
Nas ciliciadas carnes tentadoras,
Vagando no recôndito das celas,
Por entre as ânsias dilaceradoras ...
Quanta plebeia castidade obscura
Vegetando e morrendo sobre a lama,
Proliferando sobre a lama impura,
Como em perpétuos turbilhões de chama,
Que procissão sinistra de caveiras,
De espetros, pelas sombras mortas, mudas
Que montanhas de dor, que cordilheiras
De agonias aspérrimas e agudas.
Véus neblinosos, longos, véus de viúvas
Enclausuradas nos ferais desterros,
Errando aos sóis, aos vendavais e às chuvas,
Sob abóbadas lúgubres de enterros;
Velhinhas quedas e velhinhos quedos,
Cegas, cegos, velhinhas e velhinhos,
Sepulcros vivos de senis segredos,
Eternamente a caminhar sozinhos;
E na expressão de quem se vai sorrindo,
Com as mãos bem juntas e com os pés bem juntos
E um lenço preto o queixo comprimindo,
Passam todos os lívidos defuntos ...
E como que há histéricos espasmos
Na mão que esses violões agita, largos ...
E o som sombrio é feito de sarcasmos
E de sonambulismos e letargos.
Fantasmas de galés de anos profundos
Na prisão celular atormentados,
Sentindo nos violões os velhos mundos
Da lembrança fiel de áureos passados;
Meigos perfis de tísicos dolentes
Que eu vi dentre os violões errar gemendo,
Prostituídos de outrora, nas serpentes
Dos vícios infernais desfalecendo;
Tipos intonsos, esgrouviados, tortos,
Das luas tardas sob o beijo níveo,
Para os enterros dos seus sonhos mortos
Nas queixas dos violões buscando alívio;
Corpos frágeis, quebrados, doloridos,
Frouxos, dormentes, adormidos, langues,
Na degenerescência dos vencidos
De toda a geração, todos os sangues;
Marinheiros que o mar tornou mais fortes,
Como que feitos de um poder extremo
Para vencer a convulsão das mortes,
Dos temporais o temporal supremo;
Veteranos de todas as campanhas,
Enrugados por fundas cicatrizes,
Procuram nos violões horas estranhas,
Vagos aromas, cândidos, felizes.
Ébrios antigos, vagabundos velhos,
Torvos despojos da miséria humana,
Têm nos violões secretos Evangelhos,
Toda a Bíblia fatal da dor insana.
Enxovalhados, tábidos palhaços
De carapuças, máscaras e gestos
Lentos e lassos, lúbricos, devassos,
Lembrando a florescência dos incestos;
Todas as ironias suspirantes
Que ondulam no ridículo das vidas,
Caricaturas tétricas e errantes
Dos malditos, dos réus, dos suicidas;
Toda essa labiríntica nevrose
Das virgens nos românticos enleios,
Os ocasos do Amor, toda a clorose
Que ocultamente lhes lacera os seios:
Toda a mórbida música plebeia
De requebros de fauno e ondas lascivas,
A langue, mole e morna melopeia
Das valsas alanceadas, convulsivas;
Tudo isso, num grotesco desconforme,
Em ais de dor, em contorções de açoites,
Revive nos violões, acorda e dorme
Através do luar das meias-noites!
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ANTÍFONA
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